"Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; " Is 66:13a

Minha mãe nunca deixará de me amar

Eu cresci em uma família muito normal com dois irmãos e duas irmãs. Embora naqueles tempos não tivéssemos muito dinheiro, sempre me lembro dos meus pais levando-nos para fazer piqueniques ou para ir ao zoológico nos fins de semana. Minha mãe era uma pessoa muito afetuosa e dedicada. Estava sempre pronta para ajudar alguém e freqüentemente trazia para casa animais perdidos ou machucados. Embora tivesse cinco filhos para criar, sempre encontrava tempo para ajudar ao próximo. Eu penso na minha infância e vejo os meus pais não como marido e mulher com cinco filhos, mas como duas pessoas recém-casadas muito apaixonadas.O dia era para ser passado conosco, as crianças, mas a noite era a sua hora de estar um com o outro.Lembro-me de que numa noite estava deitado na cama. Era domingo, 27 de maio de 1973. Eu acordei com o som dos meus pais voltando para casa depois de uma noite fora com alguns amigos. Eles estavam rindo e, quando os ouvi indo para a cama, virei de lado e voltei a dormir, mas nesta noite todo o meu sono foi agitado por pesadelos. Na manhã de segunda-feira, 28 de maio de 1973, acordei. O dia estava nublado. Minha mãe ainda não havia acordado, por isso todos nós nos arrumamos e fomos para a escola. Durante todo aquele dia, tive uma sensação de um vazio interior. Depois da escola, voltei para casa. - Oi, mãe, estou em casa. - Não houver resposta. A casa parecia gelada e vazia. Senti medo. Tremendo, subi as escadas e fui para o quarto dos meus pais. A porta estava apenas entreaberta e eu não pude ver tudo lá dentro. - Mãe? - Eu a abri totalmente para poder ver todo o quarto, e lá estava a minha mãe deitada no chão ao lado da cama. Tentei acordá-la,mas não consegui. Então soube que estava morta. Eu dei meia-volta, saí do quarto e fui para o andar de baixo. Sentei-me no sofá em silêncio durante muito tempo, até a minha irmã mais velha voltar para casa. Ela viu-me sentado ali e imediatamente subiu correndo as escadas.Eu fiquei sentado na sala de estar e observei enquanto o meu pai falava com o policial. Vi a minha mãe ser carregada em uma maca para a ambulância. Tudo que pude fazer foi sentar e olhar, nem mesmo pude chorar. Nunca havia pensado em meu pai como um homem idoso, mas naquele dia, quando o vi, ele nunca pareceu tão velho.
Terça-feira, 29 de maio de 1973. Meu 11º aniversário. Não houve música, festa ou bolo, apenas silêncio enquanto nos sentávamos ao redor da mesa de jantar olhando para a nossa comida. Era minha culpa. Se eu tivesse voltado para casa mais cedo ela ainda estaria viva. Se eu fosse mais velho ela ainda estaria viva. Se...Durante muitos anos, tive o sentimento de culpa pela morte da minha mãe.Pensei em tudo que poderia ter feito. Todas as coisas desagradáveis que dissera para ela. Realmente acreditava que porque eu era criança-problema,Deus estava punindo-me, levando-a. O que mais me perturbava era o fato de não ter tido a chance de dizer adeus. Nunca mais sentiria o seu abraço carinhoso, o cheiro adocicado do seu perfume ou os seus beijos suaves quando ela colocava-me na cama, à noite. Para a minha punição, tudo isso foi tirado de mim.
No dia 29 de maio de 1989, meu aniversário, eu estava sentido-me muito solitário e vazio. Não me havia recuperado dos efeitos da morte da minha mãe. Estava muito perturbado emocionalmente. Minha raiva de Deus atingira o seu auge. Eu chorei e gritei para Ele:
- Por que levou minha mãe? Nem mesmo mee deu a chance de dizer adeus. Eu a adorava e o Senhor a tirou de mim. Eu só queria abraçá-la mais uma vez. Eu o odeio! - Eu sentei-me na sala de estar, soluçado. Senti-me esgotado. Subitamente, fui tomado por uma sensação de calor. Pude sentir fisicamente dois braços abraçando-me, um aroma familiar mas há muito esquecido. Era ela. Senti sua presença, o seu toque e o seu perfume. O Deus que eu odiara atendera ao meu desejo. Minha mãe estava vindo para mim quando eu precisava dela.Hoje sei que minha mãe está sempre comigo. Ainda a amo de todo o coração, e sei que sempre estará ao meu lado. Justamente quando eu havia desistido e resignado-me com o fato de que se fora para sempre, ele fez-me saber que nunca deixaria de me amar.
Por: (Stanley D. Moulson )


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