O palácio misterioso do senhor soberano, pai dos deuses e dos homens, Júpiter, é o Olimpo ou Empíreo.

Da sua morada erguida no alto das regiões terrestres, no cimo do monte Olimpo, o mais alto da Grécia, Júpiter observa os homens e os deuses e toma parte nas suas vidas.

Júpiter reúne os principais deuses em sua corte e sob o seu cetro no Olimpo, como pode ser visto na figura acima

Chamavam-se olímpicos os treze principais deuses: Júpiter, Netuno, Plutão, Marte, Vulcano, Apolo, Juno, Vesta, Minerva, Ceres, Diana, Vênus e Baco.

Júpiter (Zeus)

Júpiter é o pai dos deuses e dos homens, reina no Olimpo

Salvo de seu pai por sua mãe Réia (como explicado na parte sobre as origens), Júpiter cresceu e encerrou o reinado de seu pai, Saturno, após libertar seus irmãos. Depois disto Júpiter lidera seus dois irmãos e aliados na Titomaquia e na Gigantomaquia (como explicado na parte sobre as origens).

Com a vitória, Júpiter divide o mundo com seus irmãos: Netuno e Plutão. O céu e a terra ficam com ele.

Júpiter foi casado sete vezes, desposou sucessivamente Metis, Temis, Eurinome, Ceres, Mnemosine, Latona, e Juno, sua irmã, que foi a última das suas mulheres. Tomou-se de amor por um grande número de simples mortais, que umas e outras lhe deram muitos filhos, colocados entre os deuses e heróis.

Sua autoridade suprema era reconhecida por todos os habitantes do céu e da terra.


Juno (Hera)

Foi salva por Júpiter de Saturno, seu pai, com a ajuda de Réia, sua mãe.

Júpiter já reinava no Olimpo quando ele resolveu declarar seus sentimentos à irmã. Apenas ouviu recusas: não queria a deusa ser mais uma de suas numerosas conquistas. Inconformado, tentou todas as táticas e todas resultaram inúteis. Até que num dia de inverno preparou uma armadilha. Transformou-se em cuco, e assim, como um pássaro triste e quase morto de frio, foi visitar a irmã. Com muitos beijos, Juno tentou reanimá-lo. No calor de seus seios, procurou aquecê-lo. Quando percebeu o ardil, era tarde demais: tinha sido violentada.

Cheia de vergonha, pediu ao irmão que reparasse a falta. Júpiter imediatamente prometeu esposá-la.

Todos os deuses comparecem à cerimônia das bodas, e ofertaram à noiva presentes preciosos. Ao término da festa, o casal partiu para a noite de núpcias, que durou trezentos anos. Em seguida foi com o esposo para o Olimpo, onde, ao lado de Júpiter, senhor absoluto, ficaria reinando, bela e majestosa, em seu trono de ouro.

Com o tempo Juno e Júpiter estalavam discórdias entre si. Ela mais de uma vez apanhou e foi maltratada por seu esposo, devido seu enorme cíume. As infidelidades de Júpiter em favor das belas mortais excitaram e justificaram muitas vezes o ciúme e o ódio de Juno. Ela perseguiu todas as amantes de Júpiter e todas as crianças nascidas dos seus ilegítimos amores: Hércules, Io, Apolo e Diana, Baco e etc.

Teve Marte, Ilítia e Hebe com Júpiter e teve Vulcano ela sozinha.

Ceres (Demeter)

Filha de Saturno e Réia ensinou aos homens a arte de cultivar a terra, o que elaéia ensinou aos homens a arte de cultivar a terra, o que ela vista como a deusa da agricultura. Júpiter, seu irmão, apaixonado por sua beleza, teve com ela Prosérpina. Também foi amada por Netuno, e para escapar à sua perseguição, transformou-se em égua; o deus, que percebeu esse ardil, metamorfoseou-se em cavalo, dos amores de Netuno nasceu-lhe o cavalo Arion.

Envergonhada com a violência de Netuno, ela pôs luto, e se escondeu em uma gruta, onde ficou tanto tempo que ia matando à fome o mundo, pois durante a sua ausência a terra ficara estéril. Cansada de agir de maneira contrária à sua natureza pacífica, resolveu voltar para o Olimpo e Júpiter a devolveu ao mundo privado dos seus benefícios.

Quando Plutão raptou Prosérpina, Ceres, inconsolável, queixou-se a Júpiter; mas pouco satisfeita com a resposta, pôs-se ela mesma à procura de sua filha. Finalmente, depois de haver percorrido o mundo sem saber nada a respeito de sua filha, encontrou a ninfa Aretusa que a informou de que Prosérpina era mulher de Plutão e rainha do Inferno, ela teve que se conformar com tal situação.

Vesta (Héstia)

Filha de Saturno e de Réia, era conhecida e adorada como deusa do fogo ou o próprio fogo.

 

Marte (Ares)

Marte, isto é, o bravo, era filho de Júpiter e de Juno. O deus da guerra foi educado por Príapo, com quem aprendeu a dança e os outros exercícios corporais, prelúdios da guerra.

Um dos amores mais interessantes que ocorreram no Olimpo foi o de Marte e Vênus, até que um dia: Marte se tinha posto em guarda contra os olhos perspicazes de Apolo, seu rival junto da bela deusa, e colocara Alectrion, seu favorito, como sentinela, mas tendo este adormecido, Apolo percebeu os culpados, e correu a prevenir Vulcano. O marido ultrajado envolveu-os em uma rede invisível e inquebrável, e tomou todos os deuses como testemunhas do seu crime de adultério. Marte castigou seu predileto, mudando-o em galo, desde então esta ave procura reparar seu erro anunciando com o canto o nascimento do sol, símbolo de Apolo. Vulcano, a pedido de Netuno e sob a responsabilidade deste, desfez os laços e os amantes voaram separados para longe e envergonhados.

Marte teve muitas mulheres e muitos filhos. Com Vênus teve três filhos Deimos e Fobos (o terror e o medo) e o Cupido; e uma filha, Hermione ou Harmonia. De Réia teve Rômulo e Remo (fundadores de Roma); de Tebe, Evadune; de Pisene, Cícno (combateu contra Hércules e foi morto) e etc. Nereína era esposa de Marte.

                        

A imagem acima é Marte e Vênus.

 

Minerva ou Palas (Atena)

Era melhor fugir que ceder, e Métis, a deusa da Prudência, fugiu em todas as direções, pois não lhe convinha a paixão sem fidelidade que Júpiter lhe oferecia. O deus enamorado perseguiu-a e só descansou quando a encontrou finalmente, o passado foi esquecido e amaram-se.

O fruto desse amor começou a brotar no ventre de Métis. Quando Júpiter percebeu que a gestação chegava ao seu final, consultou o óraculo de Titéia. Nasceria uma filha, foi a resposta, mas o próximo descendente em Métis seria homem e destronaria a Júpiter, assim como este fizera com seu pai, Saturno.

Para defender o poder ameaçado, qualquer sacrifício era válido. Júpiter convidou a amante para o leito e quando a teve em seus braços a devorou, como Saturno fizera com seus irmãos. Pouco tempo depois, Júpiter sentia uma dor insuportável, sua cabeça latejava e ardia. Os gritos desesperados do Senhor do Olimpo sacudiram a terra e atraíram todos os deuses.

Às pressas, Mercúrio chamou Vulcano, o ferreiro divino, que, vibrando no ar o machado de ouro, com toda a força golpeou o crânio de Júpiter. Da ferida aberta surgiu uma mulher belíssima, vestida em reluzente armadura, ostentava o elmo de ouro; nas mãos, o escudo e a lança. Os imortais do Olimpo ergueram-se de surpresa e respeito, e o coração de Júpiter não coube em si de tanta felicidade. Nascia Minerva, deusa da sabedoria.

Minerva nasceu inteiramente armada e já em idade adulta, o que lhe permitiu socorrer o pai na guerra contra os Gigantes, a Gigantomaquia (na parte sobre as Origens). A casta Minerva permaneceu virgem, entretanto não receou disputar o prêmio de beleza com Vênus e Juno, à qual Vênus ganhou.

Esta deusa era a filha privilegiada do Senhor do Olimpo, que lhe concedeu muitas das suas supremas prerrogativas. Ela tinha o espírito da profecia, tudo que autorizava com um sinal de cabeça era irrevogável, a sua promessa era infalível. Ajudou Ulisses em sua viagem.

Mercúrio (Hermes)

No cume do monte Cilene vive Maia, uma ninfa que parece não ter medo do frio. Sobre este cenário pairam os olhos de Júpiter. Enquanto sua esposa, Juno, dorme, Júpiter deixa o Olimpo para um passeio até o monte Cilene. Encontra-se com Maia. Fala de amor, paixão e desejo. Aproximam-se um do outro e entregam-se. Indiferentes a tudo, eles se amam com ardor. Depois, desce a paz entre eles. O mundo verá nascer deste encontro, Mercúrio.

Mensageiro dos deuses e principalmente de Júpiter, elo os servia com um grande zelo e sem escrúpulo, mesmo nos empregos pouco honestos. Encarregava-se de fornecer e servir à mesa a ambrosia (comida dos deuses), conduzia ao Inferno as almas dos mortos, enfim era o mais ocupado de todos os deuses e mortais. Voava com a rapidez de um raio, por isto, às vezes, descrevem ele com sandálias e chapéu com asas, símbolo da rapidez; tinha também um caduceu, vareta mágica divina, entrelaçada de duas serpentes e na parte superior com asas. Era também deus da eloqüência, arte de bem falar, dos viajantes, dos negociantes e até dos ladrões.Tantas atribuições concedidas a Mercúrio davam-lhe uma importância considerável no conselho dos deuses.

No Olimpo como na terra, viveu muitas aventuras e teve numerosos filhos. Com Vênus, Hermafrodito, ser de dupla natureza, homem e mulher; com Antianira teve Equíon; com Equíone teve Autólico, avô de Ulisses; com a ninfa Driopéia teve Pã, divindade dos pastores e rebanhos e etc.

 

Apolo ou Febo

Dias e noites, meses e meses, uma única procura. De porta em porta, Latona andou buscando abrigo para pôr no mundo os filhos que levava dentro de si. Filhos de Júpiter. Mas a própria paternidade de suas crianças barrava-lhe as entradas. Pois Juno, a mais ciumenta das deusas, esposa de Júpiter costumava perseguir as rivais até os confins da terra, e punia duramente quem ousasse recolhê-las. Apenas um imortal de iguais poderes seria capaz de enfrentar sua cólera.

Netuno, decidiu ajudar a pobre Latona. Para refugiá-la, escolheu Delos, a ilha flutuante, áspera paisagem desprovida de plantas e de fontes. Ninguém a habitava: nem deuses, nem homens, nem animais. Talvez por isso a ira de Juno não chegasse até lá. Assim, Netuno fixou Delos ao fundo do mar, e confiou-lhe a missão de hospedar-se os frutos de Júpiter. E Latona deu à luz a Diana e Apolo. Nesse instante, o solo estéril de Delos floresceu. Porque Apolo trazia consigo o sol, a vida e a beleza.

Apolo é o deus da música, da poesia, da medicina, dos augúrios e das Artes. Ele não inventou a lira, recebeu-a de Mercúrio, mas ele tocava como nenhum outro mortal ou deus, encantava pelos seus harmoniosos acordes, os festins e reuniões dos deuses. Goza de uma eterna mocidade, possui o dom dos oráculos e inspira as suas sacerdotisas em Delos.

Apolo conduzia o carro do sol (por isso o nome Febo, da palavra foibos, que significa luz e vida), muitas vezes designado como o próprio sol; e sua irmã a lua.

Teve muitas mulheres e filhos, entre eles está Esculápio, fruto de seus amores com a ninfa Corônis, que também recebe a denominação de deus da medicina, como o pai.

 

Diana (Artemis)

Filha de Júpiter e Latona, irmã gêmea de Apolo, nasceu em Delos, alguns momentos antes do irmão. Testemunha das dores maternais de sua mãe, concebeu uma tal aversão pelo casamento, que pediu e obteve de Júpiter o favor de guardar a virgindade perpétua, como sua irmã Minerva, por isso estas duas deusas recebem o nome de Virgens Brancas.

Por pedido de Diana, Júpiter a armou-a de um arco e flechas, e fê-la rainha dos bosques. Deu-lhe como cortejo sessenta ninfas, das quais ela exigia uma inviolável castidade. Era tida como deusa da caça.

 

Vulcano (Hefoestos)

As feridas que as constantes ausências de Júpiter abriram no coração de Juno só podiam mesmo ser curadas com duras vinganças. Sozinha em seu palácio, a rainha do Olimpo tramou um plano para punir as infidelidades do seu marido, resolveu gerar um filho sem a participação de Júpiter, haveria de ser uma criatura belíssima como a mãe e faria a morada dos deuses vibrarem de emoção e felicidade.

Pacientemente, Juno esperou para que nascesse o filho de sua solidão. Tão logo deu à luz examinou-o com ansiedade e sentiu dentro do peito a mais profunda decepção: o pequeno Vulcano era feio, disforme e coxo. Não lhe agradava o coração, nem poderia servir-lhe como instrumento de vingança, pois ela jamais teria coragem de mostrar a seus pares tão horrenda criança. Envergonhada, agarrou o menino com ambas as mãos e, do alto do Olimpo, atirou-o ao mar.

Do fundo do oceano, a nereida Tétis e sua amiga Eurínome viram quando o pequeno corpo mergulhou. Correram para apanhá-lo. Com extremo carinho, agasalharam-no em seus braços. Depois levaram-no para uma caverna escondida, onde cuidaram do feio menino com se fossem realmente sua mãe. Durante muitos anos Vulcano viveu em tão amorosa companhia. Depois partiu, para seguir seu destino de deus, habilidoso artesão dos metais, por isto foi considerado o deus dos artesãos, do fogo e da forja.

Vulcano conservando, no fundo do coração um ressentimento contra sua mãe, fez uma cadeira de ouro com mola misteriosa e enviou para o Olimpo. Juno admira uma cadeira tão preciosa, não tendo nenhuma desconfiança, senta-se nela e imediatamente fica presa como em uma armadilha; então vem o medo e ela solta um grito tão poderoso que desperta todos no palácio. Júpiter chega em pessoa e, após ele, todos os deuses do Olimpo. Cada qual tenta desfazer o feitiço, mas nenhum de seus poderes é capaz de realizar a tarefa.

Nessa hora já se sabe de tudo: o trono de ouro foi forjado pelo deus do fogo, Vulcano, que, dessa maneira quer vingar-se da mãe que o rejeitara. Finalmente decidem convencer Vulcano a subir ao Olimpo e demovê-lo das idéias de vingança, em troca de concessões ou como o emprego da força. Os deuses declaram guerra ao futuro ferreiro divino.

Marte apresenta-se prontamente para viajar à ilha de Lemnos e trazer Vulcano, o deus da guerra não conta, porém, com a recepção preparada para ele: ao pisar na ilha é atingido por tochas. Não lhe resta senão voltar, levando seu fracasso.

Os imortais mandam um segundo mensageiro, Baco, amigo de Vulcano. Quando Baco apareceu de volta no Olimpo, puxando pela corda um velho asno branco, poucos acreditaram no que viram: no lombo do animal, jazia pesadamente o corpo do vingativo filho de Juno.

Baco havia embriagado-o com vinho e depois jogá-lo desacordado em cima da montaria. A lucidez volta horas depois, e apesar das ameaças, só decide libertar a deusa se Vênus se casar com ele. Júpiter não desgosta de Vulcano pois recebeu o escudo, o palácio e o cetro e tem motivos para castigar Vênus. E com isso consente no casamento e, com isso, sua vinda para o Olimpo.

Vulcano cumpre as promessas e liberta a mãe de sua armadilha, depois volta o rosto para Vênus e sorri-lhe apaixonado. Vênus detestou Júpiter um pouco mais, não podia desobedecer-lhe, porém vingou-se, traindo inúmeras vezes o disforme esposo e não lhe deu nenhum filho. Teve cinco amantes que lhe deram seis filhos

 

Imagem de Vulcano

Vênus (Afrodite)

Urano tomara aversão a todos os seus filhos: desde que nasciam, encerrava-os em um abismo e não os deixava ver o dia (como visto na parte sobre as origens), por isso seu filho Saturno, pai de Júpiter, auxiliado por sua mãe Titéia, conseguiu fugir do abismo e traçou um plano para se vingar de seu pai. Durante a noite, Saturno aproximou-se, e, com um golpe único e violento, contou os testículos do pai e atirou-os no mar.

Distante, no mar, aos poucos vai-se formando uma espuma, que nasce dos órgãos arrancados de Urano. E dessa espuma brota Vênus, uma das mais belas deusas, a emergir das águas docemente, amparada numa grande concha de madrepérola. É conduzida à assembléia dos deuses, há um geral clamor de admiração, mesmo no mundo divino jamais tinho sido vista tão sedutora e graciosa formosura.

Vênus, ao mesmo tempo celeste e marinha, deusa da beleza e dos prazeres, mãe dos amores, dos jogos e dos risos, mas apesar desta sua alegria era muito vingativa e impiedosa nas suas vinganças.

Júpiter deu-a a Vulcano (como visto) como esposa, mesmo contra sua vontade. As suas escandalosas galanterias com Marte (como visto) fizeram a hilaridade dos deuses. Ela amou apaixonadamente a Adônis, também amou um grande número de mortais e deuses, as suas ligações como os habitantes do Olimpo, da terra e do mar, foram incalculáveis, infinitas.

Depois de sua aventura com Marte, ela retirou-se, para se esconder nos bosques do Cáucaso. Todos os deuses por muito tempo em vão a procuraram, mas uma velha lhes ensinou o lugar do seu esconderijo, e a deusa castigou-a transformando-a em rochedo. Nada é mais célebre do que a vitória alcançada por Vênus, no concurso de beleza, sobre Juno e Minerva.

O amor mais constante de Vênus foi o que experimentou pelo jovem Adônis. Marte, ciumento e indignado dessa preferência dada a um simples mortal, metamorfoseou-se em furioso javali, atirou-se sobre Adônis, e lhe fez uma ferida que lhe causou a morte. Vênus correra, tarde demais, porém, em socorro do infortunado amante. Tomou nos braços o corpo de Adônis, e depois de ter longamente chorado, transformou-o em anêmona, flor efêmera da primavera.

Vênus teve muitos amores, como já foi dito, e muitos filhos, entre eles estão: Hermafrodito (ser duplo de homem e mulher), com Mercúrio; Príapo (protetor dos bosques, jardins e vinhas), com Baco; Enéias (herói de Tróia), com o mortal Anquises; Cupido, Harmonia, Deimos e Fobos, com Marte.

 

Vênus, segundo o artista renascentista Milos. Foi achada sem os braços.

Cupido ou o Amor

Cupido nasceu dos amores de Marte e de Vênus. Desde que nasceu, Júpiter, que conheceu pela sua fisionomia as pertubações que iria causar, quis obrigar Vênus a desfazer-se dele. Nascia assim o ódio entre Júpiter e Vênus.

Para furtar à cólera de Júpiter, ela o escondeu nos bosques, onde ele mamou o leite dos animais ferozes. Logo que pôde manejar o arco, fez um de freixo, com ciprestes fez flechas, e ensaiou sobre os animais os golpes que destinava aos homens. Trocou depois seu arco e sua aljava por outros de ouro.

Cupido apaixonou-se violentamente por uma simples mortal, Psiquê, princesa de arrebatadora beleza com quis casar. Durante muito tempo Vênus se opôs a esse casamento, e submeteu Psiquê a difíceis e quase insuperáveis provas. Finalmente Cupido queixou-se a Júpiter, que se declarou em seu favor. Mercúrio recebeu ordem de trazer Psiquê ao Olimpo onde, sendo admitida à companhia dos deuses, bebeu o néctar, comeu a ambrosia (comida dos deuses) e se tornou imortal e feliz ao lado de seu amado. Tiveram uma filha que se chamou Volúpia.

 

Cupido e Psiquê

 

Baco (Dionísio)

Mais uma vez traindo Juno, sua esposa, durante várias noites Júpiter amou Sêmele, princesa de Tebas. E, como prova de afeto, jurou-lhe realizar qualquer um de seus desejos. Ao descobrir a traição e o juramento, Juno procurou a princesa e, sabendo que nenhum mortal sobreviveria à visão divina na sua verdadeira forma, aconselhou-lhe pedir a Júpiter que se mostrasse a ela em seu verdadeiro aspecto.

Assim, pois, cumprindo a palavra, o deus atendeu o pedido da princesa. E, mal apareceu em toda a sua glória, o palácio incendiou-se e Sêmele morreu entre as chamas. A jovem, contudo, levava no ventre um filho de Júpiter. Auxiliado por Vulcano, o deus arrancou-lhe a criança e costurou-a em sua própria coxa, para que ali completasse a gestação. Chegado o momento, o pequeno rasgou a carne paterna e saiu para a vida. Era Baco.

Toda a sua infância viveu fora do Olimpo, longe da perseguição de Juno, pois Mercúrio, levou-o para Nisa, onde havia o vale mais belo do mundo, inalcançável para os mortais, e ali entregou-o aos cuidados das ninfas.

Certo dia, passeando pelo vale, casualmente Baco se deparou com uma fruta desconhecida, a uva. Mais importante: descobriu que dela podia fazer o vinho. Sendo filho de pai divino e mãe mortal, Baco não era aceito como deus. E, tão logo percebeu os efeitos da bebida que inventara, decidiu utilizá-la para impor sua divindade aos homens e seres olímpicos. Assim, terminado o período de sua educação, e atingida a maioridade, Baco empreendeu suas viagens pelo mundo. E iniciou o caminho da glória, apoiado na poderosa arma que havia descoberto: o vinho.

O deus do vinho triunfou sobre todos os inimigos e de todos os perigos a que expunham as incessantes perseguições de Juno. Até que um dia, cansada de persegui-lo, Juno decidiu usar seu recurso mais poderoso, enlouqueceu o filho da rival, fazendo-o andar de modo errante por grande parte do mundo.

Compadecida de sua loucura e dos crimes que cometera o neto, Réia purificou-o e devolveu-lhe a sanidade. Então Baco tornou a partir, desta vez para instituir seu culto e ser aceito como deus.

Tendo encontrado a princesa Ariadne, abandonada na ilha de Naxos, o deus se apaixonou e se casou com ela. Porém um matrimônio com um deus não lhe concederia a imortalidade. E um dia Ariadne, envelhecida e cansada, morre nos braços de Baco. O deus fica inconsolável e fixa as estrelas no firmamento para que sempre os imortais e mortais se lembrem do seu imenso amor pela formosa Ariadne.

Com tal freqüência e tão grande intensidade pensava em sua mãe que um dia resolveu procurá-la para conduzi-la com honras e pompas de deusa do Olimpo. A princesa se encontrava no lúgubre e sombrio mundo dos mortos, onde reinava Plutão e Perséfone, sua esposa.

Assim, para lá partiu em sua última viagem. Com Plutão nada falou, preferiu se dirigir à linda Perséfone, a quem disse palavras doces e deu ricos presentes, que lhe valeram obter Sêmele de volta. Baco sem demora abandonou as tristes sombras do Inferno e se escondeu no templo de Diana, onde, por algum tempo se refugiou da ira do senhor do Inferno, Plutão.

Por fim, acalmada a ira de Plutão, abandonou o esconderijo e partiu para o Olimpo. Ao transpor os limites dos deuses, julgou melhor chamar sua mãe de Tione, para não chamar a atenção de Juno. Enquanto introduzia sua mãe na comunidade divina, o próprio deus, pela força do vinho, adquiria finalmente o direito de privar das honrarias dos seres olímpicos. E tão importante se tornou entre eles que ocupou lugar privilegiado junto a Júpiter, firmando-se para sempre como deus olímpico.

Baco, deus da alegria, da embriaguez e das festas é tido como o pai do teatro, já que o teatro nasceu dos Bacanais (festas de Baco) onde, devido o vinho, as pessoas representavam uns aos outros.

Apesar de seu caráter festivo, este deus só teve dois amores: Vênus, com quem teve Príapo e Ariadne, com quem teve Enopião, Toante, Estáfilo e Pepareto.