Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Uma mudança de vida

 

Luiz Garcia Jr. disputando uma corrida da então Cart pela PRG.


Foi muito legal ler o noticiário sobre a recuperação do Kiki. É interessante ver como tudo vai caminhando ao retorno e só não estar em uma unidade de tratamento intensivo já é um grande sinal. Falo isso, pois estava vendo algumas fotos de temporadas passadas e lembrei de uma grande geração de pilotos brasileiros que demorou um pouco a engrenar na Cart, mas depois não tomou conhecimento de mais ninguém; foram três títulos consecutivos, duas conquistas na Indy Lights e três vitórias consecutivas em Indianápolis tantas outras vitórias e pódios. Mas hoje estarei escrevendo sobre um time e um piloto que trabalharam duro e, com pouco dinheiro e muita competência e carisma fizeram uma temporada considerada muito regular e consistente. Os destaques desta coluna são: A equipe Project Indy (depois renomeada para Team PRG) e o piloto Luiz Garcia Jr.

Apesar de conhecer muitos pilotos e outros membros de equipes, desenvolvi uma amizade sincera e real mesmo com poucos e, nesta ordem, posso dizer que Michel Jourdain Jr., Luiz Garcia Jr., Al Unser, Helinho Castro Neves e Christian Fittipaldi, este ultimo por razões óbvias, foram grandes amigos que fiz neste meio. O Luiz Garcia é um dos melhores sujeitos que existem neste meio tão disputado (dentro e fora) das pistas e mesmo com as poucas oportunidades, conseguiu mostrar que talento e competência podem andar juntos, mesmo sem tanto dinheiro. Depois de uma experiência frustrada na antiga Payton Coyne e de uma mudança no meio do certame para a Hogan Racing (depois de assinar um contrato de gerenciamento de carreira com a Fittipaldi) que custou sérios problemas para o piloto.

A história que estarei contado aqui é baseada em conversas com outro grande amigo que fiz na Cart. David Freeman (um norte-americano criado no Brasil, gente da melhor qualidade) e fazia às vezes de agente do Luiz Garcia. O Team PRG (Antigo Project Indy) surgiu num intervalo de 34 dias, numa correria louca para que o carro estivesse alinhado para o GP de Homestead-Dade. Conseguir os fundos necessários, efetuar e homologar a inscrição (a burocracia existe na América também) e depois outras despesas com certidão da FIA e seguro... O time não participou do Spring Training daquele ano, pois faltavam algumas peças do update kit do Reynard 2Ki e um turbo para o motor Mercedes. Isso sem contar que quase que o time não saiu pois coma desistência da Goodyear, a Firestone ficou sobrecarregada mas com conversas e uma ajuda da Cart (leia-se Andrew Craig), a fabrica nipo-americana conseguiu fornecer pneus para este time.

A Souza Cruz, através de sua marca Hollywood, aceitou a idéia do David e tornou-se o principal patrocinador de um segundo time, uma vez que mesma já exibiria sua logo marca na equipe Mo Nunn Racing, do grande engenheiro Morris Nunn mas era grande a diferença de orçamento do patrocinador entre os times. A Mo Nunn recebia mais pelo patrocínio e ainda receberia uma ajuda assistencial da Mercedes-Benz, que no final das contas é uma tremenda cobertura de peças. Mas voltando ao Team PRG, era interessante que tudo funcionava para a equipe. O Barry Brucks (ex-Davis Racing) era o chefe da equipe e fazia com que as coisas pelo menos não saíssem errados e mais do que isso, os funcionários da equipe duplicavam e muitas vezes triplicavam funções. Como ficava ao lado (o Marlboro Team Penske ficava bem ao lado no Paddock) era incrível ver que eles faziam de tudo.

Durante o ano, a equipe não oferecia muito em competitividade, pois, com o orçamento reduzido, o equipamento sempre era poupado, mas em Michigan esta tradição se quebrou pois com um incrível 11º lugar, a equipe comemorou muito por se tratar da melhor colocação. Antes que muitos "especialistas" venham falar e escrever falando mal deste ou daquele piloto, eu digo que hoje em dia temos tantos pilotos com equipamentos melhores e nada fazem. Pelo menos a Team PRG fazia com que as o difícil tornasse apaixonante. Era um time muito querido pelos membros de outras equipes. E o Jr. é um cara tremendamente legal, muito amigo mesmo. Ele possui um grande defeito futebolístico, que prefiro não citar aqui, mas que infelizmente não teve grandes chances, ao contrário de tantos outros por aí. Acho que em 2001 houve uma tremenda injustiça com ele depois da "fusão" entre o Team PRG e a Dale Coyne, que assumiu os ativos da equipe de Andréas Leberle meses depois.

É muito difícil imaginar o automobilismo sem equipes independentes e presas apenas nas mãos das grandes montadoras que apenas "estão" ali e não fazem parte ativamente do esporte. E hoje em dia vivemos uma situação de pilotos muito parecida com alguns jogadores de futebol: Sem um agente forte, o jovem não poderá ter uma chance. Sem um patrocínio então...

Um grande abraço para todos, especialmente para os grandes amigos Luiz Garcia Jr. e David Freeman que sempre lêem esta coluna.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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