Diário de .

Antes de mais nada, PRA QUÊ SERVE, EXATAMENTE, UM DIÁRIO?
Ah, já sei, já sei... é pra “Você se expressar e dizer tudo o que quer –e o que não quer- dizer, já que você não gosta de se comunicar comigo, que sou sua mãe, ou com qualquer pessoa da família –o que nos deixa verdadeiramente tristes”.
Bem, isso foi exatamente o que a minha mãe falou e, traduzindo para a língua dela, isso quer dizer “Eu não paguei aquelas minhas aulas de teatro na faculdade para nada, então estou usando o que eu aprendi pra te fazer um terror psicológico, assim você me conta os seus podres e eu te deixo de castigo!”
Oh, não, não me venha dizer que isso é drama, não, porque simplesmente não é. Bem, talvez eu tenha exagerado na parte do terror psicológico, mas é pra dar toda aquela magia, sabe. Adoro tudo o que é dramático, porque, como diz , minha melhor amiga, eu sou a Drama Queen.
Ok, ok, você não deve estar entendendo bulhufas, mas é que, quando eu fico meio afobada, eu não sei me expressar direito...
Enfim, voltando ao assunto inicial, PRA QUÊ SERVE ESSE MALDITO CADERNINHO TOSCO COM CHEIRINHO DE MORANGO NAS FOLHAS? Resposta: Nada. Assim, eu não posso dirigir um diário, não posso passá-lo no rosto, não posso me hidratar com ele, não posso emagrecer usando o maldito; não posso morar nele, não posso isso, não posso aquilo, não posso nada! Então, isso não me serve de nada, certo? Além do mais, que tipo de presente de 17 anos é esse? Totalmente inútil, huh?
Já passou da meia noite, então, tecnicamente já não é mais o meu aniversário, mas eu ainda tenho um fiozinho de esperança de que minha Mercedes linda, com cheiro de couro, esteja guardadinha na garagem e que meus pais estejam rindo na sala de estar, imaginando como eu poderia ser tão burrinha. Porque, veja bem, isso é totalmente típico dos meus pais. Assim, quando eu tinha cinco anos, eles me fizeram abrir no mínimo umas 20 caixas de presente, até chegar numa caixa de fósforos ridícula, com um bilhetinho ridículo, escrito com uma letrinha bem redondinha bem assim: ‘Seu presente está em cima da sua cama, bobinha’’. E lembro que, quando cheguei ao meu quarto, tinha uma boneca de porcelana linda, branquinha, com um vestido vermelho e parecia que tinha milhares de espirais de caderno dourados saltando da cabeça dela. Eu amo aquela bonequinha, e a tenho exposta na minha estante até hoje, e sinto muito orgulho de ter conseguido mantê-la quase do mesmo jeito que ela veio ao mundo (porque, assim, a minha irmã, Kathleen –mas ela gosta de ser chamada de Kat– tem esse negócio de fingir que é uma gata –Kat, sacou o trocadilho? – e botar na boca tudo o que bem entender. Então, ela pôs os cachinhos de Madelaine na boca dela. Ew, seu sei).
Mas como é que eu vou, exatamente, expor esse diário florido sem graça na minha estante? Aliás, segundo a minha mãe “Você tem que guardá-lo com muito, muito cuidado; guardá-lo como se fosse a sua vida, senão seus segredos serão espalhados assim, aos sete ventos”, o que eu acho que faz bastante sentindo – o que é muito difícil da minha mãe fazer. É muito difícil minha mãe falar qualquer coisa que faça sentindo, digo.

Enfim...
Meu Deus, não acredito que as aulas começam A-MA-NHÃ! Já não via a hora de estrear meus modelinhos de inverno que comprei com na Quinta Avenida. São totalmente luxuosos e comprei especialmente pro Joshua, meu ex-namorado. Pois é, vocês me ouviram, ex-namorado. A partir de amanhã, eu vou fazê-lo se arrepender por ter transado com aquela nojenta da Paige Morgan; pior, por ter transado com aquela virgenzinha (ex-vigerzinha, né) no nosso aniversário de 4 meses. Pois é, aquele panaca me deixou esperando por uma hora no restaurante Lucco’s, um dos restaurantes mais luxuosos de NY, enquanto ele e Paige, aquela mocréia que mal sabe se vestir, cruzavam feito coelhos. Mas isso é passado e, como vocês mesmos podem ver, super superei esse lance e coisa e tal.
Além do quê, o inverno é totalmente um desfile de pura beleza nas ruas (meninos de bochechas rosadinhas), e elegância com cashmere espalhado por todo o lugar!
AH, É! O baile de inverno é exatamente daqui 8 semanas e 4 dias, e já estou providenciando TUDO, pra que tudo esteja perfeitamente perfeito e que eu seja a Rainha do Baile. Bem, certamente serei a rainha do baile, já que ninguém consegue roubar esse meu título, vejamos... há 3 anos consecutivos (convencida, não; confiante). E esse ano eu vou arrasar todas aquelas barangas que pensam que são melhores do que eu. Assim, senhores Domenico Dolce e Stefano Gabbana já estão desenhando o meu vestido (eles disseram que o meu vestido seria mais luxuoso que o da Nicole Kidman no Oscar do ano passado), e estou reservando as minhas lindas Jimmy Choo’s, aquelas que só estão fazendo 50 pares para o mundo inteiro!
Meu Deus, esse ano vai ser um completo arraso e já sinto a leve brisa cheia de novidades bater em minha face...

xx

Capítulo Um

Bem, meu dia não começou ‘um arraso’, porque a leve brisa que eu sentia se transformou em ventos fortes que me deixaram com o nariz escorrendo, porque esqueci a porcaria janela aberta na noite passada. Além disso, acordei atrasada e não deu tempo de passar maquiagem. Além disso, acordei com um chumaço de cabelo de Madelaine grudado num fiozinho de baba no meu rosto. Eu sei, ew. Realmente não comecei o dia com o pé direito.

Olhei no relógio e marcava 7:35. Porra, a aula começava às 8 e ia perder a minha primeira aula do dia se não achasse logo meus sapatos pretos da Prada.
– Miaau... – Ouvi Kathleen imitar um gato antes de entrar no meu quarto. – , mamãe está uma fera porque você está atrasada e ela ainda quer tirar uma foto sua.
– Foto minha? – perguntei, procurando pelos sapatos debaixo da cama. – Foto pra quê?
Olhei para Kat e ela fez cara de impaciente. Essa pirralha não tem nem tamanho e se acha gente...
– Foto que ela tira em todo o começo de ano. Você sabe como mamãe é – respondeu minha irmã, pegando Madelaine no colo.
AH! Finalmente achei os sapatos. Calcei-os, olhei-me pela última vez no espelho e fui saindo do quarto.
– Ah, Kat, por favor, eu te peço pra que PARE DE COMER O CABELO DA MADELAINE! Ela já está toda careca do lado esquerdo! – Avisei-a enquanto segurava a maçaneta. – Juro que te compro aquela ração colorida que você gosta, se não tocar mais na boneca!
Kat olhou para Madelaine e depois para mim.
– Hm... ta bem. – Cedeu ela. – Mas não compre a mesma que você comprou da última vez porque era muito ruim!
– Ótimo, ótimo – disse, descendo as escadas apressadamente.
Essas crianças e hoje em dia estão um tanto abusadas pro meu gosto.

– Nem deu tempo de tirar uma foto sua, querida! – chorou minha mãe, quando o sinal fechou pela terceira vez.
Caramba... 7:57!
– Mãe, você não acha que já passei da idade? Não sou mais criancinha – falei enquanto reparava nas unhas. Credo, minha cutícula está realmente horrorosa.
– Você sabe que sempre será minha pequenina... – respondeu mamãe, com um sorriso bobo estampado na cara. – Querida – minha mãe fez uma cara estranha –, por que diabos você ainda não passou maquiagem?
Bati a mão na testa. Como é que podia ter esquecido disso?
Peguei meu blush dentro da bolsa e passei de qualquer jeito. Bem, era melhor do que nada. Depois tirei o delineador da bolsa e tentei desenhar uma linha quando minha mãe arrancou com o carro, fazendo com que eu fizesse um risco enorme sobre a minha bochecha.
– Manhê! – gritei. – Você não ta vendo que eu to tentando parecer apresentável? Eu gostaria muito, mas muito que você pudesse me dar uma mãozinha aqui!
Minha mãe soltou um sorrisinho amarelo.
– Ai, sinto muito, filhota, mas você já está 5 minutinhos atrasada, se não percebeu... E, com esse trânsito, você não vai chegar a tempo.
Olhei para o relógio. Estava realmente atrasada e minha mãe estava certa.
Sabe, é por isso que, nessas horas, eu odeio morar em Nova Iorque. O trânsito nunca te ajuda.

– Ei, me ligue se precisar de qualquer coisa! – minha mãe gritou, enquanto eu me apressava em sair do carro.
– Ta bem, mãe! Tchau! – Acenei de qualquer jeito.
– Se eu demorar pra atender, é porque estou dando uma retocada no botox, ok?
Revirei os olhos e saí correndo.
Ao entrar no colégio, olhei pro meu relógio de pulso. Oito e meia. Não ia entrar na primeira aula, com certeza.
Resolvi sentar na escada principal, depois de ter guardado alguns livros no meu armário, e folhear algumas páginas dos livros desse ano. Uau, tinha coisa bastante difícil de álgebra... Bendita hora que fui escolher Exatas!
– Ei! – Ouvi uma voz masculina. – Ei, bonitinha, você mesma!
Bonitinha? Argh...
Procurei por quem me chamava, e só vi um rapaz alto e bastante charmoso vindo em minha direção. Caramba, e essa bochechinha gordinha rosada dele... Como eu amo o inverno!
– Olha só – disse ele, olhando para um papel que parecia ser o horário de suas aulas –, eu estou procurando pela sala E31, você sabe onde é?
E31? Ah, é, essa sala é a sala em que eu deveria estar tendo aula agora, e do lado da E31 tem uma salinha pros alunos de reforço... Hm, eu passava muito tempo com Joshua lá, ‘estudando’, sabe como é, química e...
– Alô? – O garoto abanou sua mão na frente do meu rosto. – Pode me ajudar ou não?
Tomei um susto. Ficar lembrando da minha época em que costumava me amassar com o Josh não entrava na minha lista de O Que Fazer Pra Esquecer Desse Imbecil.
– Er... claro! – Me recompus. – A E31 fica no andar de cima. Eu também deveria estar lá, mas cheguei atrasada.
– Então ficou pra fora? – Perguntou.
Uau, que gênio.
Soltei um sorrisinho em resposta.
– Meu primeiro dia aqui e já começo fazendo besteira. – Ele se sentou ao meu lado, no primeiro degrau da escada. – Não foi assim que planejei meu primeiro dia.
– Então toca aí, cara. – Estiquei a minha mão para que ele a tocasse. – Acho que temos mais em comum do que pensava.
Ele riu e bateu de leve na minha mão. Hm, sorriso bonito.
Ele começou a olhar pra mim de um jeito esquisito. Virava a cabeça de um lado pra outro, com um meio sorriso no rosto, batendo com o dedo na bochecha esquerda.
Nossa, mal começou meu dia e já estou arrasando corações.
– Seu rosto... – Ele olhou nos meus olhos, ainda tocando na própria bochecha. O que aquilo queria dizer?
Sorri, meio sem graça. Poxa, ele tava me cantando assim, na cara dura!
– Seu rosto... – repetiu.
– Eu sei! Ele me fez ganhar o título de Rainha do Baile ano passado! – disse em resposta, tentando parecer muito modesta.
– Não, não é isso! – Ele foi aproximando sua mão da minha bochecha. – É que... sua bochecha... ela ta riscada, sabe. – Pressionou seu dedo contra minha bochecha, depois mostrou-o pra mim. – Viu? Está com um risco preto enorme!
Ai. Meu. Deus. Tinha me esquecido completamente do risco que fiz em mim mesma com o delineador no carro. Que vergonha!
– Ai – Levantei-me da escada, derrubando todos os livros que estavam no meu colo. – Eu... é... eu... – Caramba, eu poderia parecer mais patética? – Eu vou me limpar... er, só um minuto.
Ele tentou abafar sua gargalhada com a mão.
– Sem problemas! – Assentiu com a cabeça.
Que moleque idiota!

Corri pro banheiro. Eu estava realmente com um risco na bochecha esquerda. O que é que eu fiz pra merecer isso?
Molhei um pedaço de papel e passei no rosto. Ele deve me achar uma perdedora! E agora esse... esse risco preto não quer sair!
Ouvi umas gargalhadas vindas do corredor. Passos. Alguém estava vindo pro banheiro!
Me enfiei numa das cabines. De jeito nenhum vou me ridicularizar dessa maneira!
– Eu não acredito que você fez isso, Paige! – Escutei uma garota rir. – Como você é má!
– Má? Que nada!
Oh, meu Deus, era Paige. A vadia da Paige Morgan!
– Só fiz um favorzinho pro Joshua, ok? Ele tava namorando aquela idiota da , aquela virgem de quinta. – Paige riu. – Você acredita que dormi com o Josh na noite do aniversário de 3 meses deles!?
– Quatro meses, sua imbecil. – Foi o que eu queria dizer, mas ficou entalado então continuei sentada sobre a tampa da privada.
– Paige! – Aquela vozinha irritante gritou novamente. – Você é uma vaca!
– Obrigada... – respondeu ela. – Olha, vou te contar um segredinho... – A voz de Paige ficou mais baixa. Grudei minha orelha na porta. – O negócio do Josh... – Aproximei mais minha orelha, mas foi impossível de ouvir. Droga!
A pessoa que acompanhava Paige ria feito uma cabrita, enquanto a outra se enfiava na cabine ao lado da minha.
– Eu já comi mais de duas mil calorias hoje... – Argh, que nojenta. – Isso é totalmente não-sexy!
Depois disso só senti um cheiro de vômito. Ai, será que essa garota poderia ser, assim, mais porca?
– Pronto, vamos agora. – A voz das meninas foi ficando cada vez mais baixa conforme iam saindo do banheiro.
Uh, pelo menos consegui passar um dia sem bater na cara daquela nojenta.
Que progresso.

– Desculpe a demora. – Me desculpei.
– Ah, tudo bem. – Ele fez cara de compreensivo. – Sei bem como são essas coisas.
Franzi as sobrancelhas, confusa.
– Que coisas? – Quis saber.
– Essas coisas, sabe. – Ele gesticulava. Chegou mais perto de mim e falo baixo: – Essas coisas... diarréia. Entendo perfeitamente.
Soltei uma gargalhada debochada.
– Não sabia que inglês sabia fazer piadas. – Revirei os olhos.
– Como sabe que sou inglês? – Quis saber o garoto.
Ficar sem saber o nome dele estava começando a me irritar.
– Seu sotaque – respondi simplesmente.
– Ah, certo.
Voltei a me sentar na escada. Oito e quarenta e cinco, marcava o relógio. A próxima aula começaria daqui a 5 minutos. Hurray.
– Er, é melhor eu ir indo – comentou ele. – Senão vou me atrasar de novo!
Dei de ombros.
– Você sabe onde a sala A25 fica? – Ele olhou para seu papel novamente.
– Fim do corredor, última sala à direita – falei.
Ele balançou a cabeça.
– Obrigado. – Agradeceu. – Ei, quem sabe você não possa me mostrar a cidade, hein?
Hm... até que não seria má idéia.
– Acho meio improvável. – Tentei fazer um doce. Ele estava totalmente na minha. Eu não disse que Josh ia se ver comigo? – Garotas como eu não saem com garotos como você.
Ele fez careta.
– Outch! – Fingiu sentir dor. – Então ta. Tem outras por aí que querem tirar casquinha do inglesão aqui. – Ele acariciou seus mamilos.
– Ew! – Fiz cara de nojo, pegando meus livros no braço.
– A gente se vê por aí, então!
Dei de ombros de novo.
– Muito improvável – afirmei. Jogar charme sempre funciona.
– Outch! – Fingiu novamente enquanto me observava subir as escadas. – Foi um prazer conhecer você também!
– Okie doke! – gritei do último degrau.
Caramba, é duro ser gostosa!
[...]


N/A: AAAAAH! Sentiram a minha falta, hein? Ok, não precisam responder essa! Err, não sei. Esperam que tenham gostado dessa minha nova fic, que eu tava querendo fazer já há muito tempo. Eu não sabia se postava ou não, mas como muuuitas pessoas gostaram [4 xD], to mandando! Não liguem porque estou meio enferrujada. Mas fiz meu melhor! Eu vou tentar atualizar essa buçanguinha (que amor eu sou, hein) sempre que puder, e já to tentando atualizar uns capítulos, mas to em época de provas. Não vou abandonar essa. Não nesse primeiros meses, ok haha.
xo Cri-quis


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