(
Homenagem à Rua Amando )
Ternas lembranças
Além
de centro político e da vaidade...
Rua Amando de Barros é artéria...
É onde fervilha o corpo
econômico da cidade.
Estreita para os modernos padrões,
Facilita união em eternos corações...
Faz nos mais conhecidos
Aperta laços em abraços.
No final do dia ao cerrar...
O palco do comércio ou financeiro,
Antes, de noite, abria uma outra cortina...
Irônico ou altaneiro? !
Transformava-se em centro lazer
Vigor da juventude, prazer...
Em desfiles a pé ou de carro
Rapazes flertadores...
Olhares atrevidos, furtivos, sonhadores...
Ligações permanentes...
Uniões freqüentes, amores...
Enlace, desenlace, destino.
Ao cruzar calçadas ou no Casino,
No verão, ponto de encontro: Roncari Sorveteria.
No inverno o aroma da noite fria
Fanele: chocolate quente com toque de Martini a Rua aquecia.
Lá pelas 22h findava a sessão.
Quando o filme era bom... Ahhh!
Jovens desciam as calçadas em comunhão.
Até a altura do Paratodos
À direita as moças
direitas introspectivas,
À esquerda as que
aceitavam naturais compromissos...
Quase em fila indiana
Rapazes em pose, a caráter, de bacana,
Curiosos, abafados no calor dos termos, aguardavam...
E cheirosas, enfeitadas, recatadas, atrevidas,
As garotas iam e voltavam
Ao som dos discos da Cinderela,
Ao sabor dos bom-bons que havia nela...
Uniam
sonhos ao paladar e a sensibilidade dos discos,
E neste subir e descer que era característico,
Cada lado com o tipo de mulher específico...
Em tempos o trânsito movia.
Em outros tempos pararia.
Homens esperavam, buscavam...
Mulheres procuravam, sutilmente conquistavam...
E João Reis reformou o Bosque.
O ritmo muda! ! !
Na concentração formava-se círculo,
E as mulheres em sentido horário
Cumpriam um itinerário.
Homens já não se mantinham estacionados,
Andavam pelo lado contrário...
Mas desta senda a juventude foi migrando...
Do reinado do Sheik, do capricho da Formiguinha
Para a Catedral... Para o Ipê caminhando,
Outros vários lugares, matinê...
Pôr do Sol, Pôr da Lua, Avenida, novos pontos.
Só agora perdeu o ritual, não tem parada fixa.
Parece que não consegue se achar...
Oscila perdida em busca de um furtivo olhar.
Será que a harmonia e entusiasmo ainda têm lugar?
Antes: bar e cinema e footing...
Homens e mulheres tinham próprios padrões.
Abertas? ? ? Só as vitrines...
Hoje: cultura, propagandas, globalizada.
Há nela gostos diversos: cafés, livros, importados...
Nada é definitivo,
Tudo é naturalmente conduzido.
E em cada época o que irradia
É a busca de perfeição...
É a Rua das inovações e das tradições ao expor.
Em seu percurso ecoa-se vida interior e exterior...
Cada contraste parece ingrediente o progresso retratando
Mas... Amando continua Amando ...
Carmem
Lúcia