Mar


Nasci vendo o mar em toda a sua
extensão,
E ele me fascinava pelo tamanho
infinito,
Impressionante em seu mistério
escondido,
Fabuloso porque encerrava segredos
inatingíveis,
E eu me
perguntava: O que é o
mar?
Tinha medo e
atração incomensuráveis desse
gigante,
E olhando longamente como sempre ficava
hipnotizada,
Para mim era um deus das águas que ali fazia sua
morada,
E contemplava extasiada, petrificada pelas ondas
que se
movimentavam.
E eu me
perguntava: O que é o
mar?
Muitas vezes
quando já era noite fechada e a escuridão
imperava
Passando por suas areias brancas e macias, que
afundava os pés,
Via a espuma que se desdobrava violenta em ondas
de igual vigor,
E em muitas oportunidades testemunhava a
calmaria
Que se lhe
apoderava.
E eu me
perguntava: O que é o
mar?
Contemplando e
contemplando esse rei da natureza tão
enigmático,
Desesperadamente poderoso que impunha respeito e
sedutora atração,
Confessava os meus segredos na certeza que não
seriam divulgados
E chegando próxima punha a as mãos em concha
para receber a benção
Que suas águas
encerravam.
E eu me
perguntava: O que é o
mar?
Ficava feliz toda
vez que compreendia que tesouro encerrava o
colosso,
Que parecia ser algo muito além de nossa
natureza compreensível e
formal
Apreciando o verde azulado que se
transformava
Continuamente em cores
mil,
Ansiava por andar sem espaço e tempo certo
naquele manto
Que cobria a
natureza.
Eu me perguntava:
O que é o mar?
Um dia, estando eu
a cismar como muitas vezes
acontecia,
Os olhos perdidos e
vazios,
Veio um sábio que eu conhecera na infância e que
me muito me ensinou
Disse-me que o mar era todas as coisas que
existiam
Dentro e fora do
universo,
Que se misturavam para ensinar-nos a sua língua
estranha
Em caracteres e som
mavioso,
E também
encerrava o interior de todas as
pessoas
que amava e por ele tinham
respeito.
Nunca mais me perguntei: O que é o mar? Mas
comecei
A indagar quem éramos
nós...?
Vânia Moreira
Diniz
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