"A arquitetura
é a meta de toda a atividade criadora. Completá-la e embelezá-la
foi, antigamente, a principal tarefa das artes plásticas...
Não há diferença fundamental entre o artesão e o artista...
Mas todo artista deve necessariamente possuir competência
técnica. Aí reside sua verdadeira fonte de inspiração criadora...
Formaremos
uma escola sem separação de gêneros que criam barreiras
entre o artesão e o artista. Conceberemos uma arquitetura
nova, a arquitetura do futuro, em que a pintura, a escultura
e a arquitetura formarão um só conjunto."
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Tais palavras, que
constam do primeiro manifesto da Bauhaus, redigido em 1919 por Walter
Gropius, definem as idéias básicas dessa escola de arte
e do movimento desencadeado por ela na Alemanha, entre 1919 e 1933.
A Bauhaus congregou importantes criadores de vanguarda, que fixaram
algumas diretrizes estéticas que iriam prevalecer em todo o
mundo durante o século XX.
Período
de Weimar.
Em 1919, o arquiteto
alemão Walter Gropius integrou duas escolas existentes na cidade
de Weimar, a Escola de Artes e Ofícios, do belga Henri van
de Velde, e a de Belas-Artes, do alemão Hermann Muthesius,
e fundou uma nova escola de arquitetura e desenho a que deu o nome
de Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção),
com sede em um edifício construído em 1905 por Van de
Velde.
As origens mais remotas
da Bauhaus provêm do movimento Arts and Crafts, do inglês
William Morris, que procurou restabelecer a dignidade medieval do
artesanato e do artesão. Todavia, o ensino da Bauhaus opunha-se
às concepções de Morris, contrárias à
revolução tecnológica e à produção
em série. Também não agradava a Gropius o estilo
art nouveau, devido a seu caráter decorativo e esteticista.
A ascendência
mais próxima da Bauhaus está na associação
Deutscher Werkbund, fundada em 1907 por Hermann Muthesius para incentivar
as relações entre os artistas modernos, os artesãos
qualificados e a indústria. Muthesius desejava criar o que
chamava de Maschinenstil (estilo da máquina). Gropius, que
foi membro da Werkbund, materializou esse objetivo, em grande parte,
na Bauhaus.
A Bauhaus combatia
a arte pela arte e estimulava a livre criação com a
finalidade de ressaltar a personalidade do homem. Mais importante
que formar um profissional, segundo Gropius, era formar homens ligados
aos fenômenos culturais e sociais mais expressivos do mundo
moderno. Por isso, entre professores e alunos havia liberdade de criação,
mas dentro de convicções filosóficas comuns.
O ensino era suficientemente
elástico, com a participação, na pesquisa conjunta,
de artistas, mestres de oficinas e alunos. Para Gropius, a unidade
arquitetônica só podia ser obtida pela tarefa coletiva,
que incluía os mais diferentes tipos de criação,
como a pintura, a música, a dança, a fotografia e o
teatro.
De tal maneira a filosofia
da Bauhaus impregnou seus membros que sem demora se definiu um estilo
em seus produtos despidos de ornamentos, funcionais e econômicos,
cujos protótipos saíam de suas oficinas para a execução
em série na indústria. O estilo Bauhaus era fruto do
pensamento dos professores, recrutados, sem discriminação
de nacionalidade, entre membros dos movimentos abstrato e cubista.
Ao iniciar a Bauhaus,
Gropius apoiou-se principalmente em três mestres: o pintor americano
Lyonel Feininger, o escultor e gravador alemão Gerhard Marcks
e o pintor suíço Johannes Itten. A eles se juntaram
depois artistas da categoria de Oskar Schlemmer, Paul Klee, Wassili
Kandinski, László Moholy-Nagy e Ludwig Mies van der
Rohe. Em 1925, Josef Albers e Marcel Breuer passaram a fazer parte
do grupo.
Mudança
para Dessau.
Ameaçada de
dissolução pela forte oposição dos conservadores
a suas inovações, a escola mudou-se em 1925 para Dessau,
onde ficou até o advento do nazismo. Para abrigá-la,
Gropius projetou e construiu um conjunto de prédios que eram,
em si mesmos, um manifesto de arquitetura moderna e uma das mais extraordinárias
obras da década de 1920.
As atividades da Bauhaus
intensificaram-se em Dessau com o lançamento de publicações
e a organização de exposições. Uma clara
mentalidade racionalista presidia à elaboração
dos projetos. Em 1928, Gropius passou o cargo de diretor ao suíço
Hannes Meyer, abandonando a escola, já então consolidada,
junto com Moholy-Nagy e Breuer.
A nova direção
deu realce ainda maior à arquitetura e assistiu à chegada
das influências do construtivismo russo. Em 1930, Meyer, cuja
postura esquerdista não era bem vista pelas autoridades, foi
substituído pelo arquiteto alemão Mies van der Rohe.
Este reorganizou a escola e deu-lhe um novo impulso.
Últimos
anos.
Em 1932, com a chegada
dos nazistas ao poder em Dessau, a Bauhaus se transferiu para Berlim,
onde continuou a funcionar até seu fechamento definitivo em
1933. As possibilidades da vanguarda alemã, com isso, se fecharam
também, mas o ensino inovador da Bauhaus já havia se
difundido a essa altura nos principais centros de arte. Tal difusão
tornou-se ainda maior quando os grandes mestres da escola, devido
às perseguições nazistas, passaram a emigrar,
principalmente para os Estados Unidos e a Inglaterra.
Em 1928, Sandor Bortink
fundou em Budapest o Mühely, também chamado Bauhaus de
Budapeste, que existiu até 1938.
Em 1933, Josef Albers
instalou um departamento do tipo Bauhaus no Black Mountain College
(Carolina do Norte, Estados Unidos) e depois na Universidade de Harvard.
Em 1937, Moholy-Nagy
criou em Chicago a New Bauhaus, mais tarde incorporada ao MIT (Massachusetts
Institute of Technology). Gropius passou a lecionar em Harvard e Mies
van der Rohe tornou-se um dos principais arquitetos da remodelação
de Chicago.
Em 1950 inaugurou-se
em Ulm, na Alemanha, a Hochschule für Gestaltung (Escola Superior
da Forma), dirigida por Max Bill, ex-aluno da Bauhaus de Dessau. A
essa última instituição, em especial, coube dar
seguimento programático às formulações
da antiga Bauhaus -- uma escola que se integrou perfeitamente no contexto
da civilização do século XX para dar-lhe uma
visualidade própria.
Fonte:
Encyclopaedia Britannica do Brasil.
Bauhaus
- Um centro de agitação criativa
Fonte: Enciclopédia
Digital
A Bauhaus, mais que
uma escola de artes e arquitetura, foi um centro de agitação
de todas as disposições criativas da época, que
assinalou o início de uma nova fase na arquitetura mundial.
Um de seus principais
méritos consiste em ter alterado as relações
entre desenho e arte industrial. Além disso, as experiências
pedagógicas de Klee e Kandisky acabaram sendo publicadas em
verdadeiros tratados sobre arte.
O embrião da
Bauhaus foi a escola de artes aplicadas de Weimar, fundada em 1906
pelo grão-duque de Sax-Weimar. Inicialmente foi dirigida por
Henry Van de Velde (1863 - 1957), que, quando deixa a Alemanha, indica
Walter Gropius (1883 - 1969) como seu sucessor; assumindo a direção
em 1919, este reestruturou a escola e a batizou Bauhaus.
As idéias de
Gropius baseavam-se fundamentalmente na combinação de
um ideal morrisiano (William Morris, que acreditava que o artista
deveria desenhar e executar seu trabalho) com a idéia da unidade
entre o monumental, grandioso e os elementos decorativos. Visava criar
uma nova forma de arquitetura moderna.
O primeiro manifesto,
influenciado pelos ideais do impressionismo, bastante em voga na Alemanha
pós-guerra, proclamava, em tom entusiasta, a união de
artistas e arquitetos na procura da melhor relação entre
a forma e o material, forma e função e entre a forma
e o modo de produção:
"A Bauhaus almeja
constituir em unidade o conjunto de disciplinas artísticas
- escultura, pintura, desenho e artes aplicadas - para incorporá-las
a uma arquitetura de novo cunho".
O método da
escola consistia basicamente em introduzir os estudantes aos princípios
da forma, instruí-los no trabalho com materiais, cores e texturas,
orientá-los no estudo de obras pictóricas e sobretudo
procurava estimular a livre criatividade.
A instituição
não estava empenhada na busca de um estilo próprio,
pelo contrário, sua postura era independente de qualquer modelo
preestabelecido, não se caracterizando como uma academia fechada.
A partir de 1923,
cresce em importância para essa escola a figura do artífice
e designer no processo industrial de massa. O estilo Bauhaus, com
forte influência de idéias socialistas, apesar de impessoal
e severo (bastante geométrico), possuía um elevado refinamento
de formas e linhas. Esse refinamento é creditado, de uma certa
forma, ao ideal de economia dos materiais, que exigia um profundo
conhecimento de suas possibilidades.
Foi estabelecido um
bom inter-relacionamento entre as "pesquisas" e conquistas
obtidas na escola e a própria indústria, que acabou
por utilizar-se de muitos de seus produtos para a manufaturação
em larga escala.
A escola passa a exercer
forte influência sobre a sociedade de Weimar, com suas utopias
sociais e idéias avançadas. Isso incomoda os setores
conservadores locais que, em 1924, ao vencerem as eleições,
forçam a dissolução da escola.
Em 1926 a Bauhaus
se estabelece em Dessau, aonde é construído o novo edifício
da escola, projetado por Gropius; um marco da arquitetura do século
XX que estabelece um novo princípio estético, com o
uso de volumes limpos e definidos. Essa mudança marca o início
de uma nova fase, cuja produção se caracteriza pela
simplicidade racional e pela preocupação com a viabilização
econômica dos projetos.
Nesse mesmo ano Hannes
Meyer (1889 - 1954) assume o departamento de arquitetura da instituição
planejando intensificar as atividades sociais desta: "As necessidades
das pessoas em lugar das necessidades do luxo".
Em 1928 Gropius renuncia
à direção da escola devido às dificuldades
políticas que vinha encontrando no cargo e nomeia Meyer como
seu sucessor. Porém o crescimento político da direita
acaba por forçar a destituição deste em 1930.
Mies Van der Rohe
assume cargo, porém, em 1932, a escola é novamente fechada
e dissolvida; durante seis meses ele ainda tenta continuar com a instituição
em Berlim, agora como um empresa privada mas esta é definitivamente
desativada pelos nazistas em 20 de julho de 1933.
Esse fechamento da
escola, porém, longe de tirar sua força, difundiu ainda
mais seus ideais, uma vez que os artistas que lá se reuniam
espalharam-se por vários países. Acabaram parando nas
principais escolas de arte do Ocidente, fundamentando seu ensino nas
conquistas de Bauhaus.
Um bom exemplo disso
é o professor da escola alemã no período de 1923
a 1928, László Moholy-Nagy, que fundou o New Bauhaus,
em Chicago (posterior Instituto de Desenho). O exílio forçado
de vários membros da Bauhaus propagou seus ideais, influenciando
arquitetos por todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, que
fatalmente recebeu a maior parte daqueles artistas e arquitetos.