Os cães estão entre os seres mais inteligentes. Mas entre eles
há variações individuais que podem ser medidas. Que tal saber o
Quociente de Inteligência, o dito QI, do seu cão?
Com esse teste, você poderá afinal descobrir se ele é mesmo
esperto. Talvez, até concluir que tem um superdotado em casa.
Antes de matar a curiosidade, saiba que o QI é avaliado por
apenas uma parte das manifestações da inteligência, mas muito
importante. Aquela que permite a um indivíduo compreender o meio
em que vive, interagir com ele e superar e superar os seus
desafios. Pode ser chamado de inteligência Adaptável. Graças a
ela, por exemplo, o cão pode deduzir a rota ideal para ir de um
lugar a outro ou um jeito para alcançar uma guloseima
aparentemente inacessível.
O psicólogo e treinador de cães Stanley Coren, autor do livro A
Inteligência dos Cães, que contém o teste e é editado no Brasil
pela Ediouro S.A., define que "a inteligência Adaptável reúne as
capacidades mentais que permitem planejar os comportamentos,
escolher ações específicas, apreender ou recuperar informações e
empregá-las nas situações ao nosso alcance".
Outras dimensões da inteligência dos cães não são medidas pelo
teste de QI. Coren destaca em seu livro, a inteligência de
Obediência - capacidade de entender e executar ordens e ter
prazer em fazê-lo -, e a Instintiva, aptidão inata para realizar
determinadas tarefas, como pastorear, caçar ou defender o
território. A soma total de todas os tipos de inteligência forma
a inteligência Manifesta e cada dimensão se apresenta de forma
variada conforme a raça e também por indivíduo.
CONSIDERAÇÕES: São 12 os testes apresentados por Coren para
avaliar as três capacidades mais importantes da inteligência
Adaptável. Por meio do aprendizado, o cão forma lembranças e
associações utilizáveis e corretas; quanto menos demorar para
aprender, mais sobressairá. A memorização é o armazenamento de
informações, tanto a curto como a longo prazo. Com a resolução
de problemas, o cão vence obstáculos a partir da experiência ou
da descoberta de novas soluções, destacando-se aquele que chegar
ao melhor resultado em menos tempo. Coren observa que não
pesquisou cães em quantidade suficiente para avaliar o QI por
raça.
No entanto, concluiu que há muitas diferenças entre indivíduos
de várias raças e que uma parte delas sobressai na resolução de
problemas, enquanto a outra se destaca no aprendizado e na
memória. Ao aplicar o teste, tome cuidado para não comprometer
os resultados. Não demonstre ansiedade se o cão agir
diferentemente do que você gostaria, para não colocar em risco o
bom desempenho das etapas seguintes.
Com exceção dos testes 7 e 8, que devem ser feitos em seqüência,
os demais são independentes e podem ser aplicados em qualquer
ordem. É melhor dar um intervalo entre os testes que usam
petiscos: o cão pode se dar por satisfeito e perder o interesse
em participar (opte por realizá-los em dois ou três dias
diferentes). Se em algum momento o cão parecer cansado ou pouco
motivado, transfira o teste para outra hora. Você vai precisar
de um cronômetro ou um relógio que meça os segundos para
controlar o tempo gasto na maioria dos testes.
Lembre-se de que a inteligência canina cresce à medida do
convívio com o ser humano. Portanto, os melhores resultados
podem ser esperados em cães adultos. A aplicação do teste é
delimitada por Coren à idade mínima de 9 meses no cães de grande
porte e em 1 ano, nos demais. Pode ser feita pelo dono ou por
outra pessoa a quem o cão esteja habituado e tenha contato
próximo há pelo menos 90 dias. É preferível que o cão more no
local no mínimo há dez semanas. Em cada teste há uma explicação
da capacidade avaliada e da pontuação a ser dada, conforme o
desempenho. No final (quatro Resultados), a escala de pontos
interpreta a soma geral das pontuações.
TESTE 1 - APRENDIZADO POR OBSERVAÇÃO:
Mede o grau de associação entre idéias. Se você costuma sair com
seu cão, simular um passeio é um ótimo teste. Se não, faça uma
adaptação a outra atividade corriqueira realizada por você com o
cão e caracterizada pelo uso de algum objeto específico. Em
horário e lugar diferentes do habitual, mostre o objeto para ele
(como a coleira, por exemplo) e observe a reação. Pontuação - Se
o cão demonstrar interesse e excitação como se soubesse o que
vai acontecer e correr até a porta ou vier direto em sua
direção, dê 5 pontos. Se não, dê mais uma dica, como ir à porta
e parar. Se ele agora der sinais de que entendeu que vai
passear, dê 4 pontos. Se não, dê mais uma chance de ele
perceber. Vire, por exemplo, a maçaneta da porta, fazendo
barulho. Se ele finalmente compreender, dê 3. Caso tenha
demonstrado apenas prestar atenção nas atividades anteriores, dê
2. Se não fez nada e nem prestou atenção, dê 1.
TESTE 2 - HABILIDADE EM SOLUCIONAR PROBLEMAS (GRAU 1):
Avalia a habilidade de resolver situações por conta própria,
utilizando experiências anteriores. Pegue um petisco, agite-o
perto do cão e deixe que o cheire. Ponha o petisco no chão e uma
lata sobre ele. Estimule-o a pegar o petisco, com gestos e
palavras. Em seguida, meça o tempo. Pontuação - Se o cão
derrubar a lata e pegar o petisco em até 5 segundos, dê 5
pontos. Se levar de 5 a 15 segundos, dê 4. Entre 15 a 30
segundos, dê 3. De 30 a 60 segundos, dê 2. Se tentar uma ou duas
vezes, cheirando em torno da lata, mas não pegar a isca após 1
minuto, dê 1 ponto. Se não fizer qualquer esforço para pegá-lo,
dê 0.
TESTE 3 - APRENDIZAGEM DO MEIO AMBIENTE :
Verifica o quanto o cão memoriza a posição dos objetos em um
local, criando um mapa mental do ambiente. Escolha um lugar
familiar ao cão, com vários objetos. Sem ele ver, mude cinco
objetos de lugar. Opte por aqueles de fácil acesso ao cão. Leve
o cão para dentro do local e comece a medir o tempo, em silêncio
Pontuação - Se ele explorar ou farejar qualquer dos objetos
trocados de lugar dentro de 15 segundos, significa que percebeu
rapidamente a mudança. Dê, então, 5 pontos. Se demorar de 15 a
30 segundos, dê 4 pontos. Se a fizer entre 30 e 60 segundos, dê
3. Se olhar em volta dando sinais de que percebeu algo
diferente, mas não explorar nenhuma modificação, dê 2. Se,
passado 1 minuto, o cão ignorar as mudanças, dê 0.
TESTE 4 - HABILIDADE EM SOLUCIONAR PROBLEMAS (GRAU 2) :
Verifica como o cão sai de uma situação aflitiva. O cão precisa
estar acordado e razoavelmente ativo. Faça-o cheirar uma toalha
de banho. A seguir, use-a para cobrir a cabeça e parte do corpo
dele. Marque o tempo e observe, em silêncio. Pontuação - Se o
cão se livrar em até 15 segundos, dê 5 pontos. Se demorar de 15
a 30, dê 4. De 30 a 60, 3 pontos. De 1 a 2 minutos, 2 pontos. Se
não tirar a toalha após 2 minutos, dê 1.
TESTE 5 - APRENDIZAGEM SOCIAL:
Avalia a compreensão visual das expressões emocionais. Quando o
cão estiver sentado ou deitado a cerca de dois metros de você,
olhe fixamente para a cara dele. Assim que ele olhar para você,
conte até 3 em silêncio e dê um grande sorriso. Pontuação - Se o
cão vier até você abanando o rabo, dê 5 pontos. Se vier, mas
devagar ou abanando o rabo apenas por uma parte do caminho, dê
4. Se estava sentado e ficar de pé ou se estava deitado e se
sentar, mas não andar até você, dê 3. Se o cão se afastar de
você, dê 2. Se não prestar atenção, dê 1.
TESTE 6 - HABILIDADE EM SOLUCIONAR PROBLEMAS (GRAU 3):
Mede como se sai em desafios que exigem persistência. Mostre um
petisco ao cão. Deixe-o cheirá-lo e vê-lo por 5 segundos. Com
grande exagero, ponha-o no chão e, enquanto o cão observa, jogue
a toalha aberta em cima do petisco. Estimule-o, com palavras e
gestos, a pegar o petisco. Marque o tempo. Pontuação - Se o cão
estiver com o petisco na boca em até 15 segundos, dê 5 pontos.
Em 15 a 30 segundos, dê 4. Em 30 a 60 segundos, dê 3. Em 1 a 2
minutos, dê 2. Se tentar apanhar o petisco, mas desistir, dê 1.
Se ele nem tentar em 2 minutos, dê 0.
TESTE 7 - MEMÓRIA DE CURTO PRAZO:
Avalia o armazenamento momentâneo de informações. Escolha um
ambiente de tamanho médio, arrumado, com poucos objetos e que
seja familiar ao cão. Coloque uma guia no cão e faça-o ficar
sentado no centro da sala (se precisar, peça a um ajudante para
segurá-lo no lugar). Quando ele estiver olhando para você,
mostre um petisco de cheiro forte. Ele pode cheirar o alimento.
Faça uma encenação exagerada (sem dizer nada) e ponha o petisco
num canto da sala, certificando-se sempre de que o cão está
olhando você. Leve-o para fora e dê uma volta rápida de no
máximo 15 segundos. Em seguida, traga-o de volta ao centro da
sala. Solte-o da guia e comece a marcar o tempo. Imediatamente
após esse teste, faça o próximo (teste 8). Pontuação - Se o cão
for direto ao petisco, significa que memorizou bem. Dê 5 pontos.
Se farejar metodicamente ao redor da sala e achar o petisco, é
porque não fixou com exatidão o local onde estava o alimento. Dê
4. Se procurar à toa, sem rumo, mas mesmo assim achar o petisco
em até 45 segundos é porque não memorizou o local. Está usando o
faro e a visão para achá-lo. Dê 3. Se ele tentar achar, mas não
conseguir após 45 segundos, dê 2. Se nem tentar, dê 1.
TESTE 8 - MEMÓRIA DE LONGO PRAZO:
Verifica a capacidade de armazenar informações por muito tempo.
Deve ser aplicado logo após o teste 7 e no mesmo local. Prenda o
cão à guia e coleira e ordene que sente no centro da sala.
Quando estiver olhando para você, mostre o petisco. Ele pode
cheirar o alimento. Faça uma encenação exagerada (sem dizer
nada) e ponha o petisco num quanto diferente do usado no teste
7. Observe bem se o cão está vendo. Leve-o para fora do local,
por 5 minutos e traga-o de volta ao centro da sala. Solte-o da
guia e marque o tempo. Pontuação - Se o cão for direto ao
petisco, dê 5 pontos. Se foi ao quanto onde estava o primeiro
petisco e depois rapidamente ao canto certo, ele confundiu os
dois locais memorizados. Dê 4 pontos. Se cheirar metodicamente
ao redor da sala e achar o petisco, dê 3 (usou o faro e a
visão). Se parece procurar à toa, mas acha o petisco em até 45
segundos, dê 2. Se tentar achá-lo, mas sem sucesso após 45
segundos, dê 1. Se nem tentar, dê 0.
TESTE 9- RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E HABILIDADE DE MANUSEIO:
Avalia a capacidade de vencer desafios, usando as patas. Faça
dois montes, com dois livros ou tijolos empilhados em cada um,
deixando-os um pouco separados. Coloque uma tábua sobre eles. A
espécie é fazer uma espécie de mesa, baixa o bastante para que o
cão não enfie a cabeça por baixo dela, mas suficiente para
colocar as patas. Ponha sobre a tábua alguns livros pesados ou
tijolos para que o cão não a derrube.. Mostre-lhe um petisco e
deixe-o cheirá-lo. Com gestos exagerados, ponha o petisco sob a
mesa. Estimule o cão a pegá-lo, mas aponte o local. Marque o
tempo. Pontuação - Se o cão usar as patas e pegar o petisco em
até 60 segundos, dê 5 pontos. De o apanhar em 1 a 3 minutos, dê
4. Se usar só o focinho ou as patas, mas não conseguir pegar o
petisco após 3 minutos, dê 3. Se não usar as patas e se
contentar em cheirar ou tentar pegar o petisco com o focinho uma
ou duas vezes e desistir, dê 2. Se, após 3 minutos, não tiver
tomado qualquer iniciativa para pegar o petisco, dê 1.
TESTE 10 - COMPREENSÃO DE LINGUAGEM:
Verifica a capacidade de compreender o significado das palavras.
Com o cão deitado, no mínimo a dois metros de você, diga uma
palavra à qual ele não esteja acostumado, como "geladeira". Faça
o mesmo tom de voz que costuma usar para chamá-lo. Pontuação -
Se o cão mostrar vontade de ir até você, é sinal que reagiu ao
tom de voz e não à palavra. Dê 3 pontos. Se não vier, diga outra
palavra que ele não esteja acostumado a ouvir, como "filmes", no
mesmo tom de voz que usa para chamá-lo. Se ele for em sua
direção, dê 2 pontos. Se ele ainda não se manifestar, diga o
nome dele e a palavra que usa para chamá-lo. Se ele vier ou
mostrar tendência de ir até você, dê 5 pontos. Se não, chame-o
mais uma vez. Se vier, dê 4. Se não, dê 1.
TESTE 11 - PROCESSO DE APRENDIZADO:
Mede a
habilidade de associar uma ação a um comando. Esse teste leva
mais tempo que os outros - cerca de 10 minutos. O cão será
induzido a um comportamento desconhecido: levantar-se da posição
sentado, dar um passo à frente, dar meia-volta para ficar de
frente com você e sentar-se de novo. O cão deve estar sentado,
do seu lado esquerdo, com coleira e guia. Etapa 1 a 3 - 1) Com
voz clara, dê uma ordem que o cão não conheça, como "frente". Ao
mesmo tempo, dê tapinhas com uma ou ambas as mãos nas pernas
dele, bem acima dos joelhos. 2) Guie-o para ficar na posição
frente: dê um passo à frente com o pé esquerdo, e puxe a guia,
em sentido horizontal diante da cabeça dele, para que levante e
avance um ou dois passos. 3) Dê um passo para trás com a perna
direita, puxando a guia para obrigá-lo a virar para você no
sentido horário. Se for um cão grande, talvez você tenha de dar
mais um passo para trás. Elogie imediatamente o cão e/ou dê-lhe
um petisco. Coloque-o de novo sentado ao seu lado esquerdo e
repita o exercício nas etapas 2 e 3. Etapa 4 a 5 - Igual à 1 a
3, só que você deve dar uma pausa de um segundo após a ordem
frente e depois tentar deslocar o cão na posição frente, usando
o mínimo ou nenhum movimento com sua perna esquerda. Etapa 6 -
Dê a ordem frente e observe. Pontuação - Se ele sair do seu lado
e for para a posição frente, mesmo de maneira desajeitada, de 6
pontos e considere o teste encerrado. Afinal, ele aprendeu todo
o movimento do exercício. Se ele não se mexer após 5 segundos
guie-o ao lugar certo e recompense-o, como se fosse apenas um
treinamento. Etapas e testes subseqüentes - Repita 10 vezes,
como treinamento, a etapa 4 a 5 e depois dê a ordem frente e
observe. Pontuação - se o cão executar a manobra toda, dê 5
pontos. Se não, faça mais 10 vezes e repita pela última vez a
ordem frente e observe. Se o cão executar o exercício sem
nenhuma ajuda sua (não importa se o fizer de forma desajeitada,
lenta ou confusa), dê 3 pontos. Se o cão der a volta até a sua
frente, mas não sentar, dê 2. Se ficar de pé ao receber a ordem,
mas não se mexer, dê 1. Se permanecer sentado dê 0.
TESTE 12 - RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
Mede a capacidade de desenvolver soluções elaboradas. Pegue um
pedaço de papelão bem mais alto e corte uma fenda vertical,
deixando 5 centímetros de margem em cima e em baixo (veja
ilustração). A fenda deve ter 8 cm de largura. Faça o papelão
ficar em pé, prendendo-o com fita adesiva ou barbante em
"paredes" laterais (podem ser duas caixas ou cadeiras, deitadas
de lado). Ponha o cão diante do papelão, que funcionará como uma
barreira (peça para alguém para segurá-lo, se preciso). Fique do
mesmo lado. Estimule-o a olhar através do buraco. Com gestos
exagerados, introduza um petisco através do buraco e coloque-o
no chão a uma distância tal que o cão não possa alcança-lo com a
pata. Marque o tempo e peça ao ajudante que solte o cão,
enquanto você o estimula com gestos e palavras a pegar o
petisco. Pontuação - Se o cão contornar o papelão e pegar o
petisco em até 15 segundos, dê 5 pontos. É sinal de que percebeu
que precisava dar a volta. Se levar entre 15 e 30 segundos, dê
4. De 30 a 60 segundos, dê 3. Se não tiver pego o petisco após
60 segundos, pare de estimulá-lo ativamente e fique calado por
perto, marcando o tempo. Se pegar o petisco em 1 a 2 minutos, dê
2. Se tentar alcança-lo, enfiando a pata através do buraco e
depois desistir, dê 1. Se não fizer nenhum esforço para pegá-lo
após 2 minutos dê 0.
RESULTADOS:
54 pontos ou mais - Cão considerado brilhante. Um exemplar com
esse nível de QI é muito raro. 43 a 53 pontos - Cão excelente,
com QI extremamente alto. 42 a 47 pontos - Cão com QI médio
superior. Será capaz de fazer praticamente qualquer tarefa que
compete a um cão comum. 30 a 41 pontos - Cão com QI médio. Pode
mostrar lampejos de brilhantismo intermitentes, mas em outras
tarefas seu desempenho é às pouco inspirado. 24 a 29 pontos -
Cão com QI médio baixo. Embora às vezes o cão pareça agir muito
inteligente, a maior parte do tempo exigirá muito trabalho para
fazê-lo entender o que queremos dele. 18 a 23 pontos - Cão com
QI incerto. Pode ter dificuldade em se adaptar às exigências do
cotidiano e às expectativas do dono. Mas em um ambiente
estruturado, pouco estressante, pode se sair até razoavelmente.
Menos de 18 pontos - Cão deficiente em muitas áreas do QI. Pode
ser muito difícil conviver com ele. |