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O BRASIL DE CRISE EM CRISE COM  FHC
As armações ilimitadas da ditadura civil
dos vendidos pode inviabilizar o futuro do Brasil

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Rubem Azevedo Lima

 
 

 

A quantidade e a extensão dos escândalos, ocorridos sob os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, transformaram o Brasil numa república de grampos telefônicos e fizeram do atual presidente um campeão de impopularidade.

Para isso, foi decisiva a contribuição de suas indecisões, omissões e desacertos, que, aliás, levaram o país à beira de uma crise político-institucional, nos primeiros dez dias de junho.

O conjunto de tais circunstâncias dificilmente deixará de afetar e de pôr em perigo o processo de desenvolvimento brasileiro, a médio e longo prazo.

Mas foi um episódio menor que revelou a verdadeira face de FHC, o presidente: a desconsideração com que ele tratou o chefe de sua casa militar, general Alberto Cardoso.

Em meio às suspeitas levantadas pelo esquema de apoio político do governo – que responsabilizava o general por grampeamentos telefônicos, durante a fase de privatização das estatais do sistema Telebrás - o presidente da República silenciou sobre esse assunto e a conduta de seu auxiliar.

Já o ex-ministro das Comunicações, Mendonça de Barros - cujo envolvimento em favor de determinado concorrente, num desses leilões, foi notório – teve defesa ardorosa de FHC.

Não podendo, por motivos de ordem ética, nomear Mendonça para dirigir a Petrobrás, o presidente ajudou seu ex-ministro a eleger-se vice-presidente nacional do PSDB.

Quanto ao general Cardoso, foi preciso que o ministro do Exército, gen. Gleuber Vieira, saísse em defesa do companheiro de ministério, divulgando nota enérgica a seu favor.

Os políticos governistas procuraram, porém, minimizar esse episódio. O governo, por sua vez, pediu às empresas jornalísticas que tratassem a nota de Gleuber com discrição.

Imbuída do sentimento de bajulação colaboracionista, em detrimento da verdade, a maioria dos veículos de comunicação ignorou o protesto do ministro do Exército.

Pode-se alegar, diante da natureza dos problemas brasileiros, que o caso do General Cardoso é irrelevante, pois se esgota no âmbito de nossa política interna.

Mas o próprio FHC admitiu que o episódio fora excepcionalmente grave, talvez por haver criado ambiente propício a pressões de todo tipo, legítimas ou ilegítimas, contra seu débil governo.

O que o presidente não disse é que essas pressões, a rigor, podem atingir de raspão sua vaidade, mas, objetivamente, debilitam bastante o Brasil, no plano internacional.

Vale assinalar que o alto índice de impopularidade de FHC resulta, por ora, de fatores exclusivamente internos, como a incompetência e a ineficácia do governo em questões fundamentais para o futuro do país, nos planos político, econômico e social.

A estabilidade monetária – carro-chefe da propaganda a favor de FHC - está cada vez mais instável e precária. Dos esforços do governo, visando a manter o valor do real, resultam crescentes dificuldades para todos, em particular para as populações pobres.

Um exemplo? O desemprego atinge cerca de dez milhões de brasileiros, enquanto 13 milhões trabalham precariamente na economia informal, sem contar os que atuam no narcotráfico e noutras atividades ilícitas.

Portanto, por volta de 25 milhões de trabalhadores não contribuem para a Previdência Social e estão fora de seus benefícios. Desde a posse de FHC na presidência foram eliminados, entre nós, um milhão e 500 mil postos de trabalho.

Sob seu governo, o Brasil tornou-se o sexto país do mundo em pobreza: 20% dos nossos pobres detêm só 2,5% da renda nacional. Perdemos, nesse item, apenas para Serra Leoa, Guatemala, Guiné-Bissau, Paraguai e Panamá.

Em concentração de riquezas, porém, somos vice-campeões do mundo: 20% dos brasileiros ricos têm 64,2% das rendas nacionais. Nesse item, só a África do Sul nos supera, pois, ali, 64,8% das riquezas do país pertencem aos 20% mais ricos.

Em escândalos, o Brasil também está em posição de destaque. Apesar da insistência com que FHC fala em honestidade e austeridade no governo, os quatro anos de seu primeiro mandato e os seis meses do segundo não confirmam o otimismo presidencial.

Tanto mais que até hoje não se desfizeram as suspeitas quanto à pressa nas privatizações feitas no país, o sumiço dos recursos obtidos com tais operações, e a compra de votos para permitir sua reeleição em 1998. Nesse ano, por sinal, o presidente permitiu que seus ministros, aliados políticos, amigos e cabos-eleitorais fizessem 359 viagens eleitoreiras, em aviões da FAB, durante os três meses anteriores às eleições gerais.

Os leilões do patrimônio da Nação não impediram que se elevasse, geometricamente, o endividamento interno e externo do Brasil. Somadas as duas dívidas, que crescem freneticamente, o país deve, este mês (junho de 1999) mais de US$ 800 bilhões. Ou seja: mais do dobro do que devia no começo do primeiro mandato presidencial.

E a soberania nacional?

O endividamento citado acima obriga o país a pagar aos credores externos, este ano, só de juros, R$ 130 bilhões. Em 1997, pagamos, a esse mesmo título, R$ 44 bilhões; em 1998, R$ 72 bilhões (segundo pesquisa do jornalista Gustavo Patú, da Folha de S.Paulo). Para onde vamos, nesse ritmo?

Aloysio Biondi, jornalista econômico independente, acredita que o FMI, por trás dessas operações ruinosas, montou um esquema para levar o Brasil à implosão, depois de permitir a venda de todo o seu patrimônio a grupos estrangeiros.

Pois o governo FHC, ao contrair tais dívidas, atrelou, inexoravelmente, a economia nacional à ordem econômica dos países ricos do mundo. Com isso, debilitou a soberania do país, quase a ponto de inviabilizá-la, tanto mais que a comprometera, antes, ao vender, por preços vis, empresas estatais de valor estratégico.

Essas estatais funcionavam como agências de desenvolvimento do país. Sem elas, o empobrecimento, com todas as suas implicações , será a herança que FHC deixará para os brasileiros.
 

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