OLHO NAS RUGAS

As rugas do Shar Pei requerem atenção especial. Quanto mais abundantes, mais atenção. Entre as dobras acumulam-se facilmente sujeira e umidade, podendo ocasionar seborréia, dermatite e micose. Como explica o veterinário carioca Jorge Pereira, recomendado por vários criadores da raça, os sintomas em geral são os mesmos para todos esses problemas, como falhas e manchas na pelagem, coceira, eventuais feridas na pele e mau cheiro. "Para dar um diagnóstico seguro, só fazendo biópsia", diz. A prevenção resume-se em manter o cão sempre bem seco. Depois de enxugá-lo, leve-o ao sol a fim de eliminar os resquícios de umidade.As rugas da cabeça são muitas vezes as vilãs de problemas de vista. Quando caem na frente dos olhos, forçam as pálpebras e cílios a entrar nos olhos (entrópio). A irritação decorrente pode evoluir para lesões na córnea, às vezes levando à cegueira. Nesses casos, para evitar o início do processo, costuma-se fazer o tacking. Consiste em dar três pontos nas pálpebras do filhote (entre 15 dias e 1 ano de idade), formando "pregas". Ao tirar os pontos duas semanas depois, as pálpebras tendem a não cair mais - a musculatura se desenvolve de forma adequada para sustentá-las erguidas. Caso não funcione, pode ser feito mais vezes, desde que seja na infância. No adulto, pode não ter efeito, pois a musculatura está desenvolvida. Opta-se então por uma cirurgia definitiva que retira parte da pálpebra. Deve ser usada como último recurso. Ao contrário do tacking, deixa cicatriz. Em exposições isso penaliza o exemplar, pois o denuncia como antigo portador de ectóprio ou entrópio - uma falta pelo padrão.

PESQUISA

O excesso de consangüinidade da qual a raça foi vítima propiciou também problemas de saúde. Um deles é a febre familiar do Shar Pei. Devido a um mau funcionamento dos rins e fígado, há dificuldade em eliminar as toxinas do corpo. O cão subitamente fica com febre alta. Pode ter dores nas juntas, dificultando a movimentação. Os sintomas tendem a desaparecer sozinhos, mas podem voltar a qualquer momento e acabam levando à morte. A doença não tem cura. Romana Arnold, diretora do Chinese Shar-pei Club of America, comentou à Cães & Cia que a entidade já arrecadou U$ 75 mil em doações de criadores para iniciar em breve uma pesquisa na esperança de detectar a doença antes de manifestar-se. "Em parceria com veterinários da universidade de Missouri tentaremos descobrir qual é o gene responsável pela febre", conta. "Assim poderemos evitar que esses cães entrem na reprodução."A raça também pode manifestar hipotiroidismo, um distúrbio da glândula tiróide. O cão perde pêlo e a pele engrossa muito e escurece. Em casos extremos, ocasiona esterilidade, principalmente das fêmeas. O tratamento é à base de hormônios. Cláudia Dantas, criadora da raça e estudante de veterinária, diz que o Shar Pei é propenso à hipertermia. "Por ter a pele grossa e abundante, o calor fica retido no organismo e a temperatura corporal pode subir tanto a ponto de se fatal." Por isso, é importante não submetê-lo a atividades físicas em horários muito quentes e nem deixá-lo exposto ao sol, a não ser de manhã.Existem também exemplares com mordedura prognata (dentes da frente da arcada de baixo fecham acima da arcada superior). Apesar de não ser uma doença, é considerado um defeito originado pelas miscigenações. O padrão pede mordedura em tesoura (igual à humana).O ronco é uma característica típica da raça, causada pela passagem do ar pelo palato (céu da boca), que possui conformação mais alongada que a comum. Em alguns casos é necessária uma cirurgia corretiva para que o cão possa respirar melhor. Normalmente, não costuma provocar problemas para os exemplares. Como é de praxe, os cães que apresentem quaisquer desses problemas não devem ser acasalados para evitar que a tendência genética se expanda.
Como dica de acasalamento, vale lembrar que o Shar Pei pode ter a pelagem até 2,5 centímetros de comprimento na região da cernelha. Quando vai até 1,5 é chamada de horse coat. Já a mais longa recebe o apelido de brusch coat. A recomendação do clube americano é não cruzar por muitas gerações seguidas exemplares brush, evitando que os pêlos se alonguem demais ou percam a textura áspera. "A cada três gerações, em média, coloque um horse coat", diz Romana, a diretora.

SER SHAR PEI É:

· Aprender rapidamente os hábitos de higiene
· Gostar de ficar deitado ao lado dos donos, na maior tranqüilidade. Nada de grandes agitos e correrias.
· Dar-se bem com pessoas estranhas
· Nem sempre gostar de outros cães, herança das raças de luta
· Viver bem em lugares grandes ou pequenos
· Ser caseiro, de fácil adaptação
· Não precisar de mais de 15 minutos de passeio por dia
· Latir pouquíssimo
· Gostar de crianças, ainda que canse logo e não aguente horas de folia
· Chamar atenção onde quer que esteja
· Conquistar corações com um jeito especialmente envolvente e cativante.
ORIGEM (CONT)
Referência: Revista Cães & Cia