A incorporação de novos símbolos no sacrário simbólico do Hinduísmo

 

 

 

 

O povo indiano é constituído de pessoas de todas as fés. Cidades horizontais mostram templos, mosteiros, mesquitas, igrejas e gurudwaras (Ashramas de gurus). A roda do tempo representa a teria que o tempo é uma força onisciente na vida material.

 

A Índia possui um povo muito hospitaleiro, e sua diversidade cultural e religiosa, centrada nos Vedas, e no espírito universal da unidade de Deus, se abre com muita facilidade para novas religiões, e, não raro, missigenando-se com símbolos, cânticos e procedimentos rituais, sem perder a identidade e a originalidade do sacrário tradicional.

 

Durante muitos séculos os Hindus foram massacrados por culturas exógenas, forçados a adotarem uma religião de costumes diferentes dos seus, e quando o fizeram, algumas coisas não foram demovidas da sua posição. O sacrifício da vaca, por exemplo, é um ponto irremovível do originário sagrado; sendo ela considerada uma segunda mãe, os indianos a vêem com respeito e admiração.

 

Muitos símbolos, rituais e processos de puja, de adoração à deidade, de religiões e setas, algumas até sectárias, passaram a fazer do dia a dia dos indianos. Vejamos alguns destes símbolos e sua relação com o aspecto religioso.

 

 

 

Dharmachakra, as oito regras do viver

 

 

 

Os oito raios da roda simbolizam o caminho para auto-realização, e é simbolizado pela composição do Dharmachakra. No centro, está uma grande quantidade de ignorância e maldade. Os oito raios conduzem para um outro lugar onde é mostrado o caminho para tratar com a roda da vida.

 

O Dharmachakra, ou a roda da lei é um dos mais importantes símbolos do Budismo. O Dharma (reto agir), de acordo com a visão de Buddha, é a lei pela qual todos os seres são favorecidos quando um grande número de pessoas pratica seus preceitos com fé. A roda simboliza o bom e nobre comportamento em cada pessoa. Num sentido amplo, ela é a roda da eternidade e da realidade cósmica, a qual suporta todas as mudanças. Na visão Vaishnava (seguidores de Vishu), a roda, além de referenciar ao infindável ciclo de nascimentos e morte da alma não liberada, simboliza a sudarshana, uma arma que Vishnu traz em uma das Suas mãos, e que destrói os demônios e restabelece a paz.

 

Para os budistas, a roda com oito raios simboliza o caminho da salvação, os quais Buddha ensinou. O eixo simboliza as três causas de sofrimento: má vontade, ignorância e luxúria. As oito virtudes representadas pelos raios da roda são: reta visão da vida, reta resolução para fazer o bem; reta palavra; reta conduta; reto agir na profissão; reto empenho em alcançar os objetivos; reta observação e consciência e reta concentração.


 O Jainismo, a incorporação do swástika, da meia-lua, e os três pontos

Os Jainistas crêem no ahiˆsa, ou não-violência, como o primeiro axioma da vida. Ser não violento é não causar sofrimento para qualquer criatura. É necessário ter uma atitude de abhava, ou viver pensando que todas as criaturas precisam umas das outras.

As metas dos Jainistas são: conhecimento, retidão, caráter, e salvação. Os jainistas seguem o caminho dos ensinamentos dos seus 24 Tirthankaras, e consideram o chakra e o swástika como sagrados. Estes símbolos são usados com freqüência nos rituais de adoração. Na ocasião do 2.500o do desaparecimento de Mahavira, o fundador do Jainismo, mais um símbolo foi incorporado nos rituais de adoração. Este símbolo compreende uma meia lua, três pontos, o swástica e uma palma da mão com a figura de um chakra dentro. O chakra, ou a roda do dharma, no Jainismo, possui 24 raios, cada um representando uma virtude específica, sendo que o ahimsa (não violência), é o mais proeminente. O três pontos simbolizam o conhecimento, dharma e caráter (gyan, darshan e charitra). A meia-lua é siddhashila, ou qualidade sagrada, o perfeito estado, e o ponto interno é Siddha Bhagawan, ou Deus.O completo significado deste símbolo é que todas as pessoas podem encontrar bem-aventurança através do caminho do dharma, do reto agir.

Ahimsa paramo dharma: “a não-violência é a maior das justiças”, faz parte do ideal sagrado dos Jainistas, e foi fonte de inspiração para grandes homens, como o Mahatma Ghandi.

  

Uma reprodução do símbolo do Ek Onkar, os ensinamentos do Sikhismo seguem a divindade que é única e todo poderoso. O símbolo é semelhante ao do oˆ, o som cósmico que significa divindade.

Sikhismo e o Ek Onkar – Deus é uno

O Sikhs utilizam o símbolo do EK ONKAR como significado de que Deus é uno, e Ele é satisfeito pela devoção e pela observação do Dharma. Os princípios da religião dos Sikhs estão contidos no Grande Sahib o qual é comparado aos ensinamentos dos Gurus Sikhs. Este livro é, em si mesmo, um objeto de adoração. O Sikhismo, uma da mais recentes religiões do mundo, foi fundada pelo Guru Nanak, no tempo de uma comunal e nacional desarmonia.

Duas espadas, uma adaga e um escudo, dispostos num desenho específico, também é representativo para o Sikhismo. Este símbolo é favorável para o espírito marcial da religião. Ele mostra que a pessoa que segue a sua fé está preparada para lutar pela sua crença e na rendição de sua vida na defesa de sua fé.

  

A lua crescente e a estrela juntas já era um símbolo de adoração em Bizâncio. Com a conquista destas terras pelos Turcos, ele tornou-se uma representação para a cultura Islâmica. Freqüentemente retratada nas mesquitas e dargas, ele é usado em bandeiras nacionais em muitos países Islâmicos. 

ISLAMISMO – a lua crescente é uma promessa de devoção para Allah

O Islã é, categoricamente, contra o uso de qualquer símbolo para adoração ou veneração. De qualquer modo, com a passagem do tempo, com a inabilidade do homem comum entender a sua elevada metafísica, algumas figuras foram se tornando sagradas no Islamismo.

A caligrafia do Corão é em si mesma freqüentemente utilizada como evocação devocional. A pintura da pedra de Kaba, em Meca, é outro símbolo sagrado. A lua crescente, com uma estrela, é um símbolo popular usado por sobre as mesquitas. Mas nenhum destes símbolos é utilizado o honrado em qualquer cerimônia associada no Islamismo. Este símbolo da Lua crescente com uma estrela, juntas, esteve originalmente associado com a adoração da Lua em Bizâncio. Quando os Turcos Otomanos conquistaram aquele império, eles usaram este símbolo como sinal de vitória. Mais tarde, ele tornou-se um símbolo da cultura Islâmica, aparecendo em bandeiras dos estados Islâmicos. A Lua, pacífica e fresca, é a representação da direção e consolo dada pelo Islamismo para os seus seguidores, com a promessa de devoção dirigida a Allah, o todo poderoso.

  

Cada uma das velas do Menorah  sustenta um dia da criação, com o sétimo dia sendo destinado ao descanso.


Judaísmo - “menorah  – a criação do mundo

O Menorah, o candelabro de sete pontas é o símbolo mais comum no Judaísmo. Ele representa a criação do mundo por Deus em seis dias, com o sétimo dia chamado de Sabbath, destinado para o descanso. Incrementado no moderno Judaísmo, o Magen David, ou a estrela de seis pontas de David, representa as 12 tribos de Israel (seis pontas e seis entradas), e tornou-se um símbolo popular que aparece na bandeira nacional de Israel. Além disso, as casas dos Judeus não são consideradas completas se não tiverem por detrás da porta o Shema Israel ou o Mezzuah. Ele simboliza os mandamentos dados diretamente para Moisés. Feito de prata ou madeira, ele confirma que Deus é único. 

 

O simples crucifixo transcende o sofrimento para criar o símbolo de amor supremo.  

Cristianismo – crucifixo, o sacrifício de Jesus Cristo

O crucifixo é o mais antigo símbolo para os Cristãos. Ele é usado por todas as seitas cristão ao redor do mundo. A crucificação de Jesus Cristo, e o sacrifício da Sua vida para a humanidade, podem ser reconhecidos com um perfeito símbolo do Seu amor. Cada igreja utiliza um crucifixo com um designer particular – algumas vezes pesadamente ornamentada e outras de forma grave e simples – mas sempre significa impressionante amor.

O conceito de crucificação algumas vezes causa perplexidade na era moderna. Foram os Romanos, de quem o império incluída a Palestina durante os anos da vida de Cristo, que adotavam o bárbaro costume de crucificar com o significado de punição capital. Desta forma, Jesus foi conduzido pela via elevada e em locais públicos, sendo o último símbolo da degradação humana e da dor.

De acordo com a história bíblica, Jesus foi crucificado na companhia de dois ladrões. Esta é uma espantosa verdade que simboliza a humilhação do corpo e do espírito humanos, tendo tornando-se um símbolo de amor e dignidade, ficando expresso no seu último discurso: “Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem”. 

De modo similar aos Hindus, os Parsis reverenciam o fogo como o mais sagrado dos elementos. Ele destrói toda a impureza. Tudo que o toca de torna puro.

Zoroastrismo - o fogo sagrado da pureza e da eternidade

O sagrado caldeirão de fogo é o símbolo mais popular do Zoroastrismo. Os Parsis, de quem a religião data entre os anos 1300 e 660 d.n.e, vieram a Índia vindos da Pérsia, séculos atrás, carregando com eles o fogo sagrado. Este fogo, chamado de Arar Behram, queima em todo o templo e jamais se extingue. Este fogo é tratado com a dignidade de um rei, tendo uma coroa pendurada por sobre ele. Nos rituais, os Parsis, aplicam as cinzas deste fogo nas suas testas. O fogo representa Deus. A oferta de sândalo feita para ele é considerada sagrada.

Ahura Mazda, quem revelou os ensinamentos desta religião para Zarathustra, é descrito como um homem com um boné, barba, e assas. Este símbolo é freqüentemente utilizado para denotar a religião Zoroastra.

Estes símbolos, criados pelos Zoroastristas na Pérsia, datam de 3.000 anos atrás, sobrevivendo nos dias de hoje nos Parsis, um número significante de pessoas que vivem na Índia. Os símbolos fazem lembrar os ensinamentos morais de Zarathustra, o profeta fundador da religião. A filosofia desta religião ocupa-se com a inexorável guerra entre o bem e o mal, e ela é resumida nos Gathas, ou hinos escritos na linguagem Avesta, a qual está ligada ao sânscrito.

Os símbolos originaram-se nos tempo em que o Zoroastrismo era a religião do império Pérsia, tendo na sua fé as suas grandes regras. Contudo, na ocasião da invasão dos Islâmicos, os Zoroastristas foram expulsos de suas terras, eles trouxeram com eles o seu fogo sagrado, seus textos religiosos e estes símbolos para a Índia, local onde eles fizeram seu lar, desde então.

 

Um único Deus, com múltiplas formas e manifestações.

O Hinduísmo define muito bem as múltiplas formas e manifestações de Deus. Chamados de Lilas, diversões, histórias ou passatempos de Deus, é extraordinário o conteúdo pictórico e teológico das várias religiões. Quando, no princípio, os pesquisadores ocidentais, principalmente influenciados pelo cristianismo não ecumênico, viram a imensa variedade de representações dos deuses do Panteão Hindu, julgaram que se tratava de uma religião de politeístas, que adoravam a múltiplos deuses, sendo, não raro, comparados aos primitivos povos que supostamente viviam em cavernas. Contudo, um acurado exame da vasta bibliografia, iconografia e a aproximação com a filosofia e metafísica do Hinduísmo mostraram uma outra face que estava oculta pela ignorância dos ocidentais. Hoje percebemos que em todas as religiões da Índia o que prepondera é um único Deus, com suas múltiplas manifestações, formas, cores e perfumes. É por isso que os indianos são muito receptivos para novas idéias religiosas, desde que não se desrespeite o sagrado princípio de não matar a vaca e que não se lhes profane seus templos com coisas consideradas pecaminosas; assim como o Santíssimo, é considerado consubstanciado na hóstia da Igreja Católica, para os Hindus a prashada, a sala do templo, as deidades e Seus apetrechos, além dos livros, comentários e escrituras dos seus gurus e mestres, são considerados a manifestação de Deus vivo personificado, que vive harmoniosamente com os homens.

 

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