Minha mãe nunca deixará de me amar
Eu cresci em uma família muito normal com dois irmãos e duas
irmãs. Embora naqueles tempos não tivéssemos muito dinheiro,
sempre me lembro dos meus pais levando-nos para fazer piqueniques
ou para ir ao zoológico nos fins de semana. Minha mãe era uma
pessoa muito afetuosa e dedicada. Estava sempre pronta para
ajudar alguém e freqüentemente trazia para casa animais
perdidos ou machucados. Embora tivesse cinco filhos para criar,
sempre encontrava tempo para ajudar ao próximo. Eu penso na
minha infância e vejo os meus pais não como marido e mulher com
cinco filhos, mas como duas pessoas recém-casadas muito
apaixonadas.O dia era para ser passado conosco, as crianças, mas
a noite era a sua hora de estar um com o outro.Lembro-me de que
numa noite estava deitado na cama. Era domingo, 27 de maio de
1973. Eu acordei com o som dos meus pais voltando para casa
depois de uma noite fora com alguns amigos. Eles estavam rindo e,
quando os ouvi indo para a cama, virei de lado e voltei a dormir,
mas nesta noite todo o meu sono foi agitado por pesadelos. Na
manhã de segunda-feira, 28 de maio de 1973, acordei. O dia
estava nublado. Minha mãe ainda não havia acordado, por isso
todos nós nos arrumamos e fomos para a escola. Durante todo
aquele dia, tive uma sensação de um vazio interior. Depois da
escola, voltei para casa. - Oi, mãe, estou em casa. - Não
houver resposta. A casa parecia gelada e vazia. Senti medo.
Tremendo, subi as escadas e fui para o quarto dos meus pais. A
porta estava apenas entreaberta e eu não pude ver tudo lá
dentro. - Mãe? - Eu a abri totalmente para poder ver todo o
quarto, e lá estava a minha mãe deitada no chão ao lado da
cama. Tentei acordá-la,mas não consegui. Então soube que
estava morta. Eu dei meia-volta, saí do quarto e fui para o
andar de baixo. Sentei-me no sofá em silêncio durante muito
tempo, até a minha irmã mais velha voltar para casa. Ela viu-me
sentado ali e imediatamente subiu correndo as escadas.Eu fiquei
sentado na sala de estar e observei enquanto o meu pai falava com
o policial. Vi a minha mãe ser carregada em uma maca para a
ambulância. Tudo que pude fazer foi sentar e olhar, nem mesmo
pude chorar. Nunca havia pensado em meu pai como um homem idoso,
mas naquele dia, quando o vi, ele nunca pareceu tão velho.
Terça-feira, 29 de maio de 1973. Meu 11º aniversário. Não
houve música, festa ou bolo, apenas silêncio enquanto nos sentávamos
ao redor da mesa de jantar olhando para a nossa comida. Era minha
culpa. Se eu tivesse voltado para casa mais cedo ela ainda
estaria viva. Se eu fosse mais velho ela ainda estaria viva. Se...Durante
muitos anos, tive o sentimento de culpa pela morte da minha mãe.Pensei
em tudo que poderia ter feito. Todas as coisas desagradáveis que
dissera para ela. Realmente acreditava que porque eu era criança-problema,Deus
estava punindo-me, levando-a. O que mais me perturbava era o fato
de não ter tido a chance de dizer adeus. Nunca mais sentiria o
seu abraço carinhoso, o cheiro adocicado do seu perfume ou os
seus beijos suaves quando ela colocava-me na cama, à noite. Para
a minha punição, tudo isso foi tirado de mim.
No dia 29 de maio de 1989, meu aniversário, eu estava sentido-me
muito solitário e vazio. Não me havia recuperado dos efeitos da
morte da minha mãe. Estava muito perturbado emocionalmente.
Minha raiva de Deus atingira o seu auge. Eu chorei e gritei para
Ele:
- Por que levou minha mãe? Nem mesmo mee deu a chance de dizer
adeus. Eu a adorava e o Senhor a tirou de mim. Eu só queria abraçá-la
mais uma vez. Eu o odeio! - Eu sentei-me na sala de estar, soluçado.
Senti-me esgotado. Subitamente, fui tomado por uma sensação de
calor. Pude sentir fisicamente dois braços abraçando-me, um
aroma familiar mas há muito esquecido. Era ela. Senti sua presença,
o seu toque e o seu perfume. O Deus que eu odiara atendera ao meu
desejo. Minha mãe estava vindo para mim quando eu precisava dela.Hoje
sei que minha mãe está sempre comigo. Ainda a amo de todo o
coração, e sei que sempre estará ao meu lado. Justamente
quando eu havia desistido e resignado-me com o fato de que se
fora para sempre, ele fez-me saber que nunca deixaria de me amar.
Por: (Stanley D. Moulson )
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