A Transição da Era de Peixes para a Era de Aquário
Razões para a Atual Inquietação Mundial
Algumas das razões para a atual inquietação mundial lembra-nos que muitas
delas são baseadas em causas que jazem num passado tão remoto que a
história nada sabe sobre elas, e elas nos pareceriam sem sentido porque não
temos idéia clara da natureza da humanidade primitiva. Algumas percepções
da situação essencial ser-nos-á valiosa para acompanharmos
inteligentemente o desenvolvimento futuro.
Primeiro, o ponto alcançado pela própria humanidade é uma
das causas principais e maiores. Este “status” evolutivo trouxe a
humanidade ao vestíbulo de uma porta no grande caminho da evolução e
indicou um desabrochar que necessita de mudanças drásticas totais da
atitude do homem para com a vida e para com todas as suas relações com o
mundo. Estas mudanças são auto-iniciadas por ele e não a ele impostas por
alguma força externa ou por qualquer forma de coação da humanidade. Este
é um ponto importante a ser percebido. Poderia ser expresso assim:
1 – O homem chega agora ao ponto onde o princípio da inteligência está
tão fortemente despertado nele que nada pode impedir seu progresso nos
conhecimentos que poderiam ser perigosamente mal usados e egoisticamente
aplicados, se nada fosse feito para pôr um freio e assim salvaguardá-lo de
si próprio – mesmo à custa de sofrimento temporário. Deve ser-lhe
ensinado a reagir a um sentido de valores melhor e mais alto.
2 – Milhões de seres humanos estão agora integrados ou no ponto de
integração. Começam a funcionar como uma unidade dentro de si, como
preparação para um processo superior que os capacitará a se integrarem,
conscientemente, no Todo maior. Do lado forma da manifestação, a mente, a
emoção e o cérebro estão trabalhando em uníssono. Agora a
correspondência superior destas três forças inferiores – sabedoria, amor
e direção – deve surgir; as energias mais sutis devem estar capacitadas
para se expressar. Instintiva e misticamente, a humanidade percebe essa
necessidade com definida clareza. O instinto de seguir adiante, em busca de
uma realização superior, para inquirir e procurar o que for melhor,
permanece ativo. Pode-se confiar em que a humanidade avance e faça
progresso. A Hierarquia do Amor, entretanto, está se esforçando para
apressar o processo, ainda que correndo o risco de complicações ao agir
assim.
3 – Certos homens e mulheres, em todos os campos do pensamento humano,
estão expressando a potência do desenvolvimento de sua integração
alcançada e (se acreditarmos) a realidade do contato com sua alma, emergindo
do nível chão da humanidade. Situam-se bem acima dos seus semelhantes pela
própria força de sua integração de personalidade e porque podem funcionar
como pessoas idealistas e de alta categoria. Da altura onde se posicionam
(relativamente alta, do ponto de vista humano, e interessante do ponto de
vista da Hierarquia), procuram plasmar o pensamento e a vida da raça num
certo padrão que lhes parece – de acordo com sua inclinação, tipo e raio
– desejável. Estes indivíduos, no campo do governo, religião, ciência,
filosofia, economia e sociologia estão obtendo um poderoso efeito unido, às
vezes de boa ordem superior, outras vezes não tão bons. Eles afetam sua
civilização materialmente se sua ênfase estiver posta
aí; produzem um efeito cultural subjetiva e
espiritualmente, se essa for a impressão que buscam. Seus motivos
são quase sempre legítimos e bons, pois todos eles têm um toque do
verdadeiro idealismo, mas – sendo ainda inexperientes dos caminhos da alma
– cometem muitos enganos, são desviados para caminhos perigosos e levam
muitas pessoas ao erro e a dificuldades. No final, o resultado será o
despertar da consciência pública, e isso é sempre bom.
Segundo, o aparecimento de um novo tipo de raça. Os
contornos subjetivos deste tipo podem já ser vistos claramente. Tão
fascinados estamos pelo lado forma, que muitas alegações de que a nova
raça deverá ser fundada na América, são hoje feitas. A nova raça está
se formando em todos os países, mas, primeiramente, naqueles onde as raças
Caucasianas ou a quinta podem ser encontradas. Entre os povos da Quarta
raça, entretanto, uns poucos, tais como os encontrados entre os chineses e
os japoneses, estão sendo descobertos pela Hierarquia e fazem sua
contribuição real e esotérica para o todo.
A essa altura, permitam-me fazer uma afirmativa peremptória, que poderá
causar alguma surpresa. O quinto reino da natureza, o espiritual, emergirá
da quinta raça-raiz. Tal é o controle esotérico da Lei da
Correspondência. Lembrar-lhes-ei, entretanto, que os únicos da Quarta
raça-raiz a serem encontrados no nosso planeta são os chineses, os
japoneses, as várias raças mongólicas na Ásia central (e elas estão, de
certa maneira, misturadas com a caucasiana) e os grupos híbridos encontrados
nas muitas ilhas nos mares do sul, tanto nos oceanos como nos hemisférios,
assim como os descendentes das raças que, há um milhão de anos atrás,
fizeram o continente sul-americano famoso, por sua civilização.
O novo tipo racial é muito mais um estado de consciência
do que uma forma física; é mais um estado de espírito do que um corpo
peculiarmente formado. Com o tempo, entretanto, qualquer estado de
consciência desenvolvido, invariavelmente, condicionará e determinará a
natureza do corpo e produzirá finalmente certas características físicas. O
tipo notável de conscientização da nova raça vindoura será o amplo
reconhecimento do fato da percepção mística. Sua qualidade primária será
a compreensão intuitiva e o controle da energia; sua contribuição para o
desenvolvimento da humanidade é a transmutação do desejo egoísta em amor
grupal. Isto já pode ser percebido em processamento, mesmo hoje, nas
atitudes dos grandes líderes nacionais que não estão, como regra,
absolutamente animados por ambição pessoal, mas controlados pelo amor às
suas nações e, dessa maneira, por alguma forma de idealismo – daí o
enorme aparecimento das ideologias. Meditem sobre este ponto, alcancem um
quadro mais amplo do crescimento da consciência humana, e percebam algo da
meta do novo e vindouro sistema educacional.
Terceiro, o fim da Era de Peixes, que trouxe ao ponto de
cristalização (e, portanto, de morte) todas aquelas formas através das
quais os ideais pisceanos foram moldados. Serviram ao seu fim e realizaram um
trabalho grande e necessário. Poderá ser indagado aqui: quais são os
maiores ideais pisceanos?
A – A idéia de autoridade. Isto levou à imposição das
diferentes formas de paternalismo sobre a raça – paternalismo político,
social e religioso. Pode ser tanto o paternalismo benevolente da classe
privilegiada para minorar a condição de seus dependentes (e houve muito
disso); como o paternalismo das igrejas, das religiões do mundo,
expressando-se como autoridade eclesiástica; ou o paternalismo de um
processo educacional.
B – A idéia do valor do sofrimento e da dor. No processo
de ensinar à raça a imprescindível qualidade do desapego, para que seu
desejo e seus planos não mais fossem orientados para a forma vivente, os
Guias da raça enfatizaram as virtudes do sofrimento e o valor educativo da
dor. Essas virtudes são reais, mas a ênfase foi exagerada pelos
orientadores menores da raça, de maneira que a atitude da raça hoje é de
sofrida e dolorosa expectativa e uma débil esperança de que alguma
recompensa (numa forma geralmente material e cheia de desejo, tal como o céu
das várias religiões mundiais) possa acontecer depois da morte e compensar
tudo que tenha sido suportado durante a vida. As raças hoje estão embebidas
em miséria e numa aquiescência psicológica infeliz, em sofrimento e dor. A
clara luz do amor deve varrer tudo isso e a alegria será a nota-chave da
vindoura nora era.
C – Ao acima exposto precisa ser associada a idéia de
autosacrifício. Esta idéia foi ultimamente transferida do
indivíduo e de seu sacrifício para a apresentação grupal. O bom do todo
é agora teoricamente considerado de tal suprema importância que o grupo
precisa, de boa mente, sacrificar o indivíduo ou grupo de indivíduos. Tais
idealistas estão inclinados a esquecer que o único verdadeiro sacrifício
é o auto-iniciado e de que quando o sacrifício é forçado (imposto pela
pessoa ou grupo mais poderoso ou superior) será, em última análise, a
coerção do indivíduo e sua forçada submissão a uma vontade mais
forte.
D – A idéia da satisfação do desejo. Acima de tudo, a
Era de Peixes foi a era da produção material e da expansão comercial, do
vendedor dos produtos da habilidade humana que o público em geral aprendeu a
acreditar serem essenciais para a felicidade. A velha simplicidade e os
verdadeiros valores foram temporariamente relegados a segundo plano. Foi
permitido que isso continuasse sem interrupção por um longo período de
tempo porque a Hierarquia da Sabedoria procurava trazer o povo ao ponto de
saturação. A situação mundial é indicativa de que a posse e a
multiplicação dos bens materiais constituem um empecilho e não é
indicação de que a humanidade tenha encontrado a verdadeira rota da
felicidade. A lição está sendo aprendida muito rapidamente e a reviravolta
em direção à simplicidade está rapidamente ganhando terreno. O espírito
do qual o mercantilismo é indicativo está condenado, apesar de não findo
ainda. Este espírito de posse e de apropriação agressiva do que é
desejado, mostrou-se amplamente inclusivo e caracteriza a atitude das
nações e das raças bem como dos indivíduos. A agressão para possuir tem
sido a nota-chave de nossa civilização durante os últimos mil e quinhentos
anos.
Quarto, a vinda à manifestação da Era de Aquário. Este
fato deveria prover as bases para um otimismo convicto e profundo; nada pode
impedir o efeito – crescente, estabilizante e final – das novas
influências vindouras. Isto condicionará inevitavelmente o futuro,
determinará o tipo de cultura e civilização, indicará a forma de governo
e produzirá um efeito sobre a humanidade, como o fez a Era de Peixes, ou
Cristã, ou o período anterior governado por Áries, o Carneiro ou
Capricórnio. A Hierarquia seguramente conta com estas firmes influências
emergentes, e os discípulos do mundo devem aprender, da mesma maneira, a
apoiar-se nelas. A conscientização do relacionamento universal, da
integração subjetiva e da unidade vivenciada e provada será o tom
dominante do período à nossa frente.
No estado mundial vindouro, o cidadão como indivíduo – alegre e
deliberadamente, em plena consciência de tudo que está fazendo –
subordinará sua personalidade ao bem do todo. O crescimento de irmandades e
fraternidades organizadas, de partidos e de grupos, dedicados a alguma causa
ou idéia, é outra indicação da atividade das forças vindouras. Algo
interessante a observar é que são todas mais expressivas de alguma idéia
aprendida do que do plano imposto e determinado por alguma pessoa
específica. O homem do tipo pisceano é um idealista na linha de
desenvolvimento humano. O tipo aquariano tomará dos novos ideais e das
idéias emergentes – em atividade grupal – e as materializará. É com
este conceito que a educação do futuro trabalhará. O idealismo do tipo
pisceano e sua vida no plano físico foram como duas expressões separadas do
homem. Eles estavam, com freqüência, enormemente separados e poucas vezes
unidos e harmonizados. O homem aquariano trará à manifestação grandes
ideais, porque o canal de contato entre a alma e o cérebro, através da
mente, será firmemente estabelecido através da compreensão correta, e a
mente será usada de modo crescente na sua atividade dual – como um
penetrador no mundo das idéias e como um iluminador da vida no plano
físico. Isto produzirá finalmente uma síntese do esforço humano e uma
expressão dos verdadeiros valores e das realidades espirituais, como o mundo
jamais viu. Tal é, uma vez mais, a meta da educação do futuro.
Qual a síntese a ser produzida mais tarde? Enumeremos alguns fatores sem
complexidades:
1 – A fusão das aspirações espirituais diferenciadas do homem, até
agora expressas em muitas religiões mundiais, na nova religião mundial.
Esta nova religião tomará a forma de uma abordagem grupal, unificada e
consciente, dos valores espirituais mundiais, evocando, por sua vez, ação
recíproca Daqueles Que são os cidadãos daquele mundo – a Hierarquia
planetária e os grupos filiados.
2 – A fusão de um grande número de homens em vários grupos idealistas.
Isto acontecerá em todos os reinos do pensamento humano e eles, por sua vez,
serão gradualmente absorvidos numa síntese ainda mais ampla. É preciso
chamar a atenção para o fato de que se os vários grupos educacionais
encontrados hoje no mundo, em todos os países, fossem arrolados, certas
tendências subjacentes e análogas apareceriam: sua larga diversificação,
sua fundamentação básica em alguma idéia do aprimoramento humano e sua
unidade de propósito. Suas muitas ramificações e grupos subsidiários
constituem uma vasta rede interligada por todo mundo, e são indicativas de
duas coisas:
A – o firme poder crescente do homem comum para pensar em termos de ideais
baseados em certas idéias, que foram postas em evidência por algum grande
intuitivo.
B – A gradual elevação da consciência aspiracional do homem por essas
idéias, seu reconhecimento do idealismo de seus companheiros e seu
treinamento conseqüente, no espírito de inclusividade.
Esta tendência crescente em direção ao idealismo e à inclusividade e, em
última análise, uma tendência ao amor-sabedoria. O fato de estarem os
homens, hoje em dia, aplicando mal esses ideais, rebaixando a visão e
distorcendo a verdadeira imagem da meta desejada – e prostituindo o antigo
sentido de beleza à satisfação do desejo egoísta, não deveria impedir a
percepção de que o espírito de idealismo esteja crescendo no mundo e não
esteja, como no passado, confinado a uns poucos grupos adiantados ou a um ou
dois grandes intuitivos. As argumentações do homem comum são hoje
conectadas com alguma filosofia política, social, educacional ou religiosa,
baseada em alguma escola de idealismo. Do ponto de vista d’Aqueles Que são
responsáveis pelo desenvolvimento evolutivo do homem, foi dado um grande
passo à frente nestes últimos duzentos anos. O que era tema de intelectuais
e filósofos na Idade Média, é hoje ponto de animada discussão em qualquer
lugar em que as pessoas se reúnem, discutem, conversem. Isto costuma ser
esquecido e gostaria que ponderassem em suas implicações, e indagassem
sobre qual será o resultado final desta agora difundida habilidade da mente
humana em pensar em termos do Todo maior e não apenas em termos de interesse
pessoal, e aplicar fórmulas de filosofia idealista à vida do dia-a-dia.
Hoje, o homem tanto faz uma coisa quanto a outra.
O que, portanto, isto indica? Significa uma tendência, na consciência da
humanidade, para a fusão do indivíduo com o todo, sem que perca, ao mesmo
tempo, seu senso de individualidade. Faça ele parte de um partido político,
ou apóie alguma forma de serviço social, ou se una a algum dos muitos
grupos ocupados com formas de filosofia esotérica, ou se torne membro de
algum ismo ou culto predominante, estará cada vez mais consciente de uma
expansão de consciência e um desejo de identificar seus interesses pessoais
com os do grupo que tem como seu objetivo básico a materialização de algum
ideal. Através deste processo acredita-se que as condições de vida do ser
humano melhorem ou alguma necessidade seja satisfeita.
Este processo prossegue em todas as nações e em todas as partes do mundo, e
um senso dos grupos educacionais e dos religiosos mundiais (para mencionar
apenas duas das muitas categorias possíveis) mostrará o oscilante número
de tais corporações ou filiações. Indicará a diferenciação de
pensamento e, ao mesmo tempo, substanciará minha conclusão de que os homens
estão se voltando, em toda parte, para a síntese, a fusão, a combinação
e a cooperação mútua para certos fins visualizados e específicos. É,
para a humanidade, um novo campo de expressão e empreendimento. Daí os
freqüentes maus usos das verdades mais novas, a distorção dos valores
aceitos e a perversão da verdade para ajustá-la a objetivos e finalidades
individuais. Mas, à medida que o homem tateie seu caminho nesse sentido, e
à medida que as muitas idéias e as várias ideologias apresentem-lhe
alternativas e indiquem os padrões emergentes de vivência e de
relacionamento, ele aprenderá pouco a pouco a pensar com mais clareza, a
reconhecer os diferenciados aspectos da verdade como expressões da realidade
subjetiva básica e – sem abandonar nenhum aspecto da verdade que o tenha
libertado, ou ao seu grupo – aprenderá a incluir também a verdade de seu
irmão ao lado da sua própria.
Quando esta atitude tiver sido desenvolvida no campo da educação prática,
encontraremos nações e indivíduos desenvolvendo idéias que parecem
adequar-se à psicologia nacional e pessoal, embora reconhecendo a realidade,
a potência e a utilidade do ponto de vista dos outros indivíduos e das
outras nações. Quando, por exemplo, as idéias contidas no ensinamento dos
Sete Raios forem de conhecimento geral, perceberemos o crescimento da
compreensão psicológica e as nações e as religiões mundiais chegarão a
um entendimento mútuo.