Perdoa estes teus filhos que a ti
destroem
Perdoa estes teus filhos que em teu seio acolhes
gentilmente oferecendo, tuas águas, tuas matas, teu solo para o
nosso alimento.
Te
afrontamos sem a menor piedade, arrancamos tuas arvores, sujamos teus
rios, teus mares, e poluímos teus ares.
Extraímos do fundo de tuas entranhas teu líquido
precioso, formando um grande vácuo nas tuas profundezas, em favor do
nosso progresso.
E tu
mãe, e tu agonizando silenciosamente...
Quando aprenderemos que um dia tu ressentida, doente
nada mais terá a nos ofertar?
Além de tanto te maltratarmos, ainda nos oferece teu solo,
para nos agasalhar na morte.
O
que temos feito para te preservar?
O
que temos feito para que não venhas a agonizar?
Nós,
filhos ingratos que te pisamos, que te agredimos, que sejamos ao menos
dignos em reconhecer que um dia nada mais terá a nos
oferecer.
Neste dia lembraremos dos bons tempos em que tínhamos
todas as estações,
Lembraremos que nos brindava com raios e
trovões,
com o sol delicioso, ameno, gentil, assim como o frio que
nos aconchegava uns aos outros, embelezando de branco nossos caminhos
e nossos telhados.
Nós teus filhos, cravamos um punhal em teu coração, mãos que
matam, mãos sangrentas mãe...
Perdoa-nos pelas agressões, perdoa-nos por nossa
ignorância, nossos filhos sofrerão o poder da nossa
ganância...
Na tua morte, todos morreremos, e será tarde demais
para que reconheçamos que tu é a vida de nossas
vidas.