Muitos torcem por Michael Schumacher. O acham melhor do mundo. O maior de todos os tempos. Muitos outros ainda idolatram Ayrton Senna. Ainda tem a certeza de que ele era/é o maior do mundo. Daí vão para os que torcem por Juan Pablo Montoya. Outros por Barrichello. Até pra Takuma Sato existem torcedores.

No último dia 3 de agosto, Em Elkhart Lake, pela Champ Car, onde as equipes realizavam testes na "Spa-Francorchamps da América". O piloto atropelou um cervo durante a sessão da tarde. Foi levado ao hospital inconsciente. Até aí, poderia ser qualquer coisa simples. Quem sabe um simples desmaio e por medidas de segurança, o deslocamento rápido para o hospital. Nenhuma notícia confirmava nada, surgindo espaço para os maus pensamentos.

Depois de um tempo, surgem notícias: "O mineiro bateu fortemente a cabeça e formou um hematoma subdural agudo — na superfície do cérebro. É considerado grave porque o aumento na pressão intracraniana pode causar danos ao tecido e às funções cerebrais". O brasileiro estava mal. Os fãs do automobilismo estavam tristes com essa possível futura fatalidade. A torcida começava aí. A fé de cada um começava a se exercitar. Orações, rezas, velas, pensamento positivos, figas, sela lá o que cada um usava, começava então uma só torcida. Pela vida do nosso "Kiki".

As notícias continuavam: "A partir de agora, o mineiro ficará em coma induzido por 48 horas e é neste tempo que será avaliada sua recuperação. De acordo com o jornalista, a boa forma física de Da Matta poderá influenciar positivamente na recuperação". A situação ainda é preocupante. Na verdade, noticias sem profundidade são mais terríveis que uma noticia mais fatal. Todos torcem pela sua vida.

Coma induzido aqui, seqüela ali, futuro acolá. Ninguém sabe ou ninguém divulga nada. Medo falta de necessidade? Privacidade? Só esperando por um milagre. De morte certa passamos para "pouco risco de vida". De pouco risco, chegamos ao "quase não risco de vida". Disso, nosso piloto Da Matta já começa a ter estímulos nas pernas. Seu coração bate mais forte ao saber que seus parentes estão próximos. Responde ao pedido dos médicos. Começa a corrida mais difícil da sua carreira. Uma possível e longa recuperação.

Da Matta não é um ídolo nacional do esporte. Não foi um show-man na Fórmula 1, mas sempre tentou fazer seu melhor, da forma mais descontraída possível. Agora, "Sennistas", "Schumaquistas", "Barrichellistas" e seja lá qual for o "istas", todos torcem por Da Matta. Não queremos que ele seja campeão do mundo. Não queremos que ele volte a correr. Não quereremos isso por pena nem piedade. Apenas torcemos juntos pela recuperação de um piloto brasileiro que já acompanhamos na Fórmula 1.

Já perdemos pilotos demais nas corridas das "fórmulas da vida". Será a corrida mais longa e difícil da carreira de Da Matta. A corrida pela vida. Títulos são apenas títulos quando nossa vida está em jogo. Nossa vida sim, ela é a mais importante do mundo.