ÍNDIA

 

_1154019_india3_whole300.gif (8979 bytes)

 

O segundo maior país do mundo em população, emergiu como um poder principal depois de um período sob domínio estrangeiro e várias décadas em que sua economia ficou praticamente fechada. O país desenvolveu sua própria capacidade de atacar a China e seu arqui-rival, o Paquistão, com seus próprios mísseis e realizou um programa de testes nucleares em manifesto desafio à opinião mundial. No entanto, a Índia ainda se vê às voltas com enormes problemas sociais, econômicos e ambientais.

RESUMO

O imenso e diversificado subcontinente indiano - que se estende desde a fronteira montanhosa afegã até as florestas de Burma - foi submetido ao domínio estrangeiro, desde o início do século XIX até 1947. Mas, a partilha que se sucedeu do subcontinente lançou as sementes do futuro conflito entre Índia e Paquistão e que resultou em três guerras.

Desde a independência, nunca teve um período de paz mais prolongado entre as diversas etnias. Tensões regionais, comunitárias e de casta continuam a permear a política indiana, algumas vezes ameaçando suas características seculares e democráticas. Estima-se que os constantes conflitos entre muçulmanos e hindus nas várias cidades da Índia, como Nova Delhi, Merut, Ahemdabad, Patna, Kanpur, etc., já mataram mais de 150.000 muçulmanos. Em 1984, a primeira-ministra indiana, Indira Gandhi, foi assassinada por sua guarda pessoal sikh, depois de ter ordenado que os soldados retirassem os militantes sikhs do Templo Dourado de Amritsar. E, em 1992, disseminou-se a violência entre muçulmanos e hindus, depois que extremistas hindus destruíram a mesquita de Babri, em Ayodhya.

O primeiro primeiro-ministro da Índia independente, Jawaharlal Nehru, sonhava com uma sociedade socialista e criou uma grande infraestrutura pública que acabou se tornando um peso para o estado. Cabe notar que o Paquistão sempre foi um aliado dos Estados Unidos, enquanto a Índia sempre se aliou à União Soviética. A infraestrutura militar e industrial indiana era de procedência soviética.  O   fim da União Soviética, somado à grave crise financeira mundial dos anos 90  que atingiu os países emergentes de um modo geral, reduziram as reservas internacionais a menos de US$ 500 milhões. Nos últimos 20 anos, a Índia começou a se abrir para o mundo, estimulando uma reforma econômica e a entrada de   investimentos estrangeiros.

Atualmente, o país tem uma classe média em expansão e tem realizado grandes avanços em diversos campos como a tecnologia de informação, exportando seus profissionais capacitados. A Índia também se orgulha de ser uma das maiores indústrias de cinema do mundo, sediada na enorme metrópole comercial de Bombaim. Mas a grande massa da população rural ainda permanece analfabeta e pobre, cuja vida continua a ser dominada pelo antigo sistema de casta hindu, que não prevê mobilidade na hierarquia social.

DADOS

População: 1 bilhão
Capital: Nova Déli
Línguas principais: hindi, inglês e 17 outros dialetos oficiais
Religiões principais: hinduísmo, islam, cristianismo e sikhismo
Expectativa de vida: 59 anos para o homem e 60 para a mulher
Exportação: produtos agrícolas, têxteis, e couro, gemas e jóias, software e tecnologia, engenharia, química.
Renda per capita: US $460.
Presidente: K. R. Narayanan
Primeiro-ministro: Atal Behari Vajpayee

Vajpayee passou a maior parte dos mais de 40 anos de sua carreira política na oposição. Nascido em 1926, em uma família brâmane de casta alta, em sua juventude esteve preso por um curto período, por ter participado de um movimento contra o domínio britânico na Índia. Após um breve namoro com o comunismo, ele escolheu apoiar as organizações hindus de direita que mais tarde iriam estabelecer estreitas ligações com o Partido Bharatiya Janata (BJP).

Ele foi líder do RSS (Rashtriya Swayemsevak Sangh - Organização Nacional dos Voluntários), um partido de extrema direita e com uma agenda declaradamente anti-islâmica. O RSS também é conhecido pela forte simpatia que nutre pelo nazismo e sempre teve uma política de trazer de volta para o hinduísmo os muçulmanos, através de conversões forçadas.

_1154019_vajpayee150.jpg (7951 bytes)

Pregam a limpeza religiosa e cultural da Índia e não aceitam o Islam e o cristianismo. Foram eles os responsáveis pelo ataque à mesquita de Ayodhya e pelo genocídio de muçulmanos em Gujarat. O BJP é oriundo do RSS e mantém estreitas ligações com esse partido. Vajpayee tornou-se chefe do BJP e conduziu o partido à vitória nas eleições de 1996. Há pouco tempo, Vajpaee indicou o líder do BJP, Lal Krishan Advani, que se identifica abertamente com as idéias do RSS, como vice-primeiro-ministro da Índia, abrindo mais espaço, ainda, para este partido extremista.

Atualmente, ele é visto no ocidente como o lado moderado do partido, como aquele que mantém distância dos grupos extremistas hindus. Ele também é respeitado como orador que encanta multidões com seus discursos no mais puro hindi.

MÍDIA

Pobreza e analfabetismo limitou o alcance da mídia e a propriedade de equipamentos de rádio e televisão. Segundo pesquisas, a imprensa alcança cerca de 33% da população da Índia, enquanto a televisão cerca de 47%. A imprensa particular é independente e ativa mas somente a All India Radio (AIR) tem a permissão oficial de transmitir notícias pelo rádio. As emissoras estatais têm funcionado como porta-vozes dos sucessivos governos.

A TV via satélite é livre e muitos aparelhos domésticos têm acesso a um grande número de canais graças uma taxa relativa de penetração via cabo. A oferta de programa para um número crescente de canais é amparada pela dinâmica indústria nacional do cinema. Os programas indianos também são populares em outros países da região.

As autoridades podem censurar os artigos relacionados com segurança e usam a legislação para limitar a crítica ao governo. Índia e Paquistão quase sempre se envolvem numa guerra de palavras através de suas respectivas mídias, e, vez por outra, proíbem a transmissão do outro país. Em 1999, o governo tentou impedir a influência da mídia eletrônica paquistanesa na Índia, criando, por exemplo, 37 retransmissoras de rádio e TV próximas à fronteira, para conter a "propaganda anti-Índia".

O QUE PENSA A ÍNDIA SOBRE A QUESTÃO DA CAXEMIRA

Para a Índia, Jammu e Caxemira é uma parte integrante e inseparável do país. A Inglaterra governou a Índia como um estado indivisível, composto de muitas províncias e principados, mas quando ela partiu, a Índia estava dividida em dois estados separados. O novo país era o Paquistão.   Inglaterra, Índia e Paquistão concordavam com um princípio básico, o de que cada centímetro de terra deveria ir ou para a Índia ou para o Paquistão, isto é, as pessoas que viviam na Ìndia antes da divisão de 1947 só tinham duas opções; ou juntar-se ao Paquistão ou à Índia, nunca a possibilidade de estados independentes.

O caso de Jammu e Caxemira foi, na verdade, uma exceção. O marajá do estado tinha pedido um tempo para decidir, mas o Paquistão não aceitou e tribos pashtuns vindas do Paquistão invadiram a Caxemira, matando centenas de pessoas e causando grandes prejuízos. O marajá, temendo pela própria vida, fugiu para a Índia e cedendo à pressão indiana, assinou o Instrumento de Anexação, em 26/10/47. A Caxemira foi anexada ao estado indiano, provisoriamente,  pois a anexação estava  condicionada à realização de um plebiscito livre, imparcial e soberano. Esta condição ficou estabelecida em uma carta do governador geral da Índia, Lord Mountbatten, ao marajá, em 27.10.47.  A Índia aceitou o princípio do plebiscito mas, não obstante,  boicota todas as tentativas no sentido de sua realização. 

O exército indiano interveio na Caxemira, expulsou os paquistaneses e ocupou dois terços do território. Mas, uma grande área ainda permaneceu sob controle dos soldados paquistaneses. Essas áreas eram de difícil acesso circundadas pelas altas montanhas e a luta terminou com o Paquistão mantendo o controle de uma grande parte do  estado e a Índia ficando com uma parte maior.

A Índia apresentou o caso à ONU, dizendo que o Paquistão tinha atacado um estado neutro, que aquele estado agora era parte da Índia e que o Paquistão deveria retirar seus soldados. A ONU concordou com a alegação hindu e  pediu que o Paquistão retirasse seus exércitos de Jammu e Caxemira. Também ficou decidido que a Índia perguntaria à população de Jammu e Caxemira se queria ser parte dela ou do Paquistão. O primeiro ministro indiano concordou em realizar um plebiscito. O Paquistão não concordou e se recusou a deixar as áreas que tinham sido tomadas à força. Por causa disso, o plebiscito nunca foi realizado.

Pelo acordo que tratou  da divisão da Índia, os governantes de principados, como Jammu e Caxemira, tinham o direito de decidir se queriam se juntar ao Paquistão ou à Índia. A Índia entende que jamais houve essa questão de se convocar um plebiscito. Muito embora o primeiro ministro da Índia, Nehru, tivesse concordado com o plebiscito, ele jamais foi realizado. A Índia alega que o Paquistão jamais pensou em abandonar a região de Jammu e Caxemira e que não teria sentido convocar um plebiscito só para a população das regiões sob seu controle.

Para a Índia, este plebiscito não pode ser realizado hoje porque o Paquistão continua a ocupar ilegalmente uma grande porção de Jammu e Caxemira, não dando à população liberdade de escolha. Na maior parte de Jammu e Caxemira ocupada pelo Paquistão, a população local não tem direitos democráticos. Não podem eleger seus governantes e sequer ousam falar contra o Paquistão, por medo de serem mortos. Para todos os efeitos, o território e a população capturada pelo Paquistão em 1947 foi incorporada ao Paquistão.

A Índia explica a situação atual de conflito na Caxemira como sendo proveniente de uma facção de líderes pertencentes ao Vale da Caxemira que quer se separar da Índia. Alguns deles querem formar um país em separado, enquanto outros querem se juntar ao Paquistão e essas reivindicações são ilegais.  A Índia justifica a presença de soldados hindus no Vale da Caxemira como uma necessidade, para proteger a vida das pessoas e enfrentar esses "terroristas". Quem transformou o Vale da Caxemira em um campo de batalha, segundo a Índia, foram os terroristas que começaram a matar os soldados hindus, que, por sua vez, não tiveram outra alternativa senão reagir.

A Índia afirma que a população do Vale da Caxemira e as facções separatistas vêm recebendo ajuda militar e financeira do Paquistão desde os anos 80. O objetivo final seria a ocupação de todo o Vale da Caxemira pelo Paquistão, que, percebendo que a região estava escapando de suas mãos, treinou e financiou mercenários para lutarem na Caxemira. São esses mercenários, segundo a Índia, que estão criando os maiores problemas atualmente no Vale da Caxemira. Para impedir que o Paquistão consiga seu intento, a Índia vem ajudando o novo ministro-chefe de Jammu e Caxemira e acha que a paz só chegará quando os mercenários forem mortos e o Paquistão reconhecer que Jammu e Caxemira é parte integrante da Índia, firmando um acordo final .

BBC News
Site da História Islâmica

001e0001.gif (1089 bytes)