Assim como “Melhor é impossível” (1997), “As confissões de Schmidt” parece mais um filme feito sob medida para Jack Nicholson. Sua brilhante atuação faz com que uma história simples seja muito bem apresentada. Aos 66 anos, Warren Schmidt (Nicholson) se aposenta e começa uma nova fase em sua vida. Com dificuldades para se adaptar a tantas mudanças, decorrentes da aposentadoria, Warren começa a refletir sobre sua vida, sua carreira, seu casamento, e especialmente sua relação com a filha, Jeannie (Hope Davis) – que está de casamento marcado com um homem que não agrada ao pai. Schmidt começa a escrever cartas – que envia a uma criança órfã da Tanzânia – e através delas dá início a uma série de desabafos, nos quais expressa sentimentos de tristeza com sua vida. Aos poucos foi se tornando um velho rabugento e nostálgico; e as coisas ficam ainda mais difíceis para ele quando sua esposa, Helen (June Squibb), morre repentinamente. A partir daí, Warren sente-se totalmente sozinho. Sua filha, que está ocupadíssima com os preparativos do casamento, em outra cidade, parece não se interessar nem um pouco pelo sofrimento do pai. Após algum tempo de solidão, Warren torna-se uma pessoa deprimida e deprimente e o abandono impera em sua casa. É como se ele esperasse a morte chegar a qualquer momento. Ao perceber seu estado, resolve dar uma reviravolta em sua vida e decide viajar – no trailer que havia comprado para viajar com sua esposa –, seu objetivo é passar algum tempo com sua filha antes do casamento. Mas em um telefonema, sente-se rejeitado por ela e decide mudar seu trajeto. Passa por lugares que foram importantes em sua vida, como a casa onde nasceu e a faculdade onde estudou – lugares que trazem a sua memória um outro Warren Schmidt. Nesta viagem, torna-se mais evidente seu sentimento de desgosto com o rumo que sua vida tomou. É neste momento que ele se questiona sobre sua importância na vida das pessoas. Ele chega à conclusão de que ninguém sentiria sua falta. Contraditoriamente, essas reflexões o deixam mais animado, com o espírito renovado. A viagem termina na casa da família de seu futuro genro, nas vésperas do casamento. Neste ponto do filme o diretor nos presenteia com cenas muito divertidas, em que as gargalhadas são inevitáveis. Isso graças às expressões de Nicholson em cenas que demonstram seu desconforto com relação às pessoas, o ambiente tumultuado e toda a situação constrangedora a que está submetido. O mais interessante é que justamente por não existir excessos no roteiro e nos efeitos especiais, o filme causa uma proximidade muito grande entre os personagens e o espectador. É uma história que poderia acontecer com qualquer um de nós, e isso faz com que nos envolvamos afetivamente com as pessoas que vemos na tela, principalmente com Warren. “As confissões de Schmidt” é um drama, obviamente com momentos comoventes, mas em contrapartida, contém cenas hilariantes e inestimáveis. Não poderia deixar de ser mencionada a cena de nudez da atriz Kathy Bates, que tenta seduzir Warren entrando co ele em uma banheira. É uma cena totalmente inusitada que quebra qualquer dramaticidade e descontrai o público – outra vez, impossível segurar os risos. Por tudo isso, “As confissões de Schmidt” vale a pena. Já desperta interesse por ter Jack Nicholson como protagonista. Definitivamente ele conquista qualquer platéia com sua genial atuação. |