"Coluna do
Hyder"
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Fabio "Hyder" Azevedo
Uma mudança
de vida
Luiz Garcia Jr. disputando uma corrida da então Cart pela PRG.
Foi muito legal ler o noticiário sobre a recuperação do Kiki. É
interessante ver como tudo vai caminhando ao retorno e só não estar
em uma unidade de tratamento intensivo já é um grande sinal. Falo
isso, pois estava vendo algumas fotos de temporadas passadas e
lembrei de uma grande geração de pilotos brasileiros que demorou um
pouco a engrenar na Cart, mas depois não tomou conhecimento de mais
ninguém; foram três títulos consecutivos, duas conquistas na Indy
Lights e três vitórias consecutivas em Indianápolis tantas outras
vitórias e pódios. Mas hoje estarei escrevendo sobre um time e um
piloto que trabalharam duro e, com pouco dinheiro e muita
competência e carisma fizeram uma temporada considerada muito
regular e consistente. Os destaques desta coluna são: A equipe
Project Indy (depois renomeada para Team PRG) e o piloto Luiz Garcia
Jr.
Apesar de conhecer muitos pilotos e outros membros de equipes,
desenvolvi uma amizade sincera e real mesmo com poucos e, nesta
ordem, posso dizer que Michel Jourdain Jr., Luiz Garcia Jr., Al
Unser, Helinho Castro Neves e Christian Fittipaldi, este ultimo por
razões óbvias, foram grandes amigos que fiz neste meio. O Luiz
Garcia é um dos melhores sujeitos que existem neste meio tão
disputado (dentro e fora) das pistas e mesmo com as poucas
oportunidades, conseguiu mostrar que talento e competência podem
andar juntos, mesmo sem tanto dinheiro. Depois de uma experiência
frustrada na antiga Payton Coyne e de uma mudança no meio do certame
para a Hogan Racing (depois de assinar um contrato de gerenciamento
de carreira com a Fittipaldi) que custou sérios problemas para o
piloto.
A história que estarei contado aqui é baseada em conversas com outro
grande amigo que fiz na Cart. David Freeman (um norte-americano criado no
Brasil, gente da melhor qualidade) e fazia às vezes de agente do
Luiz Garcia. O Team PRG (Antigo Project Indy) surgiu num intervalo
de 34 dias, numa correria louca para que o carro estivesse alinhado
para o GP de Homestead-Dade. Conseguir os fundos necessários,
efetuar e homologar a inscrição (a burocracia existe na América
também) e depois outras despesas com certidão da FIA e seguro... O
time não participou do Spring Training daquele ano, pois faltavam
algumas peças do update kit do Reynard 2Ki e um turbo para o motor
Mercedes. Isso sem contar que quase que o time não saiu pois coma
desistência da Goodyear, a Firestone ficou sobrecarregada mas com
conversas e uma ajuda da Cart (leia-se Andrew Craig), a fabrica
nipo-americana conseguiu fornecer pneus para este time.
A Souza Cruz, através de sua marca Hollywood, aceitou a idéia do
David e tornou-se o principal patrocinador de um segundo time, uma
vez que mesma já exibiria sua logo marca na equipe Mo Nunn Racing, do
grande engenheiro Morris Nunn mas era grande a diferença de
orçamento do patrocinador entre os times. A Mo Nunn recebia mais pelo
patrocínio e ainda receberia uma ajuda assistencial da
Mercedes-Benz, que no final das contas é uma tremenda cobertura de
peças. Mas voltando ao Team PRG, era interessante que tudo
funcionava para a equipe. O Barry Brucks (ex-Davis Racing) era o
chefe da equipe e fazia com que as coisas pelo menos não saíssem
errados e mais do que isso, os funcionários da equipe duplicavam e
muitas vezes triplicavam funções. Como ficava ao lado (o Marlboro
Team Penske ficava bem ao lado no Paddock) era incrível ver que eles
faziam de tudo.
Durante o ano, a equipe não oferecia muito em competitividade, pois,
com o orçamento reduzido, o equipamento sempre era poupado, mas em
Michigan esta tradição se quebrou pois com um incrível 11º lugar, a
equipe comemorou muito por se tratar da melhor colocação. Antes que
muitos "especialistas" venham falar e escrever falando mal deste ou
daquele piloto, eu digo que hoje em dia temos tantos pilotos com
equipamentos melhores e nada fazem. Pelo menos a Team PRG fazia com
que as o difícil tornasse apaixonante. Era um time muito querido
pelos membros de outras equipes. E o Jr. é um cara tremendamente
legal, muito amigo mesmo. Ele possui um grande defeito
futebolístico, que prefiro não citar aqui, mas que infelizmente não
teve grandes chances, ao contrário de tantos outros por aí. Acho que
em 2001 houve uma tremenda injustiça com ele depois da "fusão" entre
o Team PRG e a Dale Coyne, que assumiu os ativos da equipe de
Andréas Leberle meses depois.
É muito difícil imaginar o automobilismo sem equipes independentes e
presas apenas nas mãos das grandes montadoras que apenas "estão" ali
e não fazem parte ativamente do esporte. E hoje em dia vivemos uma
situação de pilotos muito parecida com alguns jogadores de futebol:
Sem um agente forte, o jovem não poderá ter uma chance. Sem um
patrocínio então...
Um grande abraço para todos, especialmente para os grandes amigos
Luiz Garcia Jr. e David Freeman que sempre lêem esta coluna.
Fabio "Hyder" Azevedo
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Torcedor do Vasco da Gama e da
Associação Atlética Anapolina, fui
membro da Penske,
atualmente sou Analista de
Tecnologia da Informação mas continuo
apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as
minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que
poucos conhecem.
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