NOITE FEBRIL
Acho que vi seu rosto no espelho durante a noite
Procurei-te pela casa, mas não lhe encontrei,
Senti meu rosto queimando pela febre,
Meu mundo começou a girar,
As paredes do quarto tentavam me aprisionar
Lençóis me envolviam e me aprisionavam,
Tentava dizer seu nome, mas minha garganta fechava,
O ar faltava, o peito pesava e minha consciência se esvaia.
Comecei a me perder em devaneios
Não sabia mais em que dia estava
Nada fazia sentido, escutava murmúrios, mas não os entendia
Bailarinas, ninfas e musas invadiam meu leito
E em todas elas eu só via seu rosto.
Meu corpo tremia pela sua falta,
A água não aplacava a minha sede
Minha boca cada vez mais seca necessitava do seu beijo,
Sentia fogo e gelo em minhas veias
Estava sendo consumido pela saudade.
Quando mais nada restava
Um ranger de porta me intriga e assusta,
Olho para o lado e vejo seu rosto parcamente iluminado
Seu sorriso e seus olhos me devolvem a sanidade
O calor do seu corpo afasta o frio e as dores
O gosto da sua boca me alivia a sede
E os nossos corpos juntos extinguem o fogo que me tomava.
Digo que a amo e você sorri
Sorri daquela forma que me deixa sem palavras
Seguro sua mão contra o meu peito,
Um tilintar intermitente ressoa,
Você se esvai entre meus
dedos.
Acordo, no mostrador do rádio marcam três da manhã,
Então percebo que ainda estou com febre.
Rodrigo Vellozo Romera
06/04/04