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28 de Julho de 2004
Tão solícito apareceu gentilmente estremecido o papel branco e solitariamente virtual. Frio, gelado, pedindo aquecimento de versos. Virtual como sempre foram minhas dúvidas pulverizadas no papel rabiscado do outro ou de mim ou de ninguém. Voadoras e atrasadas. As idéias se abrem como cortinas para a estréia fugaz do retorno.

No palco, letrinhas saltitantes saem correndo apavoradas. Preencher um espaço vazio, se casar com uma charmosa interrogação ou fazer sorrateira amizade com doce pensamento melado de lembrança. Simplesmente existir e fluir. No tempo errado, a parte sempre é fugitiva.

Mesmo que em meio a corpos inacabados, prematuros ou maduros. É tão delicado sentir que as idéias possam se espalhar de formas tão diferentes, peculiares artes, como um pequeno brilho no olhar. Um ouvido mais atento que o normal muitas vezes acaba por decodificar zumbidos, nada facilmente inteligíveis.

Ah. As altitudes a que chega a miniatura da vontade um pouco desengonçada. Flor de sabedoria do lótus de lamber cada segundo como se fossem únicos, últimos. Dando aviso prévio, com carinhas de anjo, os segundos são fatais. O conjunto deles então, imagine! Mas mesmo assim continuam correndo e tropeçando uns nos outros.

No mei da tarde arde um pouco de vontade de sujar, nem que seja o papel. Sujar lenços de lágrimas, blusas de barro, carro de lama, boca de beijo. Lambuzar todo meu pensar de vontades-feto. Lousas retornando na mente da foca esquentada pela fome. Lábio de lobo, exclamação esquálida, mãos de robô, reticências apocalíptica.
Vou tarde pela me   tade
p a r a   n a v e g a r
t e x t o s
r e p o r t a g e n s
l i v r o  d e  v i s i t a s
r e f r e s c o