O Ovelheiro Gaúcho foi desenvolvido no Rio Grande do Sul sem qualquer planejamento, ao acaso, pela necessidade do peão gaúcho de ter um cão que o ajudasse no árduo trabalho nas fazendas da região. O cão precisa estar adequado ao difícil estilo de vida desses trabalhadores, vivendo em condições precárias, comendo sobras da comida do peão, misturada com sabugo de milho.

Imigrantes europeus, criadores de ovelhas, chegaram à região sul, no final do século XIX e trouxeram consigo cães da raça Collie para ajudá-los no trabalho de pastoreio nas novas terras. Esses Collies foram sendo cruzados naturalmente com os cães nativos, já mais habituados à região, dando origem a cães mestiços mais rústicos e mais resistentes às condições locais. Com a importação na década de 1950 de "Merinos" (raça de carneiros da Austrália), chegaram também cães Border Collie, que foram sendo cruzados com esses mestiços de Collie já existentes.

A desvalorização no preço da lã fez com que muitos criadores trocassem seu rebanho de ovelhas por gado, o que fez com que alguns criadores preferissem cães um pouco maiores, com uma maior porcentagem de Collie, já que esses são maiores que os Border Collies e, por conseguinte mais adequados para trabalhar com bois que são maiores e mais pesados que os carneiros.

Segundo a criadora Maria Ignez Carvalho Ferreira, nas estâncias do Sul do Brasil quem possui os cães não é o fazendeiro e sim o peão, que trabalha como bóia-fria, fazendo biscates. Para o peão que tem uma boa matilha, trabalho nunca é um problema, por isso diz-se que "é a matilha que fornece o peão para as fazendas".

Graças aos esforços de criadores do sul, principalmente o Sr. Milton José Rodrigues de Almeida Filho, responsável pelo stud book da raça, a CBKC passou a reconhecer o Ovelheiro em 20/04/2000, data em que os padrões foram estabelecidos e aprovados.

Esse cão é um excelente pastor, ele faz todo o serviço da apartação, de condução e de aglutinação do rebanho. Criadores que trabalham com rebanho de ovelhas (ovinos) geralmente preferem aqueles cães um pouco menores, que se assemelham um pouco mais com o Border Collie. Já aqueles que trabalham com bovinos, preferem os maiores, aqueles que se assemelham mais aos Collies e uma das preocupações é a de ir selecionando aqueles com maxilar mais forte, para enfrentar melhor o trabalho com os bois.

O Ovelheiro Gaúcho é um cão alegre, inteligente, muito protetor e que adora agradar seu dono. Ele é de fácil adaptação, resistente, ágil e aprende os comandos com grande facilidade, sem ser agressivo com o rebanho. É dócil e amigável com as pessoas do seu convívio.

A pelagem é macia, de comprimento médio e com pouco subpêlo.

A cor pode ser qualquer uma.

Na aparência geral o Ovelheiro Gaúcho é um cão de porte médio, de expressão doce e inteligente. A cabeça é proporcional ao corpo e vista por cima assemelha-se a um triângulo lembrando um pouco seus antecessores, o Collie e o Border Collie. As orelhas são preferencialmente eretas, mas podem ser também em botão, tulipa ou ainda semi-eretas. A cauda é portada alta, podendo enrolar na extremidade e com pelagem longa na face inferior.

PADRÃO

BREVE RESUMO HISTÓRICO: é o cão do gaúcho, fiel e inseparável companheiro. O Rio Grande do Sul (Brasil), com sua vasta extensão territorial, sempre foi local propício à agropecuária. Desde o remoto início do povoamento, quando começaram a perambular, pela imensidão do pampa, os ameríndios, os primeiros aventureiros espanhóis e portugueses, os campos foram enriquecendo devido às grandes manadas de eqüinos provenientes de alguns cavalos e éguas que se salvaram de um naufrágio, em 1512, e aos valiosos rebanhos de gado bovino, provindos principalmente das reduções jesuíticas. Também a criação de ovinos começou a ter grande influência na economia local. Para auxiliar no cuidado dos rebanhos, os cães passaram a ser utilizados com grande aceitação.

Por serem descendentes de cães de pastoreio, têm grandes qualidades exigidas no trato com as delicadas ovelhas, mas também sabem como comandar um rebanho bovino quando necessário.

O gaúcho aprendeu a dar valor ao seu inseparável companheiro, pois dois ou três cães e um peão conseguem, sozinhos, dar conta do pastoreio de um rebanho. Em certas propriedades, o peão é contratado em função do cão ovelheiro que possui.

FUNÇÃO: o Ovelheiro Gaúcho é um cão diretamente ligado ao trabalho do campo, com a missão de acompanhar o peão em suas lides rurais, desempenhando a função de conduzir as ovelhas, buscando-as no campo e levando-as a bretes e piquetes. Guardá-las e protegê-las de outros animais e, até mesmo, de cães e de pessoas desconhecidas, são também funções dessa raça.

Quando em trabalho, ao transferir as ovelhas do pasto, viaja ao lado do rebanho ou atrás conduzindo-as, retomando em seguida à retaguarda para verificar as retardatárias e as que, eventualmente, tenham se afastado do rebanho, a fim de mantê-las unidas. Quando o rebanho se instala, os cães se deitam em posição de guarda. Na rotina de trabalho, nas fazendas, é muito comum fazerem toda a lida sozinhos, dispensando, inclusive, a companhia do peão. Podemos acrescentar que o ovelheiro gaúcho trabalha não só com ovelhas, mas também com qualquer tipo de rebanho. No pampa gaúcho, quando se contrata um peão, é fundamental que esse saiba lidar com os cães. Um bom Ovelheiro substitui, com tranqüilidade, três homens, e um peão sem cão, vale meio peão.

APARÊNCIA GERAL: de tamanho e estrutura medianos, com pelagem não muito longa, possui grande resistência, agilidade e rusticidade.


TEMPERAMENTO: de fácil adaptação para atender os comandos, sem ser agressivo com o rebanho. Dócil e amigável com as pessoas com quem convive.

CABEÇA: de tamanho médio, proporcional ao corpo. Vista de cima, tem forma triangular.

REGIÃO CRANIANA

Crânio: relação crânio-focinho 1:1.

Stop: moderado.

REGIÃO FACIAL

Trufa: de cor preta, nos preto e branco, podendo ser mais clara nos de pelagem dourada. E, nos merles, pode apresentar despigmentação parcial.

Focinho: forte e reto.

Lábios: comissura labial seca, bem pigmentada, escura, de acordo com a cor da

pelagem.

Dentes: mordedura em tesoura.

Olhos: amendoados, preferencialmente escuros; nos merles, pode haver um olho de 2 cores ou ainda, um olho de cada cor.

Orelhas: de inserção alta, triangulares, porte alto, eretas, semi-eretas ou pendentes em forma de botão.

PESCOÇO: forte e sem barbelas.

CORPO

Tronco: peito profundo e largo.

Dorso: forte e firme. Linha superior levemente elevada no lombo.

Lombo: curto e garupa levemente arredondada.

Linha Inferior: levemente esgalgada.


CAUDA: grossa na raiz, de inserção alta, portada baixa, podendo enrolar na extremidade, com pelagem longa na face inferior. Quando em trabalho, pode-se elevar acima da linha do dorso.

MEMBROS

ANTERIORES: retos, paralelos, firmes, pés de lebre, com dígitos fortes.

POSTERIORES: com boa propulsão, bem angulados e jarretes curtos.

PELAGEM

Pêlo: deve ser adaptado às intempéries e mudanças climáticas. Pêlos médios e abundantes. Pelagem mais rala nos cotovelos e jarretes.

COR: todas as cores são admitidas.

ALTURA: machos e fêmeas: 55 a 65 cm.

MOVIMENTAÇÃO: grande potencial de locomoção com passadas largas e fluentes.

FALTAS: as gerais. Qualquer desvio dos termos deste padrão deve ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade.

NOTA: os machos devem apresentar os dois testículos, de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal.

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