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Vestindo a armadura dos quadrinhos

Divulgação“Homem de Ferro” pode ser considerado um marco zero. É a 1º fornada (sem intermediários) saída diretamente da Marvel Studios. Respaldada pelas parcerias de sucesso, alavancando campeões de bilheteria como “Homem-Aranha”, os responsáveis pelo “selo” Marvel chegaram à conclusão de que estavam desperdiçando uma enorme oportunidade econômica-artística ao possibilitar que outras empresas fizessem filmes com sua ostensiva galeria de personagens. A “gigante” americana acabava restringinda a pegar um pedaço muito pequeno deste bolo de fartas receitas, além de aceitar - goela abaixo - algumas modificações destoantes das respectivas (sagradas) contrapartes em quadrinhos (algo desgostoso, principalmente, para seus fiéis leitores). Isso, claro, é passado. Com absoluta liberdade criativa e suficiência financeira, a editora trata suas crias com os cuidados de uma mãe zelosa - desesperada para agrupar muitos de seus filhotes ilustres numa mesma empreitada.

Coube a Jon Favreau (diretor revelado em “Um Duende em Nova York”) assumir a tarefa de dar esta tacada inicial, partindo de um título menos conhecido. Adaptando e modernizando, sem perder os conceitos e tramas das HQs (tropeçando só com Jarvis, o mordomo, não mostrado como carne-e-osso). Iniciando um importante caminho para o futuro longa dos “Vingadores” - este, cobiçado obsessivamente pelos executivos marvetes. Sabendo costurar a veia cômica já extravasada quando debutou atrás das câmeras, Jon surpreende ao lidar com a tecnicidade das tomadas mais suculentas de ação/fantasia. Revelando enorme bom gosto ao definir o (fantástico) visual “definitivo” da armadura dourada vestida por Robert Downey Jr. - ator “encrenca” (com um estonteante passado de noitadas e extravagâncias) escolhido a dedo para encarnar o Tony Stark perfeito (um sujeito igualmente lembrado pelo passado de noitadas e extravagâncias - tal qual seu intérprete, dando a "volta por cima").

A faceta Playboy de Tony rivaliza em igualdade quadrinística com a tecnologia empregada para dar vida ao maquinário empregado por Stark, instintivamente se tornando um super-herói high-tech depois de quase morrer durante um seqüestro. Enquanto finge construir armas para o inimigo, o sagaz inventor reconstrói sua vida (desperdiçada, até então) em torno da couraça capaz de salvar seu corpo e lhe armar para enfrentar os terríveis bandidos. Num caminho de clara redenção. Uma parcela dramática bem aproveitada neste divertido balaio de CGs e humor. Aspectos valorizados pela personificação-chave (exalando carisma, diga-se) efetuada por Downey - de ampla credibilidade e deixando os ótimos efeitos ainda mais realistas.

Sob elevados cuidados técnicos, “Homem de Ferro” consegue cruzar os céus com enorme competência. Ator, dublê e boneco digital se mesclam - às vezes de forma invisível - para garantir a excelência pirotécnica extraída na explosão visual típicas da versão em papel. Entregando o melhor figurino (no quesito “fidelidade”) das “maravilhas” super-poderosas saídas da Nona Arte. Valendo até uma rápida aparição da poderosa “Máquina de Combate”, outro dos “brinquedinhos” (especiais) fabricados pelas Indústrias Stark - um fetiche que deve ganhar espaço na provável continuação, já programada de antemão. Seqüência esta, com direito a “gancho” prévio capaz de trazer às telas o clássico arquivilão “Mandarim”.

Antes do fim, porém, a película reserva - outra - enorme surpresa. Capaz de eletrizar cada nerd do planeta cinema. Depois dos créditos finais, precedidos pela criação da S.H.I.E.L.D, somos agraciados por uma participação especial (do ator Samuel L. Jackson) garantindo o convite pra vindoura reunião/crossover de várias cineséries Marvel. Numa articulação só possível quando tantos nomes distintos-importantes estão abrigados sob o mesmo teto, numa mesma casa. Neste caso, a paterna. Agora, com as portas definitivamente abertas.

 

Carlos Campos

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