LAS VEGAS
Você pode me emprestar algum? Eu preciso ir para Las Vegas e, assim que eu voltar, eu devolvo. Devolvo até com juros. Tá bom, além dos juros ainda trago uma coleção de pratos com os dizeres “Estive Las Vegas e ganhei na roleta” que é vendida nas lojas de quinquilharias que vendem de tudo. É somente em lojas assim que  jogo sai dos cassinos para ganhar forma de baleeiro com desenho de dados, cinzeiro de naipes, porta-copo com cara de ficha de aposta, é um sem fim de besteiras para quem vai e quer trazer uma lembrancinha da cidade do pecado.
Mas, pior pecado que trazer um
recuerdo desses de presente é ir a Las Vegas e não pecar.
Las Vegas parece administrada por Satanás que depois de contratar uma agência de marketing pessoal ficou quase com a cara de Walt Disney, e criou uma Disneylândia para maiores de 21 anos. Imagine: pode-se fumar em todos os lugares; se jogar, ganha bebida de graça; se gostar de beber, pode circular livremente nas ruas com seu copinho de birita (coisa proibida em quase todos os Estados Unidos); casa-se e separa-se num piscar de olhos; come-se de tudo barato e exageradamente; desperdiça-se comida; a prostituição rola solta e se joga sem parar. Gostou? Pois passe lá o dia, a tarde e a noite, sem perceber. Os cassinos não tem relógios, não tem janelas, tem um labirinto de caça-níqueis para confundi-lo como um ratinho (quem sabe um Mickey Mouse?) e prender você jogando o tempo todo. Só não existe mais a hospedagem econômica como antes porque Las Vegas descobriu um segredo: tem gente que não vai para lá só para jogar.
DISNEY COM CHIFRES
EXPLICANDO DIM-DIM POR DIM-DIM
Surpreso? Pode ser a exceção, mas existe. Talvez você. Eu, por exemplo, para quem a experiência em jogatina resumia-se a emocionantes partidas de Banco Imobiliário, Mesmo quem não sabe como começar e arrisca um “posso brincar com vocês?” à beira da roleta, não vai despertar risos, mas a simpatia do “dealer” – aquele moço ou moça que cuida da bolinha, que irá explicar tudo dim-dim por dim-dim. Isso mesmo, basta ter dinheirinho para torrar, digo, jogar que você é bem-vindo ao jogo, com ou sem experiência.
Pode ser meio dólar, um dólar, cinco dólares, o valor das fichinhas vai depender do seu bolso  e das plaquetas às mesas que também dizem o mínimo de compra e de aposta por rodada. Arrisque. E lembre-se: você estará sendo filmado full-time (todo o tempo) e nada de dar adeuzinho pro alto achando que vai ver a fita depois. Só mesmo se roubar, discutir, meter a mão no funcionário do cassino, poderá promover um sessão especial da fita que talvez seja a última sessão de sua vida. Las Vegas reserva um quê da história de sua criação: um passado de gangsters.

Já ouviu falar de Bugsy,?Ele foi um dos responsáveis por acreditar no poder de uma cidade em meio do deserto que, se divertida, acabaria por se transformar na Las Vegas de hoje. Os gangsters foram embora e os americanos dizem que Las Vegas se tornou um dos lugares mais seguros dos Estados Unidos. Hoje seguranças a paisana garantem a tranqüilidade de quem circula por ali com dinheiro. Melhor para quem vai, melhor para o dinheiro que fica.
Além do jogo (sim existe vida além do jogo e não é pouca), Las Vegas ainda traz opções em espetáculos de mágica  e de música.  Não à toa, pois são artes que quebram a barreira do idioma e atraem povos de diferentes nações. Não é preciso entender inglês para ouvir a boa música ou ver a bela moça cortada ao meio  para entender o perigo a que ela se expos. Mas, a maior atração de todas é a rede hoteleira. Hospede-se num dos hotéis temáticos. Pode ser o que tem canais de Veneza, boulevards de Paris ou ruelas de Marrakesh. Se a proposta de um hotel no mundo é oferecer acomodação para dormir, os de Las Vegas são para sonhar.

Vá para o Luxor cujo tema é Egito, circule entre alguns hotéis de trenzinho suspenso e chegue ao Bellagio, ao som de Andrea Bocelli e emoção de “Itália mia”. Passe o dia indo de um canto para outro. Almoce hamburger no New York, New York e, depois, leve as crianças (isso mesmo existe vida para menores de 21 anos na cidade) ao Circus Circus. Visite o aquario do Mandalay, o parque do hotel MGM, caminhe pelas lojas do Caesar’s, jante no Hard Rock Hotel. Las Vegas é divertida assim!
Existe, é claro, os viciados, como aquela senhora que parece ter um crachá colado á lapela e que na verdade é um cartão de crédito preso à roupa facilitando a aposta no caça-níquel. Você acorda, e a vê ali. Vai almoçar e  ainda  a vê por ali. Vai dormir e ela ainda não saiu de lá. Como você prestou atenção na pobre senhora!!!! Se não fosse por você, ela passaria desapercebida, assim como os outros 8500 hóspedes do seu hotel. Sim Las Vegas tem hotéis entre os maiores do mundo. E quando você liga do quarto, como no caso dos quase 4.500 do New York, New York , para pedir uma informação e sem falar nada, a mocinha atende, “yes, mister" e fala seu nome, você pede licença um minuto e, desconfiado, examina atrás da cortina. Como é possível?

Só Las Vegas é uma loucura que consegue emprestar esse plus, esse "a mais" na atenção ao turista... Por falar empréstimo. Sabe aquela quantia que comentei no começo do texto...Eu sinto uma onda de sorte no ar. É um formigamento que começa no dedão do pé e sobe pela perna, na região lateral que fica entre a coxa e a cintura. Sobre-coxa? Ah, não (risos). Sobre-coxa é coisa de galinha, galo, bicho...Huuummm. Já sei. Não precisa mais. Vou fazer uma joguinho na casa ao lado. Não é o que você está pensando. É só uma gincana com nome de animais que acontece todo dia. Jogo é proibido no Brasil. Jogo é em Las Vegas e é para lá que eu recomendo você ir.
EXISTE VIDA ALÉM DO JOGO
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