O CESSAR-FOGO, UMA EXIGÊNCIA DO CORAÇÃO

Padre Di Lascio

A Paz somente acontecerá quando os líderes, diplomatas e governantes das nações, com seus ministérios e secretarias, deixarem os aconchegantes gabinetes e bureaux, as luxuosas salas de conferência, os palanques e as tribunas, e se deslocarem  até o local onde está acontecendo o conflito.  

E, ao entrarem em cheio nos campos onde estão se travando as guerras, com todo esse morticínio, e aí ingressarem nos pelotões de seus soldados, com certeza se convencerão de que somente a partir do diálogo e da convivência entre as partes beligerantes será possível iniciar as negociações de Paz.  

O mergulho nessa realidade, o duro contato com esse caos fará com que esses deuses do poder¨ e senhores da guerra, sintam na carne o que significa  enfrentar a sangue-frio o combate entre seres humanos. Andando sobre os escombros, tropeçando nos corpos mutilados e  sem vida,  sentindo o odor de carne humana queimada nos óleos dos canhões, ouvindo o clamor lancinante  das vítimas inocentes – principalmente civis, entre eles idosos e crianças –, pedindo socorro e implorando a misericórdia divina, eles entenderão o quê e o porquê disso tudo, pois não existe ninguém, que, em sã consciência e  presenciando toda  essa barbaridade, deixe de exigir e lutar pelo imediato cessar-fogo.  

Somente quem passa pela brasa ardente sabe o quanto queimam os seus pés. Assim, oxalá  esses homens e mulheres de poder de decisão fossem marcados com um sinal na carne que os fizesse desfilar na procissão e nos corredores dos feridos de guerra, a ponto de precisarem do socorro do grupo de ajuda humanitária, mal instalados nos acampamentos improvisados, embaixo da chuva da artilharia pesada dos seus inimigos.  

É cruel, desumana e inaceitável, assim como qualquer outra guerra, esta que se trava entre os israelenses e palestinos, e que estamos assistindo ao vivo e a cores através dos meios de comunicação mundial. Essa atividade bélica está ligada à industria de armamentos e do narcotráfico. É uma guerra  produzida e  controlada pelos tubarões da economia mundial,  pelos demônios sanguinários do maldito poder, por certos líderes mundiais que se acham no direito de, em nome de seus deuses, sacrificar na arena dos seus  coliseus,  milhares de inocentes e deixar outros tantos mutilados e marcados em suas memórias pela dor  desse  genocídio.  

Depois que o coração se petrificou e as artérias se entupiram, quem governa as ações e atitudes desses líderes é a cega e severa lógica da pura razão. Tudo se explica pelos cálculos gélidos das suas mentes assassinas. O que está em jogo nessa guerra não são as pessoas e nem o espaço geográfico, e sim o acúmulo exorbitante de bens  de alguns homens do poder, que querem se beneficiar à custa da massa excluída e sobrante da humanidade.   

O que adianta provocar – ou compactuar com isso, que o pecado é o mesmo – tanta destruição e crueldade diante das pessoas, e depois movimentar bilhões de dólares para socorrê-los nas suas desgraças? Cabe aos organismos internacionais e aos líderes e governos mundiais interferirem de imediato junto aos responsáveis por essa inominável barbárie, deslocando-se para o campo de guerra e exigirem o cessar-fogo, mas urgente e de imediato. Não existe o amanhã para a Paz. Ela é prioridade absoluta no hoje da História.  

Se a humanidade não aprender o caminho da Paz, as encruzilhadas da guerra a levará ao caminho da morte.  

Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
Paróquia São Marcos, O Evangelista
Email – LROS@UOL.COM.BR. Fone 9704-7070
 

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