ENTRE VIRTUDES E EXCESSOS

Álbum duplo ao vivo prepara a volta do Guns N' Roses

Os Guns N' Roses foram os maiores. Durante meia década, algo entre 1987 e 1992, eles eram a banda mais perigosa do planeta. Bebiam demais, tomavam drogas demais e pegavam mulheres demais. O cantor, Axl Rose, tinha um carisma enorme no palco. Fora dele, batia nas namoradas, criava confusão com policiais e jogava cadeiras em fotógrafos. Os Guns N' Roses, enfim, eram um barato.
Tudo no rock passa rápido. Em 1992, os Guns N'Roses já não eram tão bacana assim. O furacão grunge inviabilizou o hard rock de arena - 'farofa' - praticado por Axl e confrades.
Tudo no rock, realmente, passa rápido. Os Guns N' Roses andam sumidos. O grunge finou-se. Assim, Live Era '87-'93 surge num mundo pop incerto, coalhado de bandas respeitáveis, mas em vacância de poder.
Live Era é um disco duplo ao vivo com 22 faixas. Traz gravações ao vivo em 87 e 93, sem registro dos locais. Live Era foi lançado pela gravadora Geffen (leia-se Universal) com dois objetivos: um imediado, outro a médio prazo.
O imediato: vender, claro. Live Era chegou para o Natal, como lançamento de grande banda (dos Titãs ao Metallica). E os arqueteiros pop garantem que os Guns ainda são uma grande banda, mesmo sem gravar um álbum de inéditas desde os dois UYI (1991), mesmo sem lançar um CD deste TSI (disco de covers de 1993).
O objetivo a médio prazo: preparar terreno para um futuro CD da banda. Disco prometido e adiado há, pelo menos, 4 temporadas. Nesse período, Axl demitiu a banda inteira (ou quase, o tecladista Dizzy Reed ainda se dá ao trabalho de aparecer no estúdio). Com o provável nome de Chinese Democracy, o álbum está prometido para este ano ainda.
Até lá, Live Era resgata as virtudes e os excessos dos Guns. Sob a perspectiva que o tempo dá, o disco encaixa a banda na linha que vem de Rolling Stones e Led Zeppelin, passa por Humble Pie, Grand Funk Railroad e Nazareth para desembocar na Califórnia do hair metal (referência às madeixas de seus artistas). Na sua geração, de Motley Crue a Bon Jovi, os Guns sobram.
A bolacha traz os hits ostensivos (como Sweet Child o' mine e Paradise City), as baladinhas (Patience e Don't Cry) e o Guns inchado sofrendo de síndrome de Queen (Estranged e NOvember Rain). Tem ainda uma versão para It's Alright, composição menor do Black Sabbath. Todas essas faixas tem méritos.
Mas são os rocks stoneanos(Dust N'Bones, Used to love her), o roove poderoso (Mr. Brownstone) e o legítimo espírito rock n'roll (Pretty Tied Up que garantem ao Guns, de futuro incerto, um passado respeitável).

Cotação: 4 estrelas (Muito Bom)
 
 


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