Agosto 2.002

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Qual a função da ONG quando se trata de
Defesa dos Direitos?

 

            Primeiramente, sempre é bom reforçar a idéia de que uma ONG, bem como suas atividades, são expressões dos interesses e necessidades da própria população abrangida pela organização e isso implica na importância da participação, na atitude de todos em mobilizar iniciativas, em propor e colaborar em atividades. A ONG, apesar de possuir uma diretoria que auxilia na coordenação das atividades, é formada por todos aqueles que se interessam em unir esforços e atingir objetivos em comum.

            A Lei nº 10.948 publicada nesta mesma seção, é uma grande vitória nesse sentido. Trata de maneira clara e objetiva sobre os atos discriminatórios previstos, possíveis punições e como são instaurados os processos administrativos para apurar tais ocorrências. Descreve ainda sobre a participação da ONG nesse processo, que é a de reunir as informações e denúncias, orientando o denunciante e fazendo o intercâmbio deste com os órgãos estaduais competentes.

            Outra função de uma ONG é a de levar esclarecimento à população (neste caso GLBT), bem como sensibilizar profissionais dos mais diversos setores de atendimento público sobre os direitos e deveres do cidadão. Sim, DEVERES, pois para ser respeitado em seus direitos existem certos procedimentos e condutas que devem ser seguidos. Em suma, devemos respeitar certas normas para sermos também respeitados.

            Lutar por nossos direitos não é somente fazer denúncias. Lutar por direitos de cidadão é lutar por sua individualidade (≠ individualismo) e identidade, por respeito aos seus direitos básicos de ter uma vida decente, de se expressar enquanto ser humano que é, mas também a de saber respeitar as diferenças, o outro dentro de sua condição. E é por isso que fortalecendo a nossa identidade, superando tantos conceitos errôneos que se tem sobre a homossexualidade - para os outros e a nós mesmos - estaremos já lutando por nossos direitos. Como disse Luis Mott: “ser homossexual é legal”, em todos os sentidos.

 

E o Grupo Rosa Vermelha?

 

            A Lei nº 10.948 abrange todo o Estado de São Paulo, mas sabemos que para que ela seja realmente defendida, é necessária uma ampla organização e colaboração de todos. O Grupo Rosa Vermelha tem basicamente dirigido suas atividades no setor organizando e transmitindo as informações a fim de que haja inicialmente o esclarecimento. Em conjunto, vem o fortalecimento de nossa identidade, de nosso direito de expressão e de que a população em geral possa compreender melhor a condição homossexual.  Tal fortalecimento é essencial para podermos ter atitude e representatividade no caso em que uma mobilização seja necessária na defesa de algum caso específico.

            E este é o nosso momento atual, um processo que visa hoje e futuramente construir “tijolo por tijolo” uma sólida estrutura, envolvendo advogados e sensibilização de profissionais envolvidos no processo de denúncias - policiais, profissionais no setor da saúde, Secretaria da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos, etc. Um objetivo idealizado para o setor é o desenvolvimento de um projeto específico no setor de Defesa dos Direitos Humanos em Ribeirão Preto.  E você pode colaborar nesse processo (veja a seguir).

            Acreditamos que pelo desenvolvimento do atual projeto – Oficina Móvel – adquirimos mais experiência, fazemos novos contatos com órgãos municipais e, muito importante, reunimos mais pessoas vinculadas às atividades do grupo que serão fundamentais para a construção de tal ideal. Ele tem sido um passo extremamente importante para o fortalecimento de nossa (sua) organização, a fim de que realmente possamos estruturar um projeto que vislumbre a nossa realidade, que possibilite a tramitação das denúncias com maior rapidez e segurança ao denunciante.

 

Como posso colaborar?

 

            Sabemos que existe o receio de denunciar certas condutas de preconceito em determinadas situações pois não sabemos como será a reação das pessoas que receberão tais denúncias ou realizarão um boletim de ocorrência. Pelo porte da cidade, tem ainda a questão de se expor, etc. Que tal então escrever sobre e nos enviar, ou mesmo entrar em contato para relatar o ocorrido? Vocês estarão contribuindo para a idealização desse projeto pois não há como cobrarmos sua elaboração sem registros de que casos de preconceito têm ocorrido em Ribeirão. E não há como sabermos o que é necessário estruturar sem o conhecimento de como são essas ocorrências. Sua identidade será resguardada.

            Mesmo nesses casos, poderemos informalmente discutir com você sobre o ocorrido, fornecer um esclarecimento para que se encontrem as razões, quais eram seus direitos naquele momento, quais condutas poderia ter tomado ou poderão ser feitas.

            Se você trabalha no setor jurídico, é advogado(a) e se interessou na idealização e construção desse projeto, entre em contato conosco. A colaboração de profissionais nesse setor é fundamental para uma maior compreensão de como se desenvolve o processo jurídico,  na orientação e esclarecimento do público em geral.

            Ah, e lembrando: a colaboração ou participação nas atividades e projetos do grupo não implicam de forma alguma na exposição ou mesmo segregação por orientação sexual. Simpatizantes da causa já participaram de nossos treinamentos, coisa que até incentivamos, já que os objetivos do movimento homossexual em muito se conciliam com as buscas da sociedade como um todo. E atingi-los envolve um longo processo e a união de todos que se interessam em concretizá-los.