Gisele Bündchen: ‘O presidente é superlegal’

Garota-propaganda do setor têxtil e militante da campanha contra o câncer de mama, a top model Gisele Bündchen parou ontem o Palácio da Alvorada, no encontro de empresários e estilistas da moda com o presidente Fernando Henrique. A top model fez pose, caras e bocas ao lado de um presidente que sorria meio sem jeito.

- O que vocês querem que eu faça? - perguntou Gisele aos fotógrafos, quebrando o gelo.

Em seguida, ela reclamou da quantidade de pessoas em torno dela e do presidente - quase todas, por coincidência, homens.

- Tem muito homem aqui! - disse.

- Por favor, os homens fiquem lá fora - pediu o presidente, arrancando risadas até da modelo.

Depois, em entrevista coletiva, Gisele disse, sobre Fernando Henrique:

- Gente, ele é superlegal. Já conhecia o presidente dos Estados Unidos e não conhecia o do Brasil. Nunca imaginei que ele fosse um cara tão legal. Valeu a pena ter viajado de Nova York para cá.

Quando lhe perguntaram se não temia que sua imagem fosse usada para dar popularidade a um presidente que num dia almoça com Vera Fischer e, no outro, posa ao lado de uma supermodelo, afirmou:

- Isso é ridículo, patético. Vim aqui para divulgar a importância da moda e participar da campanha contra o câncer de mama.

Mas ela não se esquivou de falar de um dos temas mais discutidos em Brasília nos últimos dias: o valor do salário-mínimo.

- O que faria com US$ 100?! Isso dá R$ 180? Acho que compraria comida, que é o essencial. O salário-mínimo é terrível. Não tem como sobreviver. Por isso tem muito roubo. Não sei o que fazer para resolver isso, não sou presidente. Se pudesse, saía dando dinheiro para todo mundo, mas aí não ia sobrar nada para mim - afirmou.

Gisele, que trocou o vestido preto que usou no Alvorada por calça e jaqueta para dar entrevista, misturou português com inglês ao falar da importância da campanha contra o câncer de mama:

- Muitas mulheres estão dying (morrendo) de câncer. Eu sou mulher e tenho medo.

Ao ouvir os risos dos jornalistas, notou a gafe:

- Let's talk in English (vamos falar em inglês).

Depois se desculpou, explicando que o fato de estar morando nos EUA há tanto tempo fez com que se esquecesse de palavras em português.

Apesar do cerco à modelo, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Paulo Scaf, teve tempo de levar ao presidente pedido para que o Governo negocie com os EUA a ampliação de cotas de importação daquele país.

O Globo
Francisco Leali