Domingo, 30 de junho

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    Tratar de pensar sem uma imagem,
    é querer fazer do impossível, possível.
    Não podemos pensar - mamífero - sem um exemplo
    concreto; assim acontece com a idéia de Deus.
    A grande abstração de idéias no mundo,
    é o que chamamos Deus; cada pensamento consta
    de duas partes - o pensar e a palavra - devemos usar ambas.
    Nem os idealistas nem os materialistas estão corretos,
    devemos ficar com os dois, idéia e expressão.
    Só podemos conhecer o reflexo, assim como só podemos
    ver nosso rosto num espelho.
    Ninguém jamais conhecerá o próprio Eu, ou Deus,
    porém nós próprios somos este mesmo Deus.
    O Nirvana é um estado de não ser.
    Buddha disse:
    "Vocês são o melhor, são o real, quando já não são.”
    (Quando o pequeno eu já desapareceu)
    A Divina Luz interna, em muitas pessoas, está obscurecida.
    É como uma lâmpada num estojo de ferro,
    através do qual nenhuma luz pode brilhar.
    Gradualmente, pela pureza e pelo inegoismo, podemos fazer
    com que aquilo que escurece fique menos e menos denso,
    até que, por fim, se torne transparente como um cristal.
    Sri Ramakrishna era como um estojo de ferro
    transformado  em cristal, através do qual
    se podia ver a luz interna tal como ela era.
    Todos estamos a caminho de ser estojos de cristal.
    Enquanto há estojo devemos pensar nos recursos materiais.
    Nenhum impaciente pode chegar a ter êxito.


    Os grandes santos são as lições objetivas do Princípio.
    Porém os discípulos convertem o Santo em Princípio,
    e logo esquecem o Princípio, na pessoa.
    O resultado da constante oposição de Buddha
    contra um Deus pessoal, foi a introdução de ídolos, na Índia.
    Nos Vedas, não conheciam ídolos, porque viam Deus
    em todas as partes, porém, a reação contra a perda de Deus
    como Criador e Amigo, trouxe os ídolos e Buddha
    chegou a ser um deles - da mesma forma que Jesus.
    A sucessão de ídolos, se estende desde os de pedra
    e de madeira, até Jesus e Buddha, porque precisamos de ídolos.


    As tentativas reformadoras violentas,
    terminam sempre, por retardar as reformas.
    Nunca digam: “Isto é mau”,
    digam apenas, “É bom, mas poderá ser melhor”.
    Os sacerdotes são um mal em todos os países,
    porque denunciam e criticam.
    O amor nunca acusa, só a ambição o faz.
    Não existe uma indignação justa, nem um matar justificável.
    Se não permitem a um homem que se torne um leão,
    se tornará uma raposa.
    As mulheres são um poder, mas atualmente são mais
    um poder para o mal, porque os homens as oprimem;
    a mulher se tornou uma raposa, porém,
    quando já não for oprimida, se converterá num leão.
    Falando de forma geral, a aspiração espiritual deve s
    er equilibrada pelo intelecto, porque de outro modo,
    pode degenerar em mero sentimentalismo.


    Todos os deístas estão de acordo em que por detrás
    da variável, há um Imutável, embora divergindo
    em seu conceito acerca do Ultérrimo.
    Buddha negou isso in toto.
    “Não há Brahman, não há Atman, não há alma”, disse ele.
    Como caráter, Buddha foi o maior que o mundo já viu,
    depois dele, Cristo; porém, os ensinamentos de Krishna,
    tal como os expõe no Gita,
    são as maiores que o mundo conheceu.
    Aquele que escreveu este maravilhoso poema,
    foi uma dessas raras almas, cuja vida gera uma onda
    de regeneração através do mundo.
    A raça humana jamais voltará a ver um cérebro
    como o daquele que escreveu o Gita.


    Só há um Poder, manifeste-se ele como bem ou como mal.
    Deus e o Diabo são um mesmo rio,
    cujas águas correm em direções opostas.