COMO TUDO COMEÇOU ......

Tudo partiu quando Chorão, atual vocalista da banda, que na época, era de São Paulo, começou a participar de campeonatos de skate, quando sentiu a afinidade que tinha pela música.

Foi então, que em um bar de Santos que Chorão teve seu primeiro contado com o "público". Estava tocando uma banda de uns caras conhecidos seus quando, o vocalista desta banda chamada "Matrix" precisou ir ao banheiro e entregou o microfone na mão de Chorão. Então, ele cantou uma música. A rapaziada gostou: "- Chorão no vocal, Chorão no vocal!"

Veio um convite de um cara que estava presente neste show, de participar no vocal em sua banda. Ele aceitou e começou a "ralar" na cena musical. Os caras queriam apresentar alguém a Chorão, um moleque, era Luis Carlos, que mais tarde seria apelidado de "Champignon", tocava baixo, tinha apenas 12 anos, morava em São Vicente.

"Aprendi a tocar desde cedo, até ser convidado para um teste e fiquei esperando os caras. Eles estavam atrasados. Até que entra o primeiro com jeitão de gorila, era até meio engraçado..." disse Champignon.

Chorão que no começo, nem acreditava direito que o moleque era bom, logo acreditou: "Esse aqui agora vai ser meu protegido." Depois ele conhece Renato Perez, o "Pelado", que fazia um som em outra banda. Chorão prevê o futuro e diz: "Um dia a gente ainda vai tocar junto."

Logo depois de um tempo, Chorão larga a banda e quer montar outra. Convida Champignon que não havia saído e Pelado. Pronto já era o começo do CHARLIE BROWN JR.

Faltava mais pra banda tocar. Então vieram Thiago e Marcão. A banda estava concretizada agora era só trabalhar e correr atrás de seu sonho. Isso em 1992.

O nome da banda veio depois. Ao contrário daquele garotinho azarado do snoopy, Charlie Brown Jr foi diferente...

"Era uma vez... um belo dia ensolarado mas, de repente o tempo muda, alaga tudo. Depois vem a abonança, e os caras atropelam uma barraca de cocos que se chamava CHARLIE BROWN. Pronto. Foi só colocar o JR, pois eles acham que são decentes ou discípulos de bandas que curtiam e curtem desde o começo."

Começaram a abrir alguns shows como: Titãs, Planet Hemp, Chico Science. Que deram a maior força no começo e, no começo o som era um pouco diferente. Mais pesado, tipo heavy metal, e em inglês até chegar a essa variedade de estilos que é hoje o Charlie Brown, com muito ska, reggue, rock, hip-hop...

Champignon conhecia o Tadeu Patola e o Rick Bonadio, que os convidou para gravar um DEMO de três faixas mas, saíram com um CD completo pela Virgin. O sonho estava realizado. O nome do álbum "Transpiração Contínua Prolongada", que demonstrava tudo que a galera passou. Ter suado bastante pra chegar onde chegaram.

Desde o começo, Charlie Brown Jr. se mostrava descompromissada com rótulos e padrões pré estabelecidos pelo mercado. Em quase todas suas músicas ele faz uma auto-biografia, de tudo que ele já fez, já viu ou participou. Mostrando sua sensibilidade e indignação da mesma forma através da música.

Mas, infelizmente nem tudo é um "Paraíso"...

"Quando Chorão tinha 11 anos, seus pais se separaram. Aos 14, sua mãe teve um derrame e quase morreu. Foi nessa época que ele começou a andar de skate, uma de suas paixões. "Mas não tinha dinheiro nem para comprar um tênis legal para andar", lembra-se. Chorão vivia na rua, ia mal na escola (parou de estudar na sétima série), arranjava briga por muito pouco e, vira e mexe, se mentia em rolo com a polícia. "Devo ter cara de marginal, porque os caras sempre desconfiaram de mim", ele diz. "A polícia matou um amigo meu na minha frente. Outros amigos morreram de AIDS por causa da droga. Graças a DEUS sobrevivi."

Boa parte do passado duro de Chorão está escancarado nas letras do Charlie Brown Jr. "O Preço", do disco 2, Preço Curto Prazo Longo, é quase uma autobiografia.

Chorão teve que fazer de tudo para ganhar dinheiro. "O Coro Vai Comê já estava estourando aqui em São Paulo e eu passando fome em Santos, tá ligado?", diz. Ele passou fome mesmo. Esperava a namorada chegar do trabalho e, com o ticket refeição dela, de 5 reais, comprava duas esfihas, um refrigerante e uma garrafa de água.

"As pessoas não sabem nada da minha vida, mas ainda assim me julgam."