"Coluna do
Hyder"
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Fabio "Hyder" Azevedo
Emmo, em
uma tarde em Nazareth, 1989
Emerson em 24 de setembro de 1989, no oval Nazareth, torna-se o
primeiro não-estadunidense a vencer a campeonato da Indy.
Olá amigos, este
momento, em destaque, é de uma tensão especial para mim. Escrevo
antes do resultado do GP de Chicago pelo campeonato da IRL, não é o
meu campeonato preferido, mas a Marlboro Team Penske está lá e é
isso que importa realmente. Como torcedor já estou na fase de tensão
e coisas assim, mas é por uma razão especial, pois até a minha
namorada, que não gosta de corrida de automóveis, já está
devidamente caracterizada como uma "Marlboreana". Digamos que todos
na minha casa estão mobilizados na torcida pelos carros de Reading,
PA, mas especialmente o carro #3 do brasileiro Helinho Castro Neves.
Será mais que merecido, mas a disputa é dura, pois os pilotos da
Target Racing (Chip Ganassi) assim como o Sam Hornish Jr. são
excelentes competidores e será, antes de tudo, uma grande batalha.
Apenas farei uma pergunta. Depois de a Honda assinar com a Ganassi e
Penske, onde estão as equipes Rahal Letterman Racing e a Andretti
Green Racing, especialmente esta após a marmelada de Sears Point
(campeonato que acabou nas mãos de Sam Hornish Jr.)?
Nessa coluna estarei escrevendo sobre uma corrida muito especial. A
etapa decisiva do PPG-Cup Indy de 1989 em Nazareth (uma pequena
cidade na Pensilvânia onde residem os Andretti e é bem próxima de
Reading, sede da equipe Penske, ale de ser a etapa mais próxima da
cidade de Nova Iorque). Quando Emerson Fittipaldi sagrou-se campeão
da antiga Fórmula Indy. Foi uma bela tarde de domingo e não esqueço
dos detalhes desta prova. Um duelo privado entre Rick Mears e Emmo
com coadjuvantes como Teo Fabi (que havia vencido em Lexington a
primeira vitória da Porsche AG), Mario e Michael Andretti no
primeiro ano de parceria pai e filho na Newman Haas Racing, assim
como Al Unser Jr, Danny Sullivan e Bobby Rahal.
Foi muito interessante, pois existia uma engraçada coincidência
naquele ano, pois todas as cinco vitórias foram obtidas quando ele
largou da segunda posição e desta vez não seria diferente, pois não
conseguiu superar o seu arqui-rival Rick Mears, da Penske. A
Patrick, com Morris Nunn e Frank Corello criaram uma estratégia
diferente para superar a Penske num oval que é conhecido como o
quintal da fábrica, pois Rick mears e Danny Sullivam testavam muito
os PCs nesta pista. Logo na largada Emmo partiu para cima e na
primeira curva uma bandeira amarela seria acionada... Quem estava na
frente? Emmo foi brilhante contendo os ataques de Michael e Mario
Andretti e, principalmente, de um Mears voraz e muito veloz. O
Pennzoil Penske contava ainda com um talentoso chefe mecânico que,
anos depois, seria o responsável pelos carros de Emerson Fittipaldi,
Paul Tracy e Hélio Castro Neves, entre outros: Rick Rinaman.
Voltando a corrida, um erro de cálculo foi providencial para a
conquista antecipada de Emerson, pois Mears foi obrigado a fazer um
Splash n´Go e, com isso, coube ao nosso herói administrar os ataques
de Mears a uma distância e com isso o primeiro campeão não
norte-americano seria consagrado nas pistas estadunidenses. Rick
chegou a tirar cerca de 1 segundo por volta e o tráfego era sempre
problemático, mas o ritmo da prova era intenso. Pat Patrick era o
retrato da tensão enquanto Roger Penske deveria estar pensando se
foi o mais correto ceder seus chassis para a Patrick Racing e ver a
filial superar a Matriz. Emmo venceu e foi muito emocionante a
narração de Luciano do Valle que, literalmente, berrava evocando o
orgulho brasileiro dentro do território estadunidense. A prova que
um piloto desacreditado depois de um fracasso - que muitos não
entendem que poderia dar certo se não fosse à falta de apoio e só
sabem criticá-lo - vê-lo campeão e venerado não somente por sua
equipe, mas por toda a imprensa mundial. Que viu o ressurgimento não
só de um homem, mas de um mito.
Lembro-me do Esporte Total da Rede Bandeirantes de Televisão
abrindo sua programação com um depoimento emocionado do campeão e o
próprio Luciano do Valle fazendo o programa da base de Miami. Foi
muito emocionante, pois foi uma temporada complicada e dura, que,
além disso, teve também a conquista em Indianápolis (a segunda viria
quatro anos depois). A Cart tinha a honra de consagrar mais um
campeão da F-1 e deixando claro que, lentamente, um processo de
internacionalização estaria surgindo, pois esta conquista de Emerson
acordou o mundo que achava que a F-1 era o final de linha para
muitos pilotos que não tiveram uma chance na Europa. Esta pista é
tão especial para Emerson que, depois de mudar-se para a Marlboro
Team Penske e passar por grandes dificuldades de um projeto com
grandes problemas, voltaria a vencer em Nazareth.
Roger Penske não perderia tempo e contratou não somente Emmo como
também o Frank Corello que após alguns anos veio a se aposentar e o
Morris que, tempos depois migrou para a Ganassi Racing e, mais
tarde, estrearia a Mo Nunn Racing. Um projeto não tão bem sucedido,
ao contrário de sua própria carreira. Apenas para que os mais jovens
tenham uma idéia, Pat Patrick bradou que apenas Fangio (o sênior e
não o sobrinho) poderia substituir Emerson Fittipaldi. A Porsche
ofereceu um cheque em branco, assim como a Newman Haas tentou a
contratação do brasileiro. Mas fez uma escolha acertada e, com essa
mudança, a Patrick Racing perdeu seu principal piloto, o chassi
campeão e o forte apoio financeiro da Phillip Morris.
Um grande abraço, não esqueçam quem foi este herói e não confundam
esta figura vencedora com o empresário dos dias atuais.
Um forte abraço e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
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Torcedor do Vasco da Gama e da
Associação Atlética Anapolina, fui
membro da Penske,
atualmente sou Analista de
Tecnologia da Informação mas continuo
apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as
minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que
poucos conhecem.
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