Os
amplificadores operacionais são um exemplo característico de circuito eletrônico
fornecido sob a forma de circuito
integrado.
Neste capítulo você terá informações detalhadas sobre os
amplificadores operacionais, suas características e modo de utilização. Com
essas informações, você será capaz de utilizar e reparar equipamentos que os
empreguem.
Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, você deverá ter
conhecimentos anteriores sobre circuito integrado e relação de fase entre
sinais.
É um circuito versátil, aplicável em muitas áreas específicas da
eletrônica, tais como: instrumentação, circuitos industriais, circuitos de áudio,
circuitos eletrônicos para cálculo e filtros de sinais.
Terminais do amplificador
operacional
O símbolo utilizado para representar o amplificador operacional é um
triângulo que aponta no sentido do fluxo de sinal. Ao triângulo são
acrescentados terminais que apresentam os pontos de conexão com o circuito
externo.
·
Dois
terminais de alimentação;
·
Um
terminal de saída;
·
Um
terminal de entrada não-inversora;
·
Um
terminal de entrada inversora.
Terminais
de alimentação
Os amplificadores operacionais apresentam uma característica singular
em relação às tensões de alimentação, ou seja, eles são alimentados por
duas tensões simétricas (por exemplo: +15 e -15V).
Terminais de entrada
A finalidade de um amplificador operacional é realizar uma amplificação
tanto de tensões contínuas quanto alternadas. Isso acontece de tal forma que a
relação de fase depende da maneira como são ligadas as suas entradas.
Assim, os amplificadores operacionais possuem duas entradas de sinal:
·
Uma
entrada inversora, indicada pelo sinal “-” no símbolo do componente;
·
Uma
entrada não-inversora indicada pelo sinal “+”.
Características do
amplificador operacional
As características (ou parâmetros) de um AO são informações
fornecidas pelos fabricantes. Elas possibilitam ao usuário determinar entre
diversos AOs aquele que melhor se aplica à sua necessidade.
As características mais importantes são:
·
Impedância
de entrada;
·
Impedância
de saída;
·
Ganho de
tensão diferencial em malha aberta;
·
Tensão
offset de saída;
·
Rejeição
de modo comum;
·
Banda de
passagem.
Essas características podem ser analisadas segundo dois pontos de
vista: considerando o AO como ideal ou considerando-o como real. Por isso, as
características a seguir serão analisadas segundo uma comparação entre o
ideal e o real.
A impedância de entrada é aquela que existe entre os terminais de
entrada do amplificador operacional. É denominada Zi.
Um
amplificador operacional ideal deve apresentar impedância de entrada infinita (Zi
= ¥). Nesse caso, as entradas de sinal não absorvem
corrente, operando apenas com tensão.
Os amplificadores operacionais reais têm uma impedância de entrada da
ordem de vários megaohms (MM).
Devido a esse alto valor de Zi, os amplificadores operacionais reais
podem ser considerados como ideais em relação à impedância de entrada. Essa
aproximação do ideal permite que se admita que as entradas de um AO real não
absorvam corrente.
Em um amplificador operacional real, a impedância de saída existe e
pode variar desde poucos ohms (5
, por exemplo) até valores como 1000
. Essa impedância atua como uma resistência interna e provoca uma queda na
tensão de saída.
Portanto, a tensão VO na saída
de um AO real depende:
·
Das tensões
nas entradas;
·
Do ganho
do AO;
Observação
Através de recursos externos ao AO,
em alguns casos, pode-se reduzir a impedância de saída para menos de 1
.
O sinal a ser amplificado por um AO pode ser aplicado de três maneiras:
·
Entre
entrada inversora (-) e terra;
·
Entre
entrada não-inversora (+) e terra;
·
Entre as
duas entradas.
Quando o sinal é aplicado entre uma entrada e a outra, o amplificador
atua como amplificador diferencial, amplificando a diferença entre as duas tensões
de entrada.
Nessa condição o ganho obtido entre saída e entrada é denominado de
ganho de tensão diferencial e pode ser de dois tipos: em malha aberta e em
malha fechada.
Nos “databooks” (circuitos lineares) os fabricantes fornecem o ganho
de tensão diferencial em malha aberta (Ad), que é a amplificação fornecida
pelo AO quando não há ligação externa entre o terminal de saída e entrada
(sem realimentação).
O ganho de tensão diferencial em malha aberta de um AO ideal deve ser
infinito (Ad = ¥).
O ganho de tensão diferencial em malha aberta em um AO real varia entre
103 e 109. Nos manuais este ganho normalmente é expresso
em decibéis:
db = 20 . log
O ganho fornecido por um AO pode ser diminuído desde o valor Ad (ganho
diferencial em malha aberta) até o valor 1, se necessário. Essa redução é
obtida pela realimentação fornecida por componentes externos ao AO e que
interligam a saída com a entrada.
Observação
A tensão offset de saída é qualquer valor de tensão que esteja
presente na saída de um AO que tem as entradas aterradas (a zero volt).
Em um AO ideal, a tensão offset de saída é nula, ou seja, a saída
deve estar a “zero volt” se ambas as entradas forem levadas ao potencial de
terra.
No AO real a tensão offset é da ordem de poucos milivolts.
A rejeição
de modo comum (CMRR) é a capacidade que um amplificador operacional tem de não
amplificar tensões que sejam comuns às duas entradas porque não há diferença
a ser amplificada.
A rejeição
de modo comum também é conhecida como ganho de modo comum (AVCM).
Um
amplificador operacional ideal deve ter uma rejeição de modo comum infinita (CMRR
= ¥),
amplificando apenas a diferença entre a tensão das duas entradas.
Um
amplificador operacional real amplifica também as tensões comuns aos dois
terminais de entrada, mas com ganho muito menor (centenas de vezes menor).
Por esse gráfico se observa que até 5Hz o ganho do AO é constante
(106dB = 20000). A partir de 5Hz, o
ganho decresce com aumento da freqüência até que em 1MHz, o ganho é igual a
1.
Amplificador operacional
741
Um dos amplificadores operacionais mais usados na atualidade é o 741.
Seu campo de aplicação é tão extenso que um grande número de fabricantes de
circuitos integrados produz amplificadores operacionais com características e
designações praticamente idênticas (MA 741, LM 741, MC 741, SN 72741).
Outras características
Além das características internas importantes, os manuais trazem
especificações relativas aos fatores externos ao amplificador operacional.
Esses valores são máximos e, se excedidos, podem danificar permanentemente o
componente. São eles:
·
Tensão de
alimentação: + 22V;
·
Dissipação
de potência: 500mW;
·
Tensão de
entrada: + 15V (tensão máxima que pode ser aplicada entre uma entrada
inversora ou não-inversora e o terra. Em qualquer caso, não deve exceder a
tensão de alimentação);
·
Tensão de
entrada diferencial: + 30V (tensão máxima que pode ser aplicada entre as duas
entradas: inversora e não-inversora);
·
Duração
de curto-circuito na saída: indefinida (o AO LM741 tem um circuito interno de
proteção contra sobrecarga);
Observação
Ajuste de offset de saída
Os dois terminais indicados com a designação “offset null” são
utilizados para a correção do offset na tensão de saída através do circuito
externo.
No capítulo sobre o amplificador operacional, foram
apresentadas características fundamentais do AO e também o ajuste de offset de
saída, necessária para o seu correto funcionamento.
Neste capítulo serão apresentados circuitos aplicativos que utilizam
amplificadores operacionais e que são muito usados em equipamentos industriais.
Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades deste
capítulo, você deverá ter conhecimentos anteriores sobre amplificador
operacional e Leis de Ohm e Kirchhoff.
Característica de transferência
de um AO
O ganho de
um AO em malha aberta (sem realimentação) é altíssimo, atingindo valores da
ordem de 10.000 ou mais.
Assim, se
uma diferença de 10 milivolts for aplicada entre as duas entradas de um AO com
um ganho de 10.000, por exemplo, a tensão de saída será:
Vo = (VA - Vs) . Ad
Como Va -
Vb = 10mV, Vo = 0,01 . 10.000 = 100 V
Portanto,
Vo = 100V.
Entretanto,
como a maioria dos AOs é alimentada a partir de fontes de baixa tensão
(± 15V,
por exemplo), a tensão de saída nunca sobe além do valor de alimentação.
(Figura a seguir)
Quando a tensão de saída de um AO atinge um valor igual (ou próximo)
à tensão de alimentação, diz-se que ele atingiu a saturação.
Quanto maior for o ganho em malha aberta (Ad) de um AO, menor será a
tensão entre as entradas para levá-lo à saturação.
Característica de transferência do amplificador
operacional
Esse
gráfico é denominado de característica de transferência do AO.
Nesse
gráfico enquanto a tensão entre as entradas está abaixo de 15mV (positivos ou
negativos), a tensão de saída obedece à equação Vo
= Vi .
Ad e corresponde a uma versão
amplificada do sinal Vi.
Devido à linearidade da tensão de saída em função da tensão de
entrada, esta região é denominada de região linear.
Um AO funcionando como amplificador deve trabalhar somente na região
linear, onde a tensão Vo é uma réplica amplificada da tensão Vi.
Amplificação da região
de operação linear
Isso significa, por exemplo, que, se um AO sem alimentação
fosse usado como amplificador de sinais, o sinal de entrada teria que estar
limitado a poucos milivolts.
A realimentação negativa consiste em fazer retornar uma parte do sinal
de saída para a entrada inversora, através de um circuito externo.
A tensão Vo está limitada aos valores + 13V aproximadamente. Para que
se obtenha +13V na saída com um circuito com ganho 100, é necessário aplicar
+ 0,13V ou - 0,13V à sua entrada.
Circuitos lineares
Os circuitos que usam AOs na região linear são chamados de circuitos
lineares. Como exemplo desse tipo de circuito, podemos citar:
·
Amplificador
inversor;
·
Amplificador
não-inversor;
·
Somador.
Amplificador inversor
Observação
Para maior clareza da figura, foram
omitidos os terminais de alimentação e offset.
V2 =
0 V1 =
Ii . Zi Como
Ii = 0, então V1 = 0V |
O
resistor R2 está ligado
entre a saída do circuito e o terra virtual (0V) de forma que a queda de tensão
em R2 é igual à
tensão de saída Vo. Esta tensão pode ser calculada pela Lei de Ohm.
Vo = I
. R2
Observação
O sinal negativo (-) na frente da
expressão indica a inversão de fase (180º).
A equação mostra que o ganho do circuito depende apenas dos
componentes que compõem a malha de realimentação.
O resistor R3 não
influencia no ganho e seu valor deve ser igual ao paralelo R1 e R2.
R3 =
Impedância de entrada do amplificador
inversor
Admitindo-se que o terminal de entrada inversora é um terra virtual, a
impedância de entrada do circuito (Zi) será o próprio valor de resistor onde
se aplica o sinal, ou seja,
Impedância de saída do amplificador
inversor
A impedância de saída (Zo) do amplificador inversor é sempre muito
menor que a impedância de saída do próprio AO.
Os valores típicos de Zo são menores que 1W.
Amplificador não-inversor
Para a obtenção de um amplificador não-inversor, utiliza-se a entrada
não-inversora do AO, o que resulta em Vo em fase com Vi. (Figura a seguir)
A malha de realimentação (R2 e R1) é
necessária para manter o AO na sua região linear de funcionamento.
Ganho do amplificador não-inversor
O ganho (Av) do amplificador não-inversor normalmente é determinado
considerando-se o AO como ideal, ou seja, apresentando os seguintes valores:
·
Impedância
de entrada (Zi) = ¥;
·
Impedância
de saída (Zo) = 0
;
·
Ganho
diferencial (Ad) = ¥.
Com essas aproximações, que não prejudicam o resultado prático, a
equação do ganho do amplificador não-inversor é:
Av =
Nessa equação dois aspectos são importantes:
·
A ausência
do sinal negativo, que indica que o sinal de saída está em fase com o sinal de
entrada;
·
Se R2 for muito maior que r1, a equação pode ser
simplificada para:
Ad =
Impedância de entrada do amplificador
não-inversor
No amplificador não-inversor, o sinal de entrada é aplicado
diretamente à entrada não-inversora. Desta forma, a impedância de entrada (Zi)
é a própria impedância de entrada.
Impedância de saída do amplificador
não-inversor
A impedância de saída Zo do amplificador não-inversor também é
sempre menor que a impedância de saída do próprio AO (Zo).
Os valores típicos são menores que 1W.
Circuitos aritméticos com
amplificador operacional
Circuitos aritméticos com AO são circuitos capazes de realizar operações
aritméticas como soma e subtração.
Circuito somador
O circuito somador é aquele capaz de fornecer na saída uma tensão
igual à soma das tensões aplicadas nas entradas. (Figura a seguir)
Considerando-se que a entrada inversora não absorve corrente e que o
ponto A no circuito é um terra virtual, pode-se analisar o comportamento do
somador.
Aplicando-se duas tensões (V1 e V2) nas
entradas, circularão as correntes I1
e I2, cujos valores são: (Figura a seguir)
I1
=
I2 =
As correntes I1 e I2 se somam no nó A e circulam através do resistor R3, uma vez que a entrada do AO não absorve corrente.
(Figura a seguir)
A tensão de saída é dada pela Lei de Ohm:
Vo = - (I1 + I2) R3
ou Vo = - (I1 . R3) + (I2 . R3)
Se os valores de R1, R2 e R3 são
iguais, tem-se:
Vo = - (I1 . R)
+ (I2 . R)
Como I1 . R = V1 e
I2 . R = V2, então:
Vo = - (V1
+ V2)
A tensão de saída é numericamente igual à soma de V1 e V2, porém o
sinal é negativo devido ao uso de entrada inversora.
Se for necessário obter as somas de V1 e V2 com o
sinal correto, pode-se usar um amplificador inversor com ganho 1 após o
somador. (Figura a seguir)
Deve-se
tomar cuidado quando uma das tensões a ser somada for negativa, pois a corrente
desta entrada será diminuída das demais. (Figura a seguir)
O
circuito somador pode ser constituído com qualquer número de entradas. (Figura
a seguir)