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A
DANÇA DAS FADAS
Altar
de Aisling
Suave
música de flauta,
cheirando
a jasmim e ylang-ylang,
que
vem de lugar nenhum,
de
um canto adormecido,
trazendo
incensários de
um
momento sereno.
Estou
sem saber, em transe,
próximo
a um altar de pedra,
no
meio do círculo azul, bem ao Sul,
invocando
antigos amigos elementais,
pedindo
ajuda para o Povo Pequeno...
Talvez
o meu único eterno conforto
esteja
guardado agora na clareira
da
mais radiosa floresta,
na
imantação da Lua Cheia,
no
banhar dos raios prateados,
serpenteados
pela dança das fadas,
decorado
na oferenda das maçãs
com
canelas e no mesmo correr
as
eternas águas...
E Na
Lua Esquecida do Amor,
no
percurso de tantas vezes,
passam
conjunções de Platão a Saturno.
Quieto,
calado, taciturno,
estou
isolado entre adequações e
reestruturações.
Mas
posso rever, distante, você,
doce
e graciosa Aisling.
Peço
licença ao sentimento.
Em
movimento lento muito lento,
faço
referências medievais para a
Deusa
Fada dos perdidos acalantos.
E lamento,
ah, como lamento,
tê-la
guardado apenas
no
frívolo pensamento,
feito
voz esquálida
que
fenece ao vento...
Aisling,
Deusa da Esperança...
leva-me
para dentro do círculo.
Pede
a Aine, Senhora das Fadas,
o remoer
das águas...
e por
um milimétrico segundo,
talvez
o retroceder do tempo.
Rainha do Povo Pequeno,
toma
conta de todas
as
minhas mágoas...
Aisling,
conta-me
no descerrar da floral cantiga,
ao
sopro da brisa primaveril,
que
eu, tolo menino, preciso fazer
para
que ela retorne à minha vida???
Dá-me guarida, Doce Aine,
consciência
do meu corpo adormecido,
para
que eu possa rever,
mesmo
que seja pela última vez,
as
fadas que eu tanto amo e venero,
dançando
nesta noite de clarão azul.
Por
que, por desconhecido motivo,
preferi
cegar imagens do coração.
Não
consigo perceber mais...
Aisling,
sinto
falta do elixir,
da
poção encantada de um olhar,
magia
celta de íris verde na relva macia,
longos
cabelos negros, esvoaçantes,
incessantes
a me guardar por inteiro.
Aisling
e Aine,
Rainhas
do Povo Pequeno,
como
posso voltar a ter paz???
Queria tanto acabar com este nevoeiro,
transformá-lo
em círculo azul, bem ao Sul,
queria
ver as fadas dançarem
nesta
noite sem fim.
E ao
exalar do jasmim,
Aisling
e Aine,
na
pedra solar,
poder
calar toda a minha dor.
Queria
muito, doces rainhas das Fadas,
retornar,
mesmo em sonho,
em
instante de névoa,
no
fundo perdido da clareira,
para
os braços do meu único amor...
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