FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
Este
Trabalho, foi realizado por motivos curriculares, no Curso de Estudos Superiores Especializados, em Educação Especial, que os seus autores (Grupo), se encontram a
frequentar, no Complexo de Ensino
Superior "Jean Piaget" -Viseu - Escola Superior de Educação (Turma, B em Macedo de
Cavaleiros.)
Foi
o mesmo Trabalho elaborado, com base nas normas definidas, na Disciplina:
"ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS E
DESENVOLVIMENTO CURRICULAR EM EDUCAÇÃO ESPECIAL", a qual foi orientada
pelo Docente, Dr. José Cândido Nobre.
Macedo, Março de 1996
A preocupação pelas pessoas com deficiência não deve ser apenas
da responsabilidade da família, dos amigos e dos vizinhos, mas também de todos
os membros da sociedade que devem estar atentos a qualquer forma de
intolerância e conscientes que também eles têm o dever de proporcionar às
pessoas com deficiência uma vida “tão
normal quanto possível”.
In: “Uma política coerente para a Reabilitação das Pessoas com
Deficiências”
Conselho da Europa, 1992.
ÍNDICE
PARTE TEÓRICA:
I INTRODUÇÃO. Pag. 06
II CONCEITO
DE PARALISIA CEREBRAL. Pag. 08
III TIPOS
DE PARALISIA CEREBRAL. Pag. 11
1-
Classificação fisiológica.
1.1-
Tipo Espástico.
1.2-
Tipo Atetóide ou Discenético.
1.3- Tipo Atáxico.
1.4- Tipo Rígido.
1.5- Tipo Misto.
1.6- Tremor
1.7- Coreica.
2-
Classificação topográfica.
IV DEFICIÊNCIAS ASSOCIADAS À
PARALISIA CEREBRAL Pag. 15
V ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS E
PSIQUIÁTRICAS
DA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL. Pag.
18
VI ETIOLOGIA
E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DA PARALISIA CEREBRAL Pag. 20
1-
Causas Pré-natais.
2-
Causas Peri-natais.
3-
Causas Pós-natais.
VII PREVENÇÃO
DA PARALISIA CEREBRAL Pag. 24
1-
Objectivos da Prevenção da Paralisia cerebral.
2-
Etapas da Prevenção da Paralisia cerebral.
2.1-
Prevenção Primária.
2.2-
Prevenção Secundária.
3-
Modelos de Prevenção dos
Distúrbios da Motricidade
próprios da
Paralisia cerebral.
4-
Orientação aos Pais.
4.1-
Informação sobre o Diagnóstico.
4.2- A
Inteligência.
4.3- A
Atitude da Família.
4.4- O
Afastamento do Lar.
4.5-
Convívio com outras Crianças.
4.6- A
Alimentação.
VIII FACTORES
DE AVALIAÇÃO
NA PARALISIA CEREBRAL Pag. 30
1-
Aspectos electroencefalográficos da paralisia cerebral.
2-
Exame radiológico na Paralisia cerebral.
IX PLANO
DE TRABALHO PARA ESTIMULAÇÃO
DA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL Pag.
33
1- Foniatria na Paralisia cerebral.
1.1-
Em que consiste o Aparelho Fonador.
2-
Exercícios para o trabalho de Reabilitação
3- Fisioterapia da
Paralisia cerebral.
3.1-
Principais Métodos.
3.2-
Adjuntos da Fisioterapia.
X CIRURGIA
ORTOPÉDICA NA PARALISIA CEREBRAL Pag. 45
XI NEUROCIRURGIA
NA PARALISIA
CEREBRAL
INFANTIL Pag. 48
XII
ABORDAGEM À TERAPIA OCUPACIONAL. Pag. 50
XIII A ESCOLA PARA O ALUNO
COM
PARALISIA
CEREBRAL Pag. 52
1-
Aspectos a ter em conta na Intervenção com o aluno
portador de
Paralisia cerebral.
2-
Passos a seguir para uma Escolaridade Normalizada.
PARTE PRÁTICA
ESTUDO DE CASO Pag. 54
PLANO EDUCATIVO INDIVIDUAL Pag.
55
I DADOS
DA CRIANÇA Pag. 56
1-
Identificação
1.1-
Tipificação do Problema (Relatório médico)
1.2-
Dados Biográficos
1.2.1-
História Familiar
1.2.2-
História Pessoal clínica -desenvolvimental
1.2.3- Período Pós-Natal
1.2.4-
História do Desenvolvimento Psico-motor.
1.2.5-
Antecedentes Patológicos pessoais.
1.3-
Tipificação da Criança.
1.3.1-
Percurso médico-fisiátrico.
II PERCURSO ESCOLAR E CARACTERIZAÇÃO
DAS POTENCIALIDADES Pag. 59
III CARACTERIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES
E NÍVEL
DE AQUISIÇÕES Pag. 60
IV DIAGNÓSTICO
MÉDICO E RECOMENDAÇÕES DOS
SERVIÇOS
DE SAÚDE ESCOLAR Pag. 62.
V MEDIDAS
DO REGIME EDUCATIVO
ESPECIAL
A APLICAR Pag. 63
1-
Equipamento Especial de Compensação
2-
Adaptações Materiais.
3-
Adaptações Curriculares.
4- Condições Especiais
de Matrícula e Frequência.
5-
Condições Especiais de Avaliação.
6-
Ensino Especial.
7-
Sistema de Avaliação das Medidas Aplicadas.
8- Áreas
e Conteúdos Curriculares Especiais Adequadas ao Aluno
9-
Serviços Escolares e outros de que deverá beneficiar.
10-
Intervenientes.
PROGRAMA EDUCATIVO Pag. 66 -
Estratégias Globais.
- Horário
da Turma.
CONCLUSÃO Pag. 80
BIBLIOGRAFIA Pag. 83
ANEXOS Pag.85
I
INTRODUÇÃO
O
ensino é uma actividade em mudança acelerada. Não só mudam as metodologias e as
estratégias mas também os valores, os objectivos e as representações sobre a
Escola e o Ensino. A Educação Especial é um campo ainda em mudança mais
acelerada, porque é mais recente enquanto sistema, mais influenciada por
diferentes entidades de financiamento, projectos exteriores, políticas
sectoriais, mais móvel em termos de recursos humanos, recorre a intervenções transdisciplinares, atende uma população com maior
heterogeneidade. A Educação Especial é, sem dúvida, um paradigma de um sistema
em mudança acelerada.
A
investigação em Educação demonstra que ensinar é algo que se pode aprender a
fazer melhor.
O professor deverá ter
qualidades como o optimismo, a empatia, a facilidade de interacção, que através
de uma busca constante podem ser melhoradas e que levam a uma melhor avaliação,
planeamento, estratégias específicas e globais de intervenção.
O professor é um aprendiz
permanente e para esta aprendizagem não é suficiente ter experiência: a experiência não provém da simples exposição à
realidade, mas sobretudo da análise e da reflexão sobre essa mesma realidade.
A integração escolar dos
alunos com Necessidades Educativas Especiais é um processo complexo e que,
frequentemente, solicita aos seus intervenientes um diálogo e uma intervenção
multidisciplinar.
No apoio à criança, jovem e
adulto com deficiência e suas famílias, a ajuda técnica faz parte integrante da
sua reabilitação e permite uma mais eficaz integração social.
Na criança em
desenvolvimento a ajuda técnica é essencial para evitar deformidades
secundárias e para permitir e favorecer o seu desenvolvimento e melhorar a sua funcionalidade.
Através das ajudas técnicas,
a criança, o jovem e o adulto com deficiência, diminuem as suas incapacidades e
handicaps e
conseguem um maior grau de independência e uma melhor integração social na
família, na escola e no trabalho.
Uma política de reabilitação
coordenada e dimensionada para uma integração total e participação em igualdade
da pessoa com deficiência, pressupõe que, atempadamente e sem dificuldade, a
ajuda técnica seja atribuída sem gastos incomportáveis pelo agregado familiar.
A família da criança com
deficiência tem já um grande stress
físico, psíquico e problemas específicos que, em cada dia e em cada hora, são
uma grande sobrecarga e compete à sociedade dar-lhes os meios e as ajudas para
minorar este peso da incapacidade e diminuir os seus handicaps.
O esforço de adaptação da
criança com deficiência e sua família no seu ajustamento a uma sociedade cada
vez mais competitiva e nem sempre alertada para a diferença, é enorme e a
sociedade tem que promover os necessários ajustamentos e colmatar as
dificuldades que daí advêm.
No nosso país, em comparação
com outros países da Europa, há ainda lacunas graves nos apoios em relação às
ajudas técnicas quer no que diz respeito à avaliação e treino por falha nos
cuidados de reabilitação, quer no apoio financeiro por insuficiência dos
sistemas de Segurança Social e ainda nos recursos quanto à sua confecção, não
falando já da investigação, que nesta área praticamente não existe.
É necessário corrigir esta
nossa deficiência e desenvolver os cuidados de reabilitação e as ajudas
técnicas necessárias para a sua eficácia.
No entanto, nem sempre temos
consciência que, tão importante como o desenvolvimento das suas capacidades, é o seu “crescimento”
enquanto pessoas.
II
CONCEITO DE
PARALISIA CEREBRAL
O
termo paralisia cerebral designa uma série de distúrbios não progressivos do
movimento e da postura, que podem resultar, de lesões cerebrais nos últimos meses de gravidez, durante o parto, no recém-nascido ou
na primeira infância.
Em
1741 Andry utilizou pela primeira vez a síndroma
clínica de paraplegia espástica
do recém-nascido.
Mais
tarde Strümpell “distinguiu
as formas congénitas das adquiridas.”
Outros
autores como Bourneville, Ross,
Collier, Brissaud já se
referiam a quadros clínicos idênticos.
Este
último designava-a de “encefalopatias
crónicas da infância” que se traduziam por distúrbios motores e psíquicos.
Descreveu-a
como um grupo de afecções neurológicas da infância devidas às alterações do
desenvolvimento do cérebro, as quais se notam por distúrbios da motricidade
associados às modificações profundas da inteligência.
Mais
tarde Little John definiu
paralisia cerebral, como sendo “um grupo
de manifestações neuromotoras e sensoriais que
afectam o cérebro durante o seu desenvolvimento até aos três
quatro anos. É estática e não progressiva, mas é influenciada pelos
factores de crescimento.” O mesmo autor publicou um trabalho intitulado “Influência da parto anormal ou difícil,
prematuridade e asfixia neo-natorum, sobre a condição
mental e física da criança, especialmente em relação às deformidades”,
mostrando que esses factores determinavam uma afectação dos membros que
designou de “rigidez espástica
dos membros do recém-nascido."
Paralisia
cerebral é um termo descritivo, não específico e bastante ambíguo, que pode ser
assim definido: distúrbios da função motora, de início da primeira infância,
caracterizados por espasticidade e/ou movimentos
involuntários dos membros, e que estão normalmente acompanhados de deficit
mental e epilepsia. É devida às lesões cerebrais que ocorrem no sistema nervoso
central no período do desenvolvimento.
O
factor mais importante e que domina o quadro da paralisia cerebral é a noção de
desenvolvimento.
Sinónimo
de uma certa ambiguidade na definição, são alguns casos que foram rotulados
como “Paralisia cerebral” e que são
actualmente “erros inatos de metabolismo,
infecções pré-natais ou genetopatias, quer a nível cromossómico, quer a nível molecular.”
Para Keats, paralisia cerebral, designa qualquer fraqueza,
descoordenação ou desvio funcional do sistema motor, resultante de uma lesão intracraniana, entendendo-se o cérebro como o centro, não
só do controle muscular, como da organização perceptiva, personalidade,
inteligência, etc. Esta lesão ocasiona deficiências totalmente diversificadas,
conforme, a sua localização, resida no sistema piramidal, extrapiramidal
ou cerebeloso e também conforme o seu maior ou menor
grau de incidência.
Estas
anomalias podem ter origem no período pré, peri e pós
natal.
O
termo paralisia cerebral, nem sempre reuniu consensos.
Phelps em 1946 escreveu textualmente: “Paralisia cerebral é designação escolhida há anos pelo próprio povo e
não por determinado autor; portanto parece descrever da melhor maneira um grupo
particular de enfermidades. Cerebral significa
alguma coisa dentro da cabeça e Paralisia é o termo técnico para descrever
algo que afecta o controle dos músculos e das articulações.”
Gareiso, crítica este autor e diz que é necessário, que a
nomenclatura técnica prevaleça e não permita que palavras de origem popular se
introduzam em conceitos como este.
Não se
pode chamar paralítica a uma criança com atetose
dupla ou coreoatetose, quando a mesma, por força de
lesões extrapiramidais, é hipercinética
e não faz senão mover-se continuamente; ou, mesmo tomando-se o termo Paralisia
como sinónimo de perda de função, como chamar paralítica cerebral a uma criança
atáxica, ou, segundo preferia Babinski,
assinérgica, cuja lesão está localizada no cerebelo
e, portanto, não pode ser dita cerebral, sem atentados os conceitos anatómicos
básicos.
Segundo
Cahuzac, 1985, paralisia cerebral será: “uma desordem permanente e imutável da
postura e do movimento, devido a uma disfunção do cérebro antes de se completar
o seu crescimento e o seu desenvolvimento.”
Em
1992 Aicardi define-a como sendo uma alteração
persistente do movimento e da postura, causada por um processo patológico no
cérebro imaturo, desde o período pré natal até aos três quatro anos. O dano
cerebral que a causa, pode também produzir um número de outras desordens,
incluindo o retardamento mental.
Nos
últimos anos a Neurologia Pediátrica, define-a como um conjunto de afecções
encefálicas da primeira infância, devidas as causas diversas e tendo como
substrato anatómico anomalias de desenvolvimento do encéfalo, expressando-se
sob a forma de alterações motoras, mentais quantitativas, convulsões e com
alguma frequência, distúrbios morfológicos; dá-nos a ideia de que todo o
encéfalo ou grande parte dele está lesado e não somente um dos seus sistemas. O
dano cerebral que a causa, pode também incluir o retardamento mental.
Não há
dois casos semelhantes; algumas crianças têm perturbações ligeiras, quase
imperceptíveis, que as tornam desajeitadas a andar, falar ou usar as mãos.
Outras são gravemente afectadas com incapacidade motora grave, sendo totalmente
dependentes nas actividades de vida diária.
De
acordo com a localização das lesões e áreas do cérebro afectadas as
manifestações podem ser diferentes. A criança com paralisia cerebral pode ter
atraso intelectual, não só devido às lesões cerebrais mas também pela falta de
experiência resultante das suas deficiências.
A
paralisia cerebral não é geralmente, devida a qualquer deficiência dos pais ou
doença hereditária; portanto outros filhos, que possam nascer, não serão
afectados. Não se sabe, exactamente, num grande número de casos como e porquê a
criança foi afectada, mas sabe-se que houve uma lesão, geralmente antes do
nascimento, na altura do parto, ou após este, que é responsável pela
deficiência.
III
TIPOS DE PARALISIA CEREBRAL
1-Classificação
fisiológica (o que acontece ao nível dos movimentos).
Abrangendo
então paralisia cerebral, um leque de estados patológicos e manifestações
diferenciadas, na maior parte dos casos observados, não encontramos um tipo
único de paralisia, mas uma combinação de vários tipos. Isto redunda numa
incidência topográfica, mais ou menos acentuada e numa gama de perturbações
múltiplas associadas das quais destacaremos:
-Perturbações de ordem perceptiva.
-Perturbações de ordem intelectual.
-Perturbações de ordem da linguagem.
-Perturbações de noção do corpo, sensoriais e fisiológicas.
A
classificação dos tipos de
paralisia cerebral varia, mas classicamente agrupa-se em :
- Espástica.
- Atetósica .
- Atáxica.
- Rígida.
- Mista
- Tremor
- Coreica
Não se
encontra, um grande número de crianças afectadas por um só tipo puro de anomalias, mas antes por
combinação de vários tipos.
Segundo Bobath,
o que distingue os diferentes tipos de Paralisia cerebral, são basicamente três
factores: a tonicidade muscular, os
tipos de inervação recíproca e os padrões posturais.
1.1-Tipo Espástico
A espasticidade
indica a existência de lesões no sistema piramidal. Este sistema encarrega-se
da realização dos movimentos voluntários e a alteração deste sistema
caracteriza-se pela perda de movimentos voluntários e pelo aumento do tónus muscular. Inclusivamente quando a criança está em
repouso a hipertonia é permanente. Este fenómeno de hipertonia manifesta-se,
quando a criança realiza um esforço excessivo para tentar executar qualquer
movimento. A persistência do aumento do tónus
muscular, origina posturas anormais que normalmente evoluem e convertem-se em
deformidades ou contracturas.
Em
suma, há uma excessiva tensão dos músculos, movimentos descoordenados lentos e
pelo andar ao estilo tesoura.
Ao
movimentar-se ou falar, a criança espástica,
apercebe-se da necessidade de fazer um grande esforço, mesmo nas acções motoras
mais simples, as quais na maioria de nós, são feitas de um modo automático.
Este
tipo de paralisia cerebral é dos que mais afecta a fala. Os sons são mal
pronunciados ou distorcidos, em geral, quando é necessário combinar algumas
consoantes. A intensidade do discurso, não é controlada, e a qualidade da
oralidade é rouca, gutural, forçada e por vezes, acompanhada de hipernasalação.
1.2-Tipo atetósico ou discenético
A atetose é um transtorno que se caracteriza pela existência
de movimentos irregulares, lentos e espontâneos. Podem localizar-se somente nas
extremidades ou estender-se a todo o corpo. Os movimentos são de tipo
espasmódico e incontrolado. Há uma flutuação do tónus
postural. É importante destacar que o movimento atetósico
pode ser atenuado pelo repouso, sonolência e determinadas posturas. Pelo
contrário, pode ser aumentado pela excitação, insegurança, pela posição dorsal
e pela posição em pé.
A fala
destas crianças é inconstante quanto ao ritmo, os sons são distorcidos devido
aos movimentos involuntários, que os poderão até tornar incompreensíveis.
Esta
situação poderá ser agravada por distúrbios respiratórios e movimentos
excessivos.
Na
generalidade trata-se de crianças que ainda em bebés foram hipotónicas
e de constituição débil, a qual é agravada pelas suas dificuldades alimentares
e respiratórias. Está também presente uma assimetria da cabeça e do tronco, os
braços são mais afectados do que as pernas e encontram-se fortemente recuados
em relação aos ombros.
As
crianças tornam-se incapazes de modificar a sua posição de uma forma suave e
coordenada.
1.3-Tipo atáxico.
A ataxia pode definir-se como um
transtorno da coordenação e da estática (Cahuzac, M.
1985). Caracteriza-se por uma instabilidade de equilíbrio, com mau controle da cabeça, do tronco e dos membros. É constante
nestas crianças a existência de um baixo tónus
postural que as leva a moverem-se lentamente e com muito cuidado com medo de
perda de equilíbrio. Têm dificuldades em manterem a posição erecta, devido ao
mau controlo da cabeça e do tronco. Na
execução de movimentos voluntários, aparecem sinais de que o cerebelo apresenta
lesões.
De um modo geral o tónus muscular encontra-se diminuído, mas aparecem casos em
que existe um aumento desse mesmo tónus.
Quanto à linguagem, Bloodstein (1979) afirma que: “A fala atáxica é marcada por uma falta de
precisão geral de articulação, em que os erros tendem a ser inconstantes e
imprevisíveis. Ao invés de distorções específicas ou substituições dos sons, há
uma extrema falta de precisão”.
1.4-Tipo Rígido
O que mais distingue este tipo
de paralisia cerebral é a contracção simultânea dos grupos musculares agonistas e antagonistas. Há uma resistência inalterada de
um grupo muscular ao estiramento passivo em todo o percurso da flexão ou
extensão. (Bobath, 1984)
1.5-Tipo Misto
É uma combinação do tipo espástico e atetósico. Muitas
crianças afectadas apresentam incapacidades severas.
1.6-Tremor
Caracteriza-se
através das sucessivas contracções rítmicas e involuntárias dos músculos. Há
dois tipos de tremor: o involuntário e o intencional. No tremor involuntário
mesmo que a pessoa esteja relaxada, os membros tremem. No intencional a pessoa
se está descontraída não se notam qualquer tipo de tremura.
1.7-Coreica
Descontrole dos movimentos
finos da mão e dedos se houver intencionalidade no gesto.
2- Classificação topográfica (afecção dos membros ou membro envolvido)
O grau
de afectação na paralisia cerebral determina as capacidades do movimento e a
capacidade funcional.
· Monoplegia ou monoparésia- Paralisia num dos membros superiores.
· Paraplegia ou Paraparésia- Paralisia bilateral,
simétrica de ambos os membros inferiores.
· Hemiplegia ou Hemiparésia - Paralisia de ambos os
membros, superior e inferior, de um lado.
· Tetraplegia ou Tetraparesia - Paralisia dos quatro membros.
· Diplegia - Paralisia com afectação dos quatro membros em
diversos graus. Maior acentuação nos membros inferiores.
· Dupla Hemiplegia - São tetraplegias.
Maior afecção dos membros superiores. Não simétricas. Um lado é mais afectado
que o outro.
IV
DEFICIÊNCIAS ASSOCIADAS À PARALISIA
CEREBRAL
Apesar das crianças com paralisia cerebral, terem problemas motores e de postura, também apresentam
deficiências associadas como o retardamento mental, deficiências visuais,
desordens auditivas, da linguagem, alterações da personalidade, epilepsia e
transtornos perceptivos.
Normalmente
as crianças com paralisia cerebral têm retardamento mental.
A hemiplegia, a mais comum das paralisia
cerebrais, está associada com um melhor desempenho intelectual. A maior parte
destas crianças tem inteligência normal. Menos de 30% de indivíduos com quadriplegia espástica extrapiramidal e paralisia tipo misto têm inteligência
normal. Entre estas crianças, com paralisia cerebral e retardamento mental, 15%
tem retardamento leve, 35% moderado e 50% grave e profundo. (Robinson, 1973).
Os
problemas visuais são comuns e variados também. Os bebés prematuros podem
sofrer retinopatias de prematuridade, causa de
oxigenação excessiva das incubadoras.
Os
indivíduos com hemiplegia, geralmente, não podem ver
uma parte do seu campo visual. Estes problemas visuais-perceptuais, interferem na aprendizagem. Um quarto
das crianças com paralisia cerebral são estrábicas. Cerca de 40% de
crianças com paralisia cerebral têm deficiências visuais e de percepção (Black, 1980).
Nas
patologias visuais, existem com maior frequência os transtornos oculomotores. Agrupam-se, como já se referiu, em:
estrabismo e transtornos de elaboração central.
Com
frequência pode estar alterada a coordenação dos músculos oculares, havendo uma
coordenação insuficiente nos dois olhos e um desdobramento da imagem. Isto faz
com que na maior parte dos casos as crianças têm tendência a utilizar um só
olho, o que se traduz por uma perda relevante de sensibilidade.
Na
paralisia cerebral existem alterações visuais, que estão em maior intimidade
das estruturas nervosas ou nos pontos em que houver maior possibilidade de
relacionamento ou dependência com as mesmas. Estudos efectuados por Hopkins, Price e Colton estabelecem:
Visão |
Normal |
Defeituosa |
Duvidosa |
Espásticos |
72,7% |
22,4% |
4,8% |
Atetóides |
79,5% |
17,3% |
3,0% |
Rigidez |
71,0% |
17,0% |
11,9% |
Atóxicos |
57,2% |
38,9% |
11,9% |
Assim
o aparelho visual está praticamente isento de influências específicas da
paralisia cerebral, muito embora sofra consequências por conta das dificuldades
já reconhecidas.
A
audição, a fala e a linguagem também apresentam deficiências em cerca de 20%
destas crianças. Quando sofrem de quernictero ou
rubéola congénita têm frequentemente uma perda da audição de alta
frequência.
Os
transtornos auditivos na paralisia cerebral são maiores do que na população em
geral devido a:
· - Icterícia neonatal
· - Virose (viriasis) do Sistema Nervoso
Central
· - Sequelas de meningoencefalitis.
· - Encefalopatias pós rubéola materna.
Os
problemas auditivos possuem uma natureza múltipla. As perdas auditivas
distinguem-se por dificuldades na transmissão do som, na percepção do mesmo ou
combinação de ambos.
Não é
frequente uma surdez completa, geralmente é parcial e relaciona-se com a
captação dos sons agudos. Assim, a criança pronuncia as palavras como as
percebe, de uma forma incorrecta. Mas como frequentemente relaciona os sons, os pais ficam
convencidos, que ela ouve bem e que, por isso, o problema pode ser de
dispersão.
A
paralisia cerebral extrapiramidal está associada com
problemas articulatórios e os movimentos corioatetóides
afectam a língua e os movimentos das cordas vocais. Os danos cerebrais que
causaram a paralisia cerebral podem também causar desordens de linguagem,
afectando formas de expressão como a mímica, os gestos e a palavra, por
necessitar e estar baseada em movimentos finamente coordenados. Observa-se,
desde o nascimento, uma evolução anormal da motricidade, nos órgãos que
intervêm na absorção dos alimentos e que posteriormente vão intervir na
produção da linguagem. Deste modo, os reflexos de sucção, deglutição, mordedura
ou náuseas podem ser insuficientes para realizar a sua função, exagerados ou
até estarem ausentes. Os transtornos da linguagem expressiva referidos, têm como
causa espasmos dos órgãos da respiração e do órgão fonador. Manifestam-se por
uma maior lentidão da fala, modificação da voz e até ausência da mesma. Também
aparecem transtornos na produção das palavras apresentando a forma de uma
linguagem aos saltos, com pausas respiratórias anormais e uma junção de frases
devido a uma respiração superficial e/ou arrítmica.
O
atraso no desenvolvimento linguístico é muito significativo. Pode ser devido a
transtornos auditivos, lesões das vias nervosas e uma falta de estimulação
linguística ou a não existência de modelos linguísticos suficientes. Em alguns
casos é presente a falta de retorno, a criança não se ouve a si mesma e
é muito difícil aumentar o
seu vocabulário pela falta de emprego da linguagem falada. A maioria dos
transtornos aparecem de forma isolada, mas em certos casos aparecem combinados.
Nos
transtornos de desenvolvimento mental podem encontrar-se casos de inteligência
normal ou com nível intelectual muito abaixo da média, independentemente de
fisicamente serem muito ou pouco afectados.
A
estimulação precoce pode atenuar a deficiência mental associada à paralisia
cerebral.
Nos
transtornos de personalidade, e sob o ponto de vista afectivo, as crianças com
paralisia cerebral são normalmente muito sensíveis. Naquelas em que a
deficiência mental está associada, existe um menor controle
emocional, que se traduz por mudanças de humor, risos e choros injustificados,
etc.
As
crianças espásticas manifestam pouca vontade
principalmente para executarem actividades físicas pelo esforço que é
necessário dispensarem.
Já nos
transtornos de atenção, observa-se nalguns casos, dificuldade em manterem
atenção, com tendência para a dispersão e reagindo por vezes exageradamente a
estímulos insignificantes.
Os
transtornos da percepção, os problemas sensoriais, sobretudo os auditivos,
visuais e os da motricidade condicionam a percepção.
Desde
o nascimento, a criança norma, vai
adquirindo conhecimentos através da manipulação e da interrelação
com o meio circundante.
O handicap da
criança com paralisia cerebral situa-se na primeira etapa do desenvolvimento sensório-motriz pelas suas dificuldades em manipular,
coordenar e explorar. Esta situação vai condicionar grandemente os outros
períodos evolutivos. Apresentam dificuldades na elaboração dos esquemas
perceptivos (esquema corporal, orientação e estruturação espaço-temporal,
lateralidade, etc.).
Os
movimentos lentos e a falta de coordenação,
traduzem-se pela lentidão de acção e influencia a aprendizagem. Para além de
todas as dificuldades que possui, a criança com paralisia cerebral, recebe
frequentemente menos estimulação do que as outras crianças.
Em
suma, e segundo Keats (1965), um terço de todas as
crianças com paralisia cerebral, desenvolverão ataques convulsivos em alguma
época da sua vida.
As
desordens de comportamento e emocionais têm um papel importante nas vidas
destas crianças (Taylor, 1965). As desordens de comportamento vão desde a
hiperactividade, até ao comportamento masoquista.
Há
problemas psicossociais que se podem desenvolver durante a adolescência, em
especial nas crianças com inteligência normal (Freeman,
1970).
V
ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS E PSIQUIÁTRICAS DA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL
Gesel e Amaturda distinguem
quanto às extensões das lesões três graus:
Lesões devastadoras -
“quando uma lesão anula as
potencialidades do crescimento, não há matriz para a formação de interesses e
para a progressiva organização dos modos de conduta: portanto, deteriorização
= desvastação”.
Lesões selectivas - “aqueles casos nos quais há sobrevivência das
capacidades de conduta compensadas por sérios defeitos e deficiências”.Exemplo: lesão dos gânglios basais.
Lesões mínimas - “crianças com desvios da conduta nos quais
não é possível identificar características temperamentais congénitas, factores
externos de origem ambiental e erros na criação, são síndromas atípico,s que só se explicam na base de uma lesão leve ou
resolutiva”.
Foi a
partir daqui que se desenvolveu o conceito de Disfunção Cerebral Mínima, que
utiliza a palavra disfunção em vez de lesão. Mas com ou sem deficiência mental,
todos os casos de lesões selectivas, na paralisia cerebral têm de ser vistos
sob um ponto de vista pluridimensional, psicológico e
não apenas pela medição do seu Q.I. ou aptidões específicas. Os deficientes
mentais estão mais sujeitos
a traumas e condições de conflito.
A
inibição ou bloqueio das potencialidades intelectuais por factores afectivos é
muito frequente. Assim o estudo psicodiagnóstico é
importante por se verificar a inter-relação psico-física.
Warteg, no estudo psicológico da paralisia cerebral refere que “As dificuldades (debilidades motoras,
anomalias na lateralidade, esquema corporal, etc.) influem no comportamento e
no psiquismo, assim como as de ordem afectiva se repercutem na psicomotricidade”.
O problema da identidade, de
grande importância psicológica pode ser afectado até no plano neurológico: “uma lesão cerebral sendo grave, afecta mesmo que subtilmente, os modos
psicomotores que se encontram na base da integração e adaptação atencional e a criança pode não se encontrar nunca a si
mesma”. Gessel e Amaturda
É importante também aqui o
diagnóstico precoce. Todos os pacientes com lesões selectivas de paralisia
cerebral, apresentam graves problemas de interioridade cuja
importância no seu desenvolvimento caracterológico
foi estudado por Adler, que verificou as
reacções de compensação decorrentes da vivência da minusvalia.
Em trabalhos mais recentes
de DeTaubenslag estudou a relação entre psiquiatria e
paralisia cerebral e alguns motivos de consulta psiquiátrica de pacientes com
paralisia cerebral apresentavam:
-Tendência ao isolamento, dificuldades relacionais, timidez, choro,
reacções depressivas- 29 casos- 26,4%.
-Condutas agressivas, hostilidade contra os pais, companheiros, etc. - 63 casos -57,3%.
-Quadros psiquiátricos, depressão severa, reacções esquizóides,
na adolescência, esquizofrenia-
18 casos - 16,4%.
Total de casos: 110
Nas lesões mínimas, podem
aparecer casos de hiperactividade, tanto verbal como motora.
Na pobreza de habilidade de
concentração, a inteligência pode ser normal ou acima do normal, a capacidade
de aprendizagem escolar é pobre, com excessiva ansiedade.
Assim, enquanto o
prognóstico da paralisia cerebral com lesões devastadoras é reservado e sombrio
com tendência para o isolamento; nas lesões selectivas podem ser melhorados com tratamento; nas
lesões mínimas há um bom prognóstico, dependendo, no entanto, de terapêutica
adequada.
VI
ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA PARALISIA
CEREBRAL
Quando
se fala de paralisia cerebral entendemos uma variada gama de sinais e sintomas
dependentes de causas múltiplas que atingem o sistema nervoso na fase de
desenvolvimento ou de maturação.
O
sistema nervoso, nesta fase, é muito susceptível de ser lesado
irreversivelmente ou parcialmente reversível, podendo ocorrer o comprometimento
de certas estruturas em formação.
Estas
lesões podem estar ligadas a causas pré-natais, natais e pós-natais, como já
foi referido.
1-Causas
Pré-Natais:
As
causas pré-natais actuam desde a concepção até ao início do trabalho de parto.
As
causas pré-natais são:
· Distúrbios
funcionais da mãe, como hipertensão sanguínea, que podem causar hemorragias no cérebro da
criança
· Incompatibilidade entre o
sangue da mãe e do feto (factor Rh)
· Infecções nos primeiros
meses da gravidez: a sífilis, a meningite; a encefalite e a rubéola.
· Doenças do plasma que causam
desenvolvimento anormal do cérebro, oxigénio insuficiente na circulação
sanguínea da mãe.
· Diabetes
· Causas desconhecidas.
2- Causas Peri-Natais
As
causas Peri-natais actuam desde o início do trabalho
de parto até ao nascimento.
A
etiologia mais importante é a anoxia fetal devida ao
trabalho de parto mal conduzido, com narcose materna
inadequada.
· Lesão Cerebral durante o
parto, por trabalho de parto prolongado ou dificultado, ou qualquer outra
alteração que leve à falta de oxigénio ao bebé por mais do que alguns minutos
durante o parto (anóxia).
· Parto prematuro.
Uso de instrumentos no
decorrer do parto (fórceps).
3- Causas Pós-Natais
Causas
pós-natais actuam desde o nascimento até ao final da maturação do sistema
nervoso (2 / 2.5 anos)
As
causas Pós-natais são:
· Doenças como a encefalite.
· Oxigenação insuficiente no
sangue, com envenenamento gasoso.
· Trauma, como acidente
vascular cerebral ou lesões cranianas.
· Meningites.
As
lesões podem ou não aparecer nos primeiros dias de vida mas quando se
manifestarem, são notados distúrbios de deglutição, sucção e crises convulsivas
generalizadas ou focais.
O
diagnóstico precoce deverá ser feito o mais precocemente possível, no curso do
primeiro ano de vida e dentro desta faixa, o mais cedo possível, no lactente ou
até mesmo no recém-nascido na primeira semana de vida ou nos dez primeiros
dias. Assim sendo, deve-se falar sobre as peculiaridades da anamnese
em Neurologia Pediátrica. Partindo do princípio que para se identificar o
patológico, é necessário conhecer o normal, iremos recordar os padrões
neurológicos evolutivos da criança normal durante o primeiro ano de vida,
estabelecendo-se os desvios que permitem chegar a um diagnóstico precoce da
Paralisia cerebral. ( ver anexo)
Uma
criança com atraso de desenvolvimento não realizará determinadas acções que uma
criança normal realiza, nas idades previstas, segundo a média
.
No quadro em baixo, apresentamos algumas diferenças entre uma criança
normal e uma criança portadora de paralisia cerebral:
Idade |
Criança Normal |
Criança com Paralisia Cerebral |
2-3 meses |
· grande liberdade de escolha de movimentos · preensão firme ·
traz as mãos à linha média ·
abandona a marcha reflexa (que se inicia nas primeiras 24 horas) |
· movimentos limitados e estereotipados ·
não existe preensão ·
apresenta reflexos tónicos assimétricos (cabeça para um lado e membros para o
outro) · persistência da marcha reflexa |
4 meses |
·
controlo da cabeça ·
ao cair abre
as pernas em
pára - quedas |
·
falta de controlo da cabeça ·
a criança espástica ao cair cruza as pernas |
5-6 meses |
·
ao cair une os braços para se proteger da queda |
·
ainda não é capaz de unir os braços para se proteger ao cair |
7 meses |
·
apoio anterior e lateral dos braços: senta-se, vira-se da posição ventral
para a dorsal. Desaparecimento do reflexo de Moro. ·
a criança gatinha |
·
inexistência de apoio sobre os braços ·
não se senta ·
inexistência de rotação ·
o reflexo de Moro pode persistir ·
os reflexos tónicos assimétricos impedem o gatinhar visto que dissociam
os movimentos da cabeça e dos membros. |
8 meses |
·
senta-se ·
levanta a cabeça quando estando deitada, é puxada pelas mãos para se
levantar |
·
sentada cai lateralmente ou para trás |
9-12 meses |
· em pé tem postura correcta |
·
não consegue pôr-se de pé ou tem postura incorrecta. |
Na anamnése deverão estar contidas todas as informações
relativas não só à situação actual como também todo o processo anterior como os
antecedentes materno-fetais, pessoais e de família.
Nos
antecedentes materno-fetais dever-se-á procurar
informações, como por exemplo, se durante a gestação ocorreram hemorragias
repetidas, se houve aplicações de RX, rubéola, distúrbios metabólicos,
convulsões repetidas ou incompatibilidade sanguínea.
Nos
antecedentes pessoais é necessário saber se o bebé se apresentou pálido ou cianótico, com distúrbios respiratórios, se o choro foi
imediato, se o sono era normal ou agitado, se teve icterícia grave e duradoura.
Ultrapassada
a fase do recém-nascido, é relevante saber se existem convulsões, processos
infecciosos e conhecer toda a história do desenvolvimento como, quando se
sentou, ficou de pé, começou a andar e falar.
De
acordo com as informações, que obtivermos poderemos começar a orientar o nosso
raciocínio no sentido de estabelecer um diagnóstico, que será tão precoce,
quanto mais cedo a criança for examinada.
O
exame neurológico do recém-nascido (ver em anexo), não tem apenas um valor
prognóstico na previsão de um distúrbio neurológico tardio como também pode
prever o quadro neurológico que se virá a manifestar.
As
manifestações clínicas, que a criança faz durante o seu primeiro mês e ao longo
do primeiro ano de vida, podem ser surpreendidas através de exame neurológico,
permitindo estabelecer um diagnóstico precoce de paralisia cerebral. A recuperação é fruto de um trabalho de
equipa e será tanto mais eficiente quanto mais precoce for o diagnóstico, o que
permitirá a elaboração atempada, de um plano terapêutico mais eficaz e com
previsão prognóstica mais animadora, de acordo com as circunstâncias de cada
caso.
VII
PREVENÇÃO DA
PARALISIA CEREBRAL
1-Objectivos
da prevenção da paralisia cerebral
A
prevenção da paralisia cerebral tem três objectivos totalmente diferentes e que
devem ser obtidos em etapas subsequentes.
· A prevenção, sempre que possível, das lesões
do encéfalo responsáveis pelo aparecimento das alterações da motricidade e do tónus próprios da paralisia cerebral.
· Procurar detectar o mais precocemente possível
qualquer alteração ou atraso do desenvolvimento funcional da motricidade e de
todas as demais faculdades do sistema nervoso.
· Tratar precocemente qualquer das manifestações
anormais do desenvolvimento funcional do sistema nervoso, quando constatadas.
Cada
um destes objectivos é executado em etapas próprias, em oportunidades
diferentes e por pessoal técnico diferente.
2- Etapas da
prevenção da paralisia cerebral
2.1- Prevenção
Primária
Na
primeira etapa, devemos procurar evitar e afastar todas as causas responsáveis
pelas lesões, pelos defeitos ou pelas malformações das estruturas do encéfalo.
Graças
aos cuidados especiais proporcionados às gestantes, às parturientes e aos
recém-nascidos, podemos impedir a actuação dos factores e condições mórbidas,
capazes de produzirem as lesões no encéfalo, do feto ou do recém-nascido,
responsáveis pelas deficiências e alterações da motricidade encontradas na
criança com paralisia cerebral.
Muitas
vezes estes cuidados devem preceder a própria concepção, fazendo um
aconselhamento genético ou mesmo um exame pré-nupcial, para saber o estado de
saúde dos futuros pais e tratá-los, se for necessário.
Deve-se
evitar os traumas psicológicos ou físicos sofridos pela mãe ou pelo feto,
durante o trabalho de parto, tais como as mudanças bruscas muito intensas e as
condições de vida impostas ao recém-nascido, como o frio, excesso de luz, etc.
Além
dos cuidados médicos deve-se ter em conta o apoio à gestante, a importância de
ser mãe, o papel que ela desempenhará no futuro desenvolvimento psicomotor de
seus filhos e para os cuidados que devem ser dispensados ao bebé após o
nascimento.
A
prevenção das lesões encefálicas deve ser exercida pelos obstetras, médicos
clínicos e neonatalogistas. Os pediatras que
acompanham o bebé nos primeiros meses têm também um papel importante na
prevenção dos estados de carência, das enfermidades, das alterações metabólicas
e de outras causas que podem comprometer as estruturas anatómicas do Sistema
Nervoso.
O
papel do neonatalogista destaca-se no exame
sistemático do recém nascido, na avaliação da
intensidade do trauma sofrido durante o parto e na avaliação da possibilidade
de recuperação do seu estado de maturação neurológica. As avaliações feitas
pelos neonatalogistas têm um papel muito importante
no estabelecimento do diagnóstico de recém-nascidos de alto risco, isto é, dos
recém nascidos em que tenha havido a possibilidade da ocorrência de uma lesão
no encéfalo e, sobre os quais deveremos concentrar a nossa atenção na segunda
etapa da prevenção da paralisia cerebral.
2.2- Prevenção
secundária.
Nesta
etapa procuramos fazer com que a evolução do tónus e
dos padrões de movimento possa processar-se de modo normal ou o mais próximo do
normal apesar das lesões ou alterações do encéfalo, que não puderam ser
evitadas. As alterações constatadas no desenvolvimento das funções
intelectuais, afectivas e sensoriais também devem ser corrigidas.
Os objectivos de prevenção
secundária são diferentes dos da prevenção primária: ao contrário de
procurarmos evitar o aparecimento e o estabelecimento das lesões ou de
malformações do encéfalo, procuramos detectar o mais precocemente possível,
todas as alterações do desenvolvimento consequentes a estas lesões, corrigi-las
imediatamente e procurar fazer com que a evolução possa prosseguir o mais
normalmente possível, apesar das alterações patológicas do encéfalo. Pelas
reavaliações periódicas do desenvolvimento funcional procuramos reconhecer
precocemente as pequenas deficiências, os atrasos ou as perturbações do desenvolvimento
motor do bebé ou qualquer anormalidade que possa processar-se no
desenvolvimento das outras faculdades do Sistema Nervoso, antecipando-nos ao
aparecimento das alterações graves do tónus e dos
padrões anormais de movimento e postura, que uma vez adquiridos e fixados, tornam-se muitas vezes irreversíveis.
Procuramos graças aos manuseios
técnicos especiais e à modificação das condições em que as condutas motoras são
apreendidas, proporcionar os meios necessários para que a evolução possa
prosseguir dentro da normalidade, afastando o mais possível tudo o que possa
prejudicá-la. É evidente que esta recuperação está relacionada com a
localização das lesões que tenham afectado o encéfalo. É normal que umas crianças tenham
melhor prognóstico do que outras.
3- Modelos de
prevenção dos distúrbios da motricidade próprios da paralisia cerebral
O modo como a prevenção
secundária será executada dependerá em grande parte das condições
sócio-económicas da comunidade em que está implantada, das condições das
crianças em que ela deverá ser praticada e de outras preferências individuais
de nível técnico.
Não existe um modelo
universal, para a prevenção da paralisia cerebral, porém de entre os vários
utilizados destacamos o modelo Suíço, Alemão e Brasileiro, cujas
características principais poderão ser consultadas, em anexo.
4-Orientação
aos Pais
A assistência aos pais da
criança com paralisia cerebral, deve começar por ser uma assistência
psicológica.
A família, além das suas
próprias dificuldades, enfrenta um grande desafio de assumi-la como alguém que
“tudo pode exigir e nada pode dar”. O
desafio começa no momento de tomada de consciência do problema, na dificuldade
de o tratar dentro da relação do casal e entre os demais membros da família. As
dificuldades objectivas aparecem: é difícil carregá-la ao colo, cai com
facilidade, não segura os objectos, não permanece sentada, etc. A família
exclui-a da vida social e começa a isolá-la.
A compreensão da dinâmica
psicossocial é imprescindível na medida que possibilita a criação de uma
estratégia de tratamento. É importante oferecer informações que
consciencializem sobre as vantagens no acompanhamento familiar eficaz.
4.1-Informação
sobre o diagnóstico
É neste caso que se inicia o
processo de orientação.
Os pais, ao levarem o filho
a uma consulta para ouvirem o parecer de um especialista, já possuem uma ideia
pré-concebida. Entretanto, quando solicitados a reflectirem sobre os seus
próprios sentimentos, revelam expectativas e convicções próprias que funcionam
como ponto de referência, sobre o qual serão avaliadas
todas as demais informações recolhidas.
Estas expectativas
correspondem às fantasias inconscientes e vão variar segundo a personalidade
dos pais e segundo a dinâmica de relacionamento do casal. Cada membro do casal
pode ter expectativas diferentes para o filho e assim a posição do especialista
será confrontada com as expectativas de cada um, ou ideias pré-concebidas.
É importante que a equipa e
a família consigam participar em conjunto nas decisões sobre o tratamento da
criança. Para isto, é necessário um trabalho que desenvolva o reconhecimento
mais profundo das dificuldades afectivas em jogo, tornando assim a família mais
segura e confiante.
É necessário um
acompanhamento psicológico precoce dos pais, entendido como medida profilática
e solidária com a terapia da criança. Tem por finalidade o levantamento de
sentimentos inconscientes, condições afectivo-emocionais
da família e possíveis interferências desses aspectos no comportamento da
criança e principalmente na reacção dos pais perante a orientação terapêutica.
4.2- A
Inteligência
A inteligência costuma ser o
ponto para o qual converge o interesse dos pais.
A exigência dos pais para
que o seu filho seja alfabetizado, mesmo antes que haja condições para tal, é
extremamente frustrante para o paciente, para o técnico e reforça a imagem de
incapacidade que o meio destina à criança.
A ansiedade gerada pelas
expectativas dos pais, não costuma abrandar apenas com justificativas de ordem
técnica (é preciso antes desenvolver atitudes de percepção, orientação espaço-temporal, coordenação e outras aquisições básicas na
área da linguagem), e por insistência dos pais, os técnicos podem aplicar
formas de alfabetização geralmente inadequadas.
A inteligência enquanto potencial,
nada vai influir na forma de lidar com uma criança. É o desempenho da criança
que nos vai orientar, o quanto se pode solicitar dela.
4.3- A atitude
da família
A superproteção
é a atitude mais facilmente detectada, no contacto diário com famílias de
crianças deficientes. No entanto esta superproteção
por vezes envolve outros sentimentos mais complexos.
A família costuma mostrar
irritação e revolta contra a equipa de tratamento, projectando nela, os seus
sentimentos de rejeição, estabelecendo com os técnicos, uma relação
competitiva, desafiando-os, envolvendo-os num clima de hostilidade, o que
reforça a atitude superprotectora em relação à
criança. A superprotecção pode corresponder a um
sentimento de desvalorização da criança e incapacidade de acreditar nela e
aceitar a sua potencialidade.
O acompanhamento aos pais, a
nível de aconselhamento, de orientação é quase sempre a nível de psicoterapia
do casal ou de cada um individualmente, isto é primordial para possibilitar o
sucesso no tratamento da criança.
4.4- O
afastamento do lar
Este é o ponto de debate, na
orientação do tratamento dos gravemente lesionados cerebrais, e também no
tratamento de psicóticos graves.
Os métodos de tratamento de
paralisia cerebral, na sua maioria, estão apoiados em princípios neurofisiológicos do desenvolvimento motor. Assim não há
entre os especialistas da matéria, preocupação para estabelecer parâmetros para
estes problema. A criança poderá permanecer em casa ou não, dependendo da
conveniência da família. O importante é a estimulação motora e perceptiva
adequada.
4.5-Convívio
com outras crianças
Ninguém escolhe
especificamente que crianças devem ou se poderão relacionar com outra determinada criança.
A própria criança vai
seleccionando as suas companhias, dentro do seu meio social. Não há companhias
seleccionadas para se relacionar com o deficiente.
Na Alemanha há mais de vinte
anos que se colocam deficientes com crianças normais e tem revelado pleno êxito. Cada um compreende o seu
limite, como e quando pode participar com o outro nas actividades do dia a dia.
Os critérios de agrupamento
de crianças deficientes estão mais ligados a necessidades técnicas, para
actividades terapêuticas ou pedagógicas, segundo a tarefa que vai ser desenvolvida .
4.6- A
alimentação
A criança portadora de
paralisia cerebral após ter sido diagnosticada, tem um envolvimento maior com o
fisioterapeuta, pois necessitará de exercícios especiais, suplementados por aparelhos correctivos ou por outras
medidas ortopédicas como a cirurgia.
Alguns pais recebem por
parte do fisioterapeuta indicações úteis para em casa exercitarem a sua
criança.
A alimentação parece ser um
dos principais problemas com que as mães destas crianças se vêem confrontadas.
A posição é o factor mais
importante para se ensinar uma criança portadora de deficiência motora a se
alimentar.
Ela deve ser tal, que impeça
o padrão motor de se hiperestender totalmente ou de
se hipoflexionar totalmente e, além disso, torne
possível movimentos isolados do corpo, da cabeça, do queixo, língua e lábios. A
criança deve-se sentar confortavelmente na posição erecta, mesmo quando segura
pela mãe. Para ensiná-la a comer comida sólida, pode-se colocar um pouco de
comida fácil de mastigar na ponta de uma colher e fazer com que a criança a
remova usando os lábios.
Não devemos deixar que a
colher arranhe os dentes superiores.
Quando a ensinarmos a
mastigar, devemo-lo fazer,
movendo o seu queixo para baixo e para cima e, depois,
mostrar-lhe como ela deve fazer.
A pessoa que vai alimentar a
criança deve manter livre uma das mãos para ajudá-la no controle do queixo. É
conveniente encorajá-la a manter a boca fechada e a usar a língua para mover a
comida dentro da boca. Ao ensinar a criança a engolir, devemos fazê-la mover o queixo o mínimo possível.
As crianças com dificuldade
de sugar e de engolir devem ser colocadas em posição inclinada, ao serem
alimentadas.
Isso manterá o maxilar, os
lábios e a língua em posição normal, resultando daí a melhor coordenação dos
órgãos. Um biberão especial poderá ser necessário para alimentar a criança
nessa posição.
Ao beber, a criança com
paralisia cerebral pode ter dificuldade de ajustar os lábios para vedar os
cantos da boca e evitar que o líquido derrame. Frequentemente, ela não consegue
coordenar a língua e fechar a boca para engolir direito.
VIII
FACTORES DE AVALIAÇÃO NA PARALISIA CEREBRAL
Existem três factores que
devem ser considerados em todos os casos de paralisia cerebral. São eles:
Þ Tipo e força do tónus muscular anormal.
Þ Tipo do distúrbio da inervação recíproca.
Þ Distribuição do quadro e o padrão predominante de postura e de
movimento.
Isto permite o estudo de padrões, dado que fornece pistas muito
válidas para um diagnóstico precoce, à classificação, avaliação e tratamento.
Quanto ao tónus muscular anormal, diremos que quase todos os casos de
paralisia cerebral têm em comum este problema. É verificado pela movimentação
passiva dos segmentos de um membro e testando-se a resistência, os músculos
oferecem um estiramento passivo. A Neurofisiologia
ainda não foi capaz de explicar os diferentes tipos de anormalidade do tónus muscular dos diferentes tipos de Paralisia cerebral.
A espasticidade
é considerada como resultado do sistema gama, ou mais raramente do sistema
alfa, libertados do controle inibitório dos altos centros (Rush
Worth, 1960).
Os
fenómenos clinicamente observados do músculo espástico
caracteriza-se pelo exagerado reflexo de estiramento (Strech
reflex); o fenómeno do canivete, e as reacções de
alongamento e encurtamento.
A rigidez, por outro lado,
da Paralisia cerebral, é chamada de hipertonia
plástica e é caracterizada pela imutável resistência que o músculo oferece
ao estiramento passivo em toda a amplitude na flexão e extensão (The Little Clus
Memorandum, 1959).
Também é impossível explicar
a natureza do tipo flutuante de tónus muscular, que
existe no grupo atetóide de paralisia cerebral. A
flacidez do tónus muscular, a hipotonia é geralmente
transitória na paralisia cerebral ocorrendo na primeira infância, seguida cedo
ou tarde por um tipo espástico ou plástico de
hipertonia.
A avaliação do tipo da força
de resposta miotática ao estiramento pode ser de
algum valor no diagnóstico e na classificação de casos, mas tem pouco valor na
avaliação e reavaliação dos pacientes, ou no planeamento do tratamento.
No que respeita aos
distúrbios da inervação recíproca, é um distúrbio causado por uma
interacção anormal de forças musculares oponentes, podendo ser de grande valor
na diferenciação dos vários tipos de paralisia cerebral e oferecendo ideias
para o tratamento.
1- Aspectos
Electroencefalográficos da paralisia cerebral
O electroencefalograma
varia de indivíduo para indivíduo, dentro de limites estritos de normalidade e
no mesmo indivíduo. Várias são as causas, tais como sono, atenção, estímulos
luminosos, etc.,que
alteram o aspecto do ritmo sem traduzirem condições patológicas.
No caso de pacientes com
paralisia cerebral, o ritmo bioeléctrico sofre
modificações na morfologia e estruturação das ondas cefálicas.
Brockway estudando paralisia
cerebral com exteriorização motora do tipo hemiplégico
estimaram que cerca de 39% desses pacientes tinham crises convulsivas bem como
os portadores de atetoses, paraplégicos espásticos, que apresentam convulsões na proporção de 4% e
3%.
Há a assinalar que em certas
formas de paralisia cerebral, o ritmo bioeléctrico
apresenta-se com ausência de anormalidade, traduzindo apenas imaturidade da bioelectrogénese cerebral.
2- Exame
radiológico na paralisia cerebral
Deve ser critério segundo o
qual o médico vai orientar o seu paciente portador de paralisia cerebral para
esclarecimento radiológico.
É preciso que o diagnóstico
seja objectivo e preciso e se estabeleça a cronologia do estabelecimento da ou
das lesões, isto é, se ocorreram antes, durante ou após o parto, se foram
congénitas ou adquiridas.
Cabe assim, por vezes, ao
radiologista procurar nesse conjunto de causas possíveis, elementos
morfológicos ou mesmo funcionais capazes de permitirem uma rotulação de cada caso.
Pascual Castroviejo,
divide em três grandes quadros as causas das encefalopatias, que ele julga ser
o termo mais correcto para designar a paralisia cerebral, uma vez que por esse
nome (encefalopatia), é um síndroma expressivo de
transtorno cerebral desde o ponto de vista anatómico e etiológico. Assim,
segundo este autor, existem causas que actuam durante a gravidez, causas peri-natais e encefalopatias nos primeiros meses e anos. Os
exames mais frequentes e que ajudam a um melhor diagnóstico são:
Þ Diagnóstico radiológico contrastado - exame do
crânio e de outras regiões do esqueleto como se impõe num caso de paralisia
cerebral.
Þ Pneumoencefalografia - deve ser praticada com prudência.
Þ Angiografia - só deve ser feita com indicação restrita e
somente quando se torna necessário conhecer a causa da hemiatrofia.
IX
PLANO DE
TRABALHO PARA ESTIMULAÇÃO DA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL
No plano de trabalho para um
atendimento correcto da
criança com paralisia cerebral, podem salientar-se os seguintes
recursos:
* Exercícios para desenvolver e aperfeiçoar o sentido de orientação
luminosa.
* Valorizar a direcção do olhar.
* Exercícios de excursão, cada olho separadamente, utilizando os estímulos de fixação e seus gradientes.
* Exercícios de excursão binocular incluindo elevações oblíquas.
* Exercícios de convergência através das estruturas de fixação.
* Exercícios ao localizador.
* Exercícios ao modulador visual,
usando o factor inibitório ou o condicionamento facilitatório.
* Aplicação da luz vermelha (olhos adaptados ao escuro) como auxiliar no
tratamento da ambliopia ou como estimulação da
resposta conhecida e capaz de provocar também respostas não específicas.
* Exercícios ao verde-vermelho do tipo
complementar para a ambliopia ou tipo integrativo para níveis mais
superiores (espelhamento visual).
* Exercícios de homolateralização, relacionando
olho-mão e também aproveitando a elevação acima do honopter
* Exercícios de cópias, coberturas de desenho e também libertação de
desenhos criativos além dos grupos seleccionados para o queiroscópio
simples.
1- Foniatria na paralisia cerebral
Existindo uma multiplicidade
de aspectos que apresenta a paralisia cerebral e a grande frequência e extensão do problema
da linguagem, fala e voz, deve-se fazer uma abordagem individual. A reeducação
terá de ser a nível sintomático, fisiopatológico e
também genético, em que é devidamente levado em consideração o grau esperado e
o alcançado por determinada criança em determinada etapa.
Mesmo os casos mais leves de
paralisia cerebral podem ter graves problemas de fala, por vezes até mais severos
do que os mais graves.
As alterações podem ser
leves, moderadas, severas e muito severas. A associação, mielinização
e riqueza dos neurónios, é que determina a evolução da própria linguagem. Esta
só se desenvolve em socialização no meio, com exemplos, modelos e com
motivação.
Muitas vezes são os próprios
pais de crianças com paralisia cerebral que sem querer limitam as
possibilidades de exercício do próprio filho. A gravidade,
vai desde a alteração de pronúncia, articulação, até a ausência total de linguagem.
Dislexia e disgrafia, são
muito usuais na fase escolar.
Assim e para uma reeducação,
deve-se abordar estes problemas de modo a tratá-los de acordo com as
potencialidades de cada criança. Uma vez diagnosticada, deve ser imediatamente
tratada. Tentar recuperar a linguagem tendo em atenção a criança e o meio em que está inserida assim
como o papel dos pais, é muito importante. Precisamos que estes, sejam os motivadores de
diferentes experiências sensoriais, motoras e perceptivas, para a criança.
A própria incapacidade
motora pode causar dificuldades na fala. A emoção também pode gerar
dificuldades. A própria alimentação tem importância, porque a criança ao
aprender a mastigar alimentos sólidos, está a beneficiar os próprios movimentos
necessários à fala. As pessoas que lidam com a criança devem também falar com
ela, quer quando a vestem, alimentam, divertem, etc. A respiração, fonação e
articulação são facilitadas, quando o organismo é capaz de manter a cabeça e o
tórax rectos; assim todos os exercícios neste sentido melhoram a articulação da
linguagem.
1.1- Em que
consiste o aparelho fonador.
Consiste em:
*Sistema produtor de coluna de ar (pulmões)
*Sistema vibrador laríngeo (cordas vocais inferiores ou verdadeiras)
*Sistema ressonancial (nasobocofaríngeo)
*Sistema articulador (lábios, língua, dentes,
palato duro e mole ou véu do palato).
*Controle, feedback auditivo, proprioceptivo,
cinestésico. Comando do sistema neuro-hormonal.
Cada caso de paralisia
cerebral tem as suas dificuldades próprias. Alguns sintomas dizem respeito à
fala em si própria, outros estão ligados ao Sistema Nervoso. Constata-se o
seguinte:
] Alteração de altura vocal.
] Alteração de intensidade.
] Alteração de timbre.
] Alteração respiratória.
] Alterações articulatórias.
Muitos motivos podem causar
distúrbios na articulação. Para além dos defeitos motores, temos a hipocusia (diminuição da audição), a deficiência
intelectual e a bradilalia (fala lenta), que pode
ocorrer nas formas atáxica, espástica
e atetósica.
Assim é necessário, um
estudo anatómico, funcional, psíquico e ambiental exaustivo. É necessário falar
sempre com o paciente, dar-lhe um ambiente propício e motivador e meios para
que se expresse sonoramente. Fazer com que a família e a escola especializada
ou não, intervenham e procurem um conjunto soluções. Assim devemos:
à Levantar o problema (fazendo uma exame exaustivo).
à Não frustrar a criança, pedindo-lhe o que ela ainda não pode alcançar.
à Solicitar a colaboração dos pais, de todos os professores e pessoal auxiliar,
para a contribuição no trabalho de
recuperação.
à Motivar constantemente aplaudindo as pequenas vitórias, sem exagero.
Não prejudicar o curso das ideias pela excessiva preocupação na boa
articulação.
à Fornecer à criança contínuas experiências de viver e conviver.
2- Exercícios para o trabalho de reabilitação
· Relaxação - exercitação passiva e depois activa.
(Métodos de Jacobson, Schultz ou Dalcroze ou Combinilos)
Depois
de alcançada a relaxação:
· Respiração - treinada em diversas posições para a
criança, respirar com amplitude, regularidade, sincronismo e fluência.Torna-se difícil, porque muitas vezes nestes casos
se têm prejudicado os músculos respiratórios.
· Fonação - procurar que a emissão de ar coincida com a
vibração das cordas vocais, fazendo com que seja instalado o sincronismo fonorespiratório numa sonorização, fazendo sentir ao
paciente a contracção dos músculos abdominais, a relaxação e vibração das
cordas vocais. A voz por vezes, pode ser facilitada
pela compressão leve da cartilagem da tiróide.
Se forem atingidas estas
etapas pode-se melhorar a:
Ressonância - dentro das possibilidades de cada um,
melhorar o som nasal dos fonemas orais.
Articulação - melhorar o resultado, tornando-o mais
preciso, mais rápido e mais fluente. A actividade lúdica é primordial, aliás
deverá sempre ser em actividade de jogo e divertimento, que se devem realizar
estes exercícios. Não aplaudir a criança sem uma verdadeira razão, porque senão
ela perceberá que só a aplaudem porque é
diferente. Os estímulos devem ser reais às metas que conseguem alcançar.
Automatização e aceleração - moldar as sílabas cada
vez melhor. Em todas as etapas haverá necessidade de corrigir, tentar de novo,
ir atrás. Mas vale a pena.
Linguagem - o enriquecimento gramatical deve ser cada
vez maior, para que a criança possa não
só falar, mas também transmitir
sentimentos, ideias e informações.
Associação de movimentos - durante os exercícios
devem ser realizados movimentos com os braços, pernas para se sincronizarem com
a fala, tornando-a melhor.
Comunicação - é preciso que a criança realmente
comunique. Comunicação é comunhão. Dialogar é o que a criança precisa.
3-
Fisioterapia da paralisia cerebral
Segundo Araújo Leitão, a inclusão da Fisioterapia no tratamento da
Paralisia cerebral, deve constituir norma obrigatória.
Nenhum especialista (ainda
que médico), deverá então excluir ou minimizar a fisioterapia, optando por uma
intervenção mais de natureza pedagógica. Mesmo estando cientes de que a
paralisia cerebral é incurável, o tratamento pela fisioterapia pode oferecer
algumas perspectivas de uma recuperação motora, não atingível doutro modo.
O início de qualquer
intervenção fisioterapêutica, deve ocorrer o mais
precocemente possível. Toda a intervenção, no entanto, deverá estar centrada em
três aspectos importantes:
·Início o mais precoce possível;
·Recurso e opção consciente pela fisioterapia apropriada (modelo e dose
adequados);
·Duração suficiente, não pecando
por carência ou por excesso.
Qualquer aplicação fisioterápica, deve sempre ter em conta, que as
actividades, que são automaticamente apreendidas pelas crianças ditas normais,
não o são pela criança com paralisia cerebral.
Em qualquer intervenção,
dever-se-á ter em conta também as técnicas e os critérios. De entre todos eles
realçam-se dois critérios principais, um
de natureza ontogenética e outro
filogenética.
O primeiro baseia-se em seguir a ordem da
evolução motora da criança normal na aprendizagem dos exercícios ou
habilidades. De entre os métodos que obedecem a este critério, destaca-se o Phelps e o de M. Rood.
O critério filogenético
baseia-se na evolução motora da raça, acompanhando a evolução da espécie sob o
ponto de vista motor, iniciando-se nos movimentos rudimentares do peixe, do
anfíbio, dos répteis, de mamíferos inferiores (quadrúpedes) até à locomoção
bípede. De entre os métodos, seguidores deste critério filogenético, há a
realçar sobretudo o de Temple-Fay e o Bobath, este último considerado o mais eficaz para o
tratamento das crianças espásticas e atetósicas.
3-1 Principais
Métodos
Método Phelps
Baseia-se
no princípio de Pavlov (reflexo condicionado). Aplica
o relaxamento muscular usando as técnicas de Jacobson.
Ensina-se a criança, a realizar um movimento de uma extremidade em toda a sua
amplitude, acompanhando os movimentos com música (fenomímica).
O relaxamento é iniciado pelas extremidades menos atingidas pela espasticidade. Inicia-se toda a terapia, em contracções
musculares durante quatro/cinco segundos, seguidas de descontracção ou
relaxamento, do qual mais tarde, se toma consciência.
Este método vale-se de várias técnicas, de onde se
destacam massagens, mobilização activa e passiva, movimentos simples,
condicionados e automáticos, exercícios de equilíbrio e de relaxamento.
Método de Kabat-Knott
É um método de natureza neurofisiológica desenvolvido por Herman
Kabat, divulgado mais tarde por Margareth
Knott.
Trata-se no fundo, de obter
uma resposta máxima de músculos solicitados, através da adição de vários
estímulos, conseguidos pelo emprego de
técnicas próprias. Faz uso
duma técnica baseada na
contra-resistência, pensando-se que assim as respostas musculares serão mais
intensas, daí o emprego de material diverso, ligado à resistência manual, sobretudo
barras e pesos.
Método Rood
É um método ontogenético. Usa uma técnica que consiste em excitar
fortemente a pele por meio de fricções ou percussões rápidas sobre áreas com dermatomas,
correspondentes a grupos musculares, onde se pretende intervir. A dor, a
temperatura, o tacto, vão ter influência na inibição e excitação de grupos
musculares, que se querem reactivar. Há um sem número de respostas curiosas a
determinados estímulos, as quais são muito exploradas neste método. Dão-se como
exemplos: a fricção rápida no dorso do pé provoca relaxamento dos músculos da panturrilha
(barriga da perna); o frio de cubos de gelo no abdómen, contraem o diafragma,
seguido de relaxamento muscular; fricções com escovas ásperas provocam
contracções musculares; batimentos (percussões) na face lateral externa do
calcanhar contraem os músculos do perónio; percussões no lado interno, já
provocam contracções nos músculos da tíbia.
Todos os tratamentos são
realizados de acordo com os esquemas da evolução motora da criança (ontogenése).
Método Bobath
É outro método neurofisiológico importante. Enquanto o método Phelps, actua pela periferia, neste método as técnicas de
manipulação são por actuação central. Utiliza assim posições inibitórias reflexas, que inibirão os reflexos tónicos,
actuando sobre os reflexos musculares, reflexos tónico-cervicais,
labirínticos e até de posturas anormais.
Todos os exercícios são
feitos com precaução, sem utilizar movimentos demasiado rápidos.
Este método dá muito relevo à Avaliação na criança com paralisia
cerebral, considerando-a específica e fundamental para o levantamento das
possibilidades e incapacidades funcionais, que justificarão e explicarão os
tratamentos e as técnicas fisioterapêuticas a
utilizar. É por essa Avaliação, preconizada pelos Bobath
(Karel-médico, e sua esposa, Berta-fisioterapeuta),
que se testa a resistência de músculos ao estiramento, bem como o tónus muscular, usando padrões posturais. Faz-se por esta
Avaliação uma análise fundamental:
·À actividade de postura e reflexo.
·À existência (isolada ou associada) de espasticidade,
rigidez, atetose ou mesmo flacidez.
Na avaliação por este método
Bobath, a criança é manuseada em diversas posições, nomeadamente em supino,
prono, sentada, ajoelhada e de pé. Certifica-se assim
(e verifica-se), quais os movimentos conseguidos e quais os que não se conseguem
fazer.
Ao falarmos do método de Bobath para o tratamento/atendimento da criança com
paralisia cerebral, não podemos deixar de referir a importância que é dada à Intervenção Precoce.
Para Bobath
(1984), um bebé privado de mobilidade ou com dificuldades de se movimentar e
explorar o seu corpo, ou que possa movimentar-se apenas de um modo desordenado,
terá dificuldade em desenvolver a percepção corporal. Não é de admirar que
muitas destas crianças possam ter dificuldades perceptivas e parecer
mentalmente atrasadas sendo, frequentemente difícil decidir se uma criança com
paralisia cerebral sofre de atraso primário ou secundário (devido à falta de
experiência causada pela imobilidade forçada), podendo o possível atraso ou
paragem no desenvolvimento destas crianças, ser também afectado pelo
desenvolvimento anormal da relação entre mãe e filho (factor de relevante
importância no processo de maturação da criança).
Segundo
Bobath, o principal argumento a favor do
reconhecimento e atendimento logo de início, é a combinação da terapia com um
programa de treino completo, dos pais.
Embora
reconhecendo que o cérebro infantil e imaturo apresenta uma plasticidade muito
maior (Goody e Mackissok,
1951), permitindo que a aquisição e manutenção de padrões anormais e hipertonia
possam ser evitados, e o desenvolvimento de contracturas
e deformações prevenidas, para Bobath (1984), o
estabelecimento de uma relação mãe-filho, dando à mãe
uma compreensão completa, da natureza da deficiência da criança, treinando-a
para o manuseamento diário do seu bebé, como apoio ao tratamento, é ainda de
maior importância.
O dia
a dia do bebé deve ser organizado, devendo-se mostrar aos pais como vestir e
despir o bebé, como alimentá-lo, como o devem colocar no bacio, como lhe dar
banho, como brincar com ele e como lhe falar.
Todas
estas actividades do dia a dia, devem ser consideradas
tratamento continuado das sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e
terapia de fala.
Bobath propõe que os bebés em risco sejam observados, entre as seis semanas e os seis meses,
parecendo o período crítico ser o dos quatro meses (quando a mais pequena patologia pode aparecer -
a persistência da assimetria postural, por exemplo).
Outro
factor a ter em conta, tanto na avaliação como no tratamento da paralisia
cerebral, é que “não sendo a paralisia
cerebral uma doença, mas um grupo de condições muito variadas, é preciso
avaliar cada criança e ajustar o tratamento aos requisitos individuais do bebé
ou da criança”(Bobath,
K. “O Tratamento versus Educação).
O método
de Bobath pode ser utilizado na criança muito pequena
e com atraso mental acentuado, permitindo obter resultados positivos. Este
método pressupõe um trabalho de estreita colaboração entre elementos de uma
equipa multidisciplinar, sendo de importância fundamental, a ligação entre o
trabalho dos diferentes técnicos intervenientes (onde predominam as terapias),
os pais e os educadores.
Embora
exista um objectivo comum, que é o desenvolvimento das potencialidades da
criança tendo em conta a sua individualidade, a existência de várias pessoas
para levar a compartimentar e dividir o atendimento, uma vez que cada
uma tem os seus objectivos diferentes (embora complementares) é benéfico.
Outros Métodos
Há outros métodos, além dos
referidos.
De entre outros destacaremos
o de Glenn Doman, que se
baseia no princípio de que a função faz o
órgão, a consagrada afirmação de Darwin. A fazer fé neste princípio, então
o Sistema Nervoso desenvolve-se através do uso, donde se conclui que quanto
maior for a solicitação funcional, maior o seu desenvolvimento, funcionamento e
aperfeiçoamento. As técnicas de intervenção por este método baseiam-se
fundamentalmente numa escala de desenvolvimento de padrões motores primitivos,
impostos à criança de forma passiva e repetida. Usam-se materiais diversos,
conhecidos por peças para a aplicação
das técnicas deste método.
De entre essas peças
sublinhamos: mesas de massagem (de diversos tamanhos), colchões de exercícios,
barras e brinquedos para trepar, balanços, capacetes, escadas, contensores de quadrupedismo e
ainda gelo, pincéis, escovas, flash vermelho, objectos e brinquedos diversos de
tamanhos e cores garridas.
Referiremos ainda, que este
método preconiza uma intervenção em equipa, a qual nunca inferior a três
elementos.
É este método de Glenn Doman no fundo, um
apuramento final dum outro método base, que é o do fisiatra e médico americano Temple Fay. Baseiam-se na
estimulação sensorial intensiva e partem do princípio de que o Sistema Nervoso
Central se encontra constituído por uma série de núcleos evolutivos de
desenvolvimento funcional. Assim, quando se perde o controle dos centros
superiores, em face duma lesão, a recuperação dos movimentos somente será
possível pela aprendizagem dos movimentos mais simples, lembrando os da criança,
ao ensaiar os primeiros movimentos de se arrastar de barriguita no chão.
Antes, então de se tentar
executar movimentos mais complexos, como o andar de joelhos ou a própria
locomoção erecta, será primordial dominar e controlar movimentos mais básicos e
rudimentares, próprios das espécies inferiores, nomeadamente anfíbios, répteis
e antropóides.
As técnicas usadas neste
método de Temple Fay (e seu
derivado, de Glenn Doman), baseiam-se num conjunto de quatro estados padrões da
evolução motora da criança, que são:
1º estádio - É o estado bulbar e medular; é conhecida pela fase dos movimentos mais
básicos, relacionados com a criança de um aos cinco meses.
2º estádio - É o estado conhecido pelo
nível Ponte de Varólio; é o de arrastar, que a criança inicia sem grandes modelos ou perfeição.
3º estádio - Já é considerado de nível mesencefálico é a fase do gatinhar, bem como o do levantamento do abdómen do solo, apoiando o
corpo sobre os joelhos e mãos.
4º estádio- É o mais relacionado com o córtex cerebral,
é o estado da marcha equilibrada.
Há com certeza outros
métodos e técnicas adaptadas à paralisia cerebral. Gostaríamos, antes de
terminarmos esta abordagem dos mais utilizados, de nos referirmos ainda ao da Estimulação da Cronomaturação
dos Pontos Motores. É uma técnica de reabilitação aplicada com sucesso em
Espanha (Córdoba) na Apanel, uma Associação de
Crianças com Paralisia cerebral, aí existente. Trata-se do conhecido método de
Castilho Morales, que parte da ideia, de que com a
ajuda da estimulação de certos pontos da superfície do corpo, se poderão
esperar respostas reflexas, dando às crianças a possibilidade de cumprirem as
etapas do desenvolvimento. As técnicas usadas, visam organizar as funções neurológicas com uma
estimulação sistemática de todo o sistema músculo-esquelético, nas quais
terão parte activa, uma equipa diversificada mas coesa, constituída por
médicos, reabilitadores, neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
psicólogos, pedagogos e não esquecendo a imprescindível e preciosa ajuda dos
pais.
O método de Castilho Morales, baseia-se na estimulação
de vários pontos do organismo, catorze deles em decúbito suprino
e seis em decúbito prono e tende este método, em
síntese, a estimular as diversas etapas do desenvolvimento.
Como já referimos, em
paralisia cerebral, não se admite qualquer outro tratamento, que não seja em
equipa, na qual todos os seus elementos, devem estar a par dos problemas e
especificidades individuais, das crianças com paralisia cerebral. Se a criança
deve ser sempre vista como um todo, este conceito deve ser respeitado por todos
os profissionais, sejam os da fisioterapia, sejam os da parte pedagógica-didáctica, seja também e sobretudo a própria
família, não esquecendo, que dela depende também muito a eficiência da intervenção.
Antes da criança ser capaz de comer, vestir-se, despir-se ou lavar-se, ela tem
antes que ter o controlo da cabeça, do tronco e dos membros. A família, em
especial as mães, devem saber isso. Mais tarde é que irá adquirir o equilíbrio
na posição sentada, de pé e andando. A criança precisa, ainda que seja em grau
mínimo, de cooperar com a sua mãe, quando ela a alimenta, a lava e a veste,
daqui a grande importância dada ao treino e às informações gerais dadas aos
pais.
3.2 Adjuntos da
Fisioterapia
Existem outros elementos
muito importantes na habilitação ou reabilitação da criança com paralisia
cerebral. Queremos destacar equipamentos
diversos de auxílio, as órteses, os medicamentos e a
própria cirurgia.
Ao longo do nosso trabalho,
já referimos vários equipamentos, nomeadamente mesas de massagem, colchões,
pincéis, barras, escadas, flash,
brinquedos diversos de diferentes formas e cores garridas, etc. Destacamos
agora, outros equipamentos, entendidos como artifícios mecânicos diversos para
uso dos pacientes, nomeadamente andadeiras, mesas de
tratamento, espelhos para o corpo inteiro, barras de Ling,
triCiclos, rampas, pranchas ortostáticas, balões, cadeiras, rolos, etc.
Quanto às órteses, as mesmas não devem ser vistas como um tabu. O seu
uso, por vezes, é indispensável para a locomoção da criança. Estes aparelhos, são frequentemente, a garantia da posição bípede, mediante
o fortalecimento e sustentação das articulações dos membros inferiores. Podem
também ter muita importância na correcção ou prevenção das contraturas espásticas.
Na paralisia cerebral,
deparamos muitas vezes com lesões encefálicas difusas, que provocam
repercussões diversas sobre não só as actividades motoras, mas também sobre
outras áreas, redundando em deficiência mental, convulsões, desordens
perceptivas, etc.
As anomalias motoras em
paralisia cerebral são devidas no fundo, a alterações do tónus
muscular e ao distúrbio da inervação recíproca. Na
prática diremos que não há lesões nos músculos, articulações, ossos, ou nervos
periféricos, porém as pessoas não podem servir-se deles, como sua propriedade.
Daí que, se não houver tratamento adequado e quanto mais precoce melhor, se
desenvolvam contracturas, retracções e deformidades,
que serão irreversíveis.
O emprego das órteses, em muitos casos, poderá beneficiar o tratamento,
como meio auxiliar e passageiro, no entanto deverão estes aparelhos ser
abandonados imediatamente, logo que seja possível.
Mas o que são afinal, as órteses?
Entende-se por este termo,
vários tipos de aparelhos, usados em práticas fisiátricas
e sobretudo em doentes portadores de deformidades de polimielite,
aparelhos esses feitos de diversos materiais, tendo as seguintes finalidades:
· Sustentar o peso do corpo;
· Evitar o aparecimento de deformidades;
· Corrigir deformidades já existentes (quando a correcção for possível);
· Inibir a realização de movimentos anormais, em qualquer parte do
corpo;
· Reduzir a espasticidade maléfica, que poderá
provocar deformidades graves.
Em paralisia cerebral, as órteses devem ser usadas com indicações muito precisas, não
esquecendo que não chega sequer a haver consenso entre os fisioterapeutas sobre
o seu uso, alguns deles usando-as frequentemente, outros nem a elas se
referindo no seu dia a dia. Porém, o certo é que as órteses
são no fundo deselegantes, pesadas, forçadas, lembrando mais instrumentos de
tortura, que de reabilitação, apesar da sua indiscutível utilidade.
Actualmente, algumas já existem em ligas leves ou em plástico semi-rígido, o
que as torna mais leves e menos deselegantes, em relação às mais antigas,
feitas em madeira, aço forjado ou mesmo duralumínio.
Há órteses
para os membros superiores (também denominadas de Splints)
e órteses para os membros inferiores. Estas últimas
ainda se poderão subdividir em órteses baixas (que se
destinam a ser usadas desde o pé, até ao terço superior da perna) e órteses altas (que poderão ultrapassar o próprio joelho,
chegando por vezes à parte superior da coxa).
Entre as espécies de órteses mais usadas, destacamos: as botinas, palmilhas,
estribos, joelheiras, goteiras, tiras, travas, cadeiras de contenção,
bancos de abdução, etc.
Pensamos que o emprego das órteses, só deverá ser feito por equipas de técnicos
especializados, onde estarão incluídos, além de professores, médicos,
psicólogos, fisioterapeutas e até os próprios pais.
Quanto aos medicamentos em
doentes com paralisia cerebral, têm por objectivo o controle de algumas
manifestações clínicas que podem dificultar ou mesmo impedir a aplicação
adequada dos métodos de recuperação psicomotora.
As manifestações clínicas
mais frequentes são: convulsões, espasticidade, hipercinesias e distúrbios do comportamento.
A escolha de um medicamento
deve obedecer a determinados parâmetros:
·O médico deve estar familiarizado com o uso do medicamento.
·Deve ser dada preferência aos medicamentos menos tóxicos.
·O tratamento deve ser iniciado com um medicamento apenas.
·As doses devem ser adequadas a cada doente não havendo “dose padrão”.
·A retirada de um medicamento deve ser um processo lento e gradual.
·Deve-se estar atento aos efeitos tóxicos.
·O uso dos medicamentos deve ser rigorosamente regular, conforme
prescrição, e por um período de tempo adequado.
Numa visão global sobre os
medicamentos em pacientes com paralisia cerebral podemos ver que o seu uso em
algumas manifestações clínicas pode servir de coadjuvante no tratamento de
recuperação motora, mas requer permanente avaliação dos resultados alcançados,
pois a maioria dos medicamentos possui efeitos tóxicos, que exigem
acompanhamento médico adequado.
X
CIRURGIA ORTOPÉDICA NA PARALISIA CEREBRAL
O
tratamento da paralisia cerebral tem como objectivo primordial a reabilitação
dos pacientes, procurando torná-los auto-suficientes para as suas actividades,
sempre que é possível.
A
cirurgia ortopédica é de grande utilidade em época, que deverá ser oportuna e
precisamente determinada, a nível da recuperação motora, vence a espasticidade e torna possível a vida de relação
principalmente na utilização dos membros superiores e desenvolvimento da
marcha.
A criança
com paralisia cerebral, deve ser examinada por uma equipa especializada para
este tipo de tratamentos que englobe um ortopedista, fisiatra, neurologista,
psicólogo, foniatra... para se estabelecer o plano
terapêutico adequado para cada indivíduo, com actividades isoladas e em
comunidade e com as possibilidades cirúrgicas já estabelecidas.
O
plano de tratamento de uma criança com paralisia cerebral deve ser no sentido
de lhe dar auto-suficiência, de modo a tornar possível a locomoção, o
desenvolvimento da inteligência e linguagem com a programação especial de
educação.
O
programa adequado, segundo Ingrom, é complexo,
demorado e muito dispendioso.
Falando
acerca, especificamente da cirurgia ortopédica, no tratamento da paralisia
cerebral, na qual a sua intempestiva utilização deixa dúvidas, quanto ao
benefício que traz aos pacientes.
Em
centros especializados, tem-se por vezes evitado a terapêutica cirúrgica com
sérios prejuízos para os mesmos, porque sempre que realizada pelo cirurgião
ortopédico é de grande importância para o quadro geral da terapêutica.
O
procedimento operatório reporta-se a três metas essenciais a serem atingidas:
1 - Agir sobre o espasmo para
dominá-lo.
2 - Corrigir as contracturas
articulares e restaurar o equilíbrio muscular entre opositores.
3 - Fixar as articulações a fim de se
obter um equilíbrio funcional, principalmente, no andar e nos movimentos da
mão.
Estas
intervenções geralmente actuam sobre o sistema nervoso, músculos, tendões,
ossos e articulações.
Os
actos cirúrgicos que incidem sobre o sistema nervoso central preconizados por Hunter, Foerster e outros, que
nem sempre são satisfatórios, devem ser realizados por um neuro-cirurgião.
É necessário uma correcta avaliação de caso para caso, e uma precisa indicação
operatória. Esta deverá sempre realizar-se antes dos cinco anos. Por exemplo
uma criança com pés equinos espásticos, deverá ser operada para facilitar-lhe a posição erecta e a
locomoção.
As
intervenções cirúrgicas utilizadas mais comuns são:
·
Intervenções sobre o sistema
nervoso. Simpatectomias, rizotomias
anterior e posterior, cordotomias e neurotomias.
·
Intervenções sobre os
músculos e tendões.
·
Intervenções sobre ossos e
articulações.
·
Intervenções neuro-musculares - visam
principalmente a correcção da espasticidade,
permitindo assim um melhor aproveitamente da função
muscular periférica.
·
Intervenções sobre partes
moles e esqueleto simultaneamente - permite o
alongamento do tendão de Aquiles e ancoragem óssea, para a correcção do pé
equino espástico.
As intervenções
cirúrgicas ortopédicas têm
maior indicação no tratamento das paralisias espásticas,
procurando modificar a alteração motora e proporcionando ao paciente equilíbrio
funcional muscular útil.
As parésias de grupos musculares, podem ser tratadas
suprimindo a espasticidade dos antagonistas, por
transferência sobre o músculo parético ou
procedimentos combinados.
Deve-se
indicar a cirurgia ortopédica sempre que se deseje corrigir deformações
estáticas ou dinâmicas, equilibrar forças musculares ou estabilizar
articulações afectadas. Os pacientes devem ser cuidados no pós-operatório, para
recuperação total motora e devem fazer fisioterapia.
Os
membros superiores podem ser atingidos na paralisia cerebral com diferentes
graus de intensidade espástica, desde unilateral até
às de grande agressividade.
No
membro superior os músculos mais atingidos pela espasticidade, são os flexores, com predomínio sobre os extensores. No antebraço por dominância dos músculos pronadores sobre os supinadores,
tomando os pacientes a atitude típica da paralisia cerebral com pronação antebraquial.
A mão espástica perde parcial ou totalmente as suas funções,
ficando na posição flexão palmar do corpo e conservação da flexo-extensão
dos dedos.
Nos
membros inferiores a espasticidade tanto pode estar
presente na musculatura flexora como extensora. A
repercussão estática e dinâmica das paralisias dos membros inferiores variam da
marcha espástica em adução,
em flexão ou extensão à impossibilidade completa de ficar de pé ou andar.
Na
marcha espástica em adução
encontra-se predominância da contractura dos músculos
adutores da coxa e é denominada marcha em
tesoura. A marcha espástica em flexão observa-se
em pacientes com contraturas dos músculos flexores do
quadril, do joelho e eventualmente do pé. Na marcha espástica
de extensão há hiperactividade da musculatura extensora,
havendo por vezes alterações no equilíbrio e na marcha. É o caso da paraplegia em extensão por ausência de flexão do
joelho, com arrastamento da ponta do pé.
Nas intervenções
sobre os membros inferiores, o limite etário é o mais baixo e segundo Carol, já se pode atingir desde os quatro anos. Também por
vezes há necessidade de se intervir cirurgicamente a nível do quadril. Os
distúrbios funcionais do quadril na paralisia cerebral resultam do
desequilíbrio muscular em função da espasticidade e
das posições viciosas consequentes às retracções secundárias. Não sendo
realizadas as devidas correcções, com o desenvolvimento da criança sobrevêm
lesões ósseas definitivas, como a ante-versão do
colo, sub-luxação e luxação da cabeça do fémur.
Assim
pode-se concluir que o tratamento das manifestações espásticas
em pacientes com paralisia cerebral é resultante sempre de um trabalho de
equipa na qual o cirurgião ortopedista é um dos elementos fundamentais.
XI
NEUROCIRURGIA
NA PARALISIA CEREBRAL INFANTIL
Os
grandes problemas ligados à reabilitação dos pacientes com paralisia cerebral
são os causados pelos movimentos involuntários e espasticidade,
sempre em grande e maior número de casos presentes. A fisioterapia e os outros
cuidados são sempre prejudicados pelas manifestações patológicas extrapirâmido-piramidais, assim como as crises convulsivas,
a oligofrenia erética, até
por vezes as hidrocefalias e o difícil controlo medicamentoso, que podem
encontrar na cirurgia o recurso terapêutico efectivo.
Em
1957, Spiegel e Wyeis,
esforçando-se por substituir os métodos clássicos da lobotomia pré-frontal e da
cirurgia dos gânglios basais, devido às complicações e mortalidade elevadas,
tentaram utilizar um aparelho estereotásico para
conseguirem resultados satisfatórios. Mais tarde com Pernulter
e Fairmam, utilizaram a cirurgia estereotáxica
em 85% dos casos de paralisia cerebral. Concluíram, que o resultado foi
satisfatório, nos pacientes em que se fez uma correcta selecção dos mesmos, da
cuidadosa técnica estereotáxica e da correlação entre
a escolha do alvo cirúrgico e os factores fisiopatogénicos.
Assim
estas intervenções são aconselhadas, nos casos de intervenção a nível do núcleo
ventralis lateralis do
tálamo (Voa e Vop) e sobre o pallidum interno.
Está,
por sua vez, contra-indicado nos pacientes em mau estado geral e nos acometidos
de dismorfias ou de afecções orgânicas evolutivas.Os resultados são precários nas formas mais espásticas da paralisia cerebral.
As
manifestações convulsivas não contra-indicam a cirurgia, até melhoram no
pós-operatório.
1-Neurocirurgia
da espasticidade
A espasticidade constitui a alteração do tónus
muscular mais frequente na paralisia cerebral, o que torna mais difícil a reabilitação dos
pacientes. Actualmente as intervenções para o tratamento de espasticidade
podem ser divididas em :
|
Periféricas |
Neurotomias selectivas Radioculotomias selectivas posterior e
anterior |
|
Operações |
|
|
|
|
Centrais |
Mielotomias Denteatomia estereotásica Pulvinotomia estereotásica |
|
|
|
|
|
|
Periférica
(nervos) |
|
|
Neuroestimulação |
|
|
|
|
Central
(medula) |
|
|
Pode-se
no entanto afirmar que os melhores resultados do tratamento neurocirúrgico da espasticidade são obtidos pelas neurotomias
e radiculotomias selectivas, que têm indicação ampla
no controlo dessa manifestação na paralisia cerebral.
XII
ABORDAGEM À TERAPIA OCUPACIONAL
Por
terapia ocupacional estende-se todo o acompanhamento paralelo ao
desenvolvimento motor-perceptivo e cognitivo da
criança, do adolescente e do adulto, portador de paralisia cerebral. O fim
desta terapia é conceder ao indivíduo total independência, procurando
aproximar-se o máximo possível do indivíduo dito norma. Inicia-se a terapia ocupacional com a estimulação de áreas
sensoriais, devidamente discriminadas. Utilizam-se os movimentos globais e
conquistam-se no dia a dia os movimentos mais finos, dos quais se fará uma
selecção.
O
atendimento deverá ser o mais precoce possível, sendo de grande importância nas
mais tenras idades.
Assim,
logo dos zero aos doze meses é
essencial, para proporcionarem ao bebé oportunidades de experiências sensoriais
múltiplas e até de uma certa independência motora. Dir-se-á que o bebé nesta
fase, passa de uma etapa meramente sensitiva-vegetativa,
para indivíduos, que ao fim do primeiro ano, deverão estar andando e falando. É
ainda nesta fase que o bebé começa a identificar o alimento pelo gosto ou mesmo
pelo cheiro, reconhece as vozes dos familiares, toma e faz explorações e
descobertas no seu próprio corpo e até move-se e movimenta-se para objectos
que o atraem. É nesta fase também que começa a habilidade manual, ajudando a
despir-se ou a vestir-se, levando colheres (e outros objectos) à boca, a beber,
etc. Cabe então aqui ao terapeuta ocupacional ,
ajustar o bebé e auxiliá-lo em todo o seu desenvolvimento sensório-motor,
doseando as intervenções mas sempre seguindo todo o desenvolvimento neuro-evolutivo, nas suas diversas etapas. Nesta fase os
pais terão um papel muito importante, nomeadamente na mudança de decubitos (não deixando o bebé muito tempo na mesma
posição), nas posturas adequadas para facilitarem a estimulação e até no
manuseio do bebé durante as suas refeições, banho, vestir e despir, etc., manuseio
este que deverá ser adequado à manutenção do tónus
postural.
Mais
tarde (dos um aos quinze anos), o
terapeuta ocupacional, não deverá esquecer que é nesta fase que começa o
amadurecimento do desenvolvimento motor já adquirido, agora gradualmente
enriquecido com um desenvolvimento sensorial mais consciente e até mais
elaborado. É o início da denominada psicomotricidade, que só se completará por
volta dos doze anos. A motricidade, vai-se tornando
cada vez mais desenvolvida e complexa, ao ponto de se tornar a base da
escolaridade, entretanto iniciada. Nesta fase, até aos quinze anos, todo o
tratamento deverá ser conduzido, no sentido de se obter o máximo de
desenvolvimento sensorial, nomeadamente nas discriminações sensoriais e de
orientação espaço-temporais. A criança deverá viver
sempre que possível, em grupo (família, escola), de forma a conseguir-se
hábitos de vida comunitárias, bem como destrezas, apesar de condicionadas às
dificuldades. Os pais aqui orientarão, sobretudo na utilização de brinquedos e
jogos realizados sempre em posturas e posicionamentos correctos, reforçando
assim nas áreas sensorio-motoras o trabalho
terapêutico realizado. No que respeita à escola, tem aqui uma responsabilidade
também primordial. Os professores deverão fazer um reforço das áreas de
percepção, bem como fazer adaptações de modo e facilitar o treinamento
das actividades de vida diária. A intervenção pedagógica deve preocupar-se pelo
desenvolvimento da orientaçao espaço-temporal,
da velocidade, do ritmo, dos movimentos e da fenomímica.
Deve ser feita a integração do esquema corporal da criança, relacionando-a com
os objectos. São certamente estes os caminhos para a diferenciação e
conhecimento das letras, bem como de conhecimentos múltiplos, sobretudo dos
dias da semana, dos meses e dos anos, do movimento dos ponteiros dos relógios,
da leitura das horas, ligados ao amadurecimento da orientação temporal. O
professor deverá assim preocupar-se pelo manuseio correcto de objectos ou de
brincadeiras e em colaboração com o terapeuta fazer um treino pré-gráfico,
controlando a postura geral, com vista a uma coordenação manual da escrita, no
futuro. O material utilizado, poderá ser adaptado:
lápis, carteiras e cadeiras com inclinação adequada, quadro de giz com altura
móvel (conforme a altura da criança), etc. Quando a criança apresenta bom
rendimento intelectual, mas tem pouca habilidade ou destreza para a escrita,
poder-se-á iniciar no uso da máquina de escrever adaptada, gravador ou
computador com teclado e software adaptado.
E na
idade adulta.
Considera-se
que na idade adulta, o mais
necessário é adaptar as condições de vida diária e comunitária dos pacientes
com paralisia cerebral. É um trabalho árduo, há que fazer adaptações às
moradias, lugares públicos, transportes individuais ou colectivos. Há também
que seleccionar ocupações profissionais, onde estas pessoas se sintam
realizadas e socialmente incluídas. Isto claro, mais no caso de indivíduos cujo
potencial intelectual seja normal ou muito próximo. Deve-se assim procurar desenvolver-lhes
a sua máxima independência, ainda que seja necessário o uso de várias
adaptações, mentalizando-os a aceitá-las. Quanto ao portador da paralisia
cerebral grave (na qual há todo um síndroma de natureza motora e mental), o
objectivo geral é tornar mais fácil, mais prático o seu entendimento pelos
familiares e profissionais, facilitando o seu manuseio e levando uma vida o
mais digna possível.
XIII
A ESCOLA PARA
O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL
Pensamos
que a criança com paralisia cerebral pode e deve ser integrada sempre que essa
integração a beneficie de alguma maneira.
Toda a
integração deve iniciar-se com o estudo das características e necessidades do
aluno com a finalidade de elaborar um plano de intervenção adequado e
proporcionar os meios necessários que permitam a sua execução. A escola ideal
deveria proporcionar um maior número possível de oportunidades para que a
integração fosse positiva e gratificante para a criança. Qualquer pessoa
portadora de uma deficiência, tem direito a beneficiar do sistema educativo
como qualquer outro elemento da comunidade. Devem ser respeitadas as
características individuais do aluno tanto no que se refere à programação
didáctica como às estratégias metodológicas.
1- Aspectos a
ter em conta na intervenção com o aluno portador de paralisia cerebral
De
entre as crianças com paralisia cerebral existem aquelas, que possuem uma
inteligência normal e outras que apresentam deficiência mental associada.
Na
maioria dos casos que apresentam inteligência normal as dificuldades motoras
são acompanhadas de problemas de aprendizagem devido a um grande absentismo
escolar (doenças, intervenções cirúrgicas, sobreprotecção
familiar, etc.) e as suas poucas experiências de vida ao longo do seu
desenvolvimento.
Outros
casos apresentam problemas sensoriais e/ou perceptivos e dificuldades de
linguagem.
É de
grande importância contar com um bom historial e diagnóstico do aluno com que
se vai trabalhar.
Antes
de iniciarmos o trabalho com o aluno devemos recolher os dados necessários que
nos permitam ter um bom conhecimento do caso.
Nesta
recolha de dados deveríamos contar com as opiniões de psicólogos, médicos,
terapeutas, etc.
2- Passos a
seguir para uma escolaridade normalizada
Uma
vez realizada a avaliação, a criança deverá ser encaminhada para a escola que
melhores condições reuna a nível de barreiras
arquitectónicas e de material escolar.
Os
alunos deveriam seguir um currículo adaptado às suas necessidades e
potencialidades, participando em todas as actividades escolares possíveis.
Normalmente precisam de um maior reforço pedagógico em certas áreas
nomeadamente a nível sócio-afectivo, de linguagem e de autonomia. Há que ter em
conta os objectivos comuns ao resto da turma e em alguns casos devemos
salvaguardar as possíveis deficiências associadas,que
exigem adaptações curriculares específicas.
O
aluno portador de paralisia cerebral tem que conseguir a sua inserção social,
fomentando as relações interpessoais. É necessário que a sociedade o conheça,
aceite e lhe crie as condições necessárias para a sua integração social ser uma
realidade.
Deveremos
prestar especial atenção e fomentar todas as actividades, que desenvolvam a
comunicação e a autonomia do aluno.
Seria
necessário e benéfico a existência de uma equipa multidisciplinar que fizesse a
avaliação do desenvolvimento da sua aprendizagem.
Essa
avaliação deveria ser flexível, contínua e qualitativa.
*
Estudo de Caso *
Plano Educativo Individual
I
DADOS DA CRIANÇA
1-Identificação:
NOME: Príncipe X
DATA DE NASCIMENTO: 30 de Setembro de
1981
MORADA: Reino a Norte
PAI: Rex V
IDADE: 43 anos
HABILITAÇÕES LITERÁRIAS: Licenciado em
Medicina
PROFISSÃO: Médico
MÃE:
Prima Dama
IDADE:
44 anos
HABILITAÇÕES
LITERÁRIAS: Licenciada em Medicina
PROFISSÃO: Médica
1.1.
Tipificação do problema (segundo relatório médico em anexo)
O Príncipe
X é uma criança que lhe foi diagnosticada uma paralisia cerebral espástica congénita, tetraplégica com hipertonia.
1.2. Dados
biográficos
1.2.1.
História familiar
O Príncipe
X é filho primogénito de um casal onde não existe parentesco e não há registo
de outras doenças na família.
Foi
uma gravidez planeada e desejada.
Na
altura do parto o pai tinha 29 anos e a mãe tinha 30 anos.
O pai
e a mãe, são consideradas pessoas saudáveis.
A
criança vive com os pais e um irmão mais novo, que não apresenta qualquer
dificuldade.
A
relação afectiva com os pais e irmão é muito boa.
As
condições de habitação são boas, vivendo o casal em moradia própria.
O
nível socio-económico e cultural é elevado.
A
colaboração dos pais em relação à sua aprendizagem é boa.
1.2.2.
História pessoal clínica-desenvolvimental
A
gestação ocorreu sem problemas, tendo tido acompanhamento médico.
Parto
de termo e com duração 3/4 horas. Houve muito sofrimento fetal na altura do
nascimento. Foi utilizado o método do parto sem dor. Durante o trabalho de
parto a mãe recebeu soro com: ocitocina + Petidina + Fenergan.
Este
parto terminou com uma cesariana.
4 O bebé não chorou ao nascer.
4 Pesava 3,300 Kg.
4 Media 50 cm.
4 Coloração da pele: pálida.
4 Dificuldades respiratórias:
Sim.
4 Fraca sucção e deglutição.
4 Teve convulsões.
4 Teve febre nas primeiras 24
horas de vida e hipereflexia.
1.2.3. Período
pós-natal
4 Não mamou ao seio, mas
utilizou o biberão.
4 Teve dificuldades
alimentares.
4 Progresso de peso foi
normal.
4 Primeiro dente
nasceu 7 meses.
4 Sono agitado
1.2.4.
História do desenvolvimento psicomotor
4 Sorriu aos 2 meses.
4 Não segurou a cabeça.
4 Não se sentou.
4 Não gatinhou.
4 Não se pôs de pé.
4 Não andou.
4 Preensão e manipulação
difícil e imperfeita.
4 Nunca se alimentou sozinho,
nem se veste.
4 Controlou os esfíncteres aos
3 anos.
4 Não executa a higiene diária
e não ata os cordões dos sapatos.
1.2.5.
Antecedentes patológicos pessoais.
4 Tem as vacinas em dia.
4 Teve sarampo.
4 Não teve papeira, varicela,
escarlatina, difteria.
4 Teve algumas otites.
4 Não tem patologias da vista.
4 Não teve intervenções
cirúrgicas.
4 Não fez internamentos
hospitalares.
1.3
Tipificação da criança.
O Príncipe
X é uma criança muito superprotegida, voluntariosa, e
quando solicitada é comunicativo, senão adopta uma atitude passiva e de
observador.
Dificilmente
toma a iniciativa.
Não se
exprime oralmente nem por escrito, mas consegue comunicar através do olhar e da
expressão facial. Utiliza o gesto sim e não.
Tem as
características típicas de uma criança com paralisia cerebral espástica congénita, tetraplégica com hipertonia.
Apresenta
uma contractura muscular sobretudo nos membros
inferiores.
1.3.1.
Percurso Médico-fisiátrico
Desde
o seu nascimento e quando lhe foi diagnosticada a sua deficiência, foi
encaminhado para o Centro de Paralisia
cerebral do Porto, onde lhe era prestado o apoio possível.
Mais
tarde, quando em Reino a Norte abriu a Associação Portuguesa de Paralisia
cerebral (A.P.P.C. ), o Príncipe X passou a ser
atendido nesta Associação.
Paralelamente
e a partir do 1º ano de idade começou a deslocar-se a Inglaterra ao Centro de
fisioterapia Bobath ( Bobath Centre), em Londres, duas vezes por ano, até
aos cinco anos de idade(ver em anexo).
Actualmente,
esta criança é atendida no seu domicílio, por um fisioterapeuta particular, uma
vez que a A.P.P.C. deixou de lhe dar qualquer tipo de resposta.
II
PERCURSO
ESCOLAR E CARACTERIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES.
O Príncipe X frequentou o Jardim
de Infância de S. Maria Maior durante dois anos, onde residia. A sua
frequência aqui, foi dos 5 anos aos 7. O principal
objectivo era a sua socialização, integração e independência emocional. Foi
também feito todo um trabalho no sentido de desenvolver e estimular as suas
capacidades cognitivas.
Aos 7
anos entrou para o 1º Ciclo do ensino básico, em Stª Maria
Maior que frequentou durante um ano. Pediu transferência, para a cidade de Reino
a Norte, onde passou a residir e continuou a frequentar uma escola de 1º Ciclo
durante 4 anos. Ao fim deste período a frequentar uma escola do 2º Ciclo, ao
abrigo do Decreto-Lei 319/91, no ano lectivo 94/95, onde permanece.
A
razão da sua transição do 1º Ciclo para uma escola de 2º Ciclo, ficou a
dever-se fundamentalmente ao facto de ser benéfico a esta criança, continuar a
pertencer ao grupo escolar onde estava integrado há 4 anos
lectivos. O objectivo principal a desenvolver com esta criança, durante
todo o seu percurso escolar é o de tentar realizar um trabalho de integração e
socialização.
Para
ele foi elaborado um Plano Educativo Individual (PEI), onde se definiram as
disciplinas a frequentar com o grupo (Educação Musical, Língua Portuguesa e
Ciências da Natureza) e o trabalho desenvolvido a nível da sala de apoio, a
qual funcionava de acordo com o seu horário, de modo a preencher as horas em
que o Príncipe X não tinha aulas. Nessa sala além de serem trabalhados, por uma
professora do 1º Ciclo as áreas cognitivas, desenvolvia-se um trabalho
individual ao nível de socialização.
O Príncipe
X utiliza como material de trabalho um capacete, com ponteiro adaptado.
Sendo-lhe colocadas várias questões, a estratégia é de escolha múltipla, a que
ele vai assinalando, através quer do olhar, quer do ponteiro, sempre com a ajuda do
professor.
O Príncipe
X utiliza a tempo integral uma cadeira de rodas. É completamente dependente,
necessitando de ser conduzido por outrem.
Um dos
materiais, que utiliza diariamente é a mesa de recorte com espelho à frente,
que serve de meio de comunicação, entre a professora de apoio e a criança.
III
CARACTERIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES E NÍVEL DE
AQUISIÇÕES.
As potencialidades do Príncipe X
foram por nós avaliadas, através de:
4 Entrevistas à criança, pais
e professora de apoio.
4 Consulta do processo
individual do aluno, e dossier de actividades (alguns dados em anexo).
4 Fichas diversas de registo
de dados (em anexo).
4 Relatório médico (em anexo).
4 Relatório fisiátrico de Bobath Centre (em anexo).
Verificamos que o aluno a
nível da moticidade apresenta muitas dificuldades. É
completamente dependente a nível motor; não realiza normalmente gestos
intencionais (só os realiza em situações de grande relaxamento). Possui ligeiro
controle de movimentos somente do tronco, pescoço e cabeça.
Em relação à musculatura
facial consegue-a
mover intencionalmente sorrindo, mas de forma muito lenta. Em
situação de relaxamento consegue apanhar objectos, mas não os mantém seguros
por um período de tempo alargado.
Traça linhas, na vertical ou
horizontal, usa o pincel, rabisca e até pinta dentro de uma certa área
delimitada, mas com o capacete auxiliar e e com a
ajuda da professora.
Com os dedos consegue fazer
borrões.
Usa cadeira de rodas
adaptada, que não consegue mover.
Quanto à autonomia, consegue
comunicar quando precisa de ir à casa-
-de-banho apressentando-se ansioso. Usa a sanita se
colocado lá e não usa fraldas.
Reconhece algum dinheiro
real, só que não consegue utilizá-lo em situações do dia a dia.
No esquema corporal
identifica em si e nos outros todas as partes do corpo e suas funções; percebe
o que falta em figuras incompletas.
Possui conceitos espaciais
no próprio corpo.
A nível da percepção visual
segue com a vista a trajectória de um objecto de acordo com o seu próprio
ritmo, discrimina intensidade da luz, conhece as formas dos objectos
seleccionando-os segundo propriedades. Consegue discriminar as cores primárias.
Na percepção auditiva,
discrimina alguns sons produzidos pelo próprio corpo, vozes diferentes de
pessoas e de alguns animais.
Na percepção táctil,
discrimina as partes do corpo, objectos como boca, colher e sensações de quente-frio.
Na percepção espacial geral tem
dificuldades em discriminar perto-longe, rápido-lento, estar em círculo e em fila.
Identifica o círculo e o
triângulo.
A nível de percepção temporal tem
noções de dia/noite e horas certas. Apresenta dificuldades nas noções de passado, presente
e futuro.
A nível do
memória, consegue lembrar-se da casa, escola e outros lugares.
A nível de cálculo tem muita
dificuldade em abstrair. Resolve pequenas situações problemáticas do dia a dia
muito concretizadas e efectua somas e subtracções com números até dez.
Na área da Linguagem
expressa-se através de mímica facial e do capacete auxiliar. Consegue ler
palavras isoladas e inseridas em pequenas frases.
Na área da Sociabilização
expressa sentimentos, tem consciência da presença de outros, é aceite por toda
a comunidade escolar. Neste domínio pode-se ainda dizer que esta criança adopta
uma atitude passiva em relação ao mundo que a rodeia não fazendo tentativas de
comunicação, esperando que sejam os outros a comunicar com ele. Gosta de ouvir
música, ver televisão, assistir e por vezes participar em jogos de computador e
actividades físicas.
Gosta de comer,
principalmente doces e de beber Coca-Cola.
Gosta de estar com os colegas,
adultos e de assistir a todas as actividades de grupo realizadas na escola.
IV
DIAGNÓSTICO MÉDICO E
RECOMENDAÇÕES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ESCOLAR
O Príncipe
X, conforme relatório médico em anexo, sofre
de Paralisia cerebral Espástica congénita.
Há indicações a nível de
correcção de postura de relaxamento e de descanso físico no intervalo dos
trabalhos mais prolongados.
V
MEDIDAS DO
REGIME EDUCATIVO ESPECIAL A APLICAR
Após
se ter feito uma Avaliação Diagnóstica ao Príncipe X,
bem como ao seu meio sócio-económico-familiar, à
própria escola, que frequenta, com base no Dec. Lei
nº 319/91 de 23 de Agosto, no seu Artº 2º,
julgamos que a adaptação das condições em que se processará o ensino-aprendizagem deste aluno, será traduzida na adopção
das seguintes medidas:
1
- Equipamento especial de
compensação
2
- Adaptações
3
- Adaptações curriculares
4
- Condições especiais de
matrícula e frequência
5
- Condições especiais de
“avaliação”
6
- Ensino Especial
1 -
Equipamento especial de compensação
Esta
medida compreende no caso do Príncipe X, e devido ao seu grau de deficiência,
da adopção de um capacete adequado, munido de ponteiro (que poderá ser
substituído por um marcador, pincel, lápis, etc.), com o qual o aluno aponta ou
indica, tenta pintar ou riscar. Compreende ainda o recurso a uma cadeira de
rodas adequada ao aluno, que apesar de não ser capaz de a mover deslocando-se,
lhe serve para manter uma postura adequada e mais ou menos confortável. Como
auxiliar óptico, destaca-se sobretudo o uso do espelho, facilitando a
intercomunicação.
2 - Adaptações
materiais
A
escola que frequenta, já fez a eliminação de algumas barreiras arquitectónicas.
Fizeram-se duas casas de banho, devidamente adaptadas a crianças deficientes
motoras (nomeadamente paraplégicas). No que se refere à adaptação de
mobiliário, existem mesas de recorte, onde se desenrola o ensino-aprendizagem
do aluno.
3 - Adaptações
curriculares
Dadas as características e o grau de deficiência do Príncipe
X, está dispensado da quase totalidade das actividades escolares.
O principal objectivo a atingir é a
socialização. Participa
em actividades de grupo, ligadas a visitas de estudos locais,
jardinagem, etc. A redução do currículo é desta forma, quase total.
4 - Condições
especiais de matrícula e frequência
O
aluno beneficia da alínea a) do nº 1 do Artº. 6º do Decreto-Lei 319/91. Assim frequenta a Escola Básica do 2º
e 3º Ciclos Diogo Cão (apesar de
residir na área de influência pedagógica de outra escola). Foi uma opção tomada
pelos pais, em colaboração com os Órgãos de Administração e Orientação
Escolares.
O
aluno beneficiou ainda de dispensa nos limites etários: frequentou o Jardim de Infância até aos 7 anos, ingressando no 1º Ciclo
com 8 anos.
Deverá,
quanto a nós, beneficiar das condições especiais de matrícula por disciplinas,
até à idade adulta.
5 - Condições
especiais de Avaliação
A
avaliação do aluno é feita com recurso à sua observação e reacção diárias, aos
conteúdos tratados e com base no seu sucesso, ao optar pela resposta correcta,
entre as várias hipóteses apresentadas. A opção é feita direccionando o olhar
para as várias hipóteses, focalizando a que achar correcta e depois (com a
ajuda do professor) posicionando e apontando com o ponteiro do seu
capacete.
A
periodicidade é contínua. O local de execução é na sala de apoio.
No
final dos períodos escolares, é feita uma Avaliação mais exaustiva, medindo os
progressos atingidos.
6 - Ensino
Especial
Na
aplicação da medida Ensino Especial, têm sido feitos currículos alternativos
(alínea b, do nº 11 D.L. 319/91).
Esta
medida é aplicada de harmonia e em perfeita colaboração com o Órgão de
Administração e Gestão da Escola.
É-lhe
prestado apoio por uma docente da Equipa do Ensino Especial de Reino a Norte,
em sala de apoio.
7- Sistema de
Avaliação das medidas aplicadas
A
avaliação é contínua.
Nos
finais de cada período, nas reuniões de Conselho de Turma, será feita uma
reflexão sobre a situação do aluno, em particular sobre o seu processo de
integração e socialização.
O plano
educativo tem a validade de um ano e sempre que houver necessidade os
objectivos serão reformulados.
Será
submetida à aprovação do órgão de gestão da escola.
8- Áreas e
conteúdos curriculares especiais adequadas ao aluno
¨ Sociabilização
¨ Motricidade
¨ Linguagem (receptiva)
¨ Percepções visual, auditiva,
espacial, temporal, táctil
¨ Esquema corporal
¨ Autonomia
¨ Cálculo
9- Serviços
escolares e outros de que deverá beneficiar
¨ Transportes Escolares
¨ Material Escolar
¨ Mobiliáruio escolar adaptado.
¨ Tarefeira para deslocação no
recinto escolar, refeições e higiene pessoal.
10-Intervenientes
¨ Professora da Equipa de
Educação Especial
¨ Professora do Ensino Regular
¨ Órgão de Administração e
Gestão da Escola
¨ Encarregados de Educação
Programa
Educativo
Área: Socialização Sub-área: |
Objectivos
gerais: Contribuir para a integração e participação no
grupo social |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
Pouco autocontrole de
temperamento Nem sempre respeita a propriedade dos outros Nem sempre demonstra espírito desportista |
- Relaciona-se com adultos e colegas - Controla os impulsos emocionais - Participa em trabalhos colectivos - Partilha "coisas" com os outros
colegas - Segue regras elementares em jogos de grupos |
|
|
|
· Assistir às aulas de
Ciências e de Música juntamente com os colegas de uma turma onde foi
integrado · Participar em actividades
de grupo em passeios de estudo e datas festivas de vida escolar. · Conversar com o aluno
acerca das condutas mais adequadas e mais ajustadas à sua idade e à Escola
que frequenta. · Reforçar a participação
em trabalhos de grupo. · Usar gestos e expressões
de saudação e cortesia ·Seguir as regras de jogo. |
Área: Motricidade Sub-área: MOTRICIDADE GERAL |
Objectivos
gerais: Controlar a
postura |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
·
Equilibra a cabeça e o
tronco com dificuldade · Pouco autocontrole muscular ·
Faz borrões de tinta com
as mãos só com muita ajuda |
· Levanta a
cabeça e o tronco quando puxado para a posição sentado · Arrasta os
braços para agarrar objectos próximos · Faz borrões
de tinta com as mãos |
|
|
|
· Fazer
exercícios de movimentos diversos da cabeça e tronco · Abrir e
fechar as mãos · Manusear
barro, plasticina, digitinta, massa de farinha. |
Área:
Linguagem Sub-área: COMUNICAÇÃO RECEPTIVA |
Objectivos
gerais: Compreender
a linguagem verbal |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
· Executa ordens simples · Alguma compreensão de
linguagem verbal · Escassez de vocabulário
receptivo |
· Executa ordens duplas · Aumenta a compreensão da
linguagem verbal · Adquire um maior número
de signos verbais |
|
|
|
Seguir uma conversa sobre um tema familiar. - Ouvir histórias - Compreender ordens · Apontar com o ponteiro do
capacete e dirigir o olhar para: coisas a pedido, objectos quando designados,
gravuras de animais, etc. · Utilizar gestos de
discordância e concordância. |
Área:
Linguagem Sub-área: LEITURA FUNCIONAL |
Objectivos
gerais: Desenvolver
uma leitura funcional |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
¨ Consegue ler palavras
isoladas e pequenas frases. ¨ Identifica alguns símbolos |
¨ Associa ¨ Discrimina ¨ Identifica símbolos com
funcionalidade ¨ Identifica palavras: Nome Café Telefone W.C. |
|
|
|
¨ Identificar os símbolos em
situação real: STOP, WC, etc. ¨ Elaborar cartazes com
gravuras legendadas. ¨ Relacionar as palavras com
as gravuras ¨ Identificar palavras sem
ajuda de gravuras ¨ Ler pequenas frases e
pequenos textos ¨ Preencher lacunas e
completar frases ¨ Utilizar o quadro de
pregas para a leitura. |
Área:
CÁLCULO Sub-área: |
Objectivos
gerais: Desenvolver
o cálculo e adquirir conceitos básicos e funcionais |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
¨ Identifica os números até
10 ¨ Adiciona 1 a qualquer
número abaixo de 10 ¨ Adiciona 2 a qualquer
número abaixo de 10 ¨ Soma qualquer número
totalizando 9. ¨ Subtrai 1 de qualquer
número abaixo de 10. ¨ Identifica números
ordinais até ao 4º |
¨ Identifica os números até
20 ¨ Estabelece
correspondências entre conjuntos ¨ Faz somas e subtracções
até 20 ¨ Soma qualquer número acima
de 9. ¨ Associa o número à
quantidade ¨ Identifica números
ordinais até 10º |
|
|
|
¨ Utilizar do computador
como forma lúdica e educativa coadjuvada com o quadro de pregas ¨ Ler e escrever número até
20 ¨ Manipular materiais e
formação de conjuntos com ajuda ¨ Completar sequência de
números ¨ Aplicar as noções de 1º,
2º, 3º, 4º, em situações concretas. |
Área: Cognição Sub-área: PERCEPÇÃO VISUAL |
Objectivos gerais: Aumentar a capacidade de memória visual |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
¨ Tem ¨ Dificuldade na memória
visual ¨ Dificuldade na coordenação
óculo-manual ¨ Conhece as cores primárias |
¨ Fixa imagens de gravuras ¨ Reconhecer objectos
pessoais (roupa, etc.) ¨ Adquire noções de espaço:
(acima; abaixo; fora; dentro; em baixo, etc.) ¨ Reconhece as cores
secundárias |
|
|
|
¨ Utilizar o computador como
forma lúdica e educativa. ¨ Utilizar blocos lógicos e
todo o material concretizador que existe na sala de apoio. ¨ Observar e manusear
objectos. ¨ Manusear objectos e
agrupá-los segundo atributos. ¨ Observar gravuras ¨ Comparar objectos e/ou
gravuras e discriminar diferenças e semelhanças. ¨ Pintar |
Área: Cognição SUB-ÁREA: PERCEPÇÃO TÁCTIL |
Objectivos gerais: · Desenvolver a percepção
táctil |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
¨ Dificuldade no conhecimento de texturas e formas ¨ Distingue: Quente/frio Seco/molhado Leve/pesado Grande/pequeno Macio/áspero ¨ Tem dificuldade em
distinguir: Duro/mole Húmido/seco Morno Rugoso |
¨ -Conhece texturas e formas ¨ -Distingue: - Duro/mole - Húmido/seco - Morno - Rugoso |
|
|
|
¨ Explorar objectos que lhe
são postos na mão. ¨ Reagir às sensações de
quente e frio. ¨ Reagir à consistência e
textura de substâncias e objectos ao manipulá-los ¨ Reagir à estimulação
táctil nas várias partes do corpo. |
Área: Cognição Sub-área: PERCEPÇÃO AUDITIVA |
Objectivos gerais: Desenvolver a percepção auditiva |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
¨ Discrimina alguns sons
produzidos pelo corpo: riso, pranto, espirro,
aplauso ¨ Dificuldade em procurar
uma fonte sonora movendo a cabeça na sua direcção ¨ Tem dificuldade em
discriminar intensidades de som |
¨ Conhece alguns sons
produzidos pelo corpo: riso, aplauso, ronco ¨ Procura a fonte sonora
movendo a cabeça, aquando se proporciona sons. ¨ Discrimina intensidades de
som (graves/agudo; fortes/fracos) |
|
|
|
¨ Proporcionar a audição de
outros sons mais complexos. ¨ Identificar objectos
relacionados com a produção de sons. ¨ Ouvir canções e músicas,
com diferentes intensidades sonoras. |
Área: Cognição Sub-área: PERCEPÇÃO ESPACIAL |
Objectivos gerais: Interpretar adequadamente as diversas posições dos
objectos no espaço |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
¨ Tem dificuldade em
discriminar: Perto/longe Rápido/lento Círculo - em fila De lado - no meio
- em frente Avesso/direito ¨ Soluciona quebra-cabeças
até 4 peças ¨ Discriminar formas
geométricas, círculo, triângulo, ... ¨ Não discrimina volumes
geométricos |
¨ Discrimina: Perto/longe Rápido/lento Círculo -
em fila De lado -
no meio - em frente Avesso/direito ¨ Soluciona quebra-cabeças
até 6 peças ¨ Discrimina formas:
quadrado/rectângulo ¨ Discrimina volumes
geométricos: esfera, cubo, etc. |
|
|
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¨ Discriminar longe/perto, etc.; através da concretização das situações com objectos,
imagens, etc. ¨ Utilizar quebra-cabeças
até 6 peças ¨ Descobrir relações por
experiência directa ¨ Utilizar formas
geométricas |
Área: Cognição Sub-área: PERCEPÇÃO TEMPORAL |
Objectivos gerais: Adquirir noções de tempo |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
· Identifica relógio e os
ponteiros · Discrimina as horas
certas. · Tem dificuldade em
identificar alguns conceitos temporais: cedo-tarde depois ano · Marca com ajuda a
presença diária num mapa de presenças |
· Discrimina as meias
horas; · Identifica conceitos
temporais como: cedo/tarde depois ano semana · Compreende o significado
de marcar a presença |
|
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|
· Tomar contacto com vários
tipos de relógios. · Utilizar gravuras;
desenhos; slides; vídeos; · Descoberta de relações
por experiência directa · Assinalar no mapa de
presenças a sua presença |
Área: Esquema corporal Sub-área: CORPO |
Objectivos gerais: Adquirir noção do esquema corporal |
||||
Realizações actuais |
Objectivos específicos |
Avaliação |
Estratégias/Actividades |
||
· Identifica as partes do
corpo no seu corpo · Tem dificuldades no orientação espacial não identificando a situação dos
objectos · Percebe e identifica
ritmos simples |
· Identifica partes do
corpo nos demais e em desenhos. · Identifica a situação
espacial dos objectos. · Percebe e identifica
ritmos mais complexos. |
|
|
|
· Proporciona a realização
de jogos que permitam identificar partes do corpo nos demais e em desenhos. · Realizar jogos em frente
ao espelho. · Audição de batimentos, isocrónos (palmas, percussões, sons musicais) |
ESTRATÉGIAS GLOBAIS
-Trabalho individualizado
- Jogos
- Actividades
lúdicas e recreativas
- Reforço
positivo
- Imitação
- Ajudas
verbais e físicas
- Trabalho em
equipa envolvendo funcionários, alunos, professores e família.
ANO LECTIVO: 95/96 |
ESCOLA DIOGO
CÃO HORÁRIO DE
TURMA |
ANO: 6º TURMA: H OPÇÃO: Francês |
HORAS |
Segunda |
Terça |
Quarta |
Quinta |
Sexta |
8,30 |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
|
Ed. Musical |
Ed. Musical |
9,25 |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
|
Sala de Apoio 1º Ciclo |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
10,25 |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
Sala de Apoio 1º Ciclo |
|
|
Sala de Apoio 1º Ciclo |
11,25 |
C. da Natureza |
C. da Natureza |
|
|
|
12,15 |
Almoço |
Almoço |
|
Almoço |
Almoço |
14,25 |
|
|
Sala de Apoio 1º Ciclo |
|
|
15,25 |
|
|
Sala de Apoio 1º Ciclo |
|
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Carga
Horária:
Sala de Apoio 1º Ciclo: 11 horas semanais
Educação Musical: 2 horas semanais.
Ciências da Natureza: 3 horas semanais
CONCLUSÃO
Um dos
grandes desafios actuais da Educação Especial concentra-se principalmente em
tornar realidade dois grandes princípios, que filosoficamente beneficiam a
pessoa dita deficiente.
A
normalização e como consequência dessa normalização a sua integração na
comunidade. Este desafio inclui todas as crianças com necessidade de Educação
Especial (excepcionais)
inclusivamente as portadores de paralisia cerebral.
Contribuições
recentes no domínio da Filosofia, da Sociologia, da Educação e até da
legalidade social, revolucionaram o conceito de normalidade introduzindo a
necessidade de oferecer a estas crianças os mesmos direitos e condições de vida
como os de qualquer cidadão. Isto significa a aceitação da diferença, como
característica normal da sociedade. Por isso, a essa sociedade compete criar e
fornecer estruturas capazes de compensar e minimizar as limitações de cada um e
ajudar o indivíduo com deficit de qualquer ordem, a conviver com a sua
incapacidade.
O
princípio que rege a normalização, ou melhor dizendo a inclusão subentende que o indivíduo excepcional aprenda a levar uma
vida tão normal quanto possível, aproveitando ao máximo as diferentes
oportunidades que a sociedade lhe deverá proporcionar.
Para
que se atinja o mais alto nível de integração, Dybwad
(1978) aponta a necessidade de mudanças em diversos sectores de atendimento ao excepciona,l
incluindo-se os portadores de paralisia cerebral:
· Actuação integrada de serviços médicos com serviços de educação,
reabilitação e assistência social e não mais o monopólio da assistência médica.
· Descentralização do sistema de educação especial em lugar de um
controlo centralizado do governo.
· Educação não académica voltada para habilidades humanas básicas e para
a vida normalizada, em vez de educação académica tradicional.
· Reabilitação humana básica em vez de o estritamente profissional e
produtivo. Estas crianças com Necessidades Educativas Especiais, dentro dos
seus objectivos educacionais, devem beneficiar tanto quanto possível da
oportunidade de integração, instrucional e social, que a educação geral pode e
deve oferecer durante as diferentes fases do seu desenvolvimento.
A Educação Especial começa a ser hoje uma
área com um objectivo multidimensional, que é
interdependente de outras áreas (médicas, psicológicas, sociais e educativas) e
que adopta um enfoque paradigmático,
integrando a investigação científica e a prática profissional. Cresceram as
exigências sociais, no que respeita à atenção para com os sujeitos excepcionais
e que vão tornando a investigação e os serviços prestados melhores. A grande
questão mantém-se todavia aberta a um solução eficaz:
a adequada distribuição dos sujeitos excepcionais
(conforme o seu grau de handicaps) em escolas do
ensino regular, ou em escolas especiais?!
Só que
a opção por um modelo ou outro, deveria ter em conta sempre o que seria de
melhor para o futuro da criança, devendo a mesma opção ser tomada por uma
equipa multidisciplinar onde se incluiriam também os próprios pais.
Para
que a integração resulte com eficácia, além do atendimento especializado (que
deverá envolver a adaptação do currículo ou mesmo um currículo alternativo), o
material didáctico adaptado, a remoção de barreiras físicas e arquitectónicas
devem envolver a preparação profissional para o mundo do trabalho.
A
orientação vocacional para exercer uma actividade profissional deve constar de
qualquer Programa Educativo da pessoa com de paralisia cerebral, quando se
verifiquem condições mínimas necessárias para a execução de qualquer tarefa.
É de
opinião geral que o planeamento profissional, deve
começar o mais cedo possível dado que necessitam de um longo período de treinamento pré-vocacional devido às suas capacidades e
características físicas.
Na
primeira parte do nosso trabalho, tentámos fazer uma abordagem mais ou menos
exaustiva sobre a problemática da paralisia cerebral. Definimo-la,
caracterizamo-la e traçamos algumas linhas de intervenção geral, ressaltando a
fisioterapia, os medicamentos e a cirurgia. Abordámos alguns meios de auxílio,
bem como a terapia ocupacional.
Na
segunda parte do nosso trabalho, tomámos contacto directo com um caso: uma
criança com paralisia cerebral que vem sendo apoiada há já vários anos, por um
dos elementos deste grupo de trabalho.
Tomámos
conhecimento real com a criança referida, conhecemos a família (pais), pessoas
fantásticas, assumindo uma missão não limitada no tempo, de proporcionar ao seu
filho, as condições máximas, de forma a fazê-lo o menos infeliz possível.
Finalmente,
já no aspecto pedagógico, tentámos abordar algumas adaptações das condições, com base no Art.
2º do Dec. Lei 319/91. Para
isso fez-se uma avaliação diagnóstica do aluno, de
modo a elaborar algumas adaptações,
em que o seu ensino-aprendizagem, se irá processar.
Falamos
também do seu projecto educativo,
nomeadamente do seu currículo escolar alternativo, bem como do seu Plano
Educativo Individual e do seu Programa Educativo.
Achamos
que este trabalho de pesquisa foi muito interessante em todos os aspectos,
desde os cognitivos, passando pelos pedagógico-sociais.
Ficámos com uma ideia um pouco mais clara de como se trabalha em Educação
Especial, sobretudo pesquisando, avaliando, planeando, executando, reflectindo
para, por feed-back,
tornar a avaliar, planear, executar e reflectir, tudo isto numa intervenção
consciente, competente e dialéctica.
Enfim,
valeu a pena!
BIBLIOGRAFIA
&
ADAMS, Ronald C. et
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Geraldes, Paulo César e Alves Sória, rev. e
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Original The Excepcional Individual, Zahar editores, Rio de Janeiro.
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PAIS & FILHOS Revista Mensal ( 1996 nº60-Janeiro)
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WHALEY, Lucille F., WONG, Donna
L. (1989)- Enfermagem
Pediátrica, Elementos Essenciais à Intervenção Efectiva 2ª Ed. Editora Guanabara, Rio de Janeiro.
&
Suportes das aulas da Disciplina de "Estratégias Educativas e
Desenvolvimento Curricular em Educação Especial" docente:
Dr. José Cândido Nobre- C.E.S.E. em
Educação Especial - Instituto Piaget- Março de 1996.
ANEXOS