Biografias
 
 

 

Afonso Pena (1847 - 1909)

Afonso Augusto Moreira Pena nasceu em Minas Gerais no ano de 1847 e se formou em direito aos 23 anos. Exerceu a profissão em seu estado natal até se eleger deputado em seguidas eleições de 1874 a 1889. Ocupou ainda os ministérios da Guerra, da Agricultura e da Justiça. Com a república presidiu a Assembléia Constituinte de Minas Gerais e ocupou a presidência do estado.

Em 1902 foi vice-presidente de Rodrigues Alves e em 1906 confirmava a política do café com leite representando a oligarquia de Minas Gerais na presidência da república. Ao assumir o governo, Afonso Pena manteve Rio Branco na pasta das Relações Exteriores e o Marechal Hermes da Fonseca como ministro do Exército, mas para compor os outros ministérios chamou uma série de jovens políticos que lhe obedeciam cegamente, lhe proporcionando grande poder de ação.

Seu governo foi desgastado principalmente pela questão sucessória pela qual seu indicado David Campista, ministro da Fazenda, foi rejeitado, e pela discussão no Congresso sobre a participação dos militares no poder que culminou na demissão de Hermes da Fonseca e no lançamento de sua candidatura contra Rui Barbosa.

Afonso Pena morreu antes de solucionada a questão sucessiva. O cargo presidencial passava para as mãos de Nilo Peçanha.


 

Artur Bernardes (1875 - 1955)

Artur da Silva Bernardes nasceu em Minas Gerais, se formou em direito em 1900 e iniciou sua vida política como vereador por Viçosa em 1906. Seguiu sendo eleito deputado estadual e federal e nomeado Secretário das Finanças do seu estado natal.

Era presidente de Minas Gerais quando concorreu à presidência da república nas eleições de 1922 contra Nilo Peçanha. Venceu após uma conturbada campanha eleitoral e ao assumir o cargo era bastante impopular em meio ao povo e ao exército. O que foi agravado com a deposição do governador do Rio de Janeiro pertencente a Reação Republicana.

A guerra civil ocorrida no Rio Grande do Sul em 1923 e a Revolução antibernadista da cidade de São Paulo em 1924 agitaram o seu governo. A primeira durou quase um ano e foi contida pelo ministro da Guerra, Setembrino de Carvalho. A segunda se extendeu por um mês de bombardeios das tropas legalistas, e gerou a Coluna Prestes.

Das questões internacionais a que mais se destacou no seu governo foi a retirada do país da Sociedade das Nações Unidas. E na política interna, devido às revoltas e à crise política em que se encontrava, Artur Bernardes solicitou ao Congresso Nacional uma reforma constitucional. Em 1926 passou seu cargo para Washington Luís.

Em 1827 foi eleito senador e a partir daí se envolveu com o movimento da Aliança Liberal que encerrou a primeira república e com a Revolução Constitucionalista de São Paulo que lhe rendeu a prisão e o exílio. Em 1934 foi anistiado e voltou ao Brasil assumindo a presidência do partido republicano mineiro. Um ano depois foi eleito deputado federal e permaneceu no cargo até a dissolução do Legislativo em 1937. Participou da Assembléia Constituinte de 46 e foi novamente deputado federal em 1954. Um ano depois, o fundador do Partido Republicano faleceu na capital.


Campos Sales (1841 - 1913)

Manuel Ferraz de Campos Sales era em 1872 um dos grandes líderes da facção paulista republicana. Na convenção republicana de Itu, realizada em 1873, defendeu a indenização dos proprietários de escravos na questão do abolicionismo, representando uma segurança para os senhores aristocratas. Em 1884 era deputado pelo partido em São Paulo e tomava uma atitude de neutralidade sem apoiar liberais nem conservadores. Seu próximo cargo político foi o de Ministro da Justiça no governo de Deodoro da Fonseca.

Eleito em 1898 para a presidência da república, Campos Sales se dedicou basicamente aos problemas de ordem econômica, que não eram poucos num país que se encontrava falido após sucessivas revoltas dentro do seu território. Em viagem para a Europa negociou o funding-loan, tratado assinado com banqueiros ingleses que marcou o início da sua política deflacionária. Com o objetivo de controlar a oposição instalou a chamada Política dos Governadores que era um acordo entre governo e as principais oligarquias. As dissidências praticamente isoladas do poder político se tornaram cada vez mais radicais e passaram a representar uma forte oposição.

Ao fim de seu governo, Campos Sales ganhara uma enorme impopularidade, pois mesmo tendo melhorado a situação do tesouro, empobrecera ainda mais as camadas populares. Vaiado e apedrejado em sua saída do Catete, deixou um ambiente de tensão para o seu sucessor Rodrigues Alves. Campos Sales chegou a ser cogitado para reeleição em 1906, mas desistiu apesar de seu desejo de reparar as vaias recebidas ao deixar ao governo.


Epitácio Pessoa (1865 - 1942)

Com a proclamação da república, o advogado Epitácio da Silva Pessoa foi nomeado Secretário Geral do governo da Paraíba, se elegendo para a Assembléia Constituinte de 1890/91 pelo mesmo estado. Seguiu sua carreira política como Ministro da Justiça no governo Campos Sales, como senador pela Paraíba em 1912 e como representante do Brasil na Conferência da Paz na cidade de Versalhes em 1919. Ainda nesse mesmo ano concorreu com Rui Barbosa à Presidência da República obtendo uma fácil vitória.

Durante o seu governo foi instalada a Universidade do Rio de Janeiro, a primeira organizada no país, foi revogada a lei que proibia a família real no Brasil, iniciou-se a obra de afastamento do monte Castelo na capital e foi feito um corte nas despesas do Orçamento da República. Epitácio Pessoa enfrentou ainda graves problemas de seca no nordeste construindo açudes e extendendo as ferrovia e rodovias da região.

Mas a principal questão do seu governo foi em relação aos militares. Ao assumir o governo nomeou ministros civis inclusive para as pastas militares, deixando clara a sua intenção de afastar os militares do poder. Foi organizada, então, uma conspiração da classe militar contra o governo, que quando descoberta culminou no fechamento do clube militar e na prisão do Marechal Hermes da Fonseca. Militares solidários a ele se confrontaram com as tropas legalistas na Avenida Atlântica num episódio que ficou conhecido como 18 do forte.

Controlada a rebelião, Epitácio Pessoa organizou a comemoração do Centenário da Independência. Em novembro de 1922 encerrou o seu mandato entregando o cargo a Artur Bernardes e assumindo o cargo de juiz na Corte Internacional de Haia. Com a morte de seu sobrinho, João Pessoa, se afastou da vida política.


Eurico Gaspar Dutra (1883 - 1974)

Décimo sexto presidente do Brasil, no período de 1946 a 1950. Eurico Gaspar Dutra nasceu em 18 de maio de 1883, na cidade de Cuiabá, no estado de Mato Grosso. Tomou parte na luta contra os revolucionários de 1932. Nesse ano foi promovido a general de brigada e nomeado Diretor da Aviação Militar (1933). Chegou ao posto de general de divisão em 1935. Organizou a Força Expedicionária Brasileira, como Ministro da Guerra. Filho de José Florêncio Dutra e Maria Justina Dutra, desenvolveu uma carreira militar durante a sua vida. Em 1946 assumiu a Presidência da República. Morreu em 1974, no dia 11 de junho, no Rio de Janeiro.


Floriano Peixoto (1839 - 1895)

Floriano Vieira Peixoto nasceu em uma família simples de Alagoas e só conseguiu ingressar na Escola Militar com a indicação de um parente senhor de engenho. Ocupava patentes baixas do exército até a sua participação na Guerra do Paraguai, quando passou a tenente corenel. Encarregado de serviços burocráticos desde então recebeu o posto de comandante e presidente das armas da província de Mato Grosso em 1884. Dentro da política, ingressou no Partido Liberal e durante o ministério de Ouro Preto ocupou a posição de ajudante-general do exército.

Nas eleições de 1891 foi eleito vice de Deodoro da Fonseca. Mas Floriano continuava na oposição, apoiando a revolta contra a sua tentativa de instalar um regime ditadorial que culminou na renúncia do presidente e na ocupação do cargo por ele.

Retirou do poder os interventores dos estados que haviam apoiado as atitudes de Deodoro. A partir daí diversas rebeliões se espalharam por todo o país exigindo o seu retorno ao poder. Entre elas a Revolta Armada e a Revolução Federalista. Com diversas manobras políticas e militares Floriano foi acalmando as revoluções, até que com o apoio de nações estrangeiras (França, Itália e Estados Unidos) tudo definitivamente se resolveu em outubro de 1893. Graças a suas vitórias contra as rebeliões recebeu o apelido de Marechal de Ferro. Os três anos de seu governo haviam representado três anos de guerras e ditadura militar.

Com força política suficiente para tentar um golpe e para indicar um candidato, Floriano Peixoto, com problemas de saúde aceitou a candidatura de Prudente de Moraes e deixou o poder em 1894. Morreu uma ano depois isolado da vida política numa fazenda em Barra Mansa.


Getúlio Vargas

Décimo quarto presidente do Brasil. Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja (RS) a 19 de abril de 1883. Filho de Manuel do Nascimento Vargas e Cândida Dornelles Vargas, formou-se em direito em 1907. Iniciou sua carreira política em 1909 como deputado estadual. Foi chefe do governo provisório depois da Revolução de 30, presidente eleito pela constituinte em 17 de julho de 1934, até a implantação da ditadura do Estado Novo em 10 de novembro de 1937. Foi deposto em 29 de outubro de 1945, mas voltou à presidência em 31 de janeiro de 1951. Por volta de 1894 vai estudar em Ouro Preto (MG) na Escola de Minas. Em 1898 torna-se soldado na guarnição de São Borja e em 1900 matricula-se na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo (RS). Não permaneceu lá por muito tempo, foi transferido para Porto Alegre (RS) a fim de terminar o serviço militar. Em março de 1904, matricula-se na faculdade de direito de Porto Alegre, onde conhece dois cadetes da escola militar, Pedro Aurélio de Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, dedicando então ao estudo das obras de Júlio de Castilhos (fundador do Partido Republicano no Rio Grande do Sul). Formou-se em dezembro de 1907, começando a trabalhar como segundo promotor público no tribunal de Porto Alegre, mas voltou a sua cidade natal, São Borja, para trabalhar como advogado. Em 1909 elegeu-se deputado estadual, e foi reeleito novamente em 1913, mas renunciou em sinal de protesto pela atitude tomada nas eleições por Borges de Medeiros, que governava o Rio Grande do Sul. Voltou à assembléia legislativa estadual em 1917, é reeleito em 1921. Em 1923 torna-se deputado federal, e em 1924 torna-se líder da bancada gaúcha na Câmara. Washington Luís é eleito presidente em 1926 e escolhe Getúlio Vargas como ministro da Fazenda, devido ao seu trabalho na comissão de finanças da câmara, mas ocupou o cargo por menos de um ano, sendo escolhido como candidato ao governo do Rio Grande do Sul, foi eleito, tomou posse em 25 de janeiro de 1928. No começo de 1929 Washington Luís iniciou os preparativos à sua sucessão, indicando o nome do paulista Júlio Prestes. Os políticos de Minas Gerais ficaram insatisfeitos com esta atitude, pois esperavam que Antônio Carlos, que governava aquele estado, fosse indicado de acordo com a política do café-com-leite. Com esta ruptura chegou ao fim tal política e iniciou-se a articulação de uma frente oposicional ao intento do presidente. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, unem-se para se opor à candidatura de Júlio Prestes, formando em agosto de 1929 a Aliança Liberal. Esta lança em 20 de setembro de 1929 a chapa constituída por Vargas e João Pessoa, presidente da Paraíba. Esta candidatura e o programa da Aliança contou com o apoio das camadas médias urbanas da sociedade e por nomes do Tenentismo como Siqueira Campos, João Alberto, Juarez Távora e Miguel Costa. As eleições que se realizaram no dia 1º de março de 1930 deram a vitória a Júlio Prestes. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições, afirmando que a vitória de Prestes deu-se apenas por meio da fraude. Além do mais, os deputados eleitos em estados onde a Aliança conseguiu a vitória não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí iniciou-se uma conspiração com base no Rio Grande do Sul. No dia 26 de julho de 1930 João Pessoa foi assassinado por João Dantas em Recife, por questões de ordem pessoal e políticas, servindo como estopim para uma mobilização armada, que efetivamente se realizou a partir do Rio Grande do Sul em 3 de outubro. No dia 10 Vargas partiu de trem rumo à capital federal, temia-se que uma grande batalha se realizasse em Itararé (fronteira do Estado do Paraná) onde as tropas do governo federal estavam acampadas para deter o avanço das tropas de Vargas. A batalha nunca se realizou pois os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto e mais o almirante Isaías de Noronha depuseram Washington Luís e formaram uma junta governativa. Em 3 de novembro de 1930, a junta passa o poder a Vargas que se torna chefe do governo provisório. Tratou de organizar o ministério, chamando Lindolfo Collor para o ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que foi criado no dia 26 de novembro, bem como Francisco Campos que ficou com a pasta da Educação e Osvaldo Aranha com a da Justiça. Em 1932 explodiu a revolução constitucionalista em São Paulo, este contou com o apoio de políticos de outros estados como Borges de Medeiros. A Revolução de 32 foi uma revolta patrocinada pela oligarquia paulista a pretexto de exigir do governo federal a reconstitucionalização do país. As oligarquias desejavam com isso porém, reassumir o poder através de eleições controladas pelo coronelismo. O movimento foi derrotado e Medeiros preso. Vargas porém concedeu que se realizasse as eleições para uma Assembléia Constituinte em 5 de maio de 1933. A Constituição entrou em vigor em 16 de julho de 1934, juntamente a isso o congresso realizou eleições indiretas e Vargas tornou-se presidente. O período é marcado por polarização ideológica, de um lado a ANL (Aliança Nacional Libertadora) de tendências de esquerda e a AIB (Ação Integralista Brasileira), movimento inspirado pelo nazi-fascismo. A ANL é posta fora da lei em 11 de julho de 1935. Sua extinção provocou a reação de setores militares identificados com seu programa político. Neste contexto eclodiu em novembro de 1935 a chamada Intentona Comunista liderada por Luis Carlos Prestes, esta limitou-se ao levante de algumas guarnições militares em Natal (RN), Recife (PE) e do 3º Regimento de Infantaria na Praia Vermelha e da Escola de Aviação no Rio de Janeiro. As eleições marcadas para 1938 estavam se aproximando, a oligarquia paulista lança a candidatura de Armando Sales de Oliveira, o próprio governo indicara o paraibano José Américo de Almeida. Vargas, porém, tinha idéia de permanecer no poder, a pretexto de deter os planos de um golpe por parte dos comunistas que queriam lançar o país a uma Guerra Civil (Plano Cohen). Na realidade um plano forjado no interior do próprio governo. No dia 10 de novembro de 1937 Vargas deu o golpe ordenando o cerco do Congresso Nacional e determinando o seu fechamento e fazendo um pronunciamento onde anunciava a promulgação de uma nova Constituição que substituiria a de 1934. Tal Constituição já estava sendo elaborada a algum tempo por Francisco Campos que se inspirara na Constituição autoritária da Polônia, por isso esta ficou conhecida como "A Polaca". Era o início do Estado Novo que previa a extinção dos partidos políticos, colocando na ilegalidade inclusive a Ação Integralista Brasileira. Esta elaborou uma tentativa de golpe, tomando de assalto o Palácio Guanabara em 11 de maio de 1938, mas a tentativa foi frustrada. Além da extinção dos partidos políticos, uma série de medidas fizeram-se necessárias para reprimir as oposições, tais como a nomeação de interventores para os estados, censura aos meios de comunicação realizada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Tal órgão também cuidava de difundir a ideologia do Estado Novo, censurando, arquitetando a propaganda do governo e exercendo o controle sobre a opinião pública. Em 1943 edita a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que garantia a estabilidade do emprego depois de dez anos de serviço, descanso semanal, regulamentação do trabalho de menores, da mulher e do trabalho noturno; a criação da Previdência Social e a instituição da carteira profissional, em março de 1932, para maiores de dezesseis anos que exercessem um emprego; a jornada de trabalho foi fixada em 8 horas de serviço. Em 19 de março de 1931 foi criada a Lei de Sindicalização, ou seja os estatutos dos sindicatos deveriam, a partir de então, ser aprovados pelo Ministério do Trabalho. Em outras palavras, Vargas pretendia assumir o controle do movimento operário nos moldes da Carta del Lavoro de Benito Mussolini na Itália. Vargas objetivava com esta política trabalhista, favorável aos operários, conquistar o apoio das massas populares ao governo. Tal política paternalista visava também tentar anular as influências da esquerda, desejando transformar o operariado num setor sob seu controle, para ser usado pelo jogo do poder. A crise de 1929 atingiu em cheio a economia brasileira, diminuindo nossas exportações e aumentando nossos estoques de café e baixando o preço do produto. Vargas criou em 1931 o Conselho Nacional do Café, que implementou a "política de sustentação" através da compra e queima dos excedentes que estavam estocados em depósitos do governo. A queima de 17,2 milhões de sacas em 1937 e nos anos seguintes contribuiu para a normalização do preço do produto no mercado internacional. As dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola conduziram o governo a investir no desenvolvimento industrial como saída para a nossa dependência externa. A Segunda Guerra Mundial reduziu a oferta de artigos industrializados. Isso obrigou a substituição destas importações, fomentando o desenvolvimento das indústrias locais. Implementa-se também uma política de exploração das riquezas nacionais, com o Estado participando das atividades econômicas principalmente aquelas vitais que não tinham condições de se desenvolver, é o caso da siderurgia. As medidas econômicas tinham características nacionalistas, como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, que iniciou a  construção da Usina de Volta Redonda com financiamentos norte-americanos. Isso se deu devido ao estreitamento das relações entre o Brasil e os EUA no ano de 1942, em plena guerra. Obtendo empréstimos para investir nas indústrias de base. Neste mesmo ano veio ao Brasil uma Missão Técnica que ajudou em projetos como a Companhia Vale do Rio Doce, que explorava e exportava minérios, e a Hidrelétrica de Paulo Afonso. Vargas cria também o Conselho Nacional do Petróleo que objetivava diminuir a dependência brasileira do combustível, controlando o refino e a distribuição. Em troca da ajuda norte-americana, o Brasil deu o seu apoio aos aliados na Segunda Guerra Mundial, rompendo relações diplomáticas com as nações do Eixo. Mas devido ao afundamento de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães, o Brasil declara guerra à Alemanha em 22 de agosto de 1942, enviando a FEB (Força Expedicionária Brasileira) para lutar na Itália. A participação da FEB na Segunda Guerra Mundial desempenhou um papel importante na democratização do Brasil. A luta contra o fascismo europeu foi aproveitado para dar início ao combate do fascismo interno na figura do Estado Novo. Getúlio demonstrou-se favorável em 1943 à redemocratização do país, mas só quando a guerra tivesse se encerrado. Em outubro de 1943, políticos de Minas Gerais elaboram um manifesto repudiando o Estado Novo, era o chamado "Manifesto dos Mineiros". E em 1944 começam a chegar relatórios sobre as tropas brasileiras na guerra que davam conta do desejo de redemocratização. Em 28 de fevereiro de 1945 a Constituição de 1937 recebeu um ato adicional que possibilitava fixar as eleições presidenciais e logo destacaram-se duas candidaturas a do Brigadeiro Eduardo Gomes que se opunha a Vargas e a do General Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, apoiado pelo governo. Neste período também criaram-se três partidos políticos, a UDN (União Democrática Nacional) de tendências anti-Vargas, o PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), sendo estes dois últimos criados sob a inspiração de Vargas, porém o PTB diferenciava-se, pois tinha uma base trabalhista. Em 22 de abril decreta a anistia a todos os presos políticos, inclusive Luís Carlos Prestes. Em maio (28) fixa também a data das eleições para 2 de dezembro daquele ano. A oposição temia que Getúlio proibisse a realização das eleições presidenciais. Progredia a conspiração que desejava depô-lo, o que efetivamente aconteceu em 29 de outubro de 1945, quando tropas do Exército cercaram o Catete e obrigaram-no a renunciar. A presidência foi ocupada por José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Vargas exilou-se em São Borja. Dutra é eleito presidente e Getúlio senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo e deputado federal pelo Distrito Federal além de mais seis estados. Optou pelo cargo de senador, opondo-se ao governo Dutra. Em 1950 lança-se à presidência juntamente com Café Filho pelo PTB e PSP (Partido Social Progressista). É eleito e assume o poder a 31 de janeiro de 1951. Desde o início do seu mandato sofreu forte oposição, sem conseguir o apoio que precisava para realizar reformas. Getúlio inicia a campanha de nacionalização do petróleo com o slogan "o petróleo é nosso" que culminaria com a criação da PETROBRÁS em 1953. Esta ficaria com o monopólio de perfuração e do refino, enquanto a distribuição do produto permaneceria na mão de particulares. Neste período, Vargas entra em constantes atritos com empresas estrangeiras acusadas de enviar excessivas remessas de lucro ao exterior. Em 1952 um decreto institui um limite de dez por cento para tais remessas. Em 1953 João Goulart foi nomeado para o ministério do Trabalho, tinha o objetivo de criar uma política trabalhista que aproximasse os trabalhadores do governo, aventando-se a possibilidade do aumento do salário-mínimo em cem por cento. A campanha contra o governo voltou-se então contra Goulart. Jango causava profundo descontentamento entre os militares que, em 8 de fevereiro de 1954, entregaram um manifesto ao ministério da Guerra (Manifesto dos Coronéis). Getúlio, pressionado e procurando conciliar os ânimos, aceita demitir João Goulart. Os ânimos contra Getúlio se acirram e este procura mais do que nunca amparar-se nos trabalhadores. Em 1º de maio de 1954 concede aumento de cem por cento no salário-mínimo. A oposição no congresso entra com um pedido de impeachment, porém sem sucesso. A imprensa conservadora e particularmente o jornal Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda inicia uma violenta campanha contra o governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda sofre um atentado que matou o major-aviador Rubens Florentino Vaz. O incidente teve amplas repercussões e resultou numa grave crise política. As investigações demonstraram o envolvimento de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio. Fortunato acabou sendo preso. A pressão da oposição tornou-se mais intensa, no Congresso e nos meio militares, exigia-se a renúncia de Vargas. Cria-se um clima de tensão que culmina com o tiro que Vargas dá no coração na madrugada de 24 de agosto de 1954. Antes de suicidar-se escreveu uma Carta-Testamento, na realidade seu testamento político. Onde diz coisas como: "Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.(...) Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. (...) Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História".


 

Jânio Quadros (1917-1992)

Vigésimo primeiro presidente do Brasil. Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo Grande (MT) a 25 de janeiro de 1917. Foi presidente da República em 1961, permanecendo sete meses no poder até sua renúncia.

Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1939, tornando-se a seguir professor do colégio Dante Alighieri.

Em 1948 elegeu-se vereador pelo Partido Democrata Cristão. Em 1951 foi o candidato mais votado para deputado estadual.

Em 22 de março de 1953 vence as eleições para a prefeitura de São Paulo. Jânio ganhou apoio popular com suas atitudes controvertidas e polêmicas, sempre com a promessa de "varrer" a sujeira e a corrupção do governo. Seu símbolo de campanha tornou-se uma vassoura.

Venceu, em 3 de outubro de 1954, as eleições para o governo do estado de São Paulo, apoiado pelo Partido Socialista Brasileiro e pelo Partido Trabalhista Nacional (já que havia discordâncias com o PDC).

Para as eleições presidenciais de 3 de outubro de 1955, resolve esperar e apóia a candidatura do General Juarez Távora da UDN, que acaba saindo derrotado na disputa com Juscelino Kubitschek.

Termina seu mandato de governador em 31 de janeiro de 1959, conseguindo eleger seu sucessor no governo do estado, Carlos Alberto de Carvalho Pinto.

É eleito deputado federal pelo estado do Paraná, toma posse, mas ausenta-se para empreender uma "viagem de estudos" ao redor do mundo. Foi recebido por todos os governos que visitou como convidado, entre eles Mao Tse-Tung, Nehru, Nasser, Tito, Ben Gurion, entre outros.

Voltando ao Brasil candidata-se à presidência pela UDN, e é eleito em 3 de outubro de 1960 com a maior votação que um político jamais havia alcançado no Brasil, 5.636.632 votos, bem à frente do segundo colocado o Marechal Henrique Teixeira Lott.

A burguesia brasileira, aliada aos interesses norte-americanos e militares de alta-patente, identificaram-se com vários pontos do programa político de Jânio Quadros.

No poder procurou restabelecer o equilíbrio das finanças do país, tomando medidas anti-inflacionárias, limitou a remessa de lucros para o exterior e apurou denúncias de corrupção.

Mesmo na presidência, porém, Jânio continuava controverso e conflitante, adotou uma política externa independente, aproximando-se de países socialistas como a China e a URSS, provocando uma grande reação da direita no país, principalmente da parte de Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara.

A própria opinião pública que sempre o apoiou, reagiu a algumas de suas medidas, como a proibição do biquíni, das brigas-de-galo e a regulamentação das corridas de cavalo.

Jânio demonstrou simpatia pela Revolução Cubana, chegando a condecorar Ernesto Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul em 19 de agosto de 1961. Lacerda veio ao público pela televisão para acusar Jânio de querer entregar o Brasil ao comunismo. A pressão política tornou-se forte e, a 25 de agosto de 1961, renuncia, deixando um carta alegando "forças terríveis" como o principal motivo de sua atitude.

O poder deveria ser ocupado pelo vice-presidente João Goulart, que se encontrava em visita à República Popular da China. A direita aproveitou a oportunidade para tentar impedir a posse de Goulart, acusando-o de estar comprometido com os comunistas. Iniciava-se aí o processo que levaria ao Golpe de 64.

Para garantir a posse de Goulart, levantou-se o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Jango. A situação se agrava e poderia degenerar numa guerra civil. O Congresso aprova então uma emenda que instaurava o regime parlamentarista no Brasil.

Enquanto Jango não chegava, a presidência foi ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.

Dois dias após a renúncia, Jânio embarcou numa viagem ao exterior. Volta ao Brasil e em 1962 disputa as eleições para o governo do estado de São Paulo, perdendo para Ademar de Barros.

Com o Golpe de 64 teve cassado seus direitos políticos, cessando aí lentamente sua participação política, até reaparecer de novo nas eleições para prefeito de São Paulo em 1985, quando disputou e venceu o candidato Fernando Henrique Cardoso. Como sempre sua gestão na prefeitura foi polêmica.

Segundo o historiador Jacob Gorender em seu livro Combate nas Trevas: "Jânio imaginou que podia governar o país como fez com o estado de São Paulo, isto é, sem compromissos partidários. O seu distanciamento da UDN, que o ajudou a vencer o páreo eleitoral, foi detectado e Carlos Lacerda iniciou a escalada de acusações escandalosas. Mal completados sete meses de governo, a renúncia de Jânio a 25 de agosto de 1961 visou a obrigar o Congresso a castrar suas prerrogativas constitucionais e fortalecer as atribuições do Presidente da República. A manobra da renúncia fracassou (...)" (pg. 19).

Morreu em 16 de fevereiro de 1992 na cidade de São Paulo.


Manuel de Borba Gato

(c.1630-1718), bandeirante brasileiro. Como genro de Fernão Dias Pais, acompanhou o sogro nas buscas de esmeraldas na lendária região de Sabarabuçu, em Minas Gerais. Foi o descobridor do ouro do rio das Velhas e primeiro povoador da área, sendo designado capitão-mor do distrito em 1700. Como recompensa pelas descobertas recebeu imensas sesmarias em Minas Gerais e foi diversas vezes designado superintendente-geral das minas. Fundou a cidade de Sabará, onde morreu.

 


 

Marechal Deodoro da Fonseca (1827 - 1892)

Comandante das armas do Rio Grande do Sul em 1886, o Marechal Deodoro da Fonseca, interferiu na Questão Militar confrontando-se diretamente com o presidente do Conselho dos Ministros, o Barão de Cotegipe e com o Imperador. Acalmada a situação, Deodoro se encontrava com grande popularidade na classe militar. E ele, que era ideologicamente monarquista, liderou ao lado de Benjamin Constant o movimento militar que levaria `a proclamação da República.

No dia 15 de novembro de 1889, enfermo, Deodoro demitiu o Gabinete Liberal. E nesse mesmo dia, com a manifestação pública liderada por José do Patrocínio que se dirigiu a sua casa, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República dos Estados Unidos do Brasil. O trabalho dos republicanos para convencê-lo aliado ao boato de que seria emitida uma ordem de prisão contra ele e a sua insatisfação com as atitudes do goverrno o fizeram mudar de idéia.

Deodoro foi o escolhido para chefiar o Governo Provisório e sua primeira medida foi assegurar uma pensão para a família real e exigir o seu exílio. Instalou no ministério seus correligionários, a maioria sem experiência política, cujas medidas e decretos nem sempre causaram boa repercussão.

Candidato à presidência venceu com um pequena margem de votos e, revoltado com a situação de falta de apoio em que se encontrava, fechou o Congresso Nacional e prendeu os líderes da oposição no final de 1891. Ao mesmo tempo, movimentos grevistas e a situação caótica da economia agitavam o país. A marinha se revoltou com o apoio do vice, Floriano Peixoto. Deodoro só tinha uma saída e renunciou no dia 23 de novembro de 1891. Menos de dois anos depois Deodoro faleceu e, tendo dispensado honras militares em seu enterro, foi sepultado em trajes civis.

 


 

Marechal Hermes da Fonseca (1855 - 1923)

Nascido no Rio Grande do Sul, Hermes Rodrigues da Fonseca, sobrinho de Deodoro da Fonseca, ingressou na Escola Militar aos 16 anos. Quando se formou passou a servir o Império como ajudante de ordens de Conde D'Eu. Com a república foi convidado pelo tio para ajudante-de-campo e secretário militar. Passou a acumular cargos administrativos até alcançar o Ministério do Exército e o Supremo Tribunal Federal no governo de Campos Sales.

Com Afonso Pena no poder, Hermes da Fonseca manteve seu cargo no ministério até pedir demissão devido à discussão na Câmara sobre a participição dos militares na vida política do país. Lançou sua candidatura em oposição a Rui Barbosa e pela primeira vez no regime republicano se instalou um clima de campanha eleiotoral com a disputa entre civilistas e hermistas. Com o convite de Nilo Peçanha para que retornasse ao cargo no ministério, Hermes da Fonseca se fortaleceu e venceu as eleições de 1910.

Chegou ao poder com grande popularidade, mas o primeiro grave problema de sua gestão, a Revolta da Chibata, veio fragilizar a sua imagem. Para conter o movimento ordenou o bombardeio aos portos. Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Revolta do Contestado, que não chegou a ser debelada até o final de seu governo. O mandato de Hermes da Fonseca, que terminou em 1914, se caracterizou no quadro político principalmente pela política das salvações.

Se elegeu senador pelo Rio Grande do Sul, mas renunciou antes de iniciar o mandato, partindo para a Europa de onde retornaria em 1920. Durante o governo de Epitácio Pessoa, foi preso como presidente do Clube Militar devido a uma conspiração militar feita contra o governo, sendo solto seis meses depois. O marechal Hermes da Fonseca morreu em Petrópolis.


Nilo Peçanha (1867 - 1924)

Nascido em Campos em 1867, Nilo Procópio Peçanha se formou em direito aos vinte anos de idade. Abolicionista e republicano, sua carreira política se iniciou como deputado na Constituinte de 1890/91, seguindo com a eleição para senador e presidente do Rio de Janeiro em 1903 e para vice-presidente da república em 1906.

Assumindo o poder após a morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha governou o Brasil de junho de 1909 a novembro de 1910. O clima no país era de confusão e o novo presidente tentara acalmar os ânimos e equilibrar os interesses. O clima de disputa entre os hermistas e civilistas era acirrado e Nilo Peçanha tentou se manter em uma posição de neutralidade em relação à questão. A consequência não foi a esperada, tendo as duas partes desconsiderado sua atitude passando a lhe fazer forte oposição.

Nilo Peçanha ao terminar o mandato após dezessete meses de trabalho havia seguido o programa econômico de Afonso Pena, tendo se destacado pela reforma do Ministério da Agricultura que incentivava a policultura e se dedicado às questões sociais, criando o Serviço de Proteção aos Índios, além da Escola de Aprendizes Artífices e da Locação de Trabalhadores Nacionais.

Em 1914 foi eleito novamente para a presidência do estado do Rio de Janeiro, tendo renunciado três anos depois para ocupar o Ministério das Relações Exteriores do governo Wenceslau Brás, quando foi declarada a guerra contra o Império Alemão. Em 1918 foi eleito Senador, cargo que ocupava quando concorreu nas eleições de 1922 para a presidência da república contando com o apoio do movimento Reação Republicana. Perdeu para Artur Bernardes.

 


Prudente de Moraes (1841 - 1902)

Adepto do partido republicano, Prudente José de Moraes e Barros foi eleito deputado por São Paulo em 1884, juntamente com Campos Sales. Após a república participou da junta governativa do mesmo estado, assumindo logo depois o posto de governador. Em 1890 foi eleito senador e presidente do Congresso Nacional.

Nas eleições presidenciais de 1891 concorreu pela primeira vez ao cargo tendo perdido para Deodoro da Fonseca por uma pequena margem de votos. Três anos mais tarde foi eleito primeiro presidente civil do Brasil, tomando atitudes em prol da pacificação do país que se encontrava bastante conturbado com a instalação da república. Anistiou os presos da Revolta Armada, acalmou a Revolução Federalista e enfrentou a revolta de Canudos, tendo a massacrado definitivamente em 1897.

No entanto, apesar de seu prestígio com os civis e do apoio das forças políticas, se encontrou em conflito com o exército, tendo até mesmo sofrido um atentado, do qual saiu vítima o Marechal Carlos Bittencourt, seu ministro da guerra. Com o acontecimento e a descoberta de intelectuais envolvidos no atentado, Prudente de Moraes declarou estado de sítio por alguns poucos dias em que as interferências políticas foram difíceis de ser contidas.

Prudente de Moraes resitiu ao atentado, à revolta de Canudos, à tentativa de seu vice, Manuel Vitorino, que durante a sua ausência por motivos de saúde (de novembro de 1896 a março de 1897) tentou destituí-lo do poder e ao declínio da economia cafeeira pelo qual não pode fazer quase nada. Terminava seu mandato em 1898.


Rodrigues Alves (1848 - 1919)

Francisco de Paula Rodrigues Alves foi eleito em 1902 com o segundo maior número de votos da República Velha, perdendo apenas para Washington Luís. Como havia sido conselheiro do Império e ideologicamente monarquista, encontrou uma certa resistência ao seu mandato. Mas a experiência de quem já ocupara diversos cargos públicos, entre eles o ministério da fazenda nos governos de Floriano Peixoto e de Prudente de Moraes, fez do governo de Rodrigues Alves uma época de grandes mudanças.

No campo econômico seguia com a política de Campos Sales, mas insentivava o desenvolvimento com investimentos estatais na medida que não apostava numa iniciativa privada suficiente. Melhorou a aparelhagem dos portos, instruiu Pereira Passos a urbanizar a capital, além de entregar a Oswaldo Cruz a tarefa de sanear a cidade e de nomear para ministro das relações exteriores o Barão de Rio Branco, responsável pela resolução de inúmeras questões territoriais de maneira pacífica. Rodrigues Alves enfrentou ainda as epidemias de peste bubônica e febre amarela e as revoltas contra a vacinação obrigatória de Oswaldo Cruz, atacado pelo Congresso, pela imprensa e pelo povo. As revoltas se extenderam ao campo militar, mas não conseguiram intimidar o presidente.

No campo político se desentendeu com as oligarquias ao recusar uma proposta do Convênio de Taubaté para alteração do sistema monetário, passando a sofrer forte oposição. Mas apesar disso se reelegeu nas eleições de 1918, sem conseguir, no entanto, tomar posse do cargo. Já bastante doente se dirigiu ao Rio de Janeiro esperando se recuperar, mas permaneceu doente até o início do ano seguinte, quando faleceu.


Wenceslau Brás (1868 - 1966)

Nascido em Minas Gerais, Wenceslau Brás Pereira Gomes se formou em direito em São Paulo em 1890. Exerceu a profissão de volta ao seu estado, primeiro como promotor e depois como advogado, sendo nomeado em 1898 para Secretário do Interior do Estado de Minas Gerais. Eleito para a Câmara em 1903, se tornou um dos principais líderes sendo reeleito em 1906. Dois anos depois renunciou ao cargo para assumir o governo de seu estado natal.

Foi eleito vice-presidente e presidente da república nas eleições consecutivas de 1910 e 1914. Como presidente encontrou um país balançado pela Guerra do Contestado, difícil de ser controlada pela extensão do território onde ocorreu. E só com dois anos de governo a revolta foi dissipada, deixando um enorme saldo de mortos entre soldados e sertanejos.

Outros problemas nacionais e internacionais fizeram parte do quadro complicado que foi o mandato de Wenceslau Brás. A Primeira Guerra Mundial que estourou na Europa e que contou com a participação de tropas brasileiras que, apesar de não terem lutado em combate, causaram um clima de tensão no país. A epidemia de gripe espanhola que se alastrou por todo mundo causando diversas mortes também no Brasil. O assassinato de Pinheiro Machado, vice-predidente do Senado e líder do partido republicano. Enfim, inúmeros acontecimentos dramáticos que faziam da situação caótica.

Ao fim de seu mandato, em 1918, Wenceslau Brás havia controlado os problemas de seu governo e, sem grandes problemas de oposição, a questão sucessória foi facilmente resolvida seguindo a política do café com leite. Seguiu para Itajubá e se afastou da vida pública.