Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

45 segundos em apnéia

 

No braço, Emerson bate Al Unser Jr. e vence  "a maior corrida do mundo".

 

Olá amigos, estamos no final do mês de maio, época da tradicional 500 Milhas de Indianápolis. Com certeza é o maior evento esportivo em um único dia no mundo inteiro e por mais que, nos últimos anos, a prova tenha perdido muito senão todo o seu brilho e charme de outros tempos, ainda sim é uma prova que faz parte da “Tríplice Coroa” do automobilismo mundial, junto com as 24 horas de Le Mans (FIA GT) e o Grande Prêmio de Mônaco (F-1).

 

Escrevo esta coluna antes do resultado da edição 2006, mas espero que nossos pilotos tenham tido um grande resultado. Para mim o coração vai estar muito dividido, em três partes. E não tenho problemas em afirmar que o lado patriótico não pesa muito neste julgamento. Uma parte vai para o sucesso dos pilotos brasileiros, uma outra – bem maior – vai para o Marlboro Team Penske (meu time de coração) e a outra parte vai pela volta do Al Unser Jr. Talvez este último não tenha chance de vitória, mas é maravilhoso vê-lo de volta! Não preciso nem dizer que sou fã de carteirinha deste grande piloto e um herói para mim depois dos nossos três mosqueteiros (Senna Piquet e Fittipaldi).

 

O episódio que mais tenho lembrança é a etapa de 1989, pois foi a primeira que assisti por completo. Lembro-me bem que o Tércio de Lima e o Luciano do Valle quase morreram de tanta vibração, pois nossos pilotos estavam impossíveis. Raul Boesel guiando para a equipe Domino´s Pizza (Lola Judd) chegaria à terceiro depois de uma classificação louca e saindo em 9º lugar enquanto o nosso herói maior e campeão daquela temporada – Emerson Fittipaldi – pela tradicional Marlboro Patrick sairia em terceiro depois de um show no período classificatório com o seu Penske – Chevrolet. Foi uma época muito difícil para o campeão pois o chassis Penske PC-18 estava difícil demais em ser acertado na maneira limpa de guiar de Fittipaldi mas ele deu um show com a astuta presença de gente como Fanck Corello, Jim McGee e ninguém menos do que Morris Nunn.

 

A Prova em si foi um pouco acidentada, mas muito disputada, especialmente entre Al Unser Jr., Emerson Fittipaldi e Michael Andretti, que se não fosse um problema no motor seria um dos postulantes a consagradora vitória. A última vitória de um estrangeiro havia acontecido há 18 anos antes e havia uma expectativa muito grande para uma conquista e o publico latino estava aguardando uma vitória de um não-americano. O incrível disso tudo foi que, com arquibancadas totalmente lotadas, o público ficou de pé nas ultimas 30 milhas (cerca de 10 voltas) num duelo magnífico entre dois grandes gênios. Al Unser Jr. com a Galles Racing (Lola Chevrolet) e Emmo com seu Penske travavam um pega sensacional. Lembro que o Luciano do Valle transmitia como um torcedor – sou um crítico dele, mas não havia como não ficar emocionado neste momento – e quem tiver acesso a esta corrida, terá a certeza do que estou escrevendo.

 

As últimas voltas foram inexplicáveis, pois o troca-troca entre Emmo e “Little” Al foi um dos grandes acontecimentos não só daquela temporada como também da história da antiga PPG IndyCar Series. Faltando pouco mais de duas voltas, Al Jr. ficou “preso” entre os adversários, proporcionando a Emerson a chance de chegar e, como o destino traria as palavras para Luciano do Valle: “Força Emerson... Mais um pouquinho Emerson... olha o toque...” Não tivera como alguém assistindo a corrida que não ficasse sem piscar os olhos por alguns instantes. Confesso que a minha prática em apnéia seria muito utilizada depois deste dia, pois fiquei quase 45 segundos sem respirar.

 

O diretor Wally Dallenbach acionou a bandeira amarela seguida da bandeira branca para Emerson enquanto um Al Unser Jr. frustrado deixaria o carro #2. Emerson recebeu a bandeirada quadriculada, quebrou o tabu e venceu a corrida mais importante do planeta e, de uma vez por todas, apresentou-se como o real candidato a campeão daquela temporada.

 

Um breve resumo pessoal neste dia. Tinha 13 para 14 anos de idade, mas nas últimas voltas me sentia como um fanático de 30 (A minha idade atual), pois estava louco e sem unhas, o nervosismo era grande posso afirmar que foi a primeira vez que derramei uma lágrima por uma conquista brasileira. Não lembro de ter sofrido assim nas conquistas de Nelson Piquet e Ayrton Senna.

 

Se algum piloto brasileiro assistir a VT desta prova, verão o que é correr no limite extremo e com uma determinação que só os verdadeiros campeões, e não muitos que estão por aí há anos fazendo apenas figurações e satisfazendo-se com posições intermediárias e reclamando da equipe ou dos fiscais, podem fazer.

 

Um forte abraço, sucesso aos nossos pilotos e vamos torcer muito para um grande espetáculo e, se Deus assim quiser, sem chuva.

 

Um forte abraço.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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