Tratado de
Cortesia

Fica então estipulado desde
já
que eu te respeito e você me respeita.
Também fica acertado que você
e eu
jamais trocaremos farpas por nossas vidas
não serem como
sonhamos.
Prometemos não nos agredirmos
sequer verbalmente.
Propomo-nos a nos darmos um sorriso
ao menos uma
vez por dia.
Aceitamos nossos defeitos
e possuímos inteligência suficiente
para sabermos que nunca poderemos
modificar um ao outro,
e com isso passamos, agora,
a concordar com
os termos
da lei do bom convívio.
Estamos cientes que existem
dias ruins
- devem ser respeitados
E existem dias bons
- devem ser
admirados.
Quando não tivermos tempo
de nos falarmos,
prometemos não mais
nos cobrarmos nossas presenças.
Há tempo e espaço para tudo,
quando a harmonia habita nossas almas.
Aprenderemos assim
a sermos independentes.
Quando nos reencontrarmos
prometemos nos abraçarmos
como
sempre o fizemos sem resguardos
ou medos de que possamos estar nos expondo
ou aos nossos sentimentos.
Quando chover
e não
pudermos nos encontrar,
fica acertado que,
até o sol aparecer novamente,
seremos os mesmos,
e que com certeza vamos ter saudades;
então
lembremo-nos de não nos mal falarmos.
Fica estipulado também que,
quando por algum motivo
nos venha à mente algo
que possa nos ferir,
e queiramos discutir,
devemos parar e lembrar
que podemos elevar
nossos
batimentos cardíacos,
nos deixar com as pernas bambas
e com
vontade de chorar,
e por isso nos calar.
Fica acordado que você não é
eu
e eu não sou você.
Estando assim de comum
acordo,
assinamos embaixo, você e eu: nós,
que nos prometemos antes
tudo,
sermos corteses, amáveis e
verdadeiros com nós mesmos.
Ass: Você, eu e nós.
Testemunha: nós...
Somente nós mesmos.
Ana Luísa Peluso
junho de
2000
ana_peluso@uol.com.br