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Jorge de Oliveira Veiga era
seu nome completo. Nasceu no subúrbio de Engenho de Dentro,
no Rio de Janeiro em 6 de dezembro de 1910 e faleceu, também
no Rio de Janeiro em 29 de junho de 1979. Começou menino a
trabalhar como engraxate, vendedor de bananas, biscateiro e finalmente
pintor de parede. Cantarolava quando pintava e foi notado pelo proprietário
de um armazém onde trabalhava e que possuía algum contato
com pessoal da Rádio Educadora do Brasil. Levado ao programa
Metrópolis estreou em 1944 imitando ou tentando imitar Silvio
Caldas que era um dos seus ídolos, na época.
Por influência de Heitor Cabumbi e Rogério
Guimarães resolveu mudar de estilo e já na Rádio
Tupi do Rio de Janeiro, a partir de 1942, passou a cantar sambas malandros,
anedóticos e até samba de breque na linha do Moreira
da Silva, embora sempre tenha dito não haver sofrido nenhuma
influência daquele cantor. Recebeu de Paulo Gracindo o slogan
de Caricaturista do Samba e como tal foi ganhando sucesso.
Estreou no disco com a música "Adeus João",
com acompanhamento de Antenógenes Silva, embora antes
tenha realizado várias gravações particulares
com as seguintes músicas: "A mãe de Faustina",
"Está tudo acabado", "Não brinca Genoveva",
"Ciranda, cirandinha" e "Implorei um beijo dela".
Seu primeiro sucesso foi com Iracema, seu segundo disco,
gravado na Odeon. A música fez sucesso no carnaval de 1944.
Não tinha contrato com a gravadora e, por isso, gravou o
disco a título de experiência. Segundo ele mesmo conta
estava um dia na porta do Cineac Trianon quando foi convidado a
participar de uma gravação de Dircinha Batista
porque o parceiro não aparecera para gravar. Fez então
sua estréia na Continental gravando "Morena linda"
(João Martins e Otolino Lopes), 'Minha patroa não
é boa" (Waldemar Silva e Estanislau Silva), "Perdi
a paciência" (Raul Marques e Mário Rodrigues)
e "Baianinha" (Castro Barbosa) com Dircinha Batista. O
diretor artístico da gravadora era, na época, João
de Barro que gostou do seu jeito de cantar e contratou-o.
Ficou na Continental de junho de 44 até abril de 1953 quando
então passou a gravar na Copacabana onde ficou até
maio de 1961. Foi então para a Victor onde gravou de 1961
até 64 quando acabou o disco de 78 rpm. Continuou gravando
ainda por muito tempo em LP, até sua morte em 1979.
Seus maiores sucessos em discos de 78 rpm foram "Iracema",
"O que é que eu tenho com isso", "Rosalina",
"Cabo Laurindo", "Senhor comissário",
"Vou sambar em Madureira", "Paraquedista", "Pode
ser que não seja", "Martírio" (veja
história mais abaixo), "Eu quero é rosetar",
"Bom crioulo", "O que é que eu dou",
"Quem chorou fui eu", "Canção dos aviadores"
(onde diz no início aquela famosa frase que lhe foi ensinada
por Floriano Faissal: "Alô, alô senhores aviadores
que cruzam os céus do Brasil, aqui fala Jorge Veiga, da Rádio
Nacional do Rio de Janeiro. Estações do interior queiram
dar o seus prefixos, para guia de nossas aeronaves"), 'História
da maçã", "Não posso mais",
"Baile de choro", "Estatutos da gafieira", "Café
soçaite", "Brigite Bardot" e "Na cadência
do samba' (foi o primeiro a gravar esta música de Ataulfo
Alves e Paulo Gesta).
Da sua discografia consta um mistério até hoje não
esclarecido devidamente. Na Continental ele gravou para o Carnaval
de 1947 os seguintes discos: 15.750 com as músicas "Pode
ser que não seja e Martírio"; 15.751 com as músicas
"Eu quero é rosetar" e "Cinzas". Surgiu
algum problema com a música "Eu quero é rosetar"
e o disco foi recolhido. Foi então lançado o disco
nº 15.762 com as músicas: "Pode ser que não
seja" e "Cinzas", ou seja, sumiram "Martírio"
e "Eu quero é rosetar".
Inexplicavelmente este samba sumiu da discografia do cantor. Uma
pena pois pela animação do auditório cantando
a música com Jorge Veiga (que poderá ser ouvida na
fita) vê-se que era um grande samba de Haroldo Lobo e Milton
de Oliveira, e de enorme sucesso no carnaval de 1947. Mais tarde,
Vinicius de Moraes, Cyro Monteiro e Toquinho gravaram a música
em LP.
As músicas cantadas por Jorge Veiga são deliciosas
histórias da vida carioca. Retratos bem humorados da vida,
ou melhor, caricaturas da vida carioca. Talvez por isso, Paulo Gracindo
o tenha chamado de Caricaturista do Samba. Se você quer rir
um pouco, ouça e preste atenção nas letras
das deliciosas canções de Jorge Veiga...
Fonte: www.colectors.com.br
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