"Coluna do
Hyder"
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Fabio "Hyder" Azevedo
A vitória e
justiça de uma vida

Que momentos assim voltem a se repetir Cristiano.
Olá pessoal. Desde que
voltei a escrever não começava uma coluna de forma tão lacônica e
triste. Para ser sincero, o meu assunto principal seria um
jornalista e uma imprensa de posturas e qualidades duvidosas que todos
já devem saber de quem se tratam, ainda mais depois de comentários
estranhos e despreparados e uma cobertura que parece mais de um
açougue. Mas precisei deixar em segundo plano, pois outro fato vem
tomando as atenções de todos na comunidade automobilística
internacional.
O mineiro Cristiano da Matta sofreu um sério e grave acidente
durante testes da Champ Car no circuito de Elkhart Lake, após
atropelar um cervo que cruzou a pista. O que me deixou irritado com
isso não foi à cobertura jornalística - que deve ser feita sim, pois
a transmissão da notícia é uma ordenança do profissional de imprensa
- e sim o interesse por atrás disso. Quase ninguém da imprensa
televisiva brasileira falava Champ Car e agora tornou-se muito
interessante falar que um veterano piloto de Fórmula 1 sofreu um
acidente violento em um autódromo norte-americano. Esse não foi o
primeiro caso a acontecer, pois em 1987, Stefan Johanson sofreu um
acidente parecido, mas foi numa reta, danificando bastante seu
McLaren TAG-Porsche na pista de Zeltweg (conhecida hoje com A1 Ring).
O estranho disso tudo é que emissoras que nada falam sobre o que
ocorre na categoria, querem mandar uma equipe para Winsconsin. É um
absurdo, pois querem audiência com noticias referentes a uma
desgraça e não sobre o piloto ou seus familiares.
Quando Christian Fittipaldi sofreu seu mais sério acidente na Cart
(não foi aquele na Austrália onde ele quebrou a perna, e sim em St.
Louis) a Globo enviou uma equipe até o local para cobertura, pois
foi noticiado o estado critico e pré-morte do piloto. Felizmente
quando lá chegaram, o Christian já estava bem e no quarto do
hospital. O que fizeram? Voltaram imediatamente à base de comando em
Nova Iorque e nem pegaram uma palavra do recuperado piloto. Naquela
época, a Champ Car estava muito forte e ainda arrancava muita
audiência da Fórmula 1 e a Globo sempre que possível, tentava
mostrar "o lado negro" da categoria. Assim como com o Christian, o
Émerson passou pela mesma situação em 1996, pois ninguém falava da
Cart na emissora. O acidente do Émerson em Michigan foi
violentíssimo e chamou a atenção do público. A Cart era uma tremenda
ameaça aos interesses da Fórmula 1 nos mercados norte-americano, da
América do Sul e do Pacífico, por causa das corridas na Austrália e
Japão.
Nesta semana presenciei pela televisão um jornalista (perdoem-me
aqueles que fazem o exercício sério e correto da profissão) dizer um
monte de absurdos sobre a Champ Car, aproveitando-se do que ocorreu
em San Jose na semana passada. Chega a ser ridículo o comportamento
de parte da imprensa que prefere falar em desgraças, inutilidades e
fofocas ao invés de fazer um jornalismo profissional. O Cristiano
está hospitalizado e inspirando muitos cuidados e ele resolve falar
da barbeiragem feita pelo Paul Tracy (numa manobra típica do kart
amador) para cima do Alex Tagliani.
Como pode uma categoria "falida" como foi citado pelo jornalista
estar com as contas em dia, modificando todo o seu parque
tecnológico, apresentando um novo e moderníssimo carro para 2007 e
começando a ter a presença de novas equipes? Bem, ele poderia
perguntar aos bancos que gerem a Fórmula 1, qual é a verdadeira
opção de investimento numa categoria, cara, chata, em descrédito com
o público e sem grandes atrativos a médio prazo. Ao contrário dela,
a Champ Car apresenta várias ultrapassagens na pista e não apenas
nos boxes como ocorre naquela categoria e não precisa inventar
regras a cada semana para tentar ser competitiva outra vez.
Os meus sentimentos e preces estão com o Cristiano e família neste
momento torcendo pela rápida recuperação dele, se não voltar a
competir, pelo menos que volte a ser o grande sujeito que sempre
foi. Força Kiki.
Um grande abraço e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo

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Torcedor do Vasco da Gama e da
Associação Atlética Anapolina, fui
membro da Penske,
atualmente sou Analista de
Tecnologia da Informação mas continuo
apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as
minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que
poucos conhecem.
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