FEVEREIRO 2.001
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O QUE É PARTICIPAÇÃO POLÍTICA?

       É muito evidente em nossa sociedade, a falta de participação política das pessoas. Essa atitude de não participar acarreta sérios problemas, principalmente as pessoas marginalizadas e oprimidas. É necessário que tenhamos a consciência de que todos os dias são tomadas decisões que, com maior ou menor intensidade, afetam a vida de muitos, e mesmo aqueles que vivem em lugares mais isolados sofrem as consequências de decisões tomadas à sua volta, ou, às vezes, em lugares muito distantes.

        O que seria então a política? Vou utilizar a definição de Dalmo Dallari que diz: "todas as ações humanas que produzem algum efeito sobre os objetivos dos grupos sociais ou sobre as regras de convivência são de natureza política."

        A todo o momento somos obrigados a tomar decisões, a escolher isso ou aquilo, preferir esse caminho ou aquele outro e sempre estamos decidindo o que nos convém, mesmo a pessoa quando comenta que não quer ter o trabalho de assumir a responsabilidade de decidir, está, nesse momento tomando uma decisão: a de permitir que outros decidam em seu lugar, o que favorece uma minoria que decide por nós. Quando várias pessoas negam a participar das decisões é inevitável que a tarefa de decidir fique nas mãos da minoria, ou seja, quando muitos se omitem não há possibilidade de ter um sistema democrático.

        Aqueles que acabam não tomando nenhuma atitude acabam sendo utilizados pelos grupos mais "ativos", visto que o silêncio é interpretado como sinal de concordância com as decisões do grupo dominante. Se muitos ficarem em atitude passiva deixando as decisões para outros, um pequeno grupo, mais atuante ou mais audacioso, acabará dominando, sem resistência e limitações. Os grupos que acabam decidindo sozinho, usam deste privilégio para seu proveito e não querem o povo participante e por isso o faz todo possível para estimular o desinteresse, seja pelos meios de comunicação, seja pela educação ou nas relações do dia-a-dia. Os indivíduos marginalizados e dominados dificilmente conseguem, sozinhos, dispor de meios para reagir, dessa forma é bem evidente que não se pode ficar indiferente diante dos assuntos que são de interesse comum.

       É importante então, que cada um participe seja falando, escrevendo, discutindo, denunciando, cobrando responsabilidades, opinando sobre os assuntos e as decisões que afetam a sociedade, seja na em casa, na escola, no trabalho, no clube, nas reuniões de amigos, na religião, nos veículos de transporte coletivo em qualquer outras circunstâncias em que as pessoas possam conversar. Opinar não significa apenas a possibilidade de manifestar concordância, mas também de divergir, de discordar, de manifestar oposição. Criticar, no sentido de não necessariamente ser contra, mas de analisar e distinguir. Para isso, é, necessário estar atento ao que acontece, procurando obter informações e esclarecimentos sobre as decisões que ocorrem no país, no estado e na cidade, comparando fatos e situações.

        Nós gays, lésbicas e transgêneros também não podemos ficar omissos diante das situações de discriminação e preconceito que sofremos diariamente. Nossa participação deve ser fundamental na construção de uma sociedade menos desigual em que sejamos respeitados pelo que somos. Através da nossa participação estaremos exercendo nosso papel de cidadãos e cidadãs na luta pela liberdade a orientação sexual.