O POETA SE DESPEDE
 DE UM MAU GOVERNADOR

 

 

 

 

 

 

 

 

Senhor Antão de Souza de Meneses,

Quem sobe a alto lugar, que não merece,

Homem sobe, asno vai, burro parece,

Que o subir é desgraça muitas vezes.

 

A fortunilha autora de entremezes

Transpõe em burro o herói, que indigno cresce

Desanda a roda, e logo o homem desce,

Que é discreta a fortuna em seus reveses.

 

Homem (eu sei) que foi Vossasenhoria,

Quando o pisava da fortuna a Roda,

Burro foi ao subir tão alto clima.

 

Pois vá descendo do alto, onde jazia,

Verá, quando melhor se lhe acomoda

Ser homem em baixo, do que burro em cima.

 

Autor: Gregório de Matos  (1636 – 1696)

 

 

     Obs.: Não sei porque penso que essa mensagem poderia ser aproveitada para os políticos atuais.