Sábado, 6 de julho
- 14 -
(Hoje, lemos os comentários de Sankaracharya
sobre os sutras vedantas de Vyasa.)
OM TAT SAT !
Segundo Sankara, existem
duas fases no universo:
uma é o “eu” e a
outra é o “tu”.
Elas são tão
contrárias como luz e sombra,
assim podemos ver que nenhuma
delas
pode ser derivada da outra.
Sobre o sujeito, foi superposto
o objeto;
o sujeito é a única
realidade, o outro é uma mera aparência.
Qualquer opinião
contrária é insustentável.
A matéria
e o mundo externo, não são mais do que
a alma, num certo estado.
Na verdade só ela existe.
Todo o nosso mundo procede
da verdade e da mentira juntas.
Samsara (vida) é
o resultado das forças contraditórias
que atuam sobre nós,
como a linha diagonal
de uma bola em seu paralelogramo
de força.
O mundo é Deus e
é real, porém,
esse não é
o mundo que vemos;
assim como vemos prata na
madrepérola,
onde ela não existe.
Isso é o que se chama
adhyasa, ou superposição.
Quer dizer, uma existência
relativa que depende
de outra existência
real,
como quando recordamos uma
cena que vimos.
Naquele momento aquilo existe
para nós,
porém essa existência
não é real.
Ou, como dizem alguns, é
imaginar
calor na água, sem
que ele pertença a ela,
pois realmente é
algo que foi posto aonde não pertence,
é tomar uma coisa
pelo que não é.
Vemos a realidade, porém
falseada pelo meio
através do qual
a vemos.
Nunca poderão conhecer
a vocês mesmos,
a não ser objetivados.
Quando confundimos uma coisa
com outra, sempre tomamos
o que esta diante de nós,
como real, nunca ao invisível;
desse modo, tomamos o objeto
pelo sujeito.
O Atman nunca chega a ser
objeto.
A mente é o sentido
interno,
os sentidos externos são
seus instrumentos.
Num sujeito existe uma ínfima
proporção
do poder objetivador, que o permite
saber eu sou; mas o sujeito
é o objeto do seu próprio eu,
nunca da mente nem dos sentidos.
Podemos, naturalmente, sobrepor
uma idéia a outra,
como quando
dizemos - o céu é azul -
embora o mesmo céu
seja apenas uma idéia.
A ciência e
a nesciência são tudo quanto existe,
porém o EU nunca
é afetado por nesciência alguma.
O conhecimento relativo
é bom,
porque conduz ao conhecimento
absoluto;
porém nem o conhecimento
dos sentidos nem o da mente,
nem mesmo
o dos Vedas é verdadeiro,
já que todos estão incluídos
no conhecimento relativo.
Livremo-nos, primeiramente,
da ilusão de que eu sou o corpo
só então,
sentiremos necessidade
do conhecimento real.
O conhecimento do homem,
é só o conhecimento
da besta, num grau mais
elevado.
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Uma parte dos Vedas,
trata do karma, formas e cerimoniais;
a outra, trata do conhecimento
de Brahman e discute a religião.
Nesta parte, os Vedas instruem
sobre o Eu, e devido
a isso seu conhecimento
se aproxima do conhecimento real.
O conhecimento do Absoluto
não depende
de nenhum livro,
nem de coisa alguma; é
absoluto em si mesmo.
Por muito que se estude
não se consegue
este conhecimento; não
é teoria, é realização.
Limpem a superfície
do espelho, purifiquem
suas próprias mentes
e, instantaneamente
verão que são
Brahman.
O que existe é Deus;
não existe nascimento,
morte, dor, miséria,
crime, mudanças
nem o bem nem o mal; tudo
é Brahman.
Confundimos a “corda com
a serpente”.
O erro é nosso.
Só podemos fazer
o bem quando amamos a Deus
e Ele reflete o nosso amor.
O assassino é Deus,
e sua roupagem
de assassino, somente está
superposta.
Tomem-no pela mão
e digam-lhe a verdade.
A alma não tem casta,
pensar que a tem, é uma ilusão;
da mesma forma é
a vida e a morte
e qualquer movimento ou
qualidade.
O Atman nunca muda, nunca
vai nem vem.
É o eterno testemunho
das suas próprias manifestações,
porém, o confundimos
com a manifestação, e esta é uma
eterna ilusão
sem princípio nem fim, que continua sempre.
Os Vedas, entretanto, tem
que descer ao nosso nível,
porque se nos dissessem
a mais elevada verdade
da maneira mais elevada,
não a compreenderíamos.
O céu é uma
mera superstição nascida do desejo,
e o desejo é sempre
um jugo, uma degeneração.
Não nos aproximemos
nunca, de coisa alguma,
sem considerá-la
como Deus; se não fizermos isto,
veremos o mal porque baixamos
um véu de ilusão
sobre o que olhamos e então,
vemos o mal.
Livrem-se destas ilusões,
sejam felizes.
A liberdade consiste em
perder todas as ilusões.
Em certo sentido, Brahaman
é conhecido por cada um
dos seres humanos; o homem
conhece o eu sou,
mas não se conhece
tal como é.
Todos sabemos que somos,
mas não como
somos.
Todas as explicações
menos elevadas, são verdades parciais,
porém a flor, a essência
dos Vedas,
é que o EU em cada
um de nós, é Brahman.
Todos os fenômenos
estão incluídos no nascimento,
crescimento e morte; aparição,
continuação e desaparição.
Nossa própria realização
está além dos Vedas ,
porque até eles dependem
disso.
A Vedanta mais elevada é
a filosofia do além.
Dizer que a criação
teve um princípio é derrubar
a machadadas, a raiz de
toda a filosofia.
Maya é a energia
do universo, potencial e dinâmica.
Enquanto a Mãe não
nos dispensar,
não poderemos obter
a liberdade.
Este universo é nosso,
para que o desfrutemos,
mas não devemos desejar
coisa alguma.
Desejar é fraqueza.
A necessidade faz de nós
mendigos,
quando somos, em verdade,
filhos de um rei.
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