Breves justificativas para a implantação do ensino e prática do xadrez nas escolas

BREVES JUSTIFICATIVAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO ENSINO E PRÁTICA DO XADREZ NAS ESCOLAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAULO ANTONIO DOS SANTOS

 

Servidor do Ministério Público do Estado do Paraná; acadêmico de Direito da Faculdade Estadual de Direito do Norte Pioneiro (FUNDINOP) de Jacarezinho/PR – Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); campeão ribeirão-clarense de xadrez na categoria sub-20 em 2002 e 2004 e campeão geral em 2004; campeão regional de xadrez na categoria Adultos, em 2004, sendo vice-campeão geral no mesmo (torneio não oficial realizado pelo Clube Ribeirão-Clarense de Xadrez); campeão de xadrez na FUNDINOP em 2005 e 2007 e vice-campeão em 2006. E-mail: paulchess10@yahoo.com.br.

 

 

 

 

 

RIBEIRÃO CLARO – PR

2007


OBSERVAÇÕES INICIAIS

O presente texto não tem presunção de originalidade, sendo, na verdade, uma síntese de outros trabalhos de autores mais gabaritados e experientes no campo do xadrez escolar, conforme se pode verificar nas diversas citações e referências em notas de rodapé. Nosso objetivo foi compilar uma pequena fração do muito que se produziu sobre o assunto em tela, sempre mencionando a fonte, de forma a facilitar a pesquisa de quem se interesse pelo assunto.


1. INTRODUÇÃO

Conforme NUNO COBRA, um dos maiores especialistas em educação física do país[1], “o xadrez é realmente um excelente exercício para o cérebro e exige muito das emoções. A pessoa adquire um senso muito prático de organização, concentração e desenvolve de forma muito especial a memória. O xadrez trabalha a imaginação, memorização, planejamento e paciência. Nas escolas do primeiro mundo, o xadrez já é praticado há décadas, onde os alunos além de todo esse desenvolvimento citado, melhoram muito sua disciplina, relacionamento com as pessoas, respeito às leis, às regras” [...].[2]

De fato, muitas pesquisas educativas relacionadas com o xadrez provam a influência positiva deste jogo sobre seus praticantes. Por exemplo, há mais de 100 anos, BINET foi o primeiro que começou a estabelecer as relações entre o xadrez e sua influência sobre aspectos da mente, tais como inteligência, concentração, imaginação e memória. Mais recentemente, na “Venezuela, o Ministério da Educação apresentou conclusões significativas sobre o chamado Projeto Xadrez: o estudo sistemático do xadrez não somente estimula a inteligência, como os avanços alcançados no campo intelectual tendem a manter-se no tempo”.[3]

Em entrevista cedida à revista Veja, o ex-campeão mundial GARRY KASPAROV aponta que “o xadrez ajuda a melhorar a atenção, a disciplina, o pensamento lógico e a imaginação. Não é por acaso que, nas 13.000 escolas americanas onde se ensina xadrez, as crianças têm melhor desempenho em disciplinas como matemática e redação. Elas também demonstram ter um senso de responsabilidade mais aguçado”.

Na seqüência, o entrevistador indagou: qual é a relação entre xadrez e senso de responsabilidade? O Grande Mestre Internacional, brilhantemente, respondeu: “está na moda dizer que tudo que acontece de ruim é responsabilidade de todo mundo. O jogo coloca as coisas no seu devido lugar: é você quem responde pelo movimento de suas peças, e mais ninguém. Como na vida, você é o único responsável pelos próprios atos”.[4]

Valioso é também o ensinamento do Árbitro Internacional de xadrez ESTEVÃO TAVARES NETO: “o xadrez proporciona a um praticante criatividade, concentração, memorização, paciência, disciplina, respeito a adversários, árbitros e leis e isso já é o suficiente para formar um cidadão com o caráter que a sociedade exige e em condições adequadas para ser bem sucedido na vida”.[5]

Tais assertivas não são inventadas. Elas fundamentam-se em análises das inúmeras experiências feitas com o xadrez aplicado nas escolas e em outros segmentos da sociedade. Basta tomarmos mais um exemplo, o da Inglaterra, onde, após introduzido o ensino de xadrez no currículo de algumas escolas, o aprendizado subiu de nível.[6]

O ensino de xadrez é também defendido por WILSON DA SILVA, mestre em Educação pela UFPR e doutorando também em Educação pela UNICAMP. Para ele “o xadrez merece crédito, porque ensina às crianças o mais importante na solução de um problema, que é saber olhar e entender a realidade que se apresenta. [...]. É comum notar crianças fracassando em matemática, por exemplo, por não entenderem o que o enunciado do problema lhes diz. Não sabem analisá-lo, aprendem fórmulas de memória; quando encontram textos diferentes não acham a resposta correta. [...]. Em uma época na qual os conhecimentos nos ultrapassam em quantidade e a vida é efêmera, uma das melhores lições que a criança pode aprender na escola é como organizar seu pensamento, e acreditamos que essa valiosa lição pode ser obtida mediante o estudo e a xadrez”.[7]

Fechamos essa Introdução/Justificativa com a apresentação da seguinte tabela, também organizada por Wilson da Silva:[8]

 

CARACTERÍSTICAS DO XADREZ E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCATIVAS

Características do xadrez

Implicações nos aspectos educacionais e de formação do caráter

·         Fica-se concentrado e imóvel na cadeira

·         O desenvolvimento do autocontrole psicofísico

·         Fornecer um número de movimentos num determinado tempo

·         Avaliação da estrutura do problema e do tempo disponível

·         Movimentas peças após exaustiva análise de lances

·         Desenvolvimento da capacidade de pensar com abrangência e profundidade

·         Após encontrar um lance, procurar outro melhor

·         Tenacidade e empenho no progresso contínuo

·         Partindo de uma posição a princípio igual, direcionar para uma conclusão brilhante (combinação)

·         Criatividade e imaginação

·         O resultado indica quem tinha o melhor plano

·         Respeito à opinião do interlocutor

·         Dentre as várias possibilidades, escolher uma única, sem ajuda externa

·         Estímulo à tomada de decisões com autonomia

·         Um movimento deve ser conseqüência lógica do anterior e deve apresentar o seguinte

·         Exercício do pensamento lógico, autoconsistência e fluidez de raciocínio

 


2. OBJETIVOS[9]

·        Divulgar a prática do jogo/arte/ciência/esporte do xadrez, atraindo mais interessados;

·        Envolver as crianças e jovens em uma atividade benéfica, que os afastará das ruas, das drogas, da criminalidade;

·        Criar espaço para a descoberta de novos talentos;

·        Desenvolver nos estudantes sua capacidade de atenção, memória, raciocínio lógico, inteligência e imaginação;

·        Permitir ao aluno estabelecer vínculos entre os conhecimentos e experiências enxadrísticos e a vida cotidiana, individual e social;

·        Favorecer a assimilação das características do xadrez, as quais contribuem com o desenvolvimento intelectual, moral e ético da personalidade do indivíduo;

·        Contribuir para a elevação da auto-estima dos praticantes;


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS[10]

Concluímos que o desenvolvimento desse projeto se justifica porque está demonstrado que o xadrez:

·        É cultura: uma atividade de origem milenar que se tem distribuído por todos os países do mundo e que encerra um corpo de conhecimentos e experiências que constituem patrimônio cultural da humanidade;

·        Tem uma base matemática: a matemática é o instrumento e linguagem da ciência, da técnica e do pensamento organizado;

·        Desenvolve as habilidades cognitivas tais como atenção, memória, raciocínio lógico, inteligência, imaginação etc. Essas capacidades são fundamentais no desenvolvimento futuro do indivíduo;

·        Estimula a auto estima e a competição saudável;

·        Pode ser usado como elemento estruturador do tempo livre;

·        Proporciona prazer em seu estudo e prática;

·        Por ser um jogo de regras, dita uma pauta ética. Lembramos que a juventude e, principalmente, a infância, é o momento propício para a aquisição de valores morais;

·        Devido às suas múltiplas virtudes, contribui para a formação de melhores cidadãos.


REFERÊNCIAS

www.casadoxadrez.com.br

COBRA, Nuno. Jogar Xadrez Exige Preparo Físico. Disponível em <http://www.fexpar.esp.br/Leituras/nunocobra/QualidadedeVida.htm>. Acesso em 05 de Julho de 2004.

SILVEIRA, Rogério Zanon da. Projeto para Ensino de Xadrez em Escolas e Clubes. Disponível em <www.fesx.com/escola.htm#progsur>. Acesso em 28 de Novembro de 2005.

TAVARES NETO, Estevão. Por que jogar xadrez? Disponível em <http://geocities.yahoo.com.br/cluberibeiraoclarensedexadrez>. Acesso em 20 de Fevereiro de 2005.

PITANGA, Nelson. O Ensino de Xadrez nas Escolas. Disponível em <www.xadrezdemestre.kit.net>. Acesso em 20 de Janeiro de 2005.

SILVA, Wilson da. Curso de Xadrez Básico. Disponível em <http://www.cex.org.br>. Acesso em 09 de Fevereiro de 2004.



[1] Nuno Cobra é pós-graduado em educação física pela Universidade de São Paulo (USP), e foi preparador físico de Ayrton Senna, Mika Hakkinen, Rubens Barrichelo, entre outros.

[2] COBRA, Nuno. Jogar Xadrez Exige Preparo Físico. Disponível em <http://www.fexpar.esp.br/Leituras/nunocobra/QualidadedeVida.htm>. Acesso em 05 de Julho de 2004.

[3] SILVEIRA, Rogério Zanon da. Projeto para Ensino de Xadrez em Escolas e Clubes. Disponível em <www.fesx.com.br/escola.htm>. Acesso em 28 de Novembro de 2005.

[4] Fonte: www.casadoxadrez.com.br/entre_kaspy_0904.asp. Acesso em 09 de Fevereiro de 2005.

[5] TAVARES NETO, Estevão. Por que jogar xadrez? Disponível em <http://geocities.yahoo.com.br/cluberibeiraoclarensedexadrez>. Acesso em 20 de Fevereiro de 2005.

[6] PITANGA, Nelson. O Ensino de Xadrez nas Escolas. Disponível em <www.xadrezdemestre.kit.net>. Acesso em 20 de Janeiro de 2005.

[7] SILVA, Wilson da. Curso de Xadrez Básico. Disponível em <http://www.cex.org.br>. Acesso em 09 de Fevereiro de 2004.

[8] SILVA, Wilson da. Curso de Xadrez Básico. Disponível em <http://www.cex.org.br>. Acesso em 09 de Fevereiro de 2004.

[9] Síntese do contido em SILVEIRA, Rogério Zanon da. Projeto para Ensino de Xadrez em Escolas e Clubes. Disponível em <www.fesx.com.br/escola.htm>. Acesso em 28 de Novembro de 2005.

[10] Síntese do contido em SILVEIRA, Rogério Zanon da. Projeto para Ensino de Xadrez em Escolas e Clubes. Disponível em <www.fesx.com.br/escola.htm>. Acesso em 28 de Novembro de 2005.