ADUBAÇÃO Adubação foliar x adubação radicular; Adubação orgânica x adubação química; Adubação ao alvorecer x adubação ao anoitecer; Adubação homeopática x adubação intensa. Vejam só quantas possibilidades temos para adubar nossas plantas, cada uma contando sempre com um ferrenho grupo de adeptos. ADUBAÇÃO QUÍMICA Uma regra geral que todo orquidófilo deve ter em mente é usar um adubo de boa qualidade, de preferência já utilizado por outros colegas, e que contenha macro e micronutrientes. Se possível utilizar adubos de diferentes marcas porque a eventual falta de um determinado elemento pode ser supri- da pelo outro .Outra dica é não adubar as plantas que se encontram dormentes pois neste pe- ríodo elas praticamente não necessitam de elementos nutrientes: é dinheiro jogado fora. Os adubos quí- micos normalmente trazem no rótulo três números, que representam as proporções dos ele- mentos Nitrogênio, do Fósforo na forma de PO2 e do Potássio na forma de K2O, contidos em sua for- mulação e sempre na mesma ordem. Estes, juntos com o Cálcio, Enxofre, Ferro, Sódio e Magnésio são chamados de macronutrientes. O Nitrogênio é o responsável pelo crescimento, o Fósforo pelas folhas e tecidos (floração) e o Potássio pelas raízes e defesas naturais da planta. Logo, pode- mos concluir que um adubo com mais Nitrogênio vai favorecer o crescimento da orquídea e deve ser usado em plantas jovens. O ideal é o que tem proporção 3-1-1, por exemplo os de formulação 15-5-5, ou 30-10-10 e assim por diante. Para plantas adultas em condições de florir use um adubo onde predomine o Fósforo em que a proporção ideal dos macronutrientes seja 1-3-2 como os de fórmula 10-30-20, ou 6-18-12, etc. Para plantas adultas fora da fase de floração, pode-se usar um adubo de manutenção em que a fórmula tenha as mesmas proporções dos três elementos: 1-1-1, como por exemplo um adubo 10-10-10, ou 15-15-15. Os adubos em que predomina o Potássio são pouco usados em floricultura, pois este elemento atua principalmente na frutifica- ção. Alguns orquidófilos usam somente os adubos químicos com formulação para crescimento e outro para floração e usam uma mesma marca seis meses mudando em seguida para outro fabricante. A absorção do adubo químico foliar se dá através dos estômatos que as plantas pos- suem nas faces das folhas. As plantas para poder sintetizar seus alimentos necessitam de água + dióxido de carbono + luz. A combinação destes elementos na sua proporção correta produzirá plantas saudáveis e orquidófilos felizes, sendo necessário alguns outros elementos em quantida- des variáveis, provenientes do substrato, resíduos vegetais ou animais ou trazidos pelo ar ou pela água, para transformar elementos minerais em carbohidratos. Para metaboli- zar o dióxido de carbono as plantas usam água e luz no chamado processo de fotossíntese. No reino vegetal existem três rotas para a fotossíntese, das quais apenas duas, denominadas de rota C3 e rota CAM são utilizadas pelas orquídeas. As plantas com rota C3 fixam óxido de car- bono durante o dia necessitando de um suprimento de água/úmidade regular e constan- te pois não tem armazenamento de água nem um mecanismo de proteção para a perda do exces- so de água. Plantas CAM fixam dióxido de carbono durante a noite, preferem uma alternância de regas e secas diárias e tem mecanismos para preservar e armazenar água. Plantas CAM se beneficiam com água/umidade logo após o crepúsculo, quando iniciam o metabolismo e a transpiração. Plantas CAM podem adotar a rota C3 dependendo das condições am- bientais, mas plantas C3 jamais adotarão a rota CAM. A maior parte das Laelias e Cattleyas são CAM, com exceção da Cattleya Warscewiczi (gigas) que é planta C3. Oncidiuns de folhas finas são plantas C3. Infelizmente não há uma lista completa classificando as orquídeas nes- tas categorias. Qual o melhor horário para a adubação foliar? Use sempre as horas mais frescas do dia, ao alvorecer ou ao anoitecer, nunca sob o sol, pois as folhas queimarão. A taxa de ab- sorção do adubo varia de planta para planta. Sempre é bom regar no dia seguinte à adubação, pois alguns elementos podem ser redissolvidos e melhor absorvidos pela planta. O adubo que cai das folhas e escorre para o substrato também poderá ser absorvido pelas raízes. Não é bom aplicar adubo simultaneamente com fungicida ou inseticida, porque dependendo do pH do adubo, a reação pode ser incompatível com o produto e poderá ocorrer a geração de fitotoxi- dade. A absorção do adubo nem sempre se dá da mesma maneira. Como vimos anteri- ormente as condições ambientais interferem na adubação. Por exemplo, períodos muito se- cos podem dificultar a absorção dos elementos pela rápida evaporação da água. Perío- dos muito chuvosos ou úmidos podem fazer com que estes sejam perdidos mais rapida- mente. Daí, muitos colegas preferem usar a adubação diluída. Como se faz isso? Em vez de adubar uma vez por semana como recomendado na bula, usando-se por exemplo 15 gotas/ litro, divide-se a tarefa em três vezes na semana. Para tal usa-se 5 gotas/litro em cada aplicação. Teoricamente as chances de se encontrar as condições ideais de absor- ção do adubo pela planta será maior na proporção de três para um. E haja trabalho! O Nitro- gênio é considerado alimento de massa, isto é, o elemento químico que as plantas ge- ralmente necessitam em maior quantidade principalmente na fase ativa do crescimento. É um estimulante e fonte de vigor. Uma dose correta de Nitrogênio aumenta o crescimento, com a produção de muitas folhas grossas que apresentam cor verde escura, pela abundância de clo- rofila. Essa boa vegetação aumenta a atividade assimiladora. Em certas circunstâncias quantida- des excessivas de Nitrogênio podem prolongar o período de crescimento, produzindo uma vegetação luxuriante, retardando a maturidade, tornando os tecidos moles, sem resistência às pragas e doenças. O Fósforo está relacionado com a floração, a frutificação, o desenvolvimen- to das raízes e a maturação dos órgãos vegetativos. Plantas bem supridas de Fósforo são alta- mente resistentes às doenças. Sua falta ou deficiência que pode ser expressa por uma cor aver- melhada das folhas, resulta num crescimento lento com sérios prejuízos para a floração, a fru- tificação e a formação de raízes, o que inibe o crescimento vegetal. O Potássio ativa as en- zimas e promove o crescimento dos tecidos meristemáticos. Quando o teor de Potássio au- menta na seiva, há uma economia de água nos tecidos, pois esse elemento, regulando o fe- chamento dos estômatos, diminui a transpiração, garantindo maior resistência à secura e às geadas, aumentando a resistência às doenças. Como o Fósforo, favorece a formação de raízes, a formação do amido e o amadurecimento dos frutos. Folhas amareladas e ressecadas po- dem ser um indicativo da falta deste elemento. Outros macronutrientes como o Cálcio, Enxofre, Ferro, Sódio e Magné- sio, cada um deles age de maneira diferente, e sua ausência ou excesso pode afetar de diferen- tes formas as orquídeas. Por exemplo a deficiência de ferro produz folhas cloróticas (amare- las) total ou parcialmente. A ausência de Sódio se traduz pelo murchar rápido das plantas em épocas secas. Os micronutrientes como Manganês, Boro, Cobre, Zinco, Cobalto e Iodo estão para as plantas assim como as vitaminas estão para os animais. Se bem que seu papel não esteja bem definido, sua falta ou excesso produz carências graves. O Cobre em excesso é tóxico pa- ra as orquídeas. Ausência de Ferro causa clorose nas nervuras e bordas das folhas. Mas e como se dá o processo de absorção dos nutrientes pela folha? A maior parte da absorção dos nutrien- tes se dá pelos estômatos, mas a própria cutícula que recobre as folhas, quando hidratada, permi- te a passagem dos nutrientes. Ela é permeável à água e às soluções de adubo. Daí porque muita gente , meia hora antes da adubação foliar, molha ligeiramente as folhas, para que os estômatos e a cutícula se abram. A capacidade de molhar uma superfície sólida depende do maior contato entre as superfícies, o que é função da tensão superficial do líquido. Já obser- vou que muitas vezes a água jogada nas folhas escorre rapidamente, sem molhar ou formando pequenas gotas? Isto é resultante da tensão superficial. Para impedir essa tensão super- ficial pode-se juntar determinados agentes como os espalhantes-adesivos, que, pela sua ação adesiva impede que a solução escorra por gravidade e por sua ação umectante dificultam a eva- poração da água, mantendo os nutrientes mais tempo em estado iônico em contato com a super- fície foliar. Quanto mais tempo a solução ficar em contato com a folha maior será a absorção. Não se deve fazer adubação foliar em plantas com botão porque pode haver queima ou abortamento dos botões e a umidade pode criar condições para o aparecimento de fungos e insetos. Quando a plan- ta apresenta botão floral é porque ela já armazenou energia suficiente para soltar as flores, o pseudobulbo, nas simpodiais, ou já se formou ou está em vias disso e, no caso das monopodi- ais, já formou as folhas novas do período. Entre as melhores marcas de adubo foliar estão: Peters, Plant Plood ADUBAÇÃO ORGÂNICA Normalmente no cultivo de orquídeas são usados adubos orgânicos preparados com farinha de osso, torta de mamona e cinzas, podendo-se acrescentar ou não esterco de galinha, de carneiro, etc. A farinha de osso é um nutriente para as raízes e a torta de mamona é indicada para induzir a floração. Geralmente a proporção é: três partes de torta de mamona, duas partes de farinha de osso, duas partes de esterco bem curtido e uma parte de cinzas, mas existem inúmeras variações. O adubo é colocado em volta da borda do vaso pois é aí que as raízes se concentram. A quantida- de usada para vasos de tamanho médio é de uma colher de chá e a periodicidade é muito variável, com autores falando de 15 em 15 dias até 3 vezes ao ano. Faça sua própria experimentação utili- zando diferentes dosagens em grupos separados de plantas durante alguns meses e veja qual o melhor resultado para suas orquídeas. Não use cinzas resultante de carvão feito especial- mente para preparar churrasco porque além dos aditivos químicos ela pode conter restos do sal usa- do para temperar a carne. A absorção é lenta e só ocorre em presença de água. É recomendá- vel molhar levemente o substrato, espalhar o adubo e depois borrifar com água para que ele forme uma pasta presa ao substrato e não seja levado pela água na primeira rega. Outros prefe- rem fazer pequenos sacos com meias velhas que ficam pendurados junto às raízes e que vão desprender lentamente os nutrientes durante as regas. Um dos inconvenientes da adu- baçao orgânica é a aceleração do processo de apodrecimento do substrato, diminuindo seu tempo de vida útil.