É a tua mãe!...

Mãe é um nome divino. Além de ser uma vocação especial, e também um a missão sublime que exige o mais alto nível de consideração e respeito por parte da sociedade. A primeira palavra que brota nos lábios da criança, provinda de seu coração inocente e cheio de ternura é “mãe”. Por isso, quando alguém ofende a outra pessoa envolvendo o termo “mãe”, afeta de uma maneira violenta e profana o espaço sagrado da individualidade humana onde mora a divindade mãe.  

Tenho acompanhado com indignação certos programas de rádio e televisão que têm permitido a veiculação das expressões “é a tua mãe,“é a mãe”, “é sua mãe”. Como essa expressão fere a dignidade da missão das mulheres que sonharam e abraçaram  a mais bela vocação do ser humano, o direito de ser mãe. Basta olharmos e contemplarmos a mulher que nos carregou durante os nove meses de gravidez, enfrentando com coragem os imprevistos e desafios, e dando-nos a oportunidade de experimentarmos e vivenciarmos o mistério do que é ser pessoa humana.  

Recordo-me que assisti há anos atrás um filme que me ensinou a compreender e entender o que é ser pessoa humana. O filme chamava-se “O homem-elefante”. Em certa parte do filme ele escapa do seu dono que o explorava ganhando dinheiro e fama em um circo da cidade, ás custas de sua anormalidade física, que o fazia se assemelhar a um elefante. Ele sai correndo pelas ruas sem rumo, perseguido por uma multidão de curiosos.  Entra em uma estação de metro, corre de um lado para o outro sem encontrar uma saída, é vencido pelo cansaço e pela multidão que o cerca e o sufocando-o  com seus olhares apreensivos ao ver a sua deformidade facial. De repente, o “Homem-elefante” arranca o pano que cobre o seu rosto e, com um grito desesperador, exclama: Tenham misericórdia de mim, pois  também sou um ser humano.  

O homem e a mulher não são criados para se tornarem objetos de manipulação nas mãos dos oportunistas e detentores do poder, como meros fantoches ou marionetes. Porque até Deus sabe respeitar a liberdade humana, sendo Deus o amor como o defini os Livros Sagrados. E próprio da sublimidade do amor ver o outro como seu semelhante merecedor da mais alta dignidade, respeito e honra. Aqui não se trata de melodramatizar a cultura do amor, mas, trazer para o cotidiano da vida o ato de pensar sobre a arte de amar.  

É verdade, como diz um conhecido axioma, que quem ama não adoece. Mas, mais verdadeiro ainda, é que quem se sente amado encontrou a plena felicidade, e a certeza de que vale a pena investir no respeito a  pessoa humana qualquer custo.  

Acredito que chegou a hora de nós cidadãos civilizados e comprometidos com a cultura da paz e com o retorno do aprimoramento dos valores éticos e morais, tomarmos uma atitude em defesa da dignidade das mães. E lutarmos para que sejam abolidos dos programas de rádio e televisão quaisquer termos que representam ofensas e preconceitos, como uma forma de desrespeito e desconsideração com a imagem da mãe.  

Tenhamos coragem de mudar de canal ou estação, ou desligar imediatamente o aparelho, quando virmos ou ouvimos tais expressões que denigrem ou subestimam a imagem das mulheres que abraçaram o dom da maternidade.  

Pedimos aos senhores, vereadores, deputados e senadores, para que criem uma lei que não permita mais o uso dos termos “sua mãe”, “tua mãe”, “é a tua mãe”, em qualquer tipo de programa nos meios de comunicação social, levando em consideração a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente.  

Sejamos ousados, denunciando as emissoras que permitem o uso de tais termos que somente servem para depreciar a imagem da mulher-mãe, no intuito de alcançar altos índices de ibope a custas da banalização e da corrupção dos valores, e com pretensa intenção de fazer humor.  

Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
Paróquia São Marcos O Evangelista
Campinas – SP
Fone (19) 9603-4233

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