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     Um Povo Para o Seu Nome


 

Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome. ¾ Mateus 6:9.

 

 

T

ODO CRISTÃO verdadeiro deve honrar, glorificar e tornar cohecido o nome do Deus do céu e da terra. Os textos bíblicos que nos exortam a fazer isto são inúmeros, tanto nos escritos pré-cristãos como cristãos.

As Testemunhas de Jeová crêem sinceramente que são as únicas pessoas da terra que tornam conhecido o nome de Deus. Isto se deve à grande freqüência com que usam o nome “Jeová,” tanto em sua literatura quanto oralmente. Esse nome se deriva do chamado “Tetragrama” (que significa “quatro letras”), as letras hebraicas “IHVH.”1 O Tetragrama aparece cerca de 7.000 vezes nos escritos bíblicos do Antigo Testamento (Gênesis a Malaquias). Não há, pois, dúvida quanto à sua importância nos tempos pré-cristãos. Tampouco há dúvida de que, entre os grupos religiosos mais conhecidos atualmente, nenhum utiliza o nome Jeová com maior freqüência e constância que as Testemunhas de Jeová. Identifica-os realmente isto, de modo exclusivo, como o “povo do nome de  Deus”? Deve-se a elas, de fato, o mérito por terem “restaurado o nome divino” sobre a terra nos tempos modernos?

 

De onde veio o nome “Testemunhas de Jeová”?

 

Durante o primeiro meio século de existência da Sociedade Torre de Vigia, seus filiados não tinham denominação específica. Eram, diziam eles, apenas “estudantes da Bíblia.” Como vimos no capítulo 4, o fundador da revista A Sentinela e da sociedade ligada a esta, Charles Taze Russell, se opunha à adoção de um nome distintivo, por considerar isto uma forma de sectarismo.2 O número de abril de 1882 de A Sentinela (páginas 7, 8) que tratava deste assunto, citou com aprovação estas palavras de John Bunyan, que se acham em seu conhecido livro, A Jornada do Peregrino:

 

Visto que quereis saber por que nome distinguir-me-ei dos demais, digo-vos que quero ser, e espero ser, um cristão; e prefiro, se Deus me contar como digno, ser chamado de cristão, crente, ou qualquer outro nome que seja aprovado pelo Espírito Santo. Quanto a esses títulos facciosos (ou sectários) de anabatista, presbiteriano, independente e similares, concluo que eles não vêem nem de Antioquia nem de Jerusalém, mas do Inferno e de Babilônia, pois tendem a causar divisões; podeis conhecê-los por meio de seus frutos.

 

Recorrer ao uso de nomes específicos, portanto. foi depreciado como claro sinal de sectarismo. Esta posição foi reafirmada em resposta a outra pergunta que saiu no número de março de 1883 (página 6). Além de rejeitar a idéia de desenvolver uma organização visível, a resposta afirmava:

 

Sempre nos recusamos a ser chamados por qualquer outro nome que não o de nosso Chefe ¾ cristãos ¾ afirmando continuamente que não pode haver divisões entre os que são continuamente conduzidos pelo Espírito e exemplo dele, conforme expressos por meio da Palavra dele.3

 

Foi em 1931 que Joseph F. Rutherford, sucessor de Russell na presidência da Torre de Vigia, selecionou o nome “Testemunhas de Jeová” para os membros da organização. Rutherford afirmou que o nome escolhido era “o nome pelo qual a boca do Senhor Deus nos chamou, e desejamos ser conhecidos e chamados pelo nome, a saber, ‘Testemunhas de Jeová.’” Isaías 43:10-12, 62:2 e Revelação 12:17 foram citados como base para a adoção deste nome.4

A leitura destas passagens, todavia, de modo algum revela que era do propósito de Deus que suas palavras aí proferidas instituíssem um nome distintivo a ser levado pelos cristãos 2.600 anos mais tarde. Isaías 43:10-12 é o texto principal utilizado pela organização para justificar o nome escolhido. Este texto, porém, simplesmente apresenta o cenário de um tribunal figurativo, no qual se reúnem todas as nações e perante as quais Deus chama os israelitas a dar testemunho de Seu poder de salvar, exercido em benefício deles. Por que, então, de todas as declarações que Deus fez sobre a nação de Israel, deveriam estas palavras tornar-se “o nome pelo qual a boca do Senhor Deus nos chamou,” e que deve ser aplicado aos cristãos da atualidade?

Em Atos 11:26, lemos que “em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos.” (ARA) Esse foi o nome pelo qual ficaram conhecidos e que eles mesmos usavam, como mostram os textos de Atos 26:28 e 1 Pedro 4:16. A Tradução do Novo Mundo até verte Atos 11:26 dizendo: “e foi primeiro em Antioquia que os discípulos, por providência divina, foram chamados cristãos.” Quer esta tradução esteja correta quer não, fica a pergunta: com que direito um homem ou grupo de homens decide adotar um nome que não é o utilizado pelos cristãos do primeiro século? Onde está a autorização ou direção divina para fazer isso? Entre as últimas palavras do Filho de Deus registradas na terra está a ordem:

 

Sereis testemunhas de mim tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até à parte mais distante da terra.5

 

Com que direito, então, homens que afirmam ser seguidores das pisadas do Filho de Deus escolhem um nome que sequer dá testemunho de Cristo? Como justificam a escolha de um nome que remonta a cerca de 700 anos antes do aparecimento do Messias, de volta a palavras faladas ao povo judeu debaixo do Pacto da Lei?6

A principal justificativa a que se recorreu em 1931, e daí por diante, foi que o nome “cristão” nada mais tem de distintivo. Esse nome tem sido usado por centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo, divididas em centenas de diferentes denominações e seitas. Porém, de que serve ou o que prova a adoção de um nome diferente? Simplesmente segue o padrão dessas mesmas centenas de denominações. Cada uma delas fez a mesma coisa ¾ todas adotaram nomes distintivos, como católicos romanos, católicos ortodoxos, católicos maronitas, luteranos, metodistas, batistas, Igreja de Cristo, Igreja de Deus, menonitas, Sociedade dos Amigos e assim por diante.

Que nem todos os que posteriormente adotaram o nome “cristãos” realmente o eram é evidente. Cristo Jesus avisou sobre a apostasia em sua parábola do trigo e do joio. O apóstolo Paulo, que era conhecido como “cristão,” ressoava esse aviso em seus escritos.7 Em Revelação, o apóstolo João expôs a condição adúltera já existente em algumas congregações de sua época.8 Reconhecia-se claramente que haveria falsos cristãos, muitos deles. Mas nem Cristo, nem Paulo, nem João, nem qualquer dos escritores bíblicos indicaram que uma mudança de nome de algum modo remediaria a situação. Não seria pela adoção de um nome diferente, uma nova etiqueta, mas por meio do proceder de vida exemplificado pelo genuíno cristianismo e por meio do apego à verdade conforme se encontra nos ensinos do Filho de Deus e de seus apóstolos e discípulos é que se faria a única distinção significativa.9 Quando os anjos de Deus levarem a cabo a parte final da parábola, efetuando a colheita que separa o trigo do joio, os rótulos em forma de nomes denominacionais com certeza não terão importância alguma.

 

“Restauração” do nome ¾  por quem?

 

Pode-se pensar, lendo as publicações da Torre de Vigia, que o nome “Jeová” era virtualmente desconhecido antes de aparecer nas mesmas, e que foram estas que o trouxeram à atenção do mundo. Um exame  das publicações da Torre de Vigia durante os primeiros quarenta anos de sua existência, contudo, revela que o nome “Jeová” não aparecia nessas publicações com freqüência maior que nas demais publicações religiosas da época. Como um só exemplo, a edição da Sentinela de 15 de abril de 1919 trazia o nome “Jeová” apenas uma vez em toda a revista! Hoje isto seria inimaginável. Porém, por volta de 1919, Jesus Cristo supostamente já tinha aprovado e escolhido, dentre todas as religiões da terra, a organização formada em torno da Sociedade Torre de Vigia como seu canal exclusivo de comunicação. Se foi assim, existe a obrigação de dizer que a escolha dele não foi evidentemente fundamentada em qualquer destaque especial dado ao nome “Jeová.”

O fato é que escritores religiosos dos vários credos cristãos têm empregado o nome “Jeová” em suas obras com razoável freqüência, e isso séculos antes do surgimento da Sociedade Torre de Vigia. A biblioteca do Departamento de Redação da sede mundial da Torre de Vigia contém grande número de comentários bíblicos e outras obras que datam de dois séculos ou mais, que ilustram isto claramente. O nome se encontra nos hinários de muitas denominações protestantes antigas. Um dos hinos mais conhecidos do século 18 chama-se “Guia-me, Ó Tu, Grande Jeová.” A própria revista A Sentinela tem publicado matérias que mostram ocorrências do Tetragrama nos séculos passados em muitos países do mundo, em edifícios e inscrições religiosos.10 Ainda em 1602, a tradução espanhola da Bíblia de Cipriano de Valera, verteu o Tetragrama milhares de vezes como Jehová (Jeová). No século 19, traduções da Bíblia feitas em vários idiomas por missionários cristãos, já haviam utilizado alguma forma do nome “Jeová” ao verterem o Tetragrama.11 A tendência para não usar o nome parece ter sido, até certo ponto, contemporânea do surgimento de uma determinada escola de pensamento religioso no final do século 19, que propagava uma atitude mais crítica em relação à Bíblia como um todo.

É notável que, no ano de 1901, a American Standard Version da Bíblia, produzida por eruditos da cristandade, retificou a prática típica da maioria das traduções anteriores em inglês, inclusive da mais popular, a Versão Rei Jaime ou Autorizada, de substituir o Tetragrama pelas palavras “SENHOR” ou “DEUS” ao traduzir as Escrituras Hebraicas. Enquanto a Versão Autorizada traduziu o Tetragrama pelo nome “Jeová” apenas quatro vezes  em todas as Escrituras Hebraicas ou Novo Testamento, a American Standard Version o restaurou em suas quase 7.000 ocorrências. Embora se admita que verter o hebraico “IHVH” por “Jeová” não é o mais correto, isto foi, assim mesmo, uma melhoria em relação ao uso de “DEUS” e “SENHOR,” utilizadas para representar o Tetragrama em outras traduções para a língua inglesa.12

Não há dúvida, então, de que a Sociedade Torre de Vigia não “restaurou” o nome “Jeová,” pois não havia necessidade de “restaurá-lo” na época em que a sociedade surgiu em cena. Este era um termo definitivamente estabelecido, presente em muitas traduções da Bíblia e obras religiosas muito antes do surgimento dessa sociedade. Apesar disto, resta o fato de que atualmente nenhum grupo religioso de qualquer tamanho usa o nome Jeová com tanta freqüência quanto as Testemunhas de Jeová. Esse nome predomina em toda a literatura delas. Tornou-se quase estranho, entre as Testemunhas de Jeová, falar de “Deus” sem prefaciar o termo dizendo “Jeová Deus,” enquanto o termo “Senhor” é muito raro em suas declarações. Elas lêem “Senhor” na Bíblia, mas dificilmente usam o termo no falar extemporâneo. Para elas é uma forma quase litúrgica, na maioria das orações, iniciá-las dirigindo-se a “Jeová” ou “Jeová Deus,” sendo a expressão “Pai” ou “Nosso Pai” usada apenas ocasionalmente como adicional seqüencial. Embora seja muito comum referir-se à “organização” ou ao “Corpo Governante” nas orações, o nome de Cristo Jesus não recebe menção até as palavras finais, “Em nome de Jesus. Amém.”

A pergunta é: será que todo este uso repetitivo do nome “Jeová” cumpre genuinamente as inúmeras exortações bíblicas de honrar e tornar conhecido o nome de Deus? Reflete realmente esta intensa ênfase ao nome “Jeová” um entendimento claro do que de fato significa a palavra “nome” em muitos destes textos bíblicos?

 

O fator crucial

 

Visto ser evidente que o nome representado pelo Tetragrama tinha muito destaque nas Escrituras Hebraicas ou Antigo Testamento, a pergunta se limita a seu uso e destaque nas Escrituras Cristãs, e a atitude dos cristãos para com o nome representado pelo Tetragrama.  Parece que o fator primordial e mais decisivo para se chegar à resposta, seria a evidência do grau de destaque que o próprio Filho de Deus, seus apóstolos e outros primitivos discípulos deram a esse nome específico (representado no Tetragrama). O que descobrimos?

Embora eles mesmos fossem judeus, os escritores das Escrituras Cristãs ou Novo Testamento escreveram em grego, idioma mais influente e mais usado na época. Não restou nenhum dos escritos originais, mas existem cópias antigas do corpo inteiro das Escrituras Cristãs que datam do quarto século A.D. Há cópias de trechos ainda mais antigos das mesmas. Todavia, o único lugar onde achamos menção do nome representado pelo Tetragrama nestas cópias antigas é uma forma abreviada encontrada no livro de Revelação. Em Revelação capítulo 19, versículos 1, 3, 4 e 6, achamos a expressão grega Allelouia, que significa “Louvai a Jah,” ou, como dizemos comumente, “Aleluia.” Esta expressão “Jah” é simplesmente uma forma abreviada de “Jeová.” O notável é que, fora estas quatro ocorrências da forma abreviada em Revelação, em nenhuma outra parte  das Escrituras contidas nestas cópias antigas encontramos uma única ocorrência deste nome. Visto que se calcula em 5.000 o número de cópias em grego existentes destas Escrituras Cristãs, o fato de que nem uma única destas milhares de cópias contém o Tetragrama torna-se ainda mais impressionante.13 O mesmo se aplica às traduções mais antigas dessas Escrituras Cristãs para outros idiomas, tais como siríaco, armênio, saídico e traduções em latim antigo.14

Por esta razão, na vasta maioria das traduções do Novo Testamento, o nome “Jeová” não aparece senão em suas formas abreviadas do livro de Revelação. Em contraste, se nos voltarmos para a Tradução do Novo Mundo da Sociedade Torre de Vigia, encontraremos o nome “Jeová” (e “de Jeová”) 237 vezes de Mateus a Revelação. O fato, contudo, é que quando a Tradução do Novo Mundo coloca o nome “Jeová” em qualquer parte das Escrituras Cristãs, ela o faz sem apoio de um só dos antigos manuscritos dessas Escrituras Cristãs. Em 227 dos lugares em que “Jeová” aparece na tradução da Torre de Vigia, o texto grego no qual a tradução diz basear-se reza “o Senhor” (kyrios), e nos 10 casos restantes esse texto grego traz a palavra “Deus” (theos). Qualquer leitor pode ver isto simplesmente pegando a Tradução Interlinear do Reino, da Torre de Vigia, e comparar a tradução (nas colunas externas das páginas) com a leitura interlinear palavra por palavra. Com que base, então, é que a Tradução do Novo Mundo faz a inserção do nome?

O argumento da Sociedade Torre de Vigia, essencialmente, é que o Tetragrama foi utilizado pelos autores das Escrituras Cristãs, Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Pedro, Tiago e Judas, em seus escritos  originais. Isto, obviamente, não pode ser provado. Nenhum desses escritos originais está disponível hoje. Nenhuma das 5.000 cópias que existem traz o Tetragrama. Ainda assim, a Torre de Vigia alega que o nome deve ter sido removido das cópias posteriores dos escritos originais, e que fez-se isto para seguir a prática que vigorou por algum tempo, de substituir o Tetragrama (IHVH), pela palavra “Senhor” (kyrios) ou “Deus” (theos). Esta prática desenvolveu-se evidentemente nos séculos que antecederam o surgimento de Cristo. Não foi porque deixaram de dar importância ao nome representado pelo Tetragrama. Ao contrário, foi por considerarem o nome sagrado demais para ser pronunciado, e os escritos judaicos tradicionais indicam que a pronúncia do mesmo ficou limitada ao sacerdócio do templo e particularmente ao sumo sacerdote daquele sacerdócio aarônico.15

 

A evidência das fontes antigas

 

No terceiro século A.C., fez-se a primeira tradução das Escrituras Hebraicas para a língua grega, conhecida como Versão Septuaginta. Há evidência clara de que os que que redigiram as Escrituras Cristãs, ao tirar citações das Escrituras Hebraicas, fizeram-no muitas vezes com base na tradução Septuaginta. Este aspecto assume grande importância no esforço de determinar se aqueles escritores bíblicos de fato utilizaram ou não o Tetragrama em seus escritos. Se o fizeram, isto seria pelo menos um indício do grau de destaque que deram ao nome pessoal de Deus representado por essas quatro letras hebraicas. A primeira pergunta é: encontraram eles o Tetragrama nas cópias da Septuaginta grega que usavam?

Por muito tempo, acreditou-se que o Tetragrama, no início, não aparecia nessa primeira tradução das Escrituras Hebraicas. Supunha-se que os tradutores seguiram a prática de substituí-lo por “Senhor” (kyrios) ou “Deus” (theos). As muitas cópias da Septuaginta então conhecidas apoiavam esta crença. Hoje, porém, há sólida razão para questionar se os tradutores da Septuaginta efetuaram tal substituição. O fragmento da cópia de um trecho da Septuaginta escrito em papiro, encontrado no Egito, foi datado como do primeiro século A.C. Ele traz a segunda metade do livro de Deuteronômio, com o Tetragrama (escrito em caracteres hebraicos), que aparece em todo o conteúdo.16 Acham-se exemplos similares num pequeno número de outros manuscritos gregos da Septuaginta, embora não sejam do período pré-cristão (ou A.C.), mas dos primeiros séculos (A.D.). Evidência adicional do surgimento do Tetragrama nas primeiras traduções gregas das Escrituras Hebraicas encontra-se nas declarações de Orígenes (do terceiro século A.D.) e de Jerônimo (tradutor da Vulgata latina no quarto século A.D.), que disseram que “encontramos o nome de quatro letras de Deus em certos volumes gregos, até este dia expressos nas letras antigas.”

O que significa tudo isto? A Sociedade Torre de Vigia chega à conclusão de que as cópias da Septuaginta, lidas e citadas durante a época de Cristo e seus apóstolos, traziam costumeiramente o Tetragrama. A Sociedade Torre de Vigia, porém, vai bem mais longe. Com base na evidência já mencionada, ela afirma que, quando se redigiram as Escrituras Cristãs, os escritores cristãos incluíram o Tetragrama, e que, “pelo menos do 3º século A.D. em diante, o nome divino na forma do Tetragrama tem sido eliminado do texto pelos copistas,” substituído pelas palavras kyrios (Senhor) e theos (Deus) por este.18
A Torre de Vigia acreditou ter encontrado forte apoio para inserir o nome “Jeová” no Novo Testamento ou Escrituras Cristãs, nas declarações feitas no Journal of Biblical Literature (Volume 96, Nº 1, 1977) pelo professor adjunto de religião da Universidade da Geórgia, George Howard. O número de A Sentinela de 1º de novembro de 1978, página 9, citou extensamente o professor Howard sobre este assunto, dando especial ênfase à seguinte declaração dele:
 

Visto que o tetragrama ainda se achava escrito nos exemplares da Bíblia grega que compunha as Escrituras da primitiva igreja, é razoável crer que os escritores do N[ovo] T[estamento], citando a Escritura, preservassem o tetragrama no texto bíblico. À  base da analogia da prática judaica pré-cristã, podemos imaginar que o texto do NT continha o tetragrama nas suas citações do AT.

 

A ocorrência do Tetragrama nos trechos dos manuscritos antigos já mencionados da tradução Septuaginta pré-cristã é definitivamente notável. Sua notoriedade resulta da ausência do Tetragrama (em qualquer forma) em todas as outras cópias antigas da Septuaginta, inclusive os manuscritos completos (ou quase completos) mais antigos dos escritos bíblicos.19 A descoberta destes fragmentos antigos da Septuaginta dá clara margem à possibilidade da ocorrência regular do Tetragrama nas cópias da Septuaginta em uso na Palestina do primeiro século A.D., embora este fato, em si mesmo, não prove que foi assim.

 

Mais importante para o assunto em consideração, é que isto não prova que os próprios escritores cristãos incluíram o Tetragrama em seus escritos ou que este aparecia em qualquer das primeiras cópias de seus escritos, tais como as anteriores ao terceiro século. As publicações da Torre de Vigia são bem definitivas neste assunto, como ao dizer que “estes escritores cristãos, sem dúvida, usaram o nome divino, Jeová,” quando citaram as Escrituras Hebraicas, e sobre Mateus, que quando fazia tais citações, “ele se veria obrigado a incluir fielmente o Tetragrama” em seu relato do Evangelho.20 Em contraste, o professor Howard, a quem A Sentinela tem citado com freqüência em apoio a suas afirmações, limita a questão a uma possibilidade ou probabilidade razoável, como em sua declaração “podemos imaginar que o texto do NT continha o tetragrama nas suas citações do AT.” Ao citar Howard no Journal of Biblical Literature, a revista A Sentinela não mostra aos leitores que o artigo dele está cheio de expressões cautelosas, tais como “esta teoria,” “com toda a probabilidade,” “é possível que,” “se nossa teoria estiver correta,” “a teoria que sugeri-mos,” “se presumirmos” e assim por diante. Note também que Howard fala que os escritores cristãos incorporaram “o Tetragrama,” isto é, as quatro letras hebraicas (%&%*), e não uma tradução adicional do mesmo, como “Iavé” ou “Jeová.” Ainda que essas quatro letras tenham sido incluídas nas Escrituras Cristãs originais, isto não prova que, ao lê-las, o leitor as pronunciava como “Iavé” ou de forma similar, em vez de usar “Senhor” ou “Deus.”21 Finalmente, as declarações dele favorecem o uso do Tetragrama apenas nas citações do Antigo Testamento, enquanto a Tradução do Novo Mundo insere “Jeová” em lugares que não têm nada a ver com citações do Antigo Testamento.

 

Uma fonte de evidência bem mais forte

 

Qualquer que seja o peso que se atribua à evidência textual já mencionada com relação à tradução da Septuaginta grega do Antigo Testamento ou Escrituras Hebraicas, há evidência textual adicional que tem claramente um significado bem maior. Isto se deve ao indício bem mais forte da prática real dos próprios escritores das Escrituras Cristãs com relação ao uso do Tetragrama. E é esta, afinal de contas, a pergunta de importância conclusiva: será que eles, os escritores da Bíblia cristã, empregaram o Tetragrama, quer ao citarem as Escrituras Hebraicas quer em alguma outra ocasião?

Uma das duas cópias mais antigas dos escritos apostólicos encontrados é um códice de papiro (denominado Papiro Chester Beatty Nº 2 [P46]). Contém, em forma fragmentária, nove das cartas do apóstolo Paulo: Romanos, Hebreus, Primeira aos Coríntios, Segunda aos Coríntios, Efésios, Gálatas, Filipenses, Colossenses e Primeira aos Tessalonicenses.22 A data deste códice foi por muito tempo calculada como por volta de 200 A.D.23 Há agora, porém, bons argumentos para afirmar que é bem mais antigo. Em 1988, na publicação erudita Biblica, Volume 69, Fasc. 2, o Dr. Y. K. Kim, perito em manuscritos, apresentou evidência cuidadosamente desenvolvida para corrigir a data como sendo da parte final do primeiro século, talvez de antes do reinado do imperador Domiciano, isto é, antes de 81 A.D. Em qualquer caso, a evidência disponível coloca o conjunto de papiros a poucas décadas da época dos escritos originais de Paulo.24

Que importância tem isto para o assunto que agora consideramos? Se o argumento da Sociedade Torre de Vigia fôr válido, a saber, que os escritos apostólicos originais traziam o Tetragrama e que foi só nos séculos subseqüentes que os ‘cristãos apóstatas’ o removeram desses escritos, esta cópia mais antiga daqueles escritos originais devia então apoiar esse argumento. Deveríamos esperar encontrar numerosas ocorrências do Tetragrama nestas cartas. Acontece isso?

O fato simples é que nestas nove cartas apostólicas encontradas neste códice cristão mais antigo não se usa uma só vez o Tetragrama em qualquer de suas formas. Nestas nove cartas, o escritor apostólico faz inúmeras citações das Escrituras Hebraicas, seguindo o fraseado da tradução Septuaginta, mas nennhuma das citações dele contém o Tetragrama. Suas citações seguem a prática de substituir o Tetragrama pelo grego kyrios (Senhor) ou theos (Deus). A Sociedade Torre de Vigia sustenta que a ocorrência do Tetragrama em algumas das cópias mais antigas (na verdade, cópias de fragmentos) da Versão Septuaginta é prova de que este originalmente estava lá. Se esse princípio se aplica, deve-se então aplicá-lo corretamente neste caso, a saber, que a ausência do Tetragrama nesta cópia mais antiga das nove cartas de Paulo prova que ele também estava ausente dos escritos originais do apóstolo.

De fato, se o Tetragrama tivesse aparecido originalmente em suas cartas, algumas delas escritas tão tarde quanto 60/61 A.D., parece inconcebível que tivesse sido eliminado tão pouco tempo após a escrita original, numa época em que outros apóstolos, especialmente João, ainda estavam vivos. Junte-se a isto o fato de que, com a única exceção do livro de Revelação e sua forma abreviada de “Jah,” não se acha nenhuma forma do Tetragrama em qualquer manuscrito antigo das Escrituras Cristãs, quer escritas por Paulo quer por outros escritores cristãos.

A alegação da Sociedade Torre de Vigia de que, ao citarem das Escrituras Hebraicas, os apóstolos e outros escritores cristãos do primeiro século incluíam o Tetragrama em seus escritos, baseia-se então só em teoria, uma teoria especulativa contra a qual predomina a evidência histórica. Quando Rud Persson, da Suécia, enviou ao professor Howard uma cópia da matéria da revista Biblica sobre as datas atribuídas as cópias em papiro (P46) das cartas de Paulo, o professor Howard replicou:

 

Se a data de [Dr.] Kim estiver correta, isto demonstraria que num MS Paulino do primeiro século o Tetragrama não foi usado conforme sugeri. Isto enfraquece minha teoria, pelo menos com respeito às cartas Paulinas. Quanto a se os manuscritos dos evangelhos do primeiro século e outros escritos seguiram ou não o padrão do P46, seria ainda uma questão de conjectura.

 

Num pós-escrito, ele acrescenta: “As Testemunhas de Jeová interpretaram demais os meus artigos. Não apoio as teorias delas.”25

 

Busca-se justificativa por meio do uso

   de várias traduções hebraicas

 

Muitas vezes, as inserções do nome “Jeová” feitas pela Torre de Vigia nos textos das Escrituras Cristãs correspondem às citações que o autor fez de trechos das Escrituras Hebraicas em que aparece o Tetragrama.  Todavia, este não é o caso das 237 inserções do nome na Tradução do Novo Mundo. As inserções foram, em muitos casos, feitas onde não estava envolvida citação alguma. Como se justifica isto?

No empenho de conferir alguma autenticidade a estas (e outras) inserções do nome “Jeová,” inserções que nenhuma cópia antiga justifica, a Sociedade Torre de Vigia recorreu ao apoio de inúmeras traduções das Escrituras Cristãs para a lingua hebraica, traduções que amiúde incluem o Tetragrama em suas versões. O fato, porém, é que todas estas traduções hebraicas foram feitas do século 14 A.D. em diante, algumas de época tão recente quanto o século 19.26 Embora possam, por serem em hebraico, dar a aparência de apoio autêntico, são apenas isso ¾ uma aparência. Os diversos tradutores nada mais fizeram que expressar uma opção pessoal por inserirem o Tetragrama onde os manuscritos gregos de fato traziam a palavra “Senhor” ou “Deus.”27 Na realidade, estas traduções hebraicas não têm mais peso na questão do que teria uma tradução em qualquer outro idioma ¾ árabe, alemão ou português ¾ feita no mesmo período. Elas não constituem evidência, apenas a opinião de determinado tradutor. Nada provam quanto ao uso do Tetragrama ou ao grau de destaque que lhe davam Cristo ou seus discípulos. Não só isso, mas também “pularam” os manuscritos mais antigos das Escrituras Cristãs e o fraseado que neles se encontra para favorecer estas traduções hebraicas que são mil anos mais recentes. Isto faz com que a Tradução do Novo Mundo vá contra um princípio básico da tradução ¾ que se deve conferir maior peso aos manuscritos mais antigos, em virtude de estarem mais próximos dos originais. Portanto, A Sentinela de 15 de setembro de 1982, página 23, afirma: Quanto mais antigo é o manuscrito bíblico, tanto mais perto está provavelmente dos autógrafos originais dos escritores inspirados, dos quais não há nenhum existente hoje em dia.” Nesta questão, porém, a organização Torre de Vigia prefere ignorar a evidência dos mais de 5.000 manuscritos gregos antigos ¾ nenhum dos quais traz o Tetragrama ¾ e deixar-se guiar, não pelos manuscritos no idioma original, mas basicamente por traduções modernas, que refletem, no final das contas, a opinião pessoal dos tradutores.28 

 

Afirmações inconsistentes

 

A posição da Sociedade Torre de Vigia é de incrível inconsistência. Por um lado, argumenta que os escritores das Escrituras Cristãs incluíram originalmente alguma forma do Tetragrama em seus escritos.  Por outro, a Sociedade reconhece repetidamente que essas Escrituras Cristãs foram preservadas com notável exatidão. Sua publicacão, Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2, página 757, cita o professor Kurt Aland ao afirmar:

 

O texto do Novo Testamento foi transmitido de modo excelente, melhor do que quaisquer outros escritos dos tempos antigos; a possibilidade de ainda se encontrarem manuscritos que alterariam decisivamente seu texto é nula.

 

O número de 1º de outubro de 1977 de A Sentinela citou o mundialmente conhecido erudito em textos gregos F. J. Hort, dizendo: “a quantidade daquilo que de algum modo possa ser chamada de variação substancial [nas cópias antigas das Escrituras Cristãs] mal pode chegar a constituir mais de uma milésima parte do texto inteiro.” Daí, a própria Sentinela passa a dizer (páginas 603, 604):

 

Não importa qual a versão das Escrituras Cristãs que possua, não há motivo para duvidar de que o texto grego em que se baseia apresenta com considerável fidelidade aquilo que os autores inspirados destes textos bíblicos escreveram originalmente. Embora já estejamos quase 2.000 anos distantes do tempo de sua redação original, o texto grego das Escrituras Cristãs é maravilha de transmissão exata.

 

Inúmeros artigos destacam a pureza e a exatidão do texto bíblico, e atribuem o mérito por esta preservação ao profundo grau de respeito pelo registro divino e à preocupação intensa com a fidelidade em sua transmissão por parte dos copistas, e à influência do “Autor Divino da Biblia.” Assim, um artigo da revista Despertai! de 22 de fevereiro de 1986 (página 15) diz que, já que Deus inspirou os escritos originais, “É lógico que Ele supervisionaria a transmissão fiel de sua Palavra até os nossos dias.”29

O problema aqui é que a organização nega sua própria posição nas afirmações com respeito, não a alguma omissão ou variação trivial, mas a algo que vêem como um dos aspectos mais importantes das Escrituras, o nome representado pelo Tetragrama. Pois o que de fato dizem é que Deus, ao mesmo tempo que exerceu sua influência divina para preservar o texto grego das Escrituras Cristãs, de modo que seja uma “maravilha de transmissão exata,” falhou em cuidar de que alguma forma do nome “Jeová” fosse preservado em pelo menos uma das cerca de 5.000 cópias dos manuscritos antigos dessas Escrituras Cristãs. Se a tremenda importância que a organização confere ao Tetragrama tem base sólida, como pôde isto acontecer?

Como é possível, também, que se façam citações de Jerônimo e Orígenes e outros de épocas tão recentes quanto o quarto século A.D., quando ainda se podia encontrar o Tetragrama em cópias da tradução grega Septuaginta das Escrituras Hebraicas, e apesar disso não se ache uma única afirmação de algum escritor cristão primitivo que diga que este apareceu em alguma cópia das Escrituras Cristãs ou Novo Testamento? Se o Tetragrama tivesse ocorrido nas traduções pré-cristãs do Antigo Testamento, por que não seria mais logicamente encontrado numa cópia recente do texto grego original das Escrituras Cristãs, ou pelo menos numa das traduções antigas das mesmas? Se tivesse aparecido nos escritos originais, certamente Deus, a quem se dá o mérito por garantir a fidelidade de sua transmissão até os dias atuais, teria se assegurado de sua preservação ¾ pelo menos ele teria feito isso se tivesse conferido ao Tetragrama a suma importância que a Sociedade Torre de Vigia lhe atribui. O fato de que não foi preservado nos textos antigos das Escrituras Cristãs e em sequer uma das traduções mais antigas depõe seriamente contra ter alguma vez estado ali.

 

Testemunho dos próprios textos existentes

 

Mesmo supondo que alguém se incline a aceitar o argumento da Sociedade Torre de Vigia em justificar a inserção do nome “Jeová” nas Escrituras Cristãs ou Novo Testamento ¾ ainda que só nos casos em que se fazem citações das Escrituras Hebraicas ¾ ele ainda enfrentaria algumas sérias questões. A principal é o fato de que, mesmo na própria tradução da Torre de Vigia, com suas inserções peculiares, há cartas inteiras escritas pelos apóstolos nas quais o nome “Jeová” está totalmente ausente, a saber, Filipenses, Primeira Timóteo, Tito, Filêmon e as três cartas de João. Toda Testemunha de Jeová deve reconhecer honestamente que é totalmente impensável que um indivíduo proeminente na organização das Testemunhas escreva sobre assuntos espirituais sem utilizar amplamente o nome “Jeová.” Escrever cartas do tamanho e conteúdo da carta de Paulo aos Filipenses ou de sua primeira carta pastoral a Timóteo ou a Tito, ou escrever três cartas separadas de advertências e exortações sobre assuntos cruciais como as do apóstolo João ¾ escrever todas estas sem o repetido uso do nome “Jeová” levaria alguém, entre as Testemunhas de Jeová, à suspeita de apostasia. No entanto, em sua própria Tradução do Novo Mundo, o nome não aparece em nenhuma destas sete cartas apostólicas que tratam de assuntos espirituais vitais. Mesmo do ponto de vista da Tradução do Novo Mundo, deve-se dizer que, ao escreverem estas cartas, os apóstolos Paulo e João deixaram claramente de se ajustar à norma predominante na organização Torre de Vigia. Ou, expresso de forma mais correta, a norma predominante na organização Torre de Vigia é que não se ajusta ao ponto de vista apostólico do primeiro século.

A completa ausência do nome “Jeová” nestas sete cartas apostólicas na Tradução do Novo Mundo dá ainda mais evidência de que a inserção deste nome nas outras Escrituras Cristãs é puramente arbitrária, não algo apoiado pela evidência.

Em segundo lugar, mesmo que aceitemos as inúmeras inserções do nome “Jeová” feitas pelos tradutores (mais precisamente do tradutor Fred Franz) da Tradução do Novo Mundo, temos ainda de encarar o fato de que os escritores originais dessas Escrituras Cristãs referiram-se ao nome do Filho de Deus com freqüência bem maior. O nome “Jesus” aparece 912 vezes, ultrapassando assim as 237 inserções do nome “Jeová.”30 Isto também faz gritante contraste com a prática vista nas publicações da Torre de Vigia, onde esta proporção é, às vezes, exatamente oposta. Especialmente a partir da época da presidência de Rutherford, essas publicações mostram um progressivo aumento no uso do nome “Jeová,” acompanhado, no mínimo, por uma reduzida referência ao nome do Filho de Deus, Jesus Cristo. Todavia, o próprio Deus declarou que Sua vontade é que “todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honrar o Filho, não honra o Pai que o enviou.”31 Os escritores das Escrituras Cristãs tomaram claramente a peito esta declaração e seu exemplo deve ser seguido, não descartado sob a alegação de que não se ajusta às necessidades de nossa época.

A evidência, pois, é que a prática vigente na organização das Testemunhas de Jeová quanto ao repetido uso e ênfase do Tetragrama,  reflete realmente mais a prática existente na nação de Israel dos tempos pré-cristãos que a prática da congregação dos seguidores de Cristo do primeiro século. Se não há justificativa para este recuo no tempo,” de que modo, então, se cumprirão os muitos textos que nos exortam a proclamar e honrar o nome de Deus? Para determinar isto, devemos considerar a seguinte pergunta:

 

Por que a mudança dos tempos pré-cristãos para os

      cristãos?

 

Conforme mostramos, apesar de todas as afirmações e teorias, simplesmente não existe evidência sólida de que o Tetragrama apareceu em qualquer parte das Escrituras Cristãs, além das quatro ocorrências em forma abreviada no livro de Revelação. As evidências históricas, algumas das quais remontam a poucas décadas após a época dos escritos de Paulo, apontam forçosamente o contrário. Em vista da abundante ocorrência do Tetragrama nas Escrituras pré-cristãs (Hebraicas), com suas milhares de ocorrências, esta mudança é deveras notável. Diante de toda a evidência conhecida, a pergunta é: “Que efeito tem isto em acatarmos de coração e aplicarmos as muitas exortações das Escrituras quanto a louvar, honrar e santificar o nome de Deus?

Para entender isto, precisamos primeiro entender o que o termo “nome” significa nas Escrituras e ao que de fato se refere por “nome” de Deus. Geralmente limitamos, na mente, o termo “nome” a uma palavra ou expressão que distingue uma pessoa de outra, aquilo que geralmente chamamos de “nome próprio” ou “apelativo,” tal como “João,” “Maria,” “Austrália” e “Atlântico.” Este é o uso mais comum do termo “nome” na fala diária e geralmente é esse seu sentido nas Escrituras. “Nome,” porém, pode aplicar-se de vários outros modos. Em fins dos anos 60, quando se preparava a obra da Sociedade Torre de Vigia, Ajuda ao Entendimento da Bíblia (hoje, Estudo Perspicaz das Escrituras), fui designado para redigir artigos sobre “Jeová,” “Jesus,” “Cristo” e “Nome.” Na época, não vi razão para questionar os ensinos da Torre de Vigia sobre o amplo uso do nome “Jeová” entre os cristãos do primeiro século, e busquei sinceramente sustentar esses conceitos.32 Eu ignorava os vários aspectos tratados na presente obra; outros aspectos sequer entraram em cogitação, pois minha mente estava direcionada a apoiar os ensinos da organização, em vez de pesar e analisar sua validade. Porém, ao pesquisar os três tópicos mencionados, uma coisa de fato me ocorreu de modo mais claro que nunca antes: o fato de que a palavra “nome” pode ter significado mais amplo e vital do que o que comumente lhe dão. Esse entendimento foi fundamental para eu me dar conta de como minha compreensão de vários textos bíblicos fora estritamente limitada, e eventualmente reconhecer que a organização muitas vezes os aplicara de modo injustificado.

 “Nome” por exemplo, pode referir-se, não ao “nome próprio” distintivo, mas à reputação ou histórico pessoal. Quando dizemos que alguém “fez um bom nome” ou “um mau nome” para si mesmo, não nos referimos à palavra ou expressão utilizada para identificá-lo, tal como “Ricardo,” “Henrique” ou “João Silva,” mas à reputação que obteve. O que há de “bom” ou “mau” em seu “nome” nada tem a ver com seu prenome ou sobrenome. Do mesmo modo, quando dizemos que devido a um proceder errado certa pessoa “perdeu seu bom nome,” não estamos falando do nome no sentido comum, literal, mas num sentido bem mais amplo. Assim, um homem pode ser conhecido pelo nome de “Sr. Inocêncio Justo” e, no entanto, neste sentido mais amplo, ter um “mau nome.” Esse último “nome” é obviamente de maior importância que o nome que comumente o distingue, pois revela o que ele realmente é e realmente fez. Este sentido mais amplo e mais profundo de “nome” aparece freqüentemente nas Escrituras.33

“Nome” pode referir-se à autoridade com que se faz algo. É isto que se quer dizer com a expressão “em nome da lei,” ou “em nome do rei.” A “lei” não tem um “nome” específico no sentido costumeiro, e tampouco faz-se referência a um nome como “Henrique,” “Luís” ou “Fernando” quando se menciona “o nome do rei,” mas, em vez disso, apela-se para a autoridade e posição reais como base para a exigência feita. Em Efésios 1:21, o apóstolo fala de governo, autoridade, poder e senhorio e “todo nome dado.” Isto mostra claramente que “nome” representa muitas vezes autoridade e posição.34 Num artigo sobre o Espírito santo, do número de 15 de janeiro de 1991 de A Sentinela (página 5), a organização  vê-se de fato obrigada a admitir este sentido da palavra “nome” ao explicar o significado do termo em Mateus 28:19, “batizando-os em o nome do Pai e do Filho e do espirito santo.” Visto que não se dá ao espírito Santo nenhum “nome” em sentido comum, é evidente que o termo é aqui usado num outro sentido. Já na edição de 15 de dezembro de 1944 (em inglês), A Sentinela fazia a seguinte afirmação (páginas 371, 372):

 

O batismo no nome do Filho significa mais que simplesmente o nome literal do Filho, Jesus Cristo, assim como nome representa mais que seu significado literal. Os nomes carregam toda honra, autoridade, poder e o cargo que o Pai atribuiu ao Filho.

 

O que se aplica ao “nome do Filho” em relação ao nome literal “Jesus Cristo,” aplica-se também ao “nome do Pai” em relação ao nome literal “Jeová.”

Esta mesma expressão “em nome de,” pode, portanto, significar também que aquele que afirma falar ou agir “em nome de” outra pessoa, afirma ter a autoridade de representar essa pessoa.35

Em última instância, pois, ao falar do “nome” de alguém, a verdadeira referência pode ser não só à palavra ou expressão usada para designar um indivíduo, mas à própria pessoa, sua personalidade, qualidades, princípios e histórico, àquilo que ela própria é. (De modo similar, quando apelamos a alguém “em nome da misericórdia,” referimo-nos a tudo que a qualidade da misericórdia representa e significa). Pode-se, então, dizer apropriadamente que, mesmo que conheçamos o nome pelo qual alguém é chamado, se não o conhecemos pelo que ele realmente é, não conhecemos realmente o “nome” dele no sentido verdadeiro e vital.

Quando preparei o artigo “Jeová” para o livro Ajuda, incluí a seguinte citação do erudito em hebraico, professor G.T. Manley:

 

Um estudo da palavra ‘nome’ no V[elho] T[estamento] revela o quanto esta palavra significa em hebraico. O nome não é simples rótulo, mas é representativo da verdadeira personalidade daquele a quem pertence.36

 

“Conhecer o nome de Deus” significa, pois, bem mais que simplesmente saber a palavra que o designa. Escrevendo sobre os que afirmam que Êxodo 6:2, 3 indica que o Tetragrama ou o nome “Jeová” foi conhecido pela primeira vez na época de Moisés, o professor de hebraico D. H. Weir escreve:

 

[Eles] não estudaram [estes versículos] à luz de outros textos; senão, teriam percebido que com nome deve-se querer dizer aqui não as duas sílabas, que compõem a palavra Jeová, mas a idéia que esta expressa. Quando lemos em Isaías, cap. lii. 6: ‘Portanto, meu povo conhecerá o meu nome’; ou em Jeremias, cap. xvi. 21: ‘Saberão que meu nome é Jeová’; ou nos Salmos, Sal. ix. [10, 16]: ‘Os que conhecem o teu nome confiarão em ti’; vemos imediatamente que conhecer o nome de Jeová é algo bem diferente de se conhecer as quatro letras que o compõem. É saber por experiência que Jeová realmente é aquilo que seu nome declara que é. (Veja também Is. xix. 20, 21; Ez. xx. 5, 9; xxxix. 6, 7; Sal. lxxxiii. [18];  lxxxix. [16]; 2 Cr. vi. 33.)” — The Imperial Bible-Dictionary, Vol. I, pp. 856, 857.37

 

Por ter reconhecido este significado muito mais profundo do termo “nome” na Bíblia, ao escrever o artigo “nome” para o livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia, incluí esta afirmação (páginas 1195, 1196):

 

Conhecer um indivíduo o nome de Deus sig-nifica mais do que mera familiaridade com tal palavra. (2 Crô. 6:33) Significa, em realidade, conhecer a Pessoa — seus propósitos, suas atividades, e suas qualidades, conforme revela-das em Sua Palavra. (Compare com 1 Reis 8:41-43; 9:3, 7; Neemias 9:10.) Isto é ilustrado no caso de Moisés, um homem a quem Jeová ‘conhecia por nome’, isto é, conhecia de modo íntimo. (Êxo. 33:12) Moisés teve o privilégio de ver uma manifestação da glória de Jeová e também de ‘ouvir o nome de Jeová ser declarado’. (Êxo. 34:5) Essa declaração não era simplesmente a repetição do nomeJeová”, e sim uma declaração sobre os atributos e as atividades de Jeová. Êxo. 34:6, 7) Similarmen-te, o cântico de Moisés, que continha as palavras “pois declararei o nome de Jeová”, narra os modos de Deus lidar com Israel e descreve a Sua personalidade. — Deut. 32:3-44.

Quando Jesus Cristo estava na terra, ele ‘manifestou o nome de seu Pai’ a seus discí-pulos. (João 17:6, 26) Tais discípulos, embora já conhecessem esse nome e estivessem familiarizados com as atividades de Deus, conforme registradas nas Escrituras Hebraicas, vieram a conhecer a Jeová de forma muito melhor e dum modo mais grandioso através Daquele que está “na posição junto ao seio do Pai”. (João 1:18) Cristo Jesus representava de modo perfeito a seu Pai, fazendo as obras de seu Pai e falando, não da por iniciativa própria, mas as palavras de seu Pai. (João 10:37, 38; 12:50; 14:10, 11, 24) É por isso que Jesus podia dizer: “Quem me tem visto, tem visto também o Pai.” — João 14:9.

Isto mostra claramente que os únicos que verdadeiramente conhecem o nome de Deus são aqueles que são Seus servos obedientes. (Com-pare com 1 João 4:8; 5:2, 3.) A garantia de Jeová no Salmo 91:14, portanto, aplica-se a tais pessoas: “Protegê-lo-ei por ele ter chegado a conhecer meu nome.” O nome em si não é um amuleto mágico, mas a Pessoa designada por tal nome pode fornecer proteção para seu povo devotado. Assim, o nome representa o próprio Deus. É por isso que o provérbio diz: “O nome de Jeová é uma torre forte. O justo corre para dentro dela e recebe proteção.” (Pro. 18:10) É isso que fazem as pessoas que lançam seu fardo sobre Jeová. (Sal. 55:22) Semelhantemente, amar o nome de Jeová (Sal 5:11), cantar-lhe louvores (Sal 7:17), invocá-lo (Gên. 12:8), dar-lhe graças (1 Crô. 16:35), jurar por ele (Deut. 6:13), lembrar-se dele (Sal. 119:55), temê-lo (Sal. 61:5), procurá-lo (Sal 83:16), confiar nele (Sal. 33:21), exaltá-lo (Sal. 34:3) e esperar nele (Sal. 52:9) é fazer tais coisas com referência ao próprio Jeová. Falar de forma abusiva do nome de Deus é blasfemar contra Deus. — Lev. 24:11, 15, 16.38

 

Podemos entender isto pelo fato de que o termo “nome” é usado de modo idêntico com referência ao Filho de Deus. Quando o apóstolo João escreve, “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus,” ele não se refere simplesmente ao nome “Jesus.”39 Ele se refere à pessoa do Filho de Deus, ao que ele é como o “Cordeiro de Deus,” sua posição devidamente designada como Resgatador, Redentor e Mediador em favor da humanidade. Reconhecendo isto, em vez de “creram em seu nome” algumas traduções rezam: “creram nele” (Bíblia na Linguagem de Hoje); “acreditaram nele (An American Translation); “a ele empenharam sua fidelidade” (New English Bible).40

Será que o mero uso do nome “Jesus,” ou mesmo pronunciá-lo com muita freqüencia, ou chamar constante atenção para esse nome literal, provaria algo com respeito a alguém ser genuíno crente em Cristo, seu verdadeiro seguidor? Obviamente, nenhuma destas coisas demonstra-ria, por si, que alguém é realmente cristão. Tampouco significariam que alguém está de fato “tornando conhecido o nome” do Filho de Deus no real sentido bíblico. Milhões de pessoas hoje regularmente usam e falam o nome “Jesus.” Todavia, muitas delas representam de forma errada e obscura o nome verdadeiro e vital do Filho de Deus, porque sua atitude e proceder estão muito longe de refletir os ensinos, a personalidade ou o modo de vida de que ele foi exemplo. Suas vidas não demonstram uma conduta consistente com a fé no poder dele de prover redenção. Isso, e não o uso de determinada palavra ou substan-tivo próprio, é o que está envolvido em ‘crer no nome dele.’41

O mesmo se aplica ao uso do nome “Jeová.” Não importa com que freqüência indivíduos ou uma organização de pessoas possam proferir esse nome literal (alegando uma justiça especial por meio do repetido uso deste nome), se não refletem genuinamente em atitude, conduta e prática, aquilo que a própria Pessoa é ― suas qualidades, caminhos e padrões ― então não chegaram realmente a “conhecer seu nome” no sentido bíblico. Não conhecem de fato a pessoa ou a personalidade representada pelo Tetragrama.42 O uso desse nome não seria então mais que honrar com os lábios.43 Se afirmam falar “em seu nome” e ainda assim deturpam o que Ele mesmo declara em sua própria Palavra, fazem predições falsas “em seu nome,” inventam e impõem legislação e regras não-bíblicas “em seu nome” ou realizam julgamentos e condenações injustas “em seu nome,” então, de fato, “tomaram seu nome em vão.” Agiram de um modo que nem tem sua autorização e nem reflete suas qualidades e padrões e aquilo que Ele próprio é como Pessoa.44

Igualmente ocorre com o uso de alguma forma do Tetragrama com propósitos sectários, empregando-o como meio de distinguir um grupo religioso de outros grupos religiosos. A evidência é que o nome “Testemunhas de Jeová” foi criado para atender este objetivo. Do mesmo modo, “louvar seu santo nome” ou “santificar seu nome” não significa simplesmente louvar determinada palavra ou expressão, pois como poderia alguém ‘louvar uma palavra’ ou ‘louvar um título’? Em vez disso, significa claramente louvar a própria Pessoa, falar sobre Ele e suas qualidades e caminhos com reverência e admiração, vê-lo e respeitá-lo como Santo no sentido superlativo.

 

O modo definitivo de identificar o Deus Verdadeiro

 

Obviamente, é preciso que se identifique a Pessoa louvada. Para fazê-lo, porém, não nos limitamos ao uso de uma só designação específica.

Os apóstolos e discípulos de Cristo Jesus que redigiram as Escrituras Cristãs referiam-se regularmente a Deus como “Deus” na vasta maioria dos casos. Enquanto em cerca de 22 casos eles usaram o termo “Senhor” junto com “Deus,” e numas 40 vezes acompanharam o termo “Deus” com uma referência ao “Pai,” em cerca de outras 1.275 vezes eles simplesmente disseram “Deus.” Está claro que não sentiram necessidade ou obrigação de prefaciar regularmente esse termo com algum outro nome, como “Jeová.” Todo o contexto em que escreveram deixava claro sobre quem estavam escrevendo.

Assim, embora admitindo o fato de que há “muitos deuses” e “muitos senhores” que são adorados, o apóstolo passa a dizer que “para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, e nós para ele; e há um só Senhor, Jesus Cristo, por intermédio de quem são todas as coisas, e nós por intermédio dele.”45 Podemos notar que nem mesmo na Tradução do Novo Mundo, o apóstolo Paulo sentiu necessidade de usar o Tetragrama para identificar o Deus verdadeiro entre os inúmeros deuses das nações. (Nisto, mais uma vez, ele deixa de refletir o conceito e a prática atuais da organização Torre de Vigia) Alguns, de fato, sustentam que o Tetragrama pertence somente ao “Deus dos judeus.” As palavras de Paulo em Romanos 3:29 mostram que às vezes ele sentiu necessidade de esclarecer que o Deus de quem falava não era limitado. Quando falou aos atenienses que adoravam muitas deidades, ele identificou claramente para eles o Deus verdadeiro, mas não mediante o uso do nome Jeová” ou de uma forma similar do Tetragrama.46 Se há interesse de evitar qualquer confusão de identidade, é inegável que nenhuma designação identifica mais claramente o Deus verdadeiro que “o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” encontrada com freqüência nos escritos apostólicos.47

 

Por meio de seu Filho Deus revela seu verdadeiro nome

   

Quando nós, como humanos, damos a conhecer nosso nome pessoal a outros ao ponto de nos revelarmos a eles, deixamos de ser anônimos. Tal revelação resulta também em produzir uma relação mais íntima entre as pessoas, eliminando até certo ponto a sensação de serem estranhas entre si. Como mostramos, porém, é quando tais pessoas vêm a conhecer-nos pelo que somos, pelo que representamos, pelas qualidades que temos, pelo que fizemos ou estamos fazendo, é só então que passam a conhecer nosso “nome” no sentido mais importante. O nome pessoal que levamos é, na realidade, pouco mais que um símbolo; não é o nome de real importância.

Ao revelar-se a seus servos e a outros nos tempos pré-cristãos, Deus usou predominantemente, embora não de modo exclusivo, o nome representado pelo Tetragrama (IHVH). Mas a revelação de seu nome no sentido verdadeiro, crucial e vital surgiu através da revelação Dele mesmo como uma Pessoa suprema, todo-poderosa, santa, justa, misericordiosa, compassiva, com propósito, cumpridora de suas promessas. Assim mesmo, a revelação cumprida naquele tempo foi pequena comparada com a que viria.
É com a vinda do Messias, o Filho de Deus, que a revelação majestosa do “nome” de Deus se faz em pleno sentido. Como diz o apóstolo João:

 

Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que está voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer.48

 

Através de seu Filho, Deus se revela ¾ Sua realidade e personali-dade ¾ como nunca antes. Por meio desta revelação Ele também abre caminho para entrarmos numa relação íntima e exclusiva com Ele, como a de filhos com um Pai, não só filhos de Deus, mas herdeiros, herdeiros junto com seu Filho unigênito. Assim, João diz também sobre os que depositam fé no Messias de Deus, Jesus Cristo: “No entanto, a tantos quantos o receberam, a estes deu autoridade para se tornarem filhos de Deus, porque exerciam fé no seu nome.49

Alguns anos depois de completado o livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia, a pesquisa que fiz com relação ao sentido da palavra “nome” serviu de base para o artigo publicado no número de 15 de agosto de 1973 de A Sentinela, intitulado “Por que dá vida ter ‘fé no nome’ de Jesus Cristo?” e outro na Sentinela de 1º de novembro de 1973, intitulado “De que significado lhe é o nome de Deus?”  Virtualmente todos os pontos relativos ao sentido mais profundo do termo “nome” que até agora foram considerados foram apresentados nesses artigos. Entre outras coisas, o segundo artigo citado considerou a oração de Jesus na noite anterior à sua morte, na qual disse a seu Pai:

 

Tenho feito manifesto o teu nome aos homens que me deste do mundo... vigia sobre eles por causa do teu próprio nome que me deste... E eu lhes tenho dado a conhecer o teu nome e o hei de dar a conhecer.51

 

Após perguntar de que modo Jesus ‘deu a conhecer o nome de Deus’ aos seus apóstolos, citou-se (página 643) o seguinte comentário de Albert Barnes, em Notes, Explanatory and Practical, on the Gospels (1846):

 

A palavra nome [em João 17] inclui os atributos ou o caráter de Deus. Jesus dera a conhecer seu caráter, sua lei, sua vontade, seu plano de misericórdia. Ou, em outras palavras, revelara-lhos Deus. A palavra nome é muitas vezes usada para designar a pessoa.51

 

Depois desta citação, o artigo da Sentinela continuou comentando o seguinte:

 

Portanto, ao passo que Jesus ‘explicava o Pai’ por todo o seu próprio proceder perfeito na vida, na terra, ele realmente ‘dava a conhecer o nome de Deus’. Demonstrava que falava com o pleno apoio e a autoridade de Deus. Jesus podia por isso dizer: “Quem me tem visto, tem visto também o Pai.” O “nome” de Deus assim assumiu um significado maior para seus primitivos seguidores.

 

Este artigo da Sentinela de 1º de novembro de 1973 trazia várias afirmações que refletiam muitos conceitos básicos da organização Torre de Vigia, que são, de fato, de natureza sectária. Creio, porém, que é certo dizer que, no todo, ele apontou o sentido bíblico correto da palavra “nome.” O artigo ressaltava regularmente que fazer as coisas em “nome de Deus” significa bem mais que o mero uso ou pronúncia do nome “Jeová.” Seria interessante as pessoas hoje revisarem essa matéria. Embora o que escrevi neste artigo tenha sido aprovado para publicação pela organização, e embora, pelo que sei, jamais tenha sido refutado, a revista A Sentinela não trouxe, desde então, informação deste tipo. Seus artigos manifestam quase total falta de consideração para com o princípio que ali se apresentou com apoio bíblico.52

Ao condenar aqueles a quem classifica como “apóstatas,” a revista A Sentinela cita, como “prova” da “apostasia” deles, que não dão ao uso do nome “Jeová” a mesma importância que lhe dá a organização das Testemunhas. Além do que já apresentamos aqui, há muito mais evidências que mostram que, se o uso que a organização Torre de Vigia faz do termo está correto e exemplifica a honra apropriada ao “nome” de Deus, isto tornaria então Jesus e seus apóstolos também apóstatas.

 

A designação que Cristo preferia

 

Em comparação com as 6.800 ou mais referências a “Jeová,” as Escrituras Hebraicas pré-cristãs trazem apenas cerca de uma dúzia de casos em que se faz referência a Deus como “Pai.” Mesmo nestes casos, o termo é usado principalmente com respeito à relação de Deus com o povo de Israel, e não à sua relação com o indivíduo.53

É apenas com a vinda do Filho de Deus e a  revelação que faz de seu Pai, que esta relação íntima realmente se manifesta. A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Cristãs insere o nome “Jeová” 237 vezes nesses escritos, e o faz sem base sólida. Todavia, mesmo com esta introdução essencialmente arbitrária de algo que não se encontra em nenhum manuscrito antigo das Escrituras Cristãs, as referências a Deus como “Pai” se destacam mais ainda, pois é assim que Ele é chamado cerca de 260 vezes nesses escritos cristãos, e isso sem ser necessária a introdução arbitrária do termo pelos tradutores.

Contrário à prática comum das Testemunhas de Jeová quando se dirigem a Deus em oração, Jesus nunca se dirigiu a Ele como “Jeová,” mas sempre como “Pai” (empregando essa expressão seis vezes apenas em sua oração final com os discípulos). Nem na Tradução do Novo Mundo encontramos Jesus uma só vez dirigindo-se ou referindo-se a seu Pai como “Jeová.”54 Deste modo, quando ele ora a seu Pai, dizendo “Pai, glorifica o teu nome,” é evidente que o termo “nome” é usado aqui em seu sentido mais pleno e profundo, representando a própria Pessoa. De outro modo, a completa ausência nas orações de Jesus de um apelativo específico, como “Jeová,” seria inexplicável.55 Quando com seus discípulos, na noite anterior à sua morte, tanto ao falar com eles como numa longa oração, Jesus referiu-se ao “nome” de Deus quatro vezes.56 Todavia, durante toda aquela noite, cheia de conselhos e exortações a seus discípulos, e em oração, não se acha uma única ocorrência do uso do nome Jeová.” Ao invés, ele utilizou de modo consistente o apelativo “Pai,” fazendo-o cerca de cinqüenta vezes! Ao morrer, no dia seguinte, ele não clamou usando o nome “Jeová,” mas disse: “Deus meu, Deus meu,” e suas palavras finais foram: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito.57 Como cristãos, pois, o exemplo de quem devemos seguir? O de uma denominação religiosa do século 20, ou o do Filho de Deus, manifesto numa hora tão crucial?

Quando Jesus ensinou seus discípulos a orar, se tivesse seguido a prática desenvolvida entre as Testemunhas de Jeová pela organização Torre de Vigia, ele os teria ensinado a fazer orações a “Jeová Deus” ou a incluir esse nome em alguma parte das orações deles. Em vez disso, ele os ensinou a seguir seu próprio exemplo e a dirigir suas orações a “Nosso Pai nos céus.”58

Em nossas próprias relações familiares, não nos referimos ou nos dirigimos normalmente a nosso pai como “João,” “Ricardo,” “Fernando” ou outro nome qualquer. Fazer isto não indicaria o tipo de relação que usufruímos com nosso genitor. Dirigimo-nos a ele como “pai” ou de modo mais íntimo, como “papai” ou “paizinho.” Os de fora desse relacionamento não podem usar este termo. Devem restringir-se ao uso de um tratamento mais formal que envolva um prenome específico.

Assim, aos que com ele se tornam filhos de Deus por meio de Cristo Jesus, diz o apóstolo: “Ora, visto que sois filhos, Deus enviou o espírito do seu Filho aos nossos corações, e ele clama: Aba, Pai!”  [termo aramaico para “papai”], Pai!”59 Este fato, sem dúvida, é fundamental para explicar a razão da inevitável mudança, em que da ênfase pré-cristã ao nome “Jeová” passou-se para a ênfase cristã ao “Pai” celestial, pois não foi só em orações que Jesus fez deste termo sua expressão preferida. Como deixa clara a leitura dos evangelhos, em todas as suas conversas com seus discípulos, ele, sempre e primariamente, refere-se a Deus como “Pai.” É apenas por se chegar a apreciar profundamente a relação íntima com o Pai, que o Filho nos abriu a possibilidade de podermos verdadeiramente dizer que conhecemos o “nome” de Deus no sentido pleno e genuíno.60

 

O Tetragrama se cumpre através do Filho de Deus

 

Há, porém, mais um aspecto que pode escalerecer esta definitiva mudança de ênfase. O nome representado pelo Tetragrama (IHVH=Iavé, Jeová) provém duma forma do verbo “ser” (hayáh) Alguns eruditos acham que vem da forma causativa deste verbo. Se for assim, significaria literalmente “Aquele que causa que seja, que traz à existência,”61 Isto se harmonizaría com a resposta de Deus à pergunta de Moisés sobre o Seu nome, dizendo, segundo algumas traduções: “Serei o que serei.”62 Enquanto muitas traduções dizem aqui, “Eu sou o que sou,” The International Standard Bible Encyclo-pedia (Volume 2, página 507) diz sobre a tradução:

 

“Serei quem/o que serei”…é preferível porque o verbo haya [ser] tem um sentido mais dinâmico de ser ¾ não o da pura existência, mas o de tornar-se, acontecer, estar presente ¾ e porque o contexto histórico e teológico desses primeiros capítulos de Êxodo mostra que Deus se revela a Moisés, e posteriormente a todo o povo, não na natureza interna de Seu ser [ou existência], mas em Suas intenções ativas, redentoras, em favor deles. Ele “será” para eles “o que” Suas ações mostrarem que ele é.63

 

Nesta base, seria apropriado dizer que o nome representado pelo Tetragrama (Iavé ou Jeová) com sua ênfase ao propósito de Deus para seu povo, chega a seu verdadeiro cumprimento no Filho de Deus e através dele. O próprio nome “Jesus” (hebraico Iexua) significa “Jah salva.” Nele e através dele todos os propósitos de Deus para a humanidade encontram sua plena realização. Todas as profecias apontam no final para este Filho Messiânico, tornando-o seu foco. Em Revelação 19:10, o anjo diz a João que “testemunho de Jesus é o que inspira o profetizar.”64 O cumprimento dessas profecias irradia-se dele. O apóstolo, assim, pode dizer:

 

Pois quantas forem as promessas feitas por Deus, tantas têm em Cristo o “sim.” Por isso, por meio dele, o “Amém” [que significa “certo,” “verdadeiro”] é pronunciado por nós para a glória de Deus.65

 

O clímax de todas as promessas de Deus e seu propósito redentor em Cristo Jesus e através dele pode, então, dar explicação adicional para a mudança que é claramente evidente nas Escrituras Cristãs quando comparada às Escrituras Hebraicas em sua forma de referir-se a Deus. Isto explicaria por que Deus propositalmente faz a atenção voltar-se tão abundantemente para o nome de seu Filho, e por que seu Espírito santo inspirou os escritores cristãos da Biblia a fazê-lo. Esse Filho é o “Amém,” a “Palavra de Deus,” Aquele que pode dizer “Vim em nome de meu Pai,” no sentido mais pleno e importante da palavra “nome.”66

No tempo em que os israelitas viajavam para Canaã, Jeová afirmou que enviaria seu anjo adiante deles para guiá-los. Eles tinham de obedecer àquele guia angélico, disse ele, “porque meu nome está nele.”67 Num sentido bem maior, Deus fez que seu “nome” estivesse em Cristo Jesus durante sua vida terrena. Assim, alguns textos das Escrituras Hebraicas que contêm declarações relacionadas a “Jeová” foram aplicados, nas Escrituras Cristãs, ao Filho, sendo que a base para isso foi, evidentemente, que o Pai havia investido nele todo poder e autoridade para falar e atuar em Seu nome, porque este Filho proveu uma revelação perfeita da personalidade e do propósito do Pai em todas as formas, e porque o Filho é o Herdeiro real e legítimo de seu Pai.68

De todas estas formas, pois, por sua revelação única e insuperável de Deus, por dar a conhecer como nunca antes a personalidade, o propósito e os tratos de seu Pai, e por abrir a todos o caminho para uma relação com Deus como seus filhos, Jesus Cristo deu a conhecer e glorificou o nome verdadeiro e vital de seu Pai nos céus. Em oração a seu pai, na noite anterior à sua morte, tendo dito sinceramente, “Eu te tenho glorificado na terra, havendo terminado a obra que me deste para fazer,” ele podia então corretamente dizer: “Tenho feito manifesto o teu nome aos homens que me deste do mundo. . . . Santo Pai, vigia sobre eles por causa do teu próprio nome que me deste, para que sejam um, assim como nós somos.”69

 

A inserção arbitrária obscurece os ensinos bíblicos

 

Um dos aspectos mais sérios desta questão é que, pela inserção arbitrária do nome “Jeová” nos inúmeros casos em que os manuscritos rezam “Senhor” (grego, kyrios), a Tradução do Novo Mundo amiúde detrata seriamente do papel e função gloriosos que o Pai designou ao Filho. Considere o assunto do apóstolo em Romanos 10:1-17. Toda a ênfase deste trecho da carta de Paulo é à fé em Cristo, que “Cristo é o fim da Lei, para que todo aquele que exercer fé possa ter justiça,” e Paulo fala da “‘palavra’ da fé, que estamos pregando,” dizendo, “se declarares publicamente essa ‘palavra na tua própria boca,’ que Jesus é Senhor, e no teu coração exerceres fé, que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo.” No entanto, apesar de toda a ênfase à fé em Cristo como Senhor em todo o contexto circundante, quando a Tradução do Novo Mundo chega ao versículo 13, pondo de lado o fato de que o texto grego usa a palavra para “Senhor,” o tradutor insere aqui o nome “Jeová,” de modo que o texto reza: “Pois todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo.’” É verdade que há uma expressão idêntica em Joel 2:32, e ali se fala em invocar o nome de “Jeová.” Mas exige isto que o tradutor passe por alto a evidência dos manuscritos antigos dos escritos dos apóstolos, ou será que lhe dá o direito de fazê-lo, substituindo o termo “Senhor” por “Jeová”? A pergunta, então, deve ser: o que mostram o contexto e o restante das Escrituras?

As Escrituras Cristãs deixam claro que “invocar o nome” do Filho com fé e “invocar o nome” do Pai não são de modo algum ações mutuamente excludentes. Tanto antes como depois da citada declara-ção de Paulo, o apóstolo tinha falado que o propósito e a vontade de Deus era que a salvação viesse por meio de seu Filho, o Cristo. Visto que o Filho veio “em nome de seu Pai,” “invocar o nome” do Filho para a salvação significa invocar simultaneamente o nome do Pai que o enviou.70 Deus revelou-se por meio de seu Filho, de modo que quem visse o Filho estava, de fato, vendo o Pai.71 Vez após vez os discípulos de Cristo falaram de depositar fé no “nome” de Jesus, no sentido mais profundo e vital do termo.72 Em Pentecostes, após citar a mesma expressão da profecia de Joel citada por Paulo, Pedro disse à multidão que deviam ser “batizados no nome de Jesus Cristo, para o perdão de pecados.”73 Ele declarou depois ao Sinédrio que “não há salvação em nenhum outro, pois não há outro nome debaixo do céu, que tenha sido dado entre os homens, pelo qual tenhamos de ser salvos.”74 Quando falou a Cornélio e outros, Pedro disse de Cristo: “Dele é que todos os profetas [incluindo Joel] dão testemunho, de que todo aquele que deposita fé nele recebe perdão de pecados por intermédio de seu nome.”75 Na época da conversão de Saulo de Tarso, Ananias falou a Cristo, em visão, de “todos os que invocam o teu nome,” e quando Saulo (ou Paulo) relatou depois o evento, ele citou Ananias dizendo que Deus queria que ele, Paulo “visse o Justo, e ouvisse a voz de sua boca,” de modo a “ser testemunha dele perante todos os homens,” do que ele vira e ouvira. Ele afirma que Ananias lhe disse em seguida:Levanta-te, sê batizado e lava os teus pecados por invocares o seu nome [de Cristo].76

Em face de toda esta evidência, por que um tradutor atual passaria por alto a evidência dos textos mais antigos e se atreveria a substituir “Jeová” por “o Senhor” na declaração do apóstolo em Romanos 10:13? Em muitos casos, o contexto indica claramente que o “Senhor” de quem se fala é Deus, o Pai. Mas em outros casos o contexto aponta mais diretamente para o Filho, o Senhor Jesus Cristo. A alteração do texto de Romanos capítulo 10 não é um caso isolado em que as 237 inserções de “Jeová” no texto da Tradução do Novo Mundo (no lugar onde o manuscrito do idioma original diz “o Senhor”) têm o efeito de eliminar a aplicação a Cristo quando o contexto claramente o indica ou permite.77 Se é vontade do Pai glorificar o Filho, dar-lhe um nome exaltado e fazer que esse “nome” seja objeto de fé, por que deveria algum de nós discordar de que Ele o faça? Similarmente, se os escritores cristãos, apóstolos e discípulos de Jesus, a maioria dos quais estiveram com ele, ouviram suas palavras diretamente e conheceram em primeira mão a forma como se referiu a Deus, não usaram o Tetragrama em seus escritos, por que devíamos, nós, na prática, tomar a posição de que eles deviam ter feito isso, outorgando-nos o direito de editar seus escritos inspirados para inclui-lo? Se o fizermos, estaremos realmente mostrando respeito ao “nome” de Deus, submetendo-nos à sua autoridade e vontade soberana? Ou estaremos, em vez disso, mostrando-nos voluntariosos em agir à margem dessa autoridade, tomando os assuntos em nossas próprias mãos, ao mesmo tempo que afirmamos fazer isso “em seu nome”?

 

Ver os símbolos em sua perspectiva correta

 

Em vista de toda a evidência bíblica, e particularmente do exemplo de Jesus e seus apóstolos, parece claro que focalizar e enfatizar intensamente o nome “Jeová” prova pouco quanto à validade de uma religião afirmar que divulga e santifica o “nome de Deus” no seu sentido mais importante. As Escrituras Cristãs, conforme Deus achou por bem preservar para nós por meio de milhares de manuscritos antigos, de modo algum focalizam o Tetragrama em qualquer de suas formas. Mostram que o Filho de Deus não enfatizou essa designação, quer falando, quer em oração, revelando, ao invés, que sua designação preferida era “Pai.” Mostram que os apóstolos e discípulos, em seus escritos, seguiram esse mesmo padrão. Relutar em seguir o exemplo deles, talvez até por temor de fazê-lo, pode ser resultado de mais um ponto de vista errôneo, um erro de juízo de valor.

Os humanos amiúde cometem o erro de focalizar o símbolo e deixar de ver e dar importância à coisa maior da qual o símbolo é mera representação. Mostra-se devido respeito, por exemplo, à bandeira de uma nação. Deve-se respeito a esta, não por causa do pano da qual é fabricada nem do desenho específico que traz, mas porque é um símbolo do governo, da nação e dos ideais que ela representa. Todavia, alguns cometem o erro de esquecer que tal emblema nacional continua a ser um simples símbolo; não é, de modo algum, igual àquilo que ela simboliza. Eles podem professar grande reverência ao símbolo, ao passo que por sua conduta degradam aquilo que este representa, “vestem-se com a bandeira” enquanto se empenham em palavras e ações que violam as leis e princípios sobre os quais foi fundada a nação. Como sabem as Testemunhas de Jeová, devido a seus escrúpulos contra saudar a bandeira de qualquer nação, algumas pessoas nos Estados Unidos, durante os anos 40, formaram turbas violentas contra elas, espancando-as cruelmente e destruindo suas propriedades. Ao fazer isto essas pessoas traíram as próprias leis e princípios da nação representada pela bandeira, desrespeitando as provisões de sua constituição e de seu sistema judiciário. Na nação africana de Malaui, a mesma importância irracional foi atribuída à carteira do partido nacional, e quando, por acatarem submissamente os ensinos e normas da organização, as Testemunhas se recusaram a adquiri-la, foram espancadas, tiveram seus lares queimados e foram forçadas a fugir do país. Em todos estes casos, a importância extrema e desequilibrada que se atribuiu ao próprio símbolo contribuiu para atos que desonraram e degradaram aquilo que o símbolo representava. O símbolo pode ser modificado e até substituído, mas aquilo que ele representa pode permanecer o mesmo.

No campo da religião, alguns mostram o mesmo conceito desequilibrado para com os símbolos. Os israelitas cometeram repetidamente tal erro.78 Por séculos Jeová utilizou a arca do pacto como símbolo de sua própria presença. A nuvem que aparecia acima da tampa da arca (evidentemente provendo uma luz milagrosa) no Santíssimo do templo simbolizava similarmente sua presença.79 Sugerir que estas coisas um dia podiam deixar de existir parecia um sacrilégio aos israelitas, algo impensável. Todavia, veio o tempo em que Deus permitiu que tanto o arca do Pacto como o próprio templo fossem destruídos e que a nuvem do Santíssimo se fosse para sempre. O desaparecimento destes símbolos de modo algum rebaixou sua Pessoa ou sua glória. Ao invés, demonstrou Sua superioridade aos próprios símbolos. Estes não eram mais que uma sombra de coisas melhores e maiores, as realidades.80

Devido à forma como morreu o Filho de Deus, a cruz tem sido his-toricamente usada pelas religiões cristãs em geral como símbolo dessa morte e do que ela significa para a humanidade.81 O apóstolo Paulo falou desse instrumento (chamado “estaca de tortura” na Tradução do Novo Mundo), como representativo da própria essência das boas novas que ele proclamou.82 Alguns, porém, fazem desse símbolo algo sagra-do em si mesmo, indo ao ponto de praticamente atribuir-lhe poderes mágicos, como se esse símbolo fosse um talismã capaz de protegê-los do dano e do mal, dos poderes demoníacos. Assim, por supersticiosamente perverterem o símbolo, mostram-se falsos para com o Filho de Deus, cujo propósito na terra está resumido nesse símbolo.83

O que se diz destes símbolos, aplica-se também à palavra que é usada para simbolizar uma pessoa, inclusive a pessoa de Deus. O nome representado pelas quatro letras do Tetragrama (Iavé ou Jeová) é digno de nosso profundo respeito, pois figura com grande destaque na longa história dos tratos de Deus com os homens, e especialmente com seu povo pactuado de Israel, durante o período pré-cristão. Mas o Tetragrama, qualquer que seja a pronúncia, permanece apenas um símbolo da Pessoa. Cometemos grave erro se atribuímos a uma palavra, embora usada como um nome de Deus, importância equivalente Àquele que ela representa, e muito pior é se consideramos a própria palavra como uma espécie de fetiche verbal, talismã ou amuleto capaz de proteger-nos do mal ou dos danos de poderes demoníacos. Fazendo assim, demonstramos que de fato perdemos de vista o sentido verdadeiro e vital do “nome” de Deus. Podemos exibi-lo com destaque, como se exibe uma bandeira ou um crucifixo, mas não provamos nada quanto à sinceridade de nossa reverência pelo verdadeiro Deus.84

Algumas Testemunhas de Jeová que vieram a perceber quão longe dos ensinos bíblicos estão muitas das posições da organização, e até alguns que dela saíram, expressam, porém, a opinião de que Deus deve fazer algo para corrigir a situação. Como ela se autodenomina “organização de Jeová,” eles acham que ela certamente receberá atenção especial de Deus. Em vista de toda a evidência bíblica considerada, não há razão para crer que o Deus Todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, tenha pelo movimento religioso chamado “Testemunhas de Jeová” um interesse maior que pelas religiões do mundo que inegavelmente afirmam falar “em seu nome,” incluindo os movimentos da “Igreja de Deus,” os movimentos da “Igreja de Cristo,” ou, se fôr o caso, a Igreja Católica Romana com suas centenas de milhões de adeptos. Imaginar que Deus está obrigado a tomar alguma medida especial para limpar a organização Torre de Vigia, enquanto deixa que todos os problemas e falhas existentes em milhares de outras religiões continuem como estão, não tem, creio eu, nenhuma base bíblica sólida. Nenhum povo da terra estava mais intimamente ligado ao nome representado pelo Tetragrama (Iavé ou Jeová) que a nação israelita, aqueles a quem originalmente se dirigiram as palavras: “Vós sois as minhas testemunhas.” Todavia, Deus não “endireitou” aquela nação, e tampouco seu Filho o fez. Faltava neles (especialmente na liderança nacional) o desejo de mudar. A evidência é de isto também falta à Torre de Vigia como organização

O fato de Deus “tirar um povo para o seu nome” tem, pois, significado bem mais profundo que a mera aplicação de uma palavra nominativa, e demonstrar que estamos entre os que santificam e proclamam o nome de Deus exige bem mais que o simples uso repetitivo de “Iavé” ou “Jeová” ou algum outro termo específico.85 Assim como é fácil exibir ou agitar uma bandeira, usar ou beijar uma cruz, mas bem mais difícil viver de acordo com os princípios que se crê que estes representam, também é relativamente fácil levar em nossos lábios certa palavra ou nome, mas bem mais difícil honrar aquele de quem esse nome ou palavra é somente um símbolo. Honramos e tornamos conhecido genuinamente o nome de nosso Pai no verdadeiro sentido, se levarmos vidas que mostrem que somos seus filhos, imitando-o em tudo que fazemos e tendo a seu Filho como nosso exemplo.86

 

1         Os eruditos reconhecem que “Jeová” não é a versão exata do Tetragrama; muitos crêem que “Iavé” está mais próximo da pronúncia correta do hebraico. Em seu “Prefácio” original a New World Translation da Torre de Vigia afirmava: “Embora nos inclinemos a considerar a pronúncia “Ia.vé” o modo mais correto, mantivemos a forma “Jeová” devido à familiaridade das pessoas com ela desde o século 14.” Veja a New World Translation of the Christian Greek Scriptures, página 25.

2         Veja o capítulo 4, páginas __-__, __.

3         Veja a fotocópia no capítulo 4, página __.

4         Veja As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino (em inglês), páginas 125, 126.

5         Atos 1:8.

6         Alguns anos atrás, a revista A Sentinela modificava ocasionalmente o nome em seus artigos, ao utilizar a expressão “testemunhas cristãs de Jeová” (Veja também o livro de 1971 “As Nações Terão de Saber Que Eu Sou Jeová,” que emprega freqüentemente este termo nas páginas 47-50, 71, 77 e assim por diante). Soube-se depois que um grupo de ex-Testemunhas já tinha adaptado e registrado legalmente este  nome. Daí em diante A Sentinela desistiu, de modo geral, de usar a expressão. Uma exceção acha-se em A Sentinela de 15 de fevereiro de 1981, página 24.

7         Mateus 13:24-30; Atos 20:29, 30; 2 Timóteo 4:3, 4.

8         Revelação, capítulos 2 e 3.

9         Mateus 5:16, 44, 45; João 13:35; 17:17-19; Romanos 6:4, 8-10; Gálatas 2:20; 1 João 2:5, 6; 2 João 6. Além do grupo já mencionado oficialmente conhecido como “Testemunhas Cristãs de Jeová,” existe há um número considerável de primitivos movimentos do “Nome Sagrado,” entre os quais se destaca o que se chama de “Assembléias de Iavé.” Nenhuma destas mostra qualquer ligação, nas origens ou de qualquer outro modo, com a organização Torre de Vigia. Estes movimentos usam o nome derivado do Tetragrama com freqüência certamente igual a das Testemunhas de Jeová, e suas traduções da Bíblia, tais como a Bíblia do Nome Sagrado, usam esse nome com freqüência ainda maior nos textos do Novo Testamento. Mais informações a respeito podem ser vistas num tratado de Rud Persson, mencionado mais adiante neste capítulo.

10      Veja por exemplo A Sentinela, 1º de  julho de 1988, página 14; 1º de abril de 1988, página 31; Despertai!, 22 de abril de 1988, página 19; A Sentinela, 15 de maio de 1987, página 23; a brochura  O Nome Divino Que Durará Para Sempre, páginas 10 e 11.

11      Veja o “Prefácio” da New World Translation of the Christian Greek Scriptures, páginas 24 e 25.

12      Embora a American Standard Version, que traz o nome “Jeová” milhares de vezes, estivesse disponível de 1901 em diante, a revista A Sentinela não a adotou como sua tradução básica, mas continuou a utilizar primariamente a Versão Rei Jaime ou Autorizada, que usa “SENHOR” e “DEUS.” Mesmo após a morte de Russell em 1916 e durante a presidência de Rutherford, continuou a ser assim. Depois da morte de Rutherford, a Sociedade Torre de Vigia obteve, em 1944, os direitos de imprimir uma edição da American Standard Version em sua próprias prensas. No entanto, embora citassem freqüentemente dessa tradução e de inúmeras outras, continuaram a usar a Versão Autorizada como tradução básica em todas as publicações até o ano de 1950, quando publicaram sua própria Tradução do Novo Mundo da Bíblia. (Veja Testemunhas de Jeová ¾  Proclamadores do Reino de Deus, páginas 607-609)

13      Veja Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, páginas 758, 759.

14      Esta informação e outros tópicos abordados neste capítulo foram tirados de um tratado destinado a ser publicado, intitulado O Cristianismo Primitivo e o Nome Divino, escrito por Rud Persson, pesquisador da Suécia, com sua permissão.

15      Veja por exemplo, Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 494.

16      Este se chama Papiro Fuad Inventário No. 266, e cópias de trechos dele acham-se no apêndice da Tradução Interlinear do Reino (em inglês), páginas 1135 e 1136, da Sociedade Torre de Vigia.

17      Veja a Tradução Interlinear do Reino (em inglês), páginas 10, 11, 1134-1136; veja também o número de 1º de agosto de 1988 de A Sentinela, página 30; Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2, página 758. A Sociedade Torre de Vigia apela também para a versão grega das Escrituras Hebraicas de Áquila, em apoio à opinião de que as cópias da Septuaginta dos dias de Jesus e dos apóstolos podem ter usado o Tetragrama. O Dr. Robert Countess, em seu livro A Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová (em inglês), páginas 28 e 29, mostra que este é um argumento infundado. Primeiro, a tradução de Áquila remonta a cerca de 130 A.D., décadas após a escrita das Escrituras Cristãs. Segundo, a tradução de Áquila é tida como “literalmente escravizada” ao texto hebraico, até o “ponto absurdo em que se prejudica a inteligibilidade do texto,” bem diferente em muitas áreas das traduções da Septuaginta, como indicaram eruditos versados nos manuscritos gregos. A obra de Áquila dificilmente seria um exemplo aceitável do conteúdo da Septuaginta em sua forma original ou em suas cópias.

18      Veja a New World Translation of the Christian Greek Scriptures, páginas 11, 12, 18; A Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas, em inglês (1985), páginas 1137, 1138.

19      Estes incluem os Manuscritos Sinaítico, Vaticano 1209 e o Alexandrino, todos dos séculos 4 e 5 A.D.

20      Veja Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 9; Tradução do Novo Mundo (Edição Com Referências, de 1986), página 1504. Aqui a organização demonstra  inconsistência. No número de 1º de fevereiro de 1988 de A Sentinela (página 5), num artigo intitulado “Será que a Bíblia se contradiz?,” a revista diz sobre os escritores das Escrituras Cristãs: “Citações de escritos anteriores podem ser levemente alteradas da declaração original, para atingir as necessidades e o objetivo do novo escritor, ainda assim retendo o sentido e o pensamento básicos... As omissões se dariam igualmente segundo o ponto de vista do escritor e o seu resumo do relato.” Assim, por um lado, a Sociedade Torre de Vigia diz que ao fazer citações os escritores das Escrituras Cristãs “se viam obrigados” a incluir o Tetragrama, se este estivesse na cópia das Escrituras Hebraicas usada, e por outro diz que os escritores podiam apropriadamente “alterar levemente” as afirmações originais e fazer omissões que achassem aconselháveis, embora retendo “o sentido e o pensamento básicos.”

21      Conforme destacava o já mencionado tratado O Crisiianismo Primitivo e o Nome Divino, isto também deve ser considerado quando se avalia a importância da ocorrência do Tetragrama hebraico em algumas cópias da tradução grega da Septuaginta. Os copistas que produziram tais manuscritos os copiavam de textos gregos. Todavia, incluíram o Tetragrama nesse texto grego em letras hebraicas. Não o traduziram com uma forma ou expressão grega que correspondesse a “Iavé” ou “Jeová,” ou sequer transliteraram os caracteres hebraicos para as letras gregas equivalentes. Deixaram-no em hebraico [%&%*], e apenas se o leitor conhecesse o idioma poderia tentar de algum modo pronunciá-lo. De outra forma, ele não saberia como converter esses caracteres hebraicos para seu próprio alfabeto e idioma, exatamente como, afirma Jerônimo, alguns da sua época, quando chegavam a essas quatro letras hebraicas [%&%*], tentavam lê-las como se fossem letras gregas, e por isso as pronunciavam “Pi Pi” (grego, pipi). Assim, quando se trata de traduções para o inglês ou qualquer idioma moderno, essas poucas cópias da Septuaginta não fariam mais que dar algumas bases, mesmo frágeis, para inserir o Tetragrama ¾ em caracteres hebraicos ¾- nas citações que os escritores cristãos fizeram das Escrituras Hebraicas. Não provêm base alguma para inserir alguma tradução de tais caracteres, como no caso dos  nomes “Jeová” ou “Iavé.”

22      A autoria de Paulo do livro de Hebreus tem sido questionada entre os eruditos. Sua inclusão aqui constitui argumento em favor dessa autoria.

23      Veja Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2, página 759.

24      Deve notar-se que a evidência paleográfica, utilizada pelo Dr. Kim, é considerada como o meio mais confiável para datar manuscritos antigos. (Veja também a Despertai! de 22 de dezembro de 1972, página 9). Estou em débito para com Carl Olof Jonsson, da Suécia por sua informação quanto a esta mudança de data.  Desde a publicação da evidência do Dr. Kim, muitos eruditos qualificados expressaram reconhecimento da seriedade de sua obra.

25      Veja no Apêndice a fotocópia da carta completa do professor Howard, fornecida por Rud Persson.

26      Veja a Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas, em inglês (1985), páginas 13 e 14.

27      Veja a lista na Interlinear do Reino (em inglês) edição 1969, páginas 28-30.

28      Veja também a Despertai! de 22 de dezembro de 1972, páginas 9-11; 8 de setembro de 1971, página 23. A Sentinela de 1º de março de 1991, páginas 28 e 29, no esforço de justificar a inserção do Tetragrama nas Escrituras Cristãs, chega ao ponto de referir-se a certas traduções alemãs que contêm o nome em notas de rodapé e comentários! Com certeza, nenhum tradutor responsável veria isto como base para ignorar ou passar por alto a evidência do próprio manuscrito antigo em favor de uma versão diferente.

29      Veja também Ajuda ao Entendimento da Bíblia, página 1063 (ou Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 761); “Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa,” página 316.

30      “Cristo” aparece adicionalmente cerca de 530 vezes (em combinação com a palavra “Jesus”). Sobre a composição da Comissão da Tradução do Novo Mundo, veja Crise de Consciência, página __ ­­­­, nota de rodapé 15.

31      João 5:23.

32      Estes mesmos artigos aparecem na obra posterior Estudo Perspicaz das Escrituras, praticamente sem alterações.

33      Provérbios 10:7, 22:1 e Eclesiastes 7:1 são apenas alguns exemplos.

34      Compare com Mateus 10:41, onde o grego literalmente reza: “em nome de um profeta”; (Veja a Tradução Interlinear do Reino, em inglês), veja também Filipenses 2:9-11; Hebreus 1:3, 4. O número de A Sentinela de 15 de maio de 1985 (página 17), cita Isaías 62:2, e as palavras dirigidas a Israel: “E serás realmente chamada por um novo nome,” e então diz: “Este ‘nome’ refere-se à condição bendita à qual esses hodiernos discípulos ungidos foram ajuntados.”

35      Confira Êxodo 5:23; Deuteronômio 10:8; 18:5, 7, 19-22; 1 Samuel 17:45; Ester 3:12; 8:8, 10; Atos 3:16; 4:5-10; 2 Tessalonicenses 3:6.

36      Ajuda ao Entendimento da Bíblia, página 847. (Estudo Perspicaz, Vol. 2, página 495) Ao considerar o nome de Deus nas Escrituras Hebraicas, Geerhardus Vos, em sua Biblical Theology (1959, página 76f) afirma de modo similar: “Na Biblia, o nome sempre é mais que um sinal convencional. Ele expressa caráter ou história.” Em harmonia com isto, a revista A Sentinela (em inglês) de 1º de fevereiro de 1945 (página 41), revisou primeiro a posição e a autoridade do Pai e depois declarou: “A pessoa não pode batizar-se validamente, a menos que tenha reconhecido estes fatos quanto ao nome de Jeová, cujo nome representa o que ele é.”

37      Veja também Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 501.

38      A mesma matéria acha-se em Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 101.

39      João 1:12, NVI.

40      De modo similar, a publicação de 1988 da Torre de Vigia, Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo!, página 280, considerando Revelação capítulo 19, versículo 12, e sua referência ao “nome” escrito designado a Cristo, o qual “ninguém conhece, exceto ele mesmo,” reconhece que este “parece representar a posição e os privilégios que Jesus usufrui durante o dia do Senhor,” não sendo, portanto, um nome no sentido comum e corriqueiro do termo.

41      Confira Mateus 7:21-23; veja também o artigo sobre “Jesus Cristo” em Ajuda ao Entendimento da Bíblia, no subtítulo “O pleno significado de seu ‘nome,’” página 887; a mesma matéria está em Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 543.

42      Confira Ezequiel 36:20.

43      Confira Oséias 8:1, 2; Mateus 15:8.

44      Veja uma consideração mais ampla deste aspecto no capítulo 11, páginas ___-___.

45      1 Coríntios 8:5, 6.

46      Atos 17:16-34

47      Romanos 15:6; 2 Coríntios 1:3; 11:31; Efésios 1:3; Colossenses 1:3; 1 Pedro 1:3; 2 João 3.

48      João 1:18; BJ.

49      João 1:12; veja também Romanos 8:14-17; Gálatas 4:4-7.

50      João 17:6, 11, 26.

51      Várias traduções demonstram reconhecer isto, de modo que ao verter os versículos acima, de João, capítulo 17, em vez de “Tenho feito manifesto o teu nome,” dizem: “Eu mostrei quem tu és” (BLH); “Eu te revelei” (New International Version); “Eu te trouxe honra” (Phillips Modern English); “Revelei o teu verdadeiro ser.” (American Translation)

52      Também escrevi o artigo intitulado “O Papel Superlativo de Cristo Jesus nos Propósitos de Deus,” que de modo similar trata da evidência bíblica quanto à maneira em que o Filho de Deus “deu a conhecer” o Pai (páginas 645-647).

53      Confira Deuteronômio 32:6, 18; 1 Crônicas 28:6; 29:10; Salmo 2:7; 89:26; Isaías 63:16; 64:8; Jeremias 3:4; 3:19.

54      Mateus 11:25, 26; 26:39, 42; Marcos 14:36; Lucas 10:21; 22:42; 23:34, 46; João 11:41, 42; 12:28; 17:1, 5, 11, 21, 24, 25.

55      João 12:28.

56      João 17:6, 11, 12, 26.

57      Mateus 27:46; Lucas 23:46.

58      Mateus 6:6-9; confira João 15:16; 16:26, 27.

59      Gálatas 4:6; Marcos 14:36; Romanos 8:15.

60      Confira Mateus 11:27. Em seu tratado, Rud Persson demonstra o uso abundante das palavras “adotadas” ou substitutas para referir-se a Deus por parte do povo judeu, incluindo o próprio Jesus e aqueles que mais tarde se tornaram cristãos. Assim, encontramos regularmente a expressão “reino de Deus” traduzido por “reino do céu,” na qual “céu” representa “Deus.” (Nem na Tradução do Novo Mundo vê-se a expressão “reino de Jeová”). O tratado dele apresenta um grupo de exemplos no qual, se o ponto de vista anunciado pela organização Torre de Vigia estivesse correto, certamente esperaríamos que os que falam ou escrevem se referissem ao nome “Jeová,” mas eles, em vez disso, usaram algum outro termo.

61      Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 500; The International Standard Bible Encyclopedia, Vol. 2, página 507.

62      Êxodo 3:14, American Standard Version, nota de rodapé.

63      Com respeito à versão da Tradução do Novo Mundo, “Mostrarei ser o que eu mostrar ser,” Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol.2, página 500, diz: “Isto revela Jeová como Aquele que, com ação progressiva, causa que se torne o Cumpridor de promessas. Assim, ele sempre faz com que seus propósitos se realizem. Apenas o verdadeiro Deus poderia legítima e autenticamente levar tal nome.”

64      Veja também 1 Pedro 1:10-12.

65      2 Corintios 1:20, NVI.

66      Lucas 13:35.

67      Êxodo 23:21. Reconhecendo o sentido bíblico da palavra “nome,” em vez de “meu nome está nele,” a New English Bible diz ali, “minha autoridade repousa nele,” e a American Translation verte a mesma frase por “Manifestar-me-ei nele.”

68      Compare Hebreus 1:10-12 com Salmos 102:1, 25-27; Romanos 10:13 com Joel 2:32.  Veja Mateus 23:39; João 1:14, 18; 5:43; 10:25; 16:27; 17:1-4; Colossenses 1:15; Hebreus 1:1-3. Não é que nestes Jesus se tornasse ou fosse Jeová, pois o próprio Cristo citou textos das Escrituras Hebraicas em que o nome claramente se aplica ao Pai, como em Isaías 61:1, 2 e Salmo 110:1. (Veja Lucas 4:16-21; Mateus 22:41-45) Se Cristo fosse Jeová, nos defrontaríamos então com o quadro sem sentido de Jeová ‘ungindo’ a si mesmo e ‘enviando’ a si mesmo para pregar, de Jeová ‘falando’ a si mesmo para ‘sentar-se’ à sua própria direita, conforme relatam estes textos.

69      João 17:4, 6, 11; veja também o artigo já mencionado da Sentinela de 1º de novembro de 1973, sobre o assunto “O Papel Superlativo de Cristo Jesus nos Propósitos de Deus.”

70      Mateus 21:9, 23:39; João 5:43; note também a forma como os escritores cristãos manifestam que honrar o “nome” do Filho demonstra simultaneamente honra a seu Pai, Deus, como em Colossenses 3:17; 2 Tessalonicenses 1:12; 1 Pedro 4:14, 16; 1 João 3:23.

71      João 1:14-18; 14:9.

72      Confira Lucas 24:46, 47 e João 1:12; 2:23; 3:18; 20:31; 1 Coríntios 1:2; 1 João 3:23; 5:13.

73      Atos 2:38.

74      Atos 4:12.

75      Atos 10:42, 43.

76      Atos 9:14, 17, 21; 22:14-16.

77      Confira 1 Coríntios 7:17-23; 16:10; 2 Coríntios 3:14-18; Efésios 2:19-22; 6:5-9; Colossenses 3:22-24; 2 Tessalonicenses 2:2; Tiago 5:14, 15. Nestes versículos o contexto se refere a Cristo, ou pelo menos permite claramente que ele seja o “Senhor” de quem se fala, apesar de a Tradução do Novo Mundo negar esta aplicação ou sequer admitir a possibilidade de substituir “o Senhor” por “Jeová.”

78      Veja por exemplo, Números 21:9; 2 Reis 18:4.

79      Êxodo 25:17-22; Levítico 16:2.

80      Hebreus 9:1-5; 10:1.

81      Creio que o debate da Torre de Vigia, quanto a se o termo adequado para o instrumento da execução de Cristo é “estaca” ou “cruz,” é realmente de pouca importância.  Sabemos que os romanos utilizaram com freqüência a cruz (tal como hoje comumemente a conhecemos) para propósitos de execução. E embora em outros contextos a cruz possa ter tido conotações sexuais naqueles tempos antigos, é perfeitamente óbvio que quando era utilizada para executar pessoas, não havia nenhuma implicação sexual. Na insistência da Sociedade Torre de Vigia de que o termo grego stauros se refere a “estaca” ou “poste,” nunca se menciona neste contexto, ironicamente, que os postes eram um símbolo sexual muito comum, e assim eram  um símbolo fálico tanto quanto a cruz.Veja Despertai! de 22 de dezembro de 1964, páginas 8-11; A Sentinela de 1º de fevereiro de 1975, páginas 92, 93.

82      1 Coríntios 1:17, 18; Gálatas 6:14; Efésios 2:16; Filipenses 3:18.

83      Confira Mateus 7:21-23. A pessoa que usa uma bandeira na lapela não prova, deste modo, reconhecidamente nada quanto à sinceridade de seu patriotismo. A pessoa que ostensivamente traz um crucifixo nada prova, igualmente, a respeito de seu cristianismo, e parece manifestar a mesma mentalidade do que usa a bandeira. Muitos que fazem isso, têm de admitir sinceramente que sentem uma sensação de desonforto, e até certa insegurança, se deixarem de usar o crucifixo. Qualquer pessoa que se sinta assim, deve refletir se tal dependência de um símbolo na verdade não detrai daquilo que é simbolizado, tirando-lhe parte de sua importância.

84      Textos como o do Salmo 33:21, 118:10, 11, Provérbios 18:10 e outros que falam de confiar no nome de Deus, resistindo aos inimigos com base nesse nome, e correndo para ele em busca de refúgio, certamente significam que se deve depositar fé na pessoa cujo nome específico é somente um símbolo.

85      Atos 15:14.

86      Mateus 5:43-48.