Extemporâneo

Desperto a tempo, apenas,

de vê-lo partindo pela janela,

aberta, de minh'alma envelhecida.

Nem instante, houve de observar-lhe

as faces mas, pude, ao menos ver,

de passagem, a brancura de seus

longos cabelos esvoaçantes.

 

Inconformado, insistente,

parto em seu encalço;

corro, impaciente,

mesmo descalço

e o alcanço.

Olho em seus olhos,

e reconheço: é o "meu tempo".

                        

Lá do fundo, bem de dentro,

de sua antiga sabedoria,

olha-me no coração e em

silêncio profundo e claro,

me transmite a verdade:

"Eu sou seu tempo e

já passei".

Carlos Gama

26-5-2001 -  22,20

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