"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
Circuito da Gávea -
Atos de coragem e heroísmo
Domingos
Lopes com sua Bugatti no ciruito da Gávea.
Olá pessoal, amanhã os carros e equipes da Champ
Car estarão sendo apresentados e a expectativa é grande, pois alguns
acordos serão anunciados, mas ainda acho que teremos muitas novidades até
os treinos de abertura na pista de Las Vegas. Mas este dia é um marco para
o crescimento do campeonato. E se Deus quiser, continuará a ser Champ Car,
sem este nome terrível de "Fórmula Mundial". Essa coluna é um pouco fora
de nosso principal foco de cobertura, a categoria. Queria relatar uma
experiência pessoal, que foi um tanto divertida, mas também teve sua dose
de adrenalina e certo perigo. Quando ainda estava casado e morava no
tradicional bairro do Leblon sempre mantive o costume de pedalar e fazer
jogging. Assim passei a ter esta paixão por pedalar por médias e longas
distâncias.
Mas voltando ao assunto desta coluna, um belo dia eu resolvi seguir um
mapa e fazer o caminho da Gávea, onde ficava o antigo circuito onde
grandes heróis do automobilismo internacional e nacional fizeram nome.
Seria hoje o que consideramos a "São Silvestre" e era bem tradicional. O
seu traçado, muito desafiador, passava por pontos hoje tradicionais como a
Avenida Niemeyer e pela Avenida Visconde de Albuquerque, isso sem contar
que muitos trechos da pista foram "tomados", digamos assim, pelas favelas
da Rocinha e Vidigal, nos Bairros da Gávea e Leblon, respectivamente. Era
um circuito longo abrigou vitórias e grande orgulho ao país, mas também
grandes perdas..
Passando pelo morro Dois Irmãos – onde originara o desenho deste circuito,
vi o "Trampolim do diabo" e fui entender o que isso significava. Em suas
partes sinuosas, os carros vinham em altas velocidades, mas, caso
perdessem o controle, eram quase que jogados contra um despenhadeiro no
mar com muitas pedras. A vista de lá é linda demais, mas lembrar de
tragédias assim torna as lembranças um pouco mais amargas. Basicamente os
carros tinham conjunto de rodas muito finas, o que era tradicional na
época, mas ao mesmo tempo em que isso propiciava altas médias de
velocidade (falamos em torno de 70 km/h. Na época isso era um absurdo) o
carro era altamente instável nas curvas e os trechos, hoje conhecidos como
Avenida Niemeyer e Avenida Mary Pessoa deixavam os carros mais "nervosos",
pois se tratavam de pontos de velozes com curvas em seqüência de "S".
Pilotos nacionais como ninguém menos que Chico Landi e o Barão de Teffé
(primeiro vencedor desta prova em 1933 com um Alfa). Basicamente os
construtores italianos dominaram esta prova e gente de renome, além dos já
acima citados, consagraram esta pista que colocou o país definitivamente
no roteiro internacional do automobilismo, já que Interlagos seria
inaugurado apenas em 1940. Pilotos como José Froilán Gonzalez, que foi o
primeiro vencedor da Ferrari, Carlo Pintacuda entre tantos outros nomes
famosos que não venceram esta prova. Em 21 anos de história foram
disputadas 16 edições e vale citar que o mundo vivia o clima de pré 2ª
Guerra Mundial e durante a mesma. A última edição foi realizada em 1954 e
vencida pelo suíço Emmanuel de Graffenried com um Masseratti.
A minha experiência em pedalar no que sobrou da pista deu certa tristeza,
pois uma boa parte dele está “possuída” por moradores das duas já citadas
favelas, e a administração do Parque do Morro Dois Irmãos não teve este
cuidado na época de preservar esta área, que poderia tornar-se um parque
como onde encontramos pistas de automobilismo em SPA, na Bélgica, Albert
Park na Austrália e Montreal no Canadá. Percebi que ciclistas ou mesmo
amantes da velocidade e história, como era o meu caso, não seriam muito
bem vindos por ali. Mas que é um passeio que vale muito a pena, isso vale.
Hoje em dia vejo os pilotos, de uma forma quase que geral, funcionando
como elementos de marketing, com assessoria disso e daquilo e sem aquele
espírito de aventura que a carreira proporciona. Gente que se diz
qualificada a pilotar um champ car e se diz satisfeita com terceiros e
quartos lugares... Acho que novos Froilán Gonzalez e Chico Landi deveriam
surgir outra vez... Assim como temos muitos pilotos na questão acima
citados, temos de fazer justiça as esses que se tornam heróis e lutadores!
Circuito da Gávea (Brasil).
Um grande abraço fique com Deus e até a próxima.
OBS: Está sendo desenvolvido um "game" de corridas para computador, por
uma firma argentina que terá a pista do Circuito da Gávea. Um belo
reconhecimento, sem dúvida.
Fabio
"Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com
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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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