Como a nossa guria chegou lá

Moisés Mendes
Revista ZH Donna
Foto: Álbum de família/ZH
13/08/00

- Parte 11 -

Bogadinho, a grande paixão

O bancário Alessandro Bogado era o gaiteiro Bogadinho do coral do colégio. Gisele sempre bem atrás para esconder a altura.

Procure um desafeto, uma ex-colega ressentida, um inimigo de Gisele em Horizontina. Se existem, são discretos, silenciosos ou constrangidos com a ascensão da conterrânea. Pergunte então pelo mala que pegava no pé de Gisele, que fazia as listas de apelidos, ria das quedas no vôlei, denunciava os jeans duplos usados um sobre o outro para engrossar as pernas da saracura. Um jogral responde:

- O Bogado.

Bogado, Bogadinho ou Sandrinho é unanimidade. Gaiteiro, dois anos acima da média no colégio, piloto de uma moto Honda Sahara 350, um moreno insuportavelmente conquistador, debochado, Bogado era o que todos os guris gostariam de ser na Escola Frederico Jorge Logemann.

Hoje, Alessandro Brandão Bogado, 22 anos, cumpre com rigor as formalidades de caixa-escriturário atencioso quando atende ao telefone em uma agência de palmas, capital de Tocantins.

Pronuncie então o nome de Gisele. Do outro lado da linha, um suspiro desmonta o rapaz engravatado. Bogadinho se perturba, acelera a fala. Nem Horizontina desconfia o que esse moço significa para Gisele. ZH conversou com Bogado no dia 2 de agosto, uma quarta-feira, para conferir sua fama de colega que tripudiava de Gisele. O bancário desabafou:

- Era isso mesmo, mas sou apaixonado por ela até hoje. Ficou uma coisinha.

Bogado saiu de Horizontina para Palmas em 1994 e deixou para trás a saracura. Retornou de férias, em janeiro de 1995, e encontrou um esboço de modelo. Impressionou-se com o porte da ex-colega, da quarta a oitava séries, e ficou com Gisele.

- Ela era minha amiga, arranjava as namoradas para mim, mas antes não me chamava a atenção. Acho que ela gostava mesmo do Gustavo Weischeimer, outro colega de aula.

Bogado, hoje namorado de Viviane, não sabe de nada. Gisele admite que chegou mesmo a olhar para Gustavo, quando tinha uns 11, 12 anos. Mas não foi esse o guri da sua vida. No dia 4, sexta-feira, ZH falou com Gisele. A número 1 quis saber o que o bancário havia dito e confirmou:

- Ficamos um dia em 1995. Foi meu primeiro beijo. Todo mundo era apaixonado por ele na escola.

- Como é que ele está mesmo?

Ficou de ligar para o rapaz, que nunca mais viu e com quem nunca mais falou desde aquelas férias do beijo na calçada, na frente da Panvel, no centro da cidade. ZH voltou então a conversar com Bogado. Ansioso, pediu um relato do que ela havia dito. Informado de que só ficaria sabendo da entrevista nesta edição, resignou-se. Aí está o que Gisele disse com a voz que preserva o forte sotaque gaúcho, rápida como quem tritura as palavras.

Escuta, Bogado:

- Aquele beijo foi a coisa mais especial da minha vida. Foi apenas um dia, mas depois daquele primeiro beijo fiquei um ano sonhando com ele. Não pensava em outro menino. Aquele guri lindo, maravilhoso, charmoso, maldoso, que eu amava tanto, era a paixão que me esnobava.

E agora, Bogadinho?

continua