Degustar uma boa refeição é sempre um prazer. Ou, pelo menos, deveria ser. À bordo de um avião esse quesito divide opiniões: há os que simplesmente adoram qualquer coisa que é servida, só pela emoção de estar viajando; há os que detestam tudo; e há ainda os politicamente corretos, que nem gostam nem desgostam. O tema já rendeu crônicas divertidas em que a comida de avião é comparada a um lanche digno do MacDonald’s – ou seja, totalmente previsível -,  a uma refeição de plástico, não faltando até mesmo reclamações legítimas sobre a temperatura, nível de cozimento (variando do cru ao torrado), tempero (excesso ou falta de), temperatura (quente ou frio demais) e aparência dos alimentos.
          Às companhias aéreas cabe a difícil tarefa de agradar a gregos e troianos, sem alcançar sucesso na maioria das vezes. E olha que elas se esforçam! E muito! A questão da alimentação a bordo é tratada com muita seriedade. Os serviços são prestados por  empresas contratadas e especializadas em  catering (denominação dada a esse tipo de alimentação, que também é servida em festas e empresas de outros ramos de atividade). Essas empresas são selecionadas a dedo pelas companhias aéreas e muitas chegam a contratar renomados chefes de cozinha para elaboração de cardápios. Claro que as melhores opções acabam sendo destinadas para os passageiros da primeira classe e da classe executiva, mas os cuidados quanto à higiene, preparação e apresentação dos pratos, paladar e qualidade das refeições são rigorosamente seguidos também para os passageiros da classe econômica.
          Mas se existe toda essa preocupação, porque a maioria das pessoas se queixa? Comentários do tipo: “a carne estava no ponto e na temperatura certa, mas as batatas estavam cruas”, ou  “a lasanha estava sem tempero e o pão estava duro e gelado”, são algumas das queixas freqüentes. Na maioria das vezes são oferecidas de duas a três opções a escolher entre carne (de vaca ou frango), peixe e massa, precedidas por uma entrada fria (geralmente saladas e queijos) e uma sobremesa (tortas, mousses ou sorvetes). Nem sempre, no entanto, o prato em questão resiste bem a ser esquentado em fornos de alta potência, como os que são utilizados nos aviões, para agilizar o serviço. É como o nosso bom e velho microondas de casa: dependendo da refeição, mesmo que seja um manjar digno dos deuses, pode ficar um verdadeiro desastre: a pizza fica mole, a torta fica fervendo nas bordas e fria no centro, o frango endurece, o pão fica úmido, e por aí vai...
          A boa notícia é que a maioria das companhias aéreas tem a preocupação legítima de oferecer o melhor a bordo e, nesse sentido, procura inovar e redobrar os cuidados, especialmente na questão da alimentação. A Air France, por exemplo, costuma contratar cozinheiros parisienses de restaurantes famosos para definir o cardápio do que será servido nas suas aeronaves. A Lufthansa segue nessa mesma direção, disponibilizando o serviço Connoisseurs on Board, em que diferentes chefes de cozinha são escolhidos para essa nobre tarefa. A Japan Air Lines substituiu o peixe cru pelo defumado em seus sashimis e sushis para evitar problemas relativos à deterioração dos alimentos. As companhias brasileiras também não deixam por menos. A TAM, por exemplo, conta com o auxílio de um time de nutricionistas para preparar pratos balanceados, nutritivos e que não deixem de ser saborosos. E a Varig também não dispensa especialistas na arte culinária para elaborar as refeições.
O cliente tem voz

          Mas, e se a pessoa é alérgica a algum tipo de alimento, ou não pode fugir de uma dieta especial, ou ainda não come determinados alimentos por questões religiosas ou filosóficas, que opções ela tem? Ela pode solicitar uma refeição especial. Praticamente todas as companhias aéreas oferecem opções nesse sentido, mas que precisam ser solicitadas com antecedência. Em geral, são agrupadas em diferentes modalidades, como:
- terapêuticas: diabética, sem glúten, sem lactose, de baixa caloria, de baixo teor de proteína, de baixo teor de sal;
- religiosas: kosher (para judeus), muçulmana e hindu;
- filosóficas: vegetariana, ovolacto vegetariana, macrobiótica;
- orientais: japonesa, indiana, chinesa.
COMIDA DE AVIÃO:
A DIFÍCIL ARTE DE AGRADAR A GREGOS E TROIANOS
Por Silvia Giurlani
         Crianças e bebês também recebem atenção especial, com a preparação de lanches balanceados e papinhas salgadas e doces. Mas se o cliente quiser algo que não se enquadre em nenhuma das opções oferecidas é possível fazer uma solicitação com antecedência, a qual será avaliada pela companhia aérea e que poderá ou não ser atendida, dependendo das disponibilidades da empresa.
           Na Varig é preciso fazer o pedido de refeição especial com 24 horas de antecedência.  Na Vasp, a antecedência é de 18 horas para vôos domésticos, à exceção das dietas médicas que devem ser solicitadas com 24 horas de antecedência. Cada empresa tem um esquema próprio. Para saber como esse tipo de serviço é disponibilizado o interessado deve entrar em contato com a central de reserva da companhia aérea escolhida.

Dicas valiosas


          Para os que irão viajar pela primeira vez, ou mesmo para os que estão sempre com o pé na estrada, ou melhor, nas nuvens, os especialistas em nutrição recomendam não embarcar no avião de estômago vazio. Mas não exagere! Nem pense em feijoadas ou comidas extremamente calóricas. Prefira frutas, saladas, vegetais e refeições leves. Outra dica importante é ingerir muitos líquidos antes e durante o vôo. Isso porque o teor de umidade a bordo é baixo, o que leva o organismo a necessitar de maior quantidade de líquidos do que quando está no solo. Água mineral sem gás e sucos de frutas naturais são as melhores pedidas e devem ser ingeridas a cada duas horas. É recomendável não abusar de cafés, chás e bebidas alcoólicas porque essas bebidas acabam retirando maior quantidade de água do organismo ao invés de mantê-lo hidratado.
Outra dica é consumir alguns snacks durante o vôo, principalmente nas viagens internacionais, em que se passa muitas horas no avião. As melhores opções são barrinhas de cereais, frutas secas e chocolates. Mas é bom não esquecer que esses alimentos possuem altas calorias. Portanto, não exagere.

Bom apetite e boa viagem!