Afonso
Pena (1847 - 1909)
Afonso Augusto
Moreira Pena nasceu em Minas Gerais no ano de 1847 e se formou
em direito aos 23 anos. Exerceu a profissão em seu estado
natal até se eleger deputado em seguidas eleições de 1874
a 1889. Ocupou ainda os ministérios da Guerra, da Agricultura
e da Justiça. Com a república presidiu a Assembléia Constituinte
de Minas Gerais e ocupou a presidência do estado.
Em 1902 foi vice-presidente
de Rodrigues Alves e em 1906 confirmava a política do café
com leite representando a oligarquia de Minas Gerais na presidência
da república. Ao assumir o governo, Afonso Pena manteve Rio
Branco na pasta das Relações Exteriores e o Marechal Hermes
da Fonseca como ministro do Exército, mas para compor os outros
ministérios chamou uma série de jovens políticos que lhe obedeciam
cegamente, lhe proporcionando grande poder de ação.
Seu governo foi
desgastado principalmente pela questão sucessória pela qual
seu indicado David Campista, ministro da Fazenda, foi rejeitado,
e pela discussão no Congresso sobre a participação dos militares
no poder que culminou na demissão de Hermes da Fonseca e no
lançamento de sua candidatura contra Rui Barbosa.
Afonso Pena morreu
antes de solucionada a questão sucessiva. O cargo presidencial
passava para as mãos de Nilo Peçanha.
Artur
Bernardes (1875 - 1955)
Artur da Silva
Bernardes nasceu em Minas Gerais, se formou em direito em
1900 e iniciou sua vida política como vereador por Viçosa
em 1906. Seguiu sendo eleito deputado estadual e federal e
nomeado Secretário das Finanças do seu estado natal.
Era presidente
de Minas Gerais quando concorreu à presidência da república
nas eleições de 1922 contra Nilo Peçanha. Venceu após uma
conturbada campanha eleitoral e ao assumir o cargo era bastante
impopular em meio ao povo e ao exército. O que foi agravado
com a deposição do governador do Rio de Janeiro pertencente
a Reação Republicana.
A guerra civil
ocorrida no Rio Grande do Sul em 1923 e a Revolução antibernadista
da cidade de São Paulo em 1924 agitaram o seu governo. A primeira
durou quase um ano e foi contida pelo ministro da Guerra,
Setembrino de Carvalho. A segunda se extendeu por um mês de
bombardeios das tropas legalistas, e gerou a Coluna Prestes.
Das questões
internacionais a que mais se destacou no seu governo foi a
retirada do país da Sociedade das Nações Unidas. E na política
interna, devido às revoltas e à crise política em que se encontrava,
Artur Bernardes solicitou ao Congresso Nacional uma reforma
constitucional. Em 1926 passou seu cargo para Washington Luís.
Em 1827 foi eleito
senador e a partir daí se envolveu com o movimento da Aliança
Liberal que encerrou a primeira república e com a Revolução
Constitucionalista de São Paulo que lhe rendeu a prisão e
o exílio. Em 1934 foi anistiado e voltou ao Brasil assumindo
a presidência do partido republicano mineiro. Um ano depois
foi eleito deputado federal e permaneceu no cargo até a dissolução
do Legislativo em 1937. Participou da Assembléia Constituinte
de 46 e foi novamente deputado federal em 1954. Um ano depois,
o fundador do Partido Republicano faleceu na capital.
Campos
Sales (1841 - 1913)
Manuel Ferraz
de Campos Sales era em 1872 um dos grandes líderes da facção
paulista republicana. Na convenção republicana de Itu, realizada
em 1873, defendeu a indenização dos proprietários de escravos
na questão do abolicionismo, representando uma segurança para
os senhores aristocratas. Em 1884 era deputado pelo partido
em São Paulo e tomava uma atitude de neutralidade sem apoiar
liberais nem conservadores. Seu próximo cargo político foi
o de Ministro da Justiça no governo de Deodoro da Fonseca.
Eleito em 1898
para a presidência da república, Campos Sales se dedicou basicamente
aos problemas de ordem econômica, que não eram poucos num
país que se encontrava falido após sucessivas revoltas dentro
do seu território. Em viagem para a Europa negociou o funding-loan,
tratado assinado com banqueiros ingleses que marcou o início
da sua política deflacionária. Com o objetivo de controlar
a oposição instalou a chamada Política dos Governadores que
era um acordo entre governo e as principais oligarquias. As
dissidências praticamente isoladas do poder político se tornaram
cada vez mais radicais e passaram a representar uma forte
oposição.
Ao fim de seu
governo, Campos Sales ganhara uma enorme impopularidade, pois
mesmo tendo melhorado a situação do tesouro, empobrecera ainda
mais as camadas populares. Vaiado e apedrejado em sua saída
do Catete, deixou um ambiente de tensão para o seu sucessor
Rodrigues Alves. Campos Sales chegou a ser cogitado para reeleição
em 1906, mas desistiu apesar de seu desejo de reparar as vaias
recebidas ao deixar ao governo.
Epitácio
Pessoa (1865 - 1942)
Com a proclamação
da república, o advogado Epitácio da Silva Pessoa foi nomeado
Secretário Geral do governo da Paraíba, se elegendo para a
Assembléia Constituinte de 1890/91 pelo mesmo estado. Seguiu
sua carreira política como Ministro da Justiça no governo
Campos Sales, como senador pela Paraíba em 1912 e como representante
do Brasil na Conferência da Paz na cidade de Versalhes em
1919. Ainda nesse mesmo ano concorreu com Rui Barbosa à Presidência
da República obtendo uma fácil vitória.
Durante o seu
governo foi instalada a Universidade do Rio de Janeiro, a
primeira organizada no país, foi revogada a lei que proibia
a família real no Brasil, iniciou-se a obra de afastamento
do monte Castelo na capital e foi feito um corte nas despesas
do Orçamento da República. Epitácio Pessoa enfrentou ainda
graves problemas de seca no nordeste construindo açudes e
extendendo as ferrovia e rodovias da região.
Mas a principal
questão do seu governo foi em relação aos militares. Ao assumir
o governo nomeou ministros civis inclusive para as pastas
militares, deixando clara a sua intenção de afastar os militares
do poder. Foi organizada, então, uma conspiração da classe
militar contra o governo, que quando descoberta culminou no
fechamento do clube militar e na prisão do Marechal Hermes
da Fonseca. Militares solidários a ele se confrontaram com
as tropas legalistas na Avenida Atlântica num episódio que
ficou conhecido como 18 do forte.
Controlada a
rebelião, Epitácio Pessoa organizou a comemoração do Centenário
da Independência. Em novembro de 1922 encerrou o seu mandato
entregando o cargo a Artur Bernardes e assumindo o cargo de
juiz na Corte Internacional de Haia. Com a morte de seu sobrinho,
João Pessoa, se afastou da vida política.
Eurico
Gaspar Dutra (1883 - 1974)
Décimo sexto
presidente do Brasil, no período de 1946 a 1950. Eurico Gaspar
Dutra nasceu em 18 de maio de 1883, na cidade de Cuiabá, no
estado de Mato Grosso. Tomou parte na luta contra os revolucionários
de 1932. Nesse ano foi promovido a general de brigada e nomeado
Diretor da Aviação Militar (1933). Chegou ao posto de general
de divisão em 1935. Organizou a Força Expedicionária Brasileira,
como Ministro da Guerra. Filho de José Florêncio Dutra e Maria
Justina Dutra, desenvolveu uma carreira militar durante a
sua vida. Em 1946 assumiu a Presidência da República. Morreu
em 1974, no dia 11 de junho, no Rio de Janeiro.
Floriano
Peixoto (1839 - 1895)
Floriano Vieira
Peixoto nasceu em uma família simples de Alagoas e só conseguiu
ingressar na Escola Militar com a indicação de um parente
senhor de engenho. Ocupava patentes baixas do exército até
a sua participação na Guerra do Paraguai, quando passou a
tenente corenel. Encarregado de serviços burocráticos desde
então recebeu o posto de comandante e presidente das armas
da província de Mato Grosso em 1884. Dentro da política, ingressou
no Partido Liberal e durante o ministério de Ouro Preto ocupou
a posição de ajudante-general do exército.
Nas eleições de
1891 foi eleito vice de Deodoro da Fonseca. Mas Floriano continuava
na oposição, apoiando a revolta contra a sua tentativa de
instalar um regime ditadorial que culminou na renúncia do
presidente e na ocupação do cargo por ele.
Retirou do poder
os interventores dos estados que haviam apoiado as atitudes
de Deodoro. A partir daí diversas rebeliões se espalharam
por todo o país exigindo o seu retorno ao poder. Entre elas
a Revolta Armada e a Revolução Federalista. Com diversas manobras
políticas e militares Floriano foi acalmando as revoluções,
até que com o apoio de nações estrangeiras (França, Itália
e Estados Unidos) tudo definitivamente se resolveu em outubro
de 1893. Graças a suas vitórias contra as rebeliões recebeu
o apelido de Marechal de Ferro. Os três anos de seu governo
haviam representado três anos de guerras e ditadura militar.
Com força política
suficiente para tentar um golpe e para indicar um candidato,
Floriano Peixoto, com problemas de saúde aceitou a candidatura
de Prudente de Moraes e deixou o poder em 1894. Morreu uma
ano depois isolado da vida política numa fazenda em Barra
Mansa.
Getúlio
Vargas
Décimo quarto presidente
do Brasil. Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja (RS)
a 19 de abril de 1883. Filho de Manuel do Nascimento Vargas
e Cândida Dornelles Vargas, formou-se em direito em 1907.
Iniciou sua carreira política em 1909 como deputado estadual.
Foi chefe do governo provisório depois da Revolução de 30,
presidente eleito pela constituinte em 17 de julho de 1934,
até a implantação da ditadura do Estado Novo em 10 de novembro
de 1937. Foi deposto em 29 de outubro de 1945, mas voltou
à presidência em 31 de janeiro de 1951. Por volta de 1894
vai estudar em Ouro Preto (MG) na Escola de Minas. Em 1898
torna-se soldado na guarnição de São Borja e em 1900 matricula-se
na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo (RS). Não
permaneceu lá por muito tempo, foi transferido para Porto
Alegre (RS) a fim de terminar o serviço militar. Em março
de 1904, matricula-se na faculdade de direito de Porto Alegre,
onde conhece dois cadetes da escola militar, Pedro Aurélio
de Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, dedicando então ao
estudo das obras de Júlio de Castilhos (fundador do Partido
Republicano no Rio Grande do Sul). Formou-se em dezembro de
1907, começando a trabalhar como segundo promotor público
no tribunal de Porto Alegre, mas voltou a sua cidade natal,
São Borja, para trabalhar como advogado. Em 1909 elegeu-se
deputado estadual, e foi reeleito novamente em 1913, mas renunciou
em sinal de protesto pela atitude tomada nas eleições por
Borges de Medeiros, que governava o Rio Grande do Sul. Voltou
à assembléia legislativa estadual em 1917, é reeleito em 1921.
Em 1923 torna-se deputado federal, e em 1924 torna-se líder
da bancada gaúcha na Câmara. Washington Luís é eleito presidente
em 1926 e escolhe Getúlio Vargas como ministro da Fazenda,
devido ao seu trabalho na comissão de finanças da câmara,
mas ocupou o cargo por menos de um ano, sendo escolhido como
candidato ao governo do Rio Grande do Sul, foi eleito, tomou
posse em 25 de janeiro de 1928. No começo de 1929 Washington
Luís iniciou os preparativos à sua sucessão, indicando o nome
do paulista Júlio Prestes. Os políticos de Minas Gerais ficaram
insatisfeitos com esta atitude, pois esperavam que Antônio
Carlos, que governava aquele estado, fosse indicado de acordo
com a política do café-com-leite. Com esta ruptura
chegou ao fim tal política e iniciou-se a articulação de uma
frente oposicional ao intento do presidente. Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraíba, unem-se para se opor à candidatura
de Júlio Prestes, formando em agosto de 1929 a Aliança Liberal.
Esta lança em 20 de setembro de 1929 a chapa constituída por
Vargas e João Pessoa, presidente da Paraíba. Esta candidatura
e o programa da Aliança contou com o apoio das camadas médias
urbanas da sociedade e por nomes do Tenentismo como Siqueira
Campos, João Alberto, Juarez Távora e Miguel Costa. As eleições
que se realizaram no dia 1º de março de 1930 deram a vitória
a Júlio Prestes. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a
validade das eleições, afirmando que a vitória de Prestes
deu-se apenas por meio da fraude. Além do mais, os deputados
eleitos em estados onde a Aliança conseguiu a vitória não
obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí
iniciou-se uma conspiração com base no Rio Grande do Sul.
No dia 26 de julho de 1930 João Pessoa foi assassinado por
João Dantas em Recife, por questões de ordem pessoal e políticas,
servindo como estopim para uma mobilização armada, que efetivamente
se realizou a partir do Rio Grande do Sul em 3 de outubro.
No dia 10 Vargas partiu de trem rumo à capital federal, temia-se
que uma grande batalha se realizasse em Itararé (fronteira
do Estado do Paraná) onde as tropas do governo federal estavam
acampadas para deter o avanço das tropas de Vargas. A batalha
nunca se realizou pois os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto
e mais o almirante Isaías de Noronha depuseram Washington
Luís e formaram uma junta governativa. Em 3 de novembro de
1930, a junta passa o poder a Vargas que se torna chefe do
governo provisório. Tratou de organizar o ministério, chamando
Lindolfo Collor para o ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, que foi criado no dia 26 de novembro, bem como Francisco
Campos que ficou com a pasta da Educação e Osvaldo Aranha
com a da Justiça. Em 1932 explodiu a revolução constitucionalista
em São Paulo, este contou com o apoio de políticos de outros
estados como Borges de Medeiros. A Revolução de 32 foi uma
revolta patrocinada pela oligarquia paulista a pretexto de
exigir do governo federal a reconstitucionalização do país.
As oligarquias desejavam com isso porém, reassumir o poder
através de eleições controladas pelo coronelismo. O movimento
foi derrotado e Medeiros preso. Vargas porém concedeu que
se realizasse as eleições para uma Assembléia Constituinte
em 5 de maio de 1933. A Constituição entrou em vigor em 16
de julho de 1934, juntamente a isso o congresso realizou eleições
indiretas e Vargas tornou-se presidente. O período é marcado
por polarização ideológica, de um lado a ANL (Aliança Nacional
Libertadora) de tendências de esquerda e a AIB (Ação Integralista
Brasileira), movimento inspirado pelo nazi-fascismo. A ANL
é posta fora da lei em 11 de julho de 1935. Sua extinção provocou
a reação de setores militares identificados com seu programa
político. Neste contexto eclodiu em novembro de 1935 a chamada
Intentona Comunista liderada por Luis Carlos Prestes, esta
limitou-se ao levante de algumas guarnições militares em Natal
(RN), Recife (PE) e do 3º Regimento de Infantaria na Praia
Vermelha e da Escola de Aviação no Rio de Janeiro. As eleições
marcadas para 1938 estavam se aproximando, a oligarquia paulista
lança a candidatura de Armando Sales de Oliveira, o próprio
governo indicara o paraibano José Américo de Almeida. Vargas,
porém, tinha idéia de permanecer no poder, a pretexto de deter
os planos de um golpe por parte dos comunistas que queriam
lançar o país a uma Guerra Civil (Plano Cohen). Na
realidade um plano forjado no interior do próprio governo.
No dia 10 de novembro de 1937 Vargas deu o golpe ordenando
o cerco do Congresso Nacional e determinando o seu fechamento
e fazendo um pronunciamento onde anunciava a promulgação de
uma nova Constituição que substituiria a de 1934. Tal Constituição
já estava sendo elaborada a algum tempo por Francisco Campos
que se inspirara na Constituição autoritária da Polônia, por
isso esta ficou conhecida como "A Polaca". Era o início do
Estado Novo que previa a extinção dos partidos políticos,
colocando na ilegalidade inclusive a Ação Integralista Brasileira.
Esta elaborou uma tentativa de golpe, tomando de assalto o
Palácio Guanabara em 11 de maio de 1938, mas a tentativa foi
frustrada. Além da extinção dos partidos políticos, uma série
de medidas fizeram-se necessárias para reprimir as oposições,
tais como a nomeação de interventores para os estados, censura
aos meios de comunicação realizada pelo DIP (Departamento
de Imprensa e Propaganda). Tal órgão também cuidava de difundir
a ideologia do Estado Novo, censurando, arquitetando a propaganda
do governo e exercendo o controle sobre a opinião pública.
Em 1943 edita a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que
garantia a estabilidade do emprego depois de dez anos de serviço,
descanso semanal, regulamentação do trabalho de menores, da
mulher e do trabalho noturno; a criação da Previdência Social
e a instituição da carteira profissional, em março de 1932,
para maiores de dezesseis anos que exercessem um emprego;
a jornada de trabalho foi fixada em 8 horas de serviço. Em
19 de março de 1931 foi criada a Lei de Sindicalização, ou
seja os estatutos dos sindicatos deveriam, a partir de então,
ser aprovados pelo Ministério do Trabalho. Em outras palavras,
Vargas pretendia assumir o controle do movimento operário
nos moldes da Carta del Lavoro de Benito Mussolini
na Itália. Vargas objetivava com esta política trabalhista,
favorável aos operários, conquistar o apoio das massas populares
ao governo. Tal política paternalista visava também tentar
anular as influências da esquerda, desejando transformar o
operariado num setor sob seu controle, para ser usado pelo
jogo do poder. A crise de 1929 atingiu em cheio a economia
brasileira, diminuindo nossas exportações e aumentando nossos
estoques de café e baixando o preço do produto. Vargas criou
em 1931 o Conselho Nacional do Café, que implementou a "política
de sustentação" através da compra e queima dos excedentes
que estavam estocados em depósitos do governo. A queima de
17,2 milhões de sacas em 1937 e nos anos seguintes contribuiu
para a normalização do preço do produto no mercado internacional.
As dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola conduziram
o governo a investir no desenvolvimento industrial como saída
para a nossa dependência externa. A Segunda Guerra Mundial
reduziu a oferta de artigos industrializados. Isso obrigou
a substituição destas importações, fomentando o desenvolvimento
das indústrias locais. Implementa-se também uma política de
exploração das riquezas nacionais, com o Estado participando
das atividades econômicas principalmente aquelas vitais que
não tinham condições de se desenvolver, é o caso da siderurgia.
As medidas econômicas tinham características nacionalistas,
como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, que iniciou
a construção da Usina de Volta Redonda com financiamentos
norte-americanos. Isso se deu devido ao estreitamento das
relações entre o Brasil e os EUA no ano de 1942, em plena
guerra. Obtendo empréstimos para investir nas indústrias de
base. Neste mesmo ano veio ao Brasil uma Missão Técnica que
ajudou em projetos como a Companhia Vale do Rio Doce, que
explorava e exportava minérios, e a Hidrelétrica de Paulo
Afonso. Vargas cria também o Conselho Nacional do Petróleo
que objetivava diminuir a dependência brasileira do combustível,
controlando o refino e a distribuição. Em troca da ajuda norte-americana,
o Brasil deu o seu apoio aos aliados na Segunda Guerra Mundial,
rompendo relações diplomáticas com as nações do Eixo. Mas
devido ao afundamento de navios mercantes brasileiros por
submarinos alemães, o Brasil declara guerra à Alemanha em
22 de agosto de 1942, enviando a FEB (Força Expedicionária
Brasileira) para lutar na Itália. A participação da FEB na
Segunda Guerra Mundial desempenhou um papel importante na
democratização do Brasil. A luta contra o fascismo europeu
foi aproveitado para dar início ao combate do fascismo interno
na figura do Estado Novo. Getúlio demonstrou-se favorável
em 1943 à redemocratização do país, mas só quando a guerra
tivesse se encerrado. Em outubro de 1943, políticos de Minas
Gerais elaboram um manifesto repudiando o Estado Novo, era
o chamado "Manifesto dos Mineiros". E em 1944 começam a chegar
relatórios sobre as tropas brasileiras na guerra que davam
conta do desejo de redemocratização. Em 28 de fevereiro de
1945 a Constituição de 1937 recebeu um ato adicional que possibilitava
fixar as eleições presidenciais e logo destacaram-se duas
candidaturas a do Brigadeiro Eduardo Gomes que se opunha a
Vargas e a do General Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra,
apoiado pelo governo. Neste período também criaram-se três
partidos políticos, a UDN (União Democrática Nacional) de
tendências anti-Vargas, o PSD (Partido Social Democrático)
e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), sendo estes dois
últimos criados sob a inspiração de Vargas, porém o PTB diferenciava-se,
pois tinha uma base trabalhista. Em 22 de abril decreta a
anistia a todos os presos políticos, inclusive Luís Carlos
Prestes. Em maio (28) fixa também a data das eleições para
2 de dezembro daquele ano. A oposição temia que Getúlio proibisse
a realização das eleições presidenciais. Progredia a conspiração
que desejava depô-lo, o que efetivamente aconteceu em 29 de
outubro de 1945, quando tropas do Exército cercaram o Catete
e obrigaram-no a renunciar. A presidência foi ocupada por
José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Vargas
exilou-se em São Borja. Dutra é eleito presidente e Getúlio
senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo e deputado federal
pelo Distrito Federal além de mais seis estados. Optou pelo
cargo de senador, opondo-se ao governo Dutra. Em 1950 lança-se
à presidência juntamente com Café Filho pelo PTB e PSP (Partido
Social Progressista). É eleito e assume o poder a 31 de janeiro
de 1951. Desde o início do seu mandato sofreu forte oposição,
sem conseguir o apoio que precisava para realizar reformas.
Getúlio inicia a campanha de nacionalização do petróleo com
o slogan "o petróleo é nosso" que culminaria com a
criação da PETROBRÁS em 1953. Esta ficaria com o monopólio
de perfuração e do refino, enquanto a distribuição do produto
permaneceria na mão de particulares. Neste período, Vargas
entra em constantes atritos com empresas estrangeiras acusadas
de enviar excessivas remessas de lucro ao exterior. Em 1952
um decreto institui um limite de dez por cento para tais remessas.
Em 1953 João Goulart foi nomeado para o ministério do Trabalho,
tinha o objetivo de criar uma política trabalhista que aproximasse
os trabalhadores do governo, aventando-se a possibilidade
do aumento do salário-mínimo em cem por cento. A campanha
contra o governo voltou-se então contra Goulart. Jango causava
profundo descontentamento entre os militares que, em 8 de
fevereiro de 1954, entregaram um manifesto ao ministério da
Guerra (Manifesto dos Coronéis). Getúlio, pressionado e procurando
conciliar os ânimos, aceita demitir João Goulart. Os ânimos
contra Getúlio se acirram e este procura mais do que nunca
amparar-se nos trabalhadores. Em 1º de maio de 1954 concede
aumento de cem por cento no salário-mínimo. A oposição no
congresso entra com um pedido de impeachment, porém
sem sucesso. A imprensa conservadora e particularmente o jornal
Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda inicia uma violenta
campanha contra o governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda
sofre um atentado que matou o major-aviador Rubens Florentino
Vaz. O incidente teve amplas repercussões e resultou numa
grave crise política. As investigações demonstraram o envolvimento
de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio.
Fortunato acabou sendo preso. A pressão da oposição tornou-se
mais intensa, no Congresso e nos meio militares, exigia-se
a renúncia de Vargas. Cria-se um clima de tensão que culmina
com o tiro que Vargas dá no coração na madrugada de 24 de
agosto de 1954. Antes de suicidar-se escreveu uma Carta-Testamento,
na realidade seu testamento político. Onde diz coisas como:
"Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam
os ódios.(...) Não querem que o trabalhador seja livre. Não
querem que o povo seja independente. (...) Eu vos dei a minha
vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente
dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida
para entrar na História".
Jânio Quadros
(1917-1992)
Vigésimo primeiro
presidente do Brasil. Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo
Grande (MT) a 25 de janeiro de 1917. Foi presidente da República
em 1961, permanecendo sete meses no poder até sua renúncia.
Formou-se em
Direito pela Universidade de São Paulo em 1939, tornando-se
a seguir professor do colégio Dante Alighieri.
Em 1948 elegeu-se
vereador pelo Partido Democrata Cristão. Em 1951 foi o candidato
mais votado para deputado estadual.
Em 22 de março
de 1953 vence as eleições para a prefeitura de São Paulo.
Jânio ganhou apoio popular com suas atitudes controvertidas
e polêmicas, sempre com a promessa de "varrer" a sujeira e
a corrupção do governo. Seu símbolo de campanha tornou-se
uma vassoura.
Venceu, em 3
de outubro de 1954, as eleições para o governo do estado de
São Paulo, apoiado pelo Partido Socialista Brasileiro e pelo
Partido Trabalhista Nacional (já que havia discordâncias com
o PDC).
Para as eleições
presidenciais de 3 de outubro de 1955, resolve esperar e apóia
a candidatura do General Juarez Távora da UDN, que acaba saindo
derrotado na disputa com Juscelino Kubitschek.
Termina seu mandato
de governador em 31 de janeiro de 1959, conseguindo eleger
seu sucessor no governo do estado, Carlos Alberto de Carvalho
Pinto.
É eleito deputado
federal pelo estado do Paraná, toma posse, mas ausenta-se
para empreender uma "viagem de estudos" ao redor do mundo.
Foi recebido por todos os governos que visitou como convidado,
entre eles Mao Tse-Tung, Nehru, Nasser, Tito, Ben Gurion,
entre outros.
Voltando ao Brasil
candidata-se à presidência pela UDN, e é eleito em 3 de outubro
de 1960 com a maior votação que um político jamais havia alcançado
no Brasil, 5.636.632 votos, bem à frente do segundo colocado
o Marechal Henrique Teixeira Lott.
A burguesia brasileira,
aliada aos interesses norte-americanos e militares de alta-patente,
identificaram-se com vários pontos do programa político de
Jânio Quadros.
No poder procurou
restabelecer o equilíbrio das finanças do país, tomando medidas
anti-inflacionárias, limitou a remessa de lucros para o exterior
e apurou denúncias de corrupção.
Mesmo na presidência,
porém, Jânio continuava controverso e conflitante, adotou
uma política externa independente, aproximando-se de países
socialistas como a China e a URSS, provocando uma grande reação
da direita no país, principalmente da parte de Carlos Lacerda,
governador do Estado da Guanabara.
A própria opinião
pública que sempre o apoiou, reagiu a algumas de suas medidas,
como a proibição do biquíni, das brigas-de-galo e a regulamentação
das corridas de cavalo.
Jânio demonstrou
simpatia pela Revolução Cubana, chegando a condecorar Ernesto
Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul em 19 de agosto
de 1961. Lacerda veio ao público pela televisão para acusar
Jânio de querer entregar o Brasil ao comunismo. A pressão
política tornou-se forte e, a 25 de agosto de 1961, renuncia,
deixando um carta alegando "forças terríveis" como o principal
motivo de sua atitude.
O poder deveria
ser ocupado pelo vice-presidente João Goulart, que se encontrava
em visita à República Popular da China. A direita aproveitou
a oportunidade para tentar impedir a posse de Goulart, acusando-o
de estar comprometido com os comunistas. Iniciava-se aí o
processo que levaria ao Golpe de 64.
Para garantir
a posse de Goulart, levantou-se o governador do Rio Grande
do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Jango. A situação se agrava
e poderia degenerar numa guerra civil. O Congresso aprova
então uma emenda que instaurava o regime parlamentarista no
Brasil.
Enquanto Jango
não chegava, a presidência foi ocupada pelo presidente da
Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
Dois dias após
a renúncia, Jânio embarcou numa viagem ao exterior. Volta
ao Brasil e em 1962 disputa as eleições para o governo do
estado de São Paulo, perdendo para Ademar de Barros.
Com o Golpe de
64 teve cassado seus direitos políticos, cessando aí lentamente
sua participação política, até reaparecer de novo nas eleições
para prefeito de São Paulo em 1985, quando disputou e venceu
o candidato Fernando Henrique Cardoso. Como sempre sua gestão
na prefeitura foi polêmica.
Segundo o historiador
Jacob Gorender em seu livro Combate nas Trevas: "Jânio
imaginou que podia governar o país como fez com o estado de
São Paulo, isto é, sem compromissos partidários. O seu distanciamento
da UDN, que o ajudou a vencer o páreo eleitoral, foi detectado
e Carlos Lacerda iniciou a escalada de acusações escandalosas.
Mal completados sete meses de governo, a renúncia de Jânio
a 25 de agosto de 1961 visou a obrigar o Congresso a castrar
suas prerrogativas constitucionais e fortalecer as atribuições
do Presidente da República. A manobra da renúncia fracassou
(...)" (pg. 19).
Morreu em 16
de fevereiro de 1992 na cidade de São Paulo.
Manuel
de Borba Gato
(c.1630-1718),
bandeirante brasileiro. Como genro de Fernão Dias Pais, acompanhou
o sogro nas buscas de esmeraldas na lendária região de Sabarabuçu,
em Minas Gerais. Foi o descobridor do ouro do rio das Velhas
e primeiro povoador da área, sendo designado capitão-mor do
distrito em 1700. Como recompensa pelas descobertas recebeu
imensas sesmarias em Minas Gerais e foi diversas vezes designado
superintendente-geral das minas. Fundou a cidade de Sabará,
onde morreu.
Marechal
Deodoro da Fonseca (1827 - 1892)
Comandante das
armas do Rio Grande do Sul em 1886, o Marechal Deodoro da
Fonseca, interferiu na Questão Militar confrontando-se diretamente
com o presidente do Conselho dos Ministros, o Barão de Cotegipe
e com o Imperador. Acalmada a situação, Deodoro se encontrava
com grande popularidade na classe militar. E ele, que era
ideologicamente monarquista, liderou ao lado de Benjamin Constant
o movimento militar que levaria `a proclamação da República.
No dia 15 de
novembro de 1889, enfermo, Deodoro demitiu o Gabinete Liberal.
E nesse mesmo dia, com a manifestação pública liderada por
José do Patrocínio que se dirigiu a sua casa, o Marechal Deodoro
da Fonseca proclamou a República dos Estados Unidos do Brasil.
O trabalho dos republicanos para convencê-lo aliado ao boato
de que seria emitida uma ordem de prisão contra ele e a sua
insatisfação com as atitudes do goverrno o fizeram mudar de
idéia.
Deodoro foi o
escolhido para chefiar o Governo Provisório e sua primeira
medida foi assegurar uma pensão para a família real e exigir
o seu exílio. Instalou no ministério seus correligionários,
a maioria sem experiência política, cujas medidas e decretos
nem sempre causaram boa repercussão.
Candidato à presidência
venceu com um pequena margem de votos e, revoltado com a situação
de falta de apoio em que se encontrava, fechou o Congresso
Nacional e prendeu os líderes da oposição no final de 1891.
Ao mesmo tempo, movimentos grevistas e a situação caótica
da economia agitavam o país. A marinha se revoltou com o apoio
do vice, Floriano Peixoto. Deodoro só tinha uma saída e renunciou
no dia 23 de novembro de 1891. Menos de dois anos depois Deodoro
faleceu e, tendo dispensado honras militares em seu enterro,
foi sepultado em trajes civis.
Marechal
Hermes da Fonseca (1855 - 1923)
Nascido no Rio
Grande do Sul, Hermes Rodrigues da Fonseca, sobrinho de Deodoro
da Fonseca, ingressou na Escola Militar aos 16 anos. Quando
se formou passou a servir o Império como ajudante de ordens
de Conde D'Eu. Com a república foi convidado pelo tio para
ajudante-de-campo e secretário militar. Passou a acumular
cargos administrativos até alcançar o Ministério do Exército
e o Supremo Tribunal Federal no governo de Campos Sales.
Com Afonso Pena
no poder, Hermes da Fonseca manteve seu cargo no ministério
até pedir demissão devido à discussão na Câmara sobre a participição
dos militares na vida política do país. Lançou sua candidatura
em oposição a Rui Barbosa e pela primeira vez no regime republicano
se instalou um clima de campanha eleiotoral com a disputa
entre civilistas e hermistas. Com o convite de Nilo Peçanha
para que retornasse ao cargo no ministério, Hermes da Fonseca
se fortaleceu e venceu as eleições de 1910.
Chegou ao poder
com grande popularidade, mas o primeiro grave problema de
sua gestão, a Revolta da Chibata, veio fragilizar a sua imagem.
Para conter o movimento ordenou o bombardeio aos portos. Logo
outra revolta veio conturbar o seu governo, a Revolta do Contestado,
que não chegou a ser debelada até o final de seu governo.
O mandato de Hermes da Fonseca, que terminou em 1914, se caracterizou
no quadro político principalmente pela política das salvações.
Se elegeu senador
pelo Rio Grande do Sul, mas renunciou antes de iniciar o mandato,
partindo para a Europa de onde retornaria em 1920. Durante
o governo de Epitácio Pessoa, foi preso como presidente do
Clube Militar devido a uma conspiração militar feita contra
o governo, sendo solto seis meses depois. O marechal Hermes
da Fonseca morreu em Petrópolis.
Nilo
Peçanha (1867 - 1924)
Nascido em Campos
em 1867, Nilo Procópio Peçanha se formou em direito aos vinte
anos de idade. Abolicionista e republicano, sua carreira política
se iniciou como deputado na Constituinte de 1890/91, seguindo
com a eleição para senador e presidente do Rio de Janeiro
em 1903 e para vice-presidente da república em 1906.
Assumindo o poder
após a morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha governou o Brasil
de junho de 1909 a novembro de 1910. O clima no país era de
confusão e o novo presidente tentara acalmar os ânimos e equilibrar
os interesses. O clima de disputa entre os hermistas e civilistas
era acirrado e Nilo Peçanha tentou se manter em uma posição
de neutralidade em relação à questão. A consequência não foi
a esperada, tendo as duas partes desconsiderado sua atitude
passando a lhe fazer forte oposição.
Nilo Peçanha
ao terminar o mandato após dezessete meses de trabalho havia
seguido o programa econômico de Afonso Pena, tendo se destacado
pela reforma do Ministério da Agricultura que incentivava
a policultura e se dedicado às questões sociais, criando o
Serviço de Proteção aos Índios, além da Escola de Aprendizes
Artífices e da Locação de Trabalhadores Nacionais.
Em 1914 foi eleito
novamente para a presidência do estado do Rio de Janeiro,
tendo renunciado três anos depois para ocupar o Ministério
das Relações Exteriores do governo Wenceslau Brás, quando
foi declarada a guerra contra o Império Alemão. Em 1918 foi
eleito Senador, cargo que ocupava quando concorreu nas eleições
de 1922 para a presidência da república contando com o apoio
do movimento Reação Republicana. Perdeu para Artur Bernardes.
Prudente
de Moraes (1841 - 1902)
Adepto do partido
republicano, Prudente José de Moraes e Barros foi eleito deputado
por São Paulo em 1884, juntamente com Campos Sales. Após a
república participou da junta governativa do mesmo estado,
assumindo logo depois o posto de governador. Em 1890 foi eleito
senador e presidente do Congresso Nacional.
Nas eleições presidenciais
de 1891 concorreu pela primeira vez ao cargo tendo perdido
para Deodoro da Fonseca por uma pequena margem de votos. Três
anos mais tarde foi eleito primeiro presidente civil do Brasil,
tomando atitudes em prol da pacificação do país que se encontrava
bastante conturbado com a instalação da república. Anistiou
os presos da Revolta Armada, acalmou a Revolução Federalista
e enfrentou a revolta de Canudos, tendo a massacrado definitivamente
em 1897.
No entanto, apesar
de seu prestígio com os civis e do apoio das forças políticas,
se encontrou em conflito com o exército, tendo até mesmo sofrido
um atentado, do qual saiu vítima o Marechal Carlos Bittencourt,
seu ministro da guerra. Com o acontecimento e a descoberta
de intelectuais envolvidos no atentado, Prudente de Moraes
declarou estado de sítio por alguns poucos dias em que as
interferências políticas foram difíceis de ser contidas.
Prudente de Moraes
resitiu ao atentado, à revolta de Canudos, à tentativa de
seu vice, Manuel Vitorino, que durante a sua ausência por
motivos de saúde (de novembro de 1896 a março de 1897) tentou
destituí-lo do poder e ao declínio da economia cafeeira pelo
qual não pode fazer quase nada. Terminava seu mandato em 1898.
Rodrigues
Alves (1848 - 1919)
Francisco de
Paula Rodrigues Alves foi eleito em 1902 com o segundo maior
número de votos da República Velha, perdendo apenas para Washington
Luís. Como havia sido conselheiro do Império e ideologicamente
monarquista, encontrou uma certa resistência ao seu mandato.
Mas a experiência de quem já ocupara diversos cargos públicos,
entre eles o ministério da fazenda nos governos de Floriano
Peixoto e de Prudente de Moraes, fez do governo de Rodrigues
Alves uma época de grandes mudanças.
No campo econômico
seguia com a política de Campos Sales, mas insentivava o desenvolvimento
com investimentos estatais na medida que não apostava numa
iniciativa privada suficiente. Melhorou a aparelhagem dos
portos, instruiu Pereira Passos a urbanizar a capital, além
de entregar a Oswaldo Cruz a tarefa de sanear a cidade e de
nomear para ministro das relações exteriores o Barão de Rio
Branco, responsável pela resolução de inúmeras questões territoriais
de maneira pacífica. Rodrigues Alves enfrentou ainda as epidemias
de peste bubônica e febre amarela e as revoltas contra a vacinação
obrigatória de Oswaldo Cruz, atacado pelo Congresso, pela
imprensa e pelo povo. As revoltas se extenderam ao campo militar,
mas não conseguiram intimidar o presidente.
No campo político
se desentendeu com as oligarquias ao recusar uma proposta
do Convênio de Taubaté para alteração do sistema monetário,
passando a sofrer forte oposição. Mas apesar disso se reelegeu
nas eleições de 1918, sem conseguir, no entanto, tomar posse
do cargo. Já bastante doente se dirigiu ao Rio de Janeiro
esperando se recuperar, mas permaneceu doente até o início
do ano seguinte, quando faleceu.
Wenceslau
Brás (1868 - 1966)
Nascido em Minas
Gerais, Wenceslau Brás Pereira Gomes se formou em direito
em São Paulo em 1890. Exerceu a profissão de volta ao seu
estado, primeiro como promotor e depois como advogado, sendo
nomeado em 1898 para Secretário do Interior do Estado de Minas
Gerais. Eleito para a Câmara em 1903, se tornou um dos principais
líderes sendo reeleito em 1906. Dois anos depois renunciou
ao cargo para assumir o governo de seu estado natal.
Foi eleito vice-presidente
e presidente da república nas eleições consecutivas de 1910
e 1914. Como presidente encontrou um país balançado pela Guerra
do Contestado, difícil de ser controlada pela extensão do
território onde ocorreu. E só com dois anos de governo a revolta
foi dissipada, deixando um enorme saldo de mortos entre soldados
e sertanejos.
Outros problemas
nacionais e internacionais fizeram parte do quadro complicado
que foi o mandato de Wenceslau Brás. A Primeira Guerra Mundial
que estourou na Europa e que contou com a participação de
tropas brasileiras que, apesar de não terem lutado em combate,
causaram um clima de tensão no país. A epidemia de gripe espanhola
que se alastrou por todo mundo causando diversas mortes também
no Brasil. O assassinato de Pinheiro Machado, vice-predidente
do Senado e líder do partido republicano. Enfim, inúmeros
acontecimentos dramáticos que faziam da situação caótica.
Ao fim de seu
mandato, em 1918, Wenceslau Brás havia controlado os problemas
de seu governo e, sem grandes problemas de oposição, a questão
sucessória foi facilmente resolvida seguindo a política do
café com leite. Seguiu para Itajubá e se afastou da vida pública.
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