Universidade de Shamballa
VISÃO CÓSMICA DA EDUCAÇÃO
A Educação na Nova Era
NOTA DOMINANTE:
1 - Prefácio
2 - Apresentação
3 - Pensamentos Introdutórios
4 - Valores e Conceitos
5 - Proposições
6 - Ação no Presente
7 - Ação no Futuro
1 – PREFÁCIO
O teor deste texto, Visão Cósmica da Educação – A Educação na Nova
Era, é denso e como tal deve ser lido e estudado de forma reflexiva. Não
há nele técnica ou método de ensino, mas postulados a partir dos quais
devemos formular as nossas técnicas e métodos.
Pede-se ao leitor que faça a sua pesquisa com mente aberta, tendo como motor
a boa vontade de extrair daí algo que possa contribuir para o objetivo do
projeto.
Na Apresentação, analisamos um panorama da situação mundial da criança e
do adolescente, com estatísticas e informações de órgãos das Nações
Unidas, como a UNESCO e a UNICEF, onde são comentadas as falhas e erros do
atual processo mundial, nos preparando para os desafios propostos. Os
Pensamentos Introdutórios norteiam a nossa ação para o item seguinte. A
longa exposição de Valores e Conceitos, e também o que consta nas
Proposições, deve-se à superficialidade do atual enfoque dado ao assunto
abordado, visando a necessidade premente de conhecimento e avanço neste
campo de estudo levado para o âmago da educação. Aqui o preceito délfico
ganha dimensões novas, ao impor o conhecimento de nós mesmos. Na Ação no
Presente, lança-se alguma luz sobre o que pode ser feito para o
estabelecimento imediato de unidades de ensino aproveitando-se os métodos
atuais mais próximos das idéias expostas. A Ação no Futuro é resultado
da ação no presente, e se baseia na formação do professor/educador que
irá emergindo no seio dos estudantes, formando os chamados grupos-semente,
pilares sobre os quais se assentarão as bases futuras.
Tudo isso está estribado na constatação de que “a natureza trabalha sem
vazios e assim é, mesmo quando – do ponto de vista da ciência acadêmica
– haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas”.
Deparamos, na consciência, com regiões e aspectos desconhecidos e ainda
não explorados, formando aparentes hiatos ou vazios que precisam ser
relacionados com outras regiões e aspectos da natureza humana, notadamente
com sua natureza divina. É para esse campo ainda não trabalhado que se
direciona o nosso esforço, e é na mais tenra idade onde devemos começar a
nossa jornada.
“As aspirações na vida vêm em forma de crianças”. (Rabindranath
Tagore, Fireflies)
“Sabemos como encontrar pérolas no interior das ostras, ouro nas montanhas
e carvão nas entranhas da terra, mas não somos conscientes dos germes
espirituais, as criações nebulosas que a criança esconde no seu interior
quando entra no mundo para renovar a humanidade”. (Maria Montessori, The
Absorbent Mind)
“A criança não é um vazio receptivo esperando ser preenchido com nossa
sabedoria”. (Idem)
“A natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando – do ponto de
vista da ciência acadêmica – haja um hiato aparente entre os fatos e as
espécies conhecidas”. (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
2 - APRESENTAÇÃO
Enunciados-Chave:
A educação é uma empresa profundamente espiritual. Concerne ao homem na
sua totalidade e isso inclui o seu espírito divino. (Alice A. Bailey,
Problemas da Humanidade)
Devemos desenvolver as novas atitudes e técnicas que equiparão a criança
para uma maneira completa de viver, tornando-a verdadeiramente humana, um
membro construtivo e criativo da família humana. A melhor parte de tudo que
passou deve ser preservada, mas deveria ser preservada somente como as bases
de um sistema melhor e de um enfoque mais sábio do objetivo da cidadania
mundial. (Idem)
Toda a tendência do presente empenho em avançar, que pode ser percebido
tão marcadamente na humanidade, é capacitá-la a adquirir conhecimento,
transmutá-lo em sabedoria pela ajuda do entendimento e, desse modo,
tornar-se “completamente iluminada”. A iluminação é a meta maior
da educação. (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
As nossas crianças são o nosso futuro. O problema da educação e a
difícil situação das crianças do mundo são, portanto, as preocupações
mais urgentes às quais a humanidade enfrenta hoje. Como Alice Bailey escreve
nos Problemas da Humanidade, “O que fazemos com elas e para elas é de
grande importância em suas implicações. Nossa responsabilidade é grande e
nossa oportunidade única”. Na nossa encruzilhada atual, temos a
oportunidade de integrar o melhor de nossos processos educativos do passado
com essas novas tendências holísticas e espirituais que refletem como nunca
a nossa humanidade em evolução.
Atualmente estamos nos tornando cada vez mais conscientes do fato da
Humanidade Una e da interconexão de toda a vida no nosso planeta.
Entretanto, basta ver os noticiários para saber que grande parte do
desenvolvimento humano no mundo continua sendo desigual e não reflete a
consciência da Humanidade Una ou da natureza interdependente de toda a vida
do nosso planeta. Nossos educadores, portanto, enfrentam três desafios
principais:
1 – Prover as necessidades das crianças e dos jovens, dando-lhes uma
sensação de segurança e dos princípios básicos de uma educação que
seja relevante com respeito à sua sobrevivência e bem-estar nas suas
circunstâncias imediatas.
2 – Desenvolver a nova educação que permitirá aos jovens alcançar seu
potencial individual e fazer frente à vida como cidadãos iluminados do
mundo, a base para converterem-se em homens e mulheres reflexivos,
integrados, criativos e inclusivos.
3 – Desenvolver cidadãos do mundo conscientes da sua herança espiritual
e, portanto, capazes de inaugurar uma nova civilização baseada na rica
diversidade de culturas existentes, reconhecendo, por sua vez, o destino
espiritual da Humanidade Una.
Como veremos mais adiante, o termo educação é utilizado no seu sentido
mais amplo, envolvendo não somente a educação escolar, mas também as
relações lar-família e o entorno comunitário. Em cada um destes setores
é aparente que ainda não estamos utilizando métodos educativos que vão
nos permitir viver como cidadãos íntegros e construtivos.
Apresentamos um quadro geral, oferecendo sugestões sobre os princípios e
objetivos e uma breve menção sobre algumas das numerosas áreas positivas
que estão surgindo agora, no campo da educação, iniciativas pioneiras para
satisfazer as necessidades educacionais das crianças e dos jovens.
Os programas e problemas educativos específicos devem ser encarados no
contexto das necessidades globais, e o educador, como qualquer outra pessoa,
necessita “atuar localmente, mas pensar globalmente”. Há certos
objetivos educativos que são os mesmos para todos os povos e, portanto, é
possível construir com olhares na universalidade da educação, uma
universalidade que reflita a unidade espiritual subjacente a todas as pessoas
em todas as partes.
Educadores iluminados de todas as partes estão tentando introduzir mudanças
pioneiras em planos de estudos e métodos de ensinamento que despertem na
criança a consciência de que ela forma parte de uma família global, e
aprofundem também a sua compreensão de si mesma, de outras culturas e de
outros povos. Essas qualidades e características podem ser vistas refletidas
nos programas que enfatizam, por exemplo, uma educação para o entendimento
internacional, uma educação do meio ambiente, uma educação concernente ao
desenvolvimento, uma educação concernente aos direitos humanos, uma
educação concernente à paz, uma educação holística e global.
Quando contempladas na sua totalidade, essas formas progressivas de
educação da “nova era”, conhecidas sob vários termos, têm três
características fundamentais: requerem o reconhecimento da totalidade do ser
humano, incluindo sua dimensão ética, interior ou espiritual; postulam a
necessidade de que os estudantes sejam conscientes do planeta como um todo, e
centram a atenção na interconexão de toda a vida e na interdependência de
todos os sistemas. Fazem um chamamento ao entendimento e exploração mais
profunda e exaustiva do mundo interior, subjetivo, do ser humano, do ambiente
exterior tangível/objetivo, e das relações conexivas e interdependentes
entre todos. As dimensões interna e externa – ambas reconhecidas como
relacionadas, e igualmente divinas – são merecedoras de compreensão e
desenvolvimento.
O papel dos educadores é de importância central para esta nova educação.
O preceito eterno de que ensinamos mais com o exemplo do que com a teoria é
especialmente aplicável aos nossos educadores. Devido a que os professores
passam tanto tempo com as crianças e os jovens, é imprescindível que
estejam livres de preconceitos, que eles mesmos tenham um sentido de
cidadania mundial e que reflitam atitudes sãs e construtivas. É importante
que os professores sejam humanitários e amorosos e que sejam capazes de
criar a atmosfera correta na qual a criança possa aprender e crescer
livremente. Um entendimento dos fundamentos da psicologia poderia também ser
considerado como um imperativo para que os professores pudessem realizar mais
plenamente seu papel como educadores: ajudando a extrair dos
estudantes seu potencial mais elevado, ao mesmo tempo que ensinando-os a
trabalhar com e a superar suas debilidades e limitações.
O princípio dos anos 90 contemplou uma gigantesca onda de entusiasmo e
esperança sobre a mudança de atitudes para com as crianças e seus direitos
e necessidades, especialmente em relação com a educação. Esse fenômeno
alentador é refletido no trabalho das Nações Unidas ao produzir três
acontecimentos globais de grande importância: A Conferência Mundial Sobre
Educação Para Todos, a ratificação da Convenção sobre os Direitos da
Criança, e a Cúpula Mundial da Infância.
A importância da atual encruzilhada não deve ser subestimada. Grande parte
de nossa forma de vida, que evoluiu durante os últimos dois mil anos da era
de Peixes e que se encontra agora entrincheirada nos nossos hábitos de
comportamento, sentimento e pensamento, geralmente adquiridos
inconscientemente, se contradiz com os valores e oportunidades emergentes na
entrante era de Aquário. Enquanto o objetivo do passado era produzir um
indivíduo “pensante”, o objetivo do futuro é produzir pessoas
verdadeiramente integradas, que possam “pensar com seus corações e sentir
com suas cabeças”. A cooperação, a compaixão, e o amor-sabedoria devem
ocupar o lugar das até agora predominantes e valorizadas qualidades de
competitividade, auto-afirmação, e separatividade. Embora essas últimas
qualidades tenham tido um papel útil, conduzindo-nos até o nosso atual
ponto evolutivo, agora devemos dar prioridade às atitudes e compreensões
mais inclusivas e espirituais.
Nossos sistemas educativos devem, portanto, abarcar uma nova visão e meta. O
crescente reconhecimento de que a dependência das drogas, a delinqüência e
a agitação generalizada, tão visíveis na nossa sociedade contemporânea
provêm tanto da pobreza material quanto espiritual, estão nos conduzindo,
também, a um novo entendimento do que constitui um sistema educativo
adequado. Estamos reconhecendo que o problema da educação não é mais
somente uma questão de alfabetizar e de transmitir um conjunto de
conhecimentos objetivos. É também o problema de ser capaz de apresentar a
hipótese da alma – o fator interior dentro de cada ser humano que produz
“o bom, o verdadeiro e o belo”. A expressão criativa e o esforço
humanitário serão então reconhecidos como o resultado lógico e
científico dos procedimentos educativos aplicados especificamente.
Embora existam atualmente muitas pessoas que estão reconhecendo esse duplo
desafio de melhorar a situação crítica das crianças e de melhorar o campo
da educação, intentando entrelaçar as necessidades do passado e as do
futuro, deve ser reconhecido que também é vital para cada um de nós,
individualmente, refletir sobre a solução destes problemas. Uma educação
que ilumine não está estruturada somente para alguns poucos no mundo, mas
para todos. A capacidade de ser educado e iluminado encontra-se em cada ser
humano. Assim também, cada indivíduo é, de alguma maneira, um educador –
capaz de invocar e evocar o mais elevado daqueles com quem ele ou ela entra
em contato. Enquanto alguns recebem o chamado vocacional de uma vida de
ensinamento, todos nós temos a responsabilidade das corretas relações
humanas e podemos compartilhar nossa luz e boa vontade com outros. Cada um de
nós pode, também, ajudar na construção de formas mentais positivas e
iluminadas, ajudando a criar uma opinião pública iluminada na qual os
líderes mundiais podem se basear. Cada mente amorosa, cada coração
reflexivo e cada mão capacitada são necessárias.
A Universidade de Shamballa insere-se neste contexto como um organismo que
abarca, tão abrangentemente quanto possível, o universo educacional da
criança e do jovem adolescente. Almeja alcançar a formação do homem
integral ou personalidade essencial, sintetizando nele a liberdade plena da
unidade inter-relacionada com o grupo e, conseqüentemente, com a humanidade
e com a totalidade do Todo. Isto implica um ser coordenado, integrado e
alinhado com todos os seus aspectos e partes componentes num todo orgânico,
ao qual se dá o nome de “ser humano”, havendo de se comportar como
cópia fiel de sua fonte de origem, que desabrocha rapidamente e se faz
sentir crescentemente na vida diária.
Liberte a sua imaginação por uns instantes, imaginando a situação do
mundo onde a maioria dos seres humanos está ocupada com o bem dos outros e
não com os seus próprios fins egoístas. (Alice A. Bailey, Discipulado na
Nova Era vol I)
A forma correta de educação consiste em entender a criança tal qual ela
é, sem impor-lhe um ideal como pensamos que deveria ser. Fechá-la dentro do
marco de um ideal é animá-la a se conformar, o que gera medo e causa-lhe um
constante conflito entre o que é e o que deveria ser; e todos os conflitos
internos têm sua manifestação externa na sociedade. Os ideais constituem,
de fato, uma ameaça à nossa compreensão da criança e à compreensão da
criança de si mesma.
Um pai que realmente deseja ajudar seu filho não o contempla através da
trama de um ideal. Se ama a criança, a observa, estuda suas tendências,
seus estados de ânimo e suas peculiaridades. Somente quando alguém não
sente amor pela criança é que lhe impõe um ideal, tentando assim realizar
nela as suas ambições, querendo que se converta nisso ou naquilo. Se
alguém não ama o ideal, mas a criança, então existe uma possibilidade de
ajudá-la a compreender a si mesma tal e qual ela é. (J. Krishnamurti,
Education and the Significance of Life)
Primeiro, e acima de tudo o mais, o esforço deve ser feito para proporcionar
uma atmosfera onde certas qualidades possam florescer e emergir. Esta
atmosfera inclui o seguinte:
1) Uma atmosfera de amor, onde o medo esteja afastado e a criança
perceba que não há razão para timidez, retraimento ou prevenção...
2) Uma atmosfera de paciência, na qual a criança possa se tornar,
normal e naturalmente, um buscador da luz do conhecimento... onde nunca haja
idéia de rapidez ou pressa...
3) Uma atmosfera de atividade ordenada, onde a criança possa
aprender os primeiros rudimentos de responsabilidade...
4) Uma atmosfera de compreensão, na qual a criança tenha sempre a
certeza de que as razões e os motivos de suas ações serão reconhecidos...
(Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
As Falhas do Sistema Atual.
Neste princípio do Século XXI, não podemos nos referir às falhas do
sistema escolar sem reconhecer que todas as principais instituições da
sociedade estão falhando. As crises são a experiência comum compartilhada
por nossos sistemas de governo, igreja, família e educação. As
instituições que antigamente previam uma aparente ordem, estabilidade e
segurança, não atendem mais as nossas necessidades e atuais expectativas.
Não são mais adequadas para a nossa nova percepção e maturidade. Assim
como não podemos pôr vinho novo em odre velho, também nossos filhos se
tornam amadurecidos para seus jogos e roupas favoritas, e a consciência da
humanidade que desperta, está se tornando amadurecida para os antiquados
sistemas políticos, religiosos e sócio-econômicos. Ninguém é tão
afetado por essas falhas como nossas crianças – os mais vulneráveis e
inocentes dentre nós.
Ao proclamar o princípio de “Prioridade” para as crianças, a
Declaração da Cúpula Mundial da Infância de 1990 realçou as dificuldades
que as crianças de todo o mundo enfrentam. Cada dia, inumeráveis crianças
do mundo sofrem como vítimas da guerra e da violência; como vítimas da
discriminação racial, das agressões, das ocupações e anexações
estrangeiras; como refugiadas e crianças abandonadas obrigadas a abandonar
seus lares e suas raízes; como vítimas do abandono, a crueldade e a
exploração. Cada dia milhões de crianças são açoitadas pela pobreza e a
crise econômica; pela fome e falta de alojamento, pela epidemia,
analfabetismo e pela degradação do meio ambiente. Cada dia, 40.000
crianças morrem de fome e de doenças, de falta de água potável e de
insalubridade e dos efeitos das drogas.
A difícil situação na qual se encontram as crianças nos conflitos armados
é uma questão de urgência total. Esta crise tem chamado a atenção do
mundo pela escalada da violência em certas áreas nas quais tem sido
recusado às crianças o acesso aos serviços de saúde, anteriormente
garantidos. Na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre os Direitos
Humanos (Junho de 1993), a UNICEF informou que mais de 1,5 milhões de
crianças pereceram em conflitos armados durante a década de 1980, e quatro
vezes esta cifra foi mutilada. Cerca de cinco milhões se encontram em campos
de refugiados esperando o término das guerras, e outras doze milhões
perderam seus lares. Números incontáveis se encontram traumatizadas
psicologicamente devido sua exposição às brutalidades da guerra, e isso
não é mais que a ponta do “iceberg”.
Quantidades muito maiores de crianças são vítimas indiretas da guerra, e
seu aumento tem sido observado por fechamento ou destruição de escolas e
hospitais, a interrupção da produção de alimentos e a perda de serviços
tão elementares como a imunização. Nos países em vias de desenvolvimento,
onde tem ocorrido a grande maioria das guerras desde 1945, esses
acontecimentos vêm acompanhados de pobreza, secas e doenças.
As crianças abandonadas, obrigadas a se converterem em “crianças de
rua”, lutam nas suas próprias guerras diárias. De cidades da América do
Norte e do Sul, ao continente africano, à antiga União Soviética e ao
extremo oriente, as crianças de rua do mundo abarcam todas as barreiras
raciais e econômicas, mas um número crescente delas deixam seus lares
voluntariamente depois de terem decidido que as privações e dificuldades
das ruas são preferíveis à violência e ao abuso sexual que com
freqüência se encontram nas suas próprias casas.
As falhas do sistema escolar devem, portanto, ser consideradas dentro do
contexto das falhas dos aspectos restantes da vida. Devido a que tudo que
toca a vida de uma criança afeta a sua capacidade e o seu desejo de
aprender, devemos reconhecer que a melhora do sistema escolar deve ser feita
a par da melhora de todos os aspectos da vida ao repercutirem no bem-estar da
criança. O princípio de “Prioridade” se baseia nessa mesma perspectiva.
É um intento para proteger as crianças, na medida do possível, dos erros,
equívocos, excessos e vicissitudes do mundo adulto. É um compromisso para
conseguir que as decisões sociais e pessoais se baseiem antes de tudo na
proteção e no bem-estar da infância. Desde que esse princípio foi
enunciado pela primeira vez em 1990, foram feitos progressos suficientes para
que a UNICEF, no seu Estado das Crianças do Mundo de 1993, proclamasse os
anos 90 como a “era do interesse”, como contrapartida à passada “era
de abandono”. O entusiasmo do informe e do otimismo demonstrado a respeito
da nossa capacidade de resolver os numerosos problemas aos quais enfrentam as
crianças de todo o mundo se baseia no reconhecimento de que o progresso
observado ao longo dos primeiros anos da década de 90 foi conseguido ali
onde existia um compromisso e uma vontade política por trás dos objetivos
formulados.
Aquele reconhecimento dos anos 90 como “era do interesse” nos trouxe uma
esperança muito necessária. Centrar a atenção sobre o progresso realizado
até agora confirma o antigo princípio que a energia, certamente, segue o
pensamento. Aferrando-nos à visão e energizando-a com nosso compromisso e
vontade, conseguiremos realizar esta visão, assegurando um mundo melhor para
todos.
Ter uma compreensão dos problemas inerentes a nossos sistemas passados nos
ajudará a compreender melhor as mudanças que são necessárias. Assim,
assinalamos as seguintes passagens dos livros “Problemas da Humanidade” e
“Educação na Nova Era”. Elas proporcionam uma percepção das razões
pelas quais nosso atual sistema de educação já não é suficiente.
“Falando em termos gerais... a educação tem sido principalmente
competitiva, nacionalista e, portanto, separatista. Tem preparado a criança
para considerar os valores materiais como de importância fundamental, a crer
que sua nação específica é também de importância fundamental e que
qualquer outra nação é secundária; tem alimentado o orgulho e fomentado a
crença que ela, seu grupo e sua nação são infinitamente superiores ao
resto das pessoas e dos povos. Conseqüentemente, é-lhe ensinada a ser uma
pessoa unilateral, com seus valores mundiais mal ajustados e com suas
atitudes perante a vida caracterizadas por parcialidades e prejulgamentos...
Não é acentuada a cidadania mundial; sua responsabilidade para com seus
congêneres é sistematicamente ignorada; sua memória se desenvolve mediante
a transmissão de dados desconexos – a grande maioria dos quais não são
aplicáveis à sua vida diária”. (Problemas da Humanidade)
“No ensino da história, por exemplo... a primeira data histórica que
geralmente a média das crianças britânicas recorda é “Guilherme, o
Conquistador, 1066”. A criança norte-americana recorda o desembarque dos
Pais Peregrinos e o gradual despojar dos legítimos habitantes do país e,
talvez, o incidente do chá (tea party), em Boston. Os heróis da história
são todos guerreiros – Alexandre Magno, Júlio César, Átila o Rei dos
Hunos, Ricardo Coração de Leão, Napoleão, George Washington e muitos
outros. A geografia é, na sua maior parte, a história com outro formato,
mas apresentada de uma forma similar – uma história de descobrimentos,
investigação e rapinagem, com freqüência seguida de um tratamento iníquo
e cruel aos habitantes das terras descobertas. A cobiça, a ambição, a
crueldade e o orgulho são as notas chaves do nosso ensino da história e da
geografia... Não seria possível construir nossa teoria da história sobre
as grandes e nobres idéias que condicionaram as nações e fizeram delas o
que são, e acentuar a criatividade que as distinguiram todas? Não podemos
apresentar mais efetivamente as grandes épocas culturais que – aparecendo
repentinamente nalguma nação – enriqueceram o mundo inteiro e deram à
humanidade sua literatura, sua arte e sua visão?” (Idem)
“Hoje em dia, a média das crianças é, nos cinco ou seis primeiros anos
de vida, a vítima da ignorância ou do egoísmo ou falta de interesse dos
seus pais. Ela é mantida quieta e fora do caminho porque seus pais estão
muito ocupados com seus próprios assuntos, para lhe dar a devida
atenção... Na escola, ela fica, freqüentemente, sob os cuidados de alguma
pessoa jovem, ignorante, apesar de bem intencionada, cuja tarefa é
ensinar-lhe os rudimentos da civilização... Mais tarde, a partir dos onze
anos, uma orientação foi efetuada, uma atitude (geralmente defensiva e, por
isso, inibidora) foi criada, uma forma superficial de comportamento foi
reforçada ou imposta, mas não baseada na sinceridade dos relacionamentos
verdadeiros. O ser genuíno que é encontrado em cada criança – expansivo,
espontâneo e bem intencionado... – foi, conseqüentemente, mantido à
distância, fora da vista, e ocultou-se sob uma concha exterior que o hábito
e a educação impuseram. O dano causado às crianças durante os anos
plasmáveis e flexíveis é geralmente irremediável e responsável por muito
da dor e do sofrimento, mais tarde na vida”. (Educação na Nova Era)
“A necessidade fundamental com que hoje se defronta o mundo educacional é
a de se relacionar o processo de desenvolvimento da mentalidade humana até o
mundo do significado e não ao mundo do fenômeno objetivo. Até que
o alvo da educação seja orientar um homem para o seu mundo interior de
realidades, teremos a mal colocada ênfase do tempo presente”. (Idem)
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“O Senhor Buda disse que não devemos acreditar naquilo que é dito simplesmente por ser dito; nem nas tradições que vêm da antiguidade; nem em rumores, como tal; nem nos escritos dos sábios porque eles os escreveram; nem em fantasias que imaginamos foram inspiradas por um deva (isto é, por uma suposta inspiração espiritual); nem em inferências a partir de suposições casuais que fizemos; nem porque parece uma necessidade analógica; nem na mera autoridade de nossos professores e mestres. Mas devemos acreditar quando os textos, a doutrina, ou a fala são corroborados por nossa própria razão e consciência. “Por isso”, ele concluiu, “ensinei-lhes a não acreditar simplesmente porque ouviram, mas quando vocês acreditarem na sua consciência, então ajam acorde e abundantemente”. (H. P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, vol III, pág.401)
“Tudo que pode ser dito será dito, apesar de tudo, será apenas parte das afirmações da grande Verdade velada, e que deve ser oferecida ao estudante como simplesmente uma hipótese de trabalho e uma explanação sugestiva. Para o estudante de mente aberta e para o homem que mantém na sua mente a lembrança que a verdade é progressivamente revelada, tornar-se-á claro que a expressão plena da verdade, possível em qualquer momento, será notada como simples fragmento do todo, e mais tarde ainda reconhecida como sendo apenas parte de um fato e sendo, portanto, uma distorção do real.” (Alice A. Bailey , Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico, prefácio)
“Não interessa quanto sabemos acerca de qualquer assunto, sempre há mais para descobrir. Uma das coisas curiosas da ciência moderna é que para cada novo descobrimento, e para cada nova formulação do conhecimento científico, imediatamente aparece uma nova série completa de problemas e perguntas não resolvidas abrindo imediatamente novos campos de investigação. Se a aquisição de conhecimento tornar rombo o gume do constante questionamento, nós estamos então em perigo de sucumbir num ensinamento autoritário e na limitação da mente por um modo único de pensar. Devemos estar conscientes da falibilidade de um ensino autoritário. O ensino pode até estar correto, mas nós não sabemos por que ou como ele é correto.” (Escola Arcana, Luz no Caminho, 1)
“Então se compreenderá por que em todos os sistemas de verdadeiro treinamento, é colocada ênfase sobre o reto pensar, o desejo amoroso e o viver limpo e puro. Somente assim o trabalho criador pode ser realizado sem perigo, pode fazer a forma mental descer à objetividade e ser um agente construtivo no plano da existência humana.” (Alice A. Bailey, Um Tratado Sobre Magia Branca, pág. 128)
“Homem, conhece-te a ti mesmo.” (Injunção Délfica)
“... o conhecimento de si mesmo permite adquirir a ciência, fim e razão de ser da vida, base de todo o real valor; e este poderio, elevando o homem laborioso que o pode adquirir, incita-o a ficar numa simplicidade modesta e nobre, virtude eminente dos espíritos superiores. Era um axioma que os mestres repetiam aos seus discípulos, e pelo qual lhes indicavam o único meio para atingir o saber supremo: “Se quereis conhecer a sabedoria, diziam-lhes, conhecei-vos bem a vós mesmos e conhecê-la-eis.” (Fulcanelli, As Mansões Filosofais, pág. 295)
4 – VALORES E CONCEITOS
Palmilharemos um caminho de valores, conceitos e teorias que nos
familiarizarão com aquilo que jaz por trás da trama da vida e que é a base
da manifestação de toda a existência.
Tornar-se-á evidente que esses valores, conceitos e arcabouço teórico não
se prestam em si mesmos ao magno esforço educacional proposto, mas emergem
deles as proposições que colocam os alicerces do edifício onde se
abrigarão os postulados e o pano de fundo sobre os quais serão construídas
e montadas as peças necessárias e adequadas para tanto.
Veremos, inicialmente nestes Valores e Conceitos e no item quinto a seguir,
que fazemos parte de um todo, e a nossa coordenação, integração e
alinhamento com esta totalidade nos leva ao portal de entrada de um reino,
uma dimensão e um estado de ser que é conhecido internamente, ou
subjetivamente. Esse reino, esse estado de ser, tem de ser trabalhado e
exteriorizado no mundo objetivo da vida e, ao se manifestar, produzirá os
requeridos e desejados efeitos de sua ação.
Quatro postulados fundamentais norteiam essas idéias e são apresentados
como uma hipótese merecedora de atenção e experiência de trabalho.
1 – Primeiro, que existe no nosso universo manifestado a expressão de uma
Energia ou Vida, que é a causa responsável pelas diversas formas e pela
vasta hierarquia de seres sensíveis que compõem a totalidade de tudo o que
é. Esta é a teoria hilozoística. Uma vida penetra todas as formas e
aquelas formas são a expressão, no tempo e no espaço, da energia central
do universo. A vida em manifestação produz existência e ser. É a causa
raiz, por isso, da dualidade. Esta dualidade que é vista quando a
objetividade está presente, e que desaparece quando o aspecto da forma
desaparece, é coberta por muitos termos, dos quais, para maior clareza, os
mais usuais poderiam ser aqui reproduzidos: Espírito/Matéria; Vida/Forma;
Pai/Mãe; Positivo/Negativo; Trevas/Luz.
2 – O segundo postulado emerge do primeiro e estabelece que a Vida una,
manifestando-se através da matéria, produz um terceiro fator que é a
consciência. Esta consciência, que é o resultado da união dos dois pólos
do espírito e da matéria, é a alma de todas as coisas; ela permeia toda
substância ou energia objetiva; ela jaz sob todas as formas, seja a forma
daquela unidade de energia a que nós denominamos átomo, ou a forma do
homem, de um planeta, ou de um sistema solar. Esta é a Teoria da
Autodeterminação, ou o ensinamento de que todas as vidas das quais a vida
una é formada, cada uma na sua esfera e no seu estado de ser, se tornam, por
assim dizer, apoiadas na matéria e assumem formas onde quer que seu especial
estado específico de consciência possa ser compreendido e sua vibração
estabilizada; assim podem ser conhecidas como existências. Assim novamente a
vida una se torna uma entidade estabilizada e consciente por intermédio do
sistema solar e é essencialmente, por isso, a totalidade das energias, de
todos os estados de consciência e de todas as formas existentes. O
homogêneo se torna heterogêneo e, contudo, permanece uma unidade; o uno
manifesta-se na diversidade e, no entanto fica inalterado; a unidade central
é conhecida no tempo e no espaço como composta e diferenciada e, no entanto
quando o tempo e o espaço não existem (sendo apenas estados de
consciência), somente a unidade permanecerá e somente o espírito
persistirá, mais uma ação vibratória aumentada, mais a capacidade para
uma intensificação da luz quando novamente o ciclo da manifestação
voltar.
Dentro da pulsação vibratória da Vida una que se manifesta, todas as vidas
menores repetem o processo de ser – Deuses, anjos, os homens e as miríades
de vidas que se expressam através das formas dos reinos da natureza e das
atividades do processo evolutivo. Tudo se torna autocentrado e
autodeterminado.
3 – O terceiro postulado básico é aquele que o objeto para o qual a vida
ganha forma e o propósito do ser manifestado é o desdobramento da
consciência, ou revelação da alma. Isto poderia ser chamado a Teoria da
Evolução da Luz. Quando é compreendido que mesmo o cientista moderno diz
que luz e matéria são termos sinônimos, torna-se aparente que através da
interação dos pólos e através da fricção dos pares de opostos, a luz
resplandece. Verifica-se que o objetivo da evolução é uma série gradual
de demonstração de luz. Velada e oculta por cada forma está a luz. À
medida que a evolução prossegue, a matéria se torna de maneira crescente
um melhor condutor da luz, assim demonstrando a precisão do que o Cristo
estatuiu: “Eu Sou a Luz do Mundo”.
4 – O quarto postulado consiste na afirmação de que todas as vidas se
manifestam ciclicamente. Esta é a Teoria do Renascimento, ou da
reencarnação, a demonstração da lei da periodicidade.
Tais são as grandes verdades subjacentes que formam os fundamentos da
Sabedoria Eterna – a existência da vida e o desenvolvimento da
consciência através da utilização cíclica da forma.
Para o nosso propósito, a ênfase é dada à pequena vida, ao homem “feito
à imagem de Deus”, o qual, através do método do renascimento expande sua
consciência até que ela floresça como a alma perfeita, cuja natureza é
luz e cuja compreensão é aquela de uma identidade autoconsciente. Esta
unidade desenvolvida deve ser finalmente absorvida, com plena e inteligente
participação, na consciência maior da qual faz parte.
Contudo, a alma continua sendo uma quantidade desconhecida. Ela não tem um
lugar verdadeiro nas teorias dos investigadores acadêmicos e científicos.
Ela não está provada e é considerada mesmo pelos acadêmicos mais arejados
como uma hipótese provável, mas ainda aguardando demonstração. Ela não
é aceita como um fato pela consciência da raça. Somente dois grupos de
pessoas aceitam-na como um fato; um é a pessoa ingênua, infantil, de
inclinação religiosa. O outro é o grupo pequeno, mas, em firme
crescimento, dos Conhecedores de Deus e da realidade, que sabem que a alma é
um fato na sua própria existência, mas não são capazes de provar sua
existência satisfatoriamente ao homem que somente admite aquilo que a mente
concreta pode aprender, analisar, criticar e testar.
O ignorante e o sábio se encontram num terreno comum, como sempre acontece
com os extremos. Entre ambos se encontram aqueles que não são, nem
totalmente ignorantes, nem intuitivamente sábios, são a massa das pessoas
educadas que têm conhecimento, mas, não entendimento e que ainda estão por
aprender a diferença entre aquilo que pode ser captado pela mente racional,
aquilo que pode ser visto pelo olho da mente e aquilo que somente a mente
superior ou abstrata pode formular e conhecer. Isto finalmente se funde com a
intuição, que é a “faculdade do conhecimento” do místico prático e
inteligente que – relegando a natureza emocional e sentimental para o seu
lugar próprio – usa a mente como um ponto focal e olha através daquela
lente para o mundo da alma.
Um dos principais meios pelos quais o homem chega a uma compreensão daquela
grande totalidade à qual chamamos de Macrocosmo – Deus, funcionando
através de um sistema solar – é pela compreensão de si próprio, e a
injunção délfica “Homem, conhece-te a ti mesmo” foi uma proclamação
inspirada, destinada a dar ao homem a pista para o mistério da divindade.
Através da Lei da Analogia, ou das correspondências, os processos cósmicos
e a natureza dos princípios cósmicos são indicados nas funções,
estrutura e características de um ser humano. São indicadas, mas, não
explicadas ou elaboradas. Servem simplesmente como sinais na estrada,
dirigindo o homem pelo caminho onde posteriores marcos podem ser encontrados
e indicações mais definidas anotadas.
A compreensão da triplicidade do espírito, alma e corpo permanece, todavia,
além do alcance do homem, mas uma idéia quanto às suas relações e sua
função geral coordenadas pode ser indicada por uma apreciação do homem a
partir do seu aspecto físico e seu funcionamento objetivo.
Há três aspectos do organismo humano que são símbolos, e somente
símbolos, dos três aspectos do ser.
1 – A energia, ou princípio ativador, que se retira misteriosamente na
morte, retira-se parcialmente nas horas de sono ou da inconsciência, e que
parece usar o cérebro como sua sede principal de atividade e daí dirigir o
funcionamento do organismo. Esta energia tem uma relação direta primária
com as três partes do organismo a que chamamos cérebro, coração e
aparelho respiratório. Este é o símbolo microcosmo do espírito.
2 – O sistema nervoso, com sua complexidade de nervos, centros nervosos e
aquela multiplicidade de partes sensíveis e inter-relacionadas que servem
para coordenar o organismo, produzir a resposta sensitiva que existe entre os
muitos órgãos e partes que formam o organismo como um todo, e que servem
também para o tornar consciente do, e sensível, ao meio que o cerca. Esta
aparelhagem sensorial inteira é a que produz a conscientização organizada
e a sensibilidade coordenada do ser humano inteiro, primeiro dentro dele
mesmo como uma unidade e, secundariamente, sua capacidade de resposta e
estrutura nervosa, coordenando, correlacionando e produzindo uma atividade
grupal externa e interna, demonstra-se primariamente através das três
partes do sistema nervoso:
A) Sistema cérebro-espinhal.
B) Sistema de nervos sensitivos.
C) Sistema periférico de nervos.
Ele está inteiramente associado com o aspecto energia, sendo o instrumento
utilizado por aquela energia para vitalizar o corpo, para produzir sua
atividade e funcionamento coordenados e para conseguir um relacionamento
inteligente com o mundo no qual tem de participar. Ele se coloca por trás da
massa de carne e ossos e músculos. Por sua vez, é motivado e controlado por
dois fatores:
A – A totalidade da energia que é a quota individual da energia vital.
B – A energia do meio ambiente na qual o indivíduo se encontra e na qual
ele tem de atuar e desempenhar seu papel.
Este sistema nervoso coordenador, esta rede de nervos inter-relacionados e
sensitivos é o símbolo, no homem, da alma, e uma forma visível e exterior
de uma realidade espiritual interior.
3 – Há, finalmente, o que poderia ser descrito como o corpo, a totalidade
de carne, de músculos e de ossos que o homem vai carregando, correlacionados
pelo sistema nervoso e tonificados pelo que vagamente chamamos “vida”.
Os três aspectos da divindade, a energia central, ou espírito; a força
coordenadora, ou alma, e aquela que estas duas usam e unificam são, na
realidade, um princípio vital se manifestando na diversidade. Estes são os
Três em Um, o Um em Três, Deus na natureza e a própria natureza em
Deus.
Estes três aspectos são vistos no homem, a unidade divina de vida. Primeiro
ele os reconhece em si mesmo; depois ele os vê em cada forma em torno de si
e finalmente ele aprende a relacionar estes aspectos de si mesmo com os
similares aspectos em outras formas de manifestação divina. A correta
relação entre as formas resultará na harmonização e no correto
ajustamento do plano físico da vida.
A correta resposta ao particular meio ambiente resultará na correta
relação com o aspecto alma, oculto em toda forma, e produzirá corretas
relações entre as várias partes da estrutura nervosa interna a ser
encontrada em todo reino da natureza, subumano e super-humano. Isto é,
entretanto, praticamente desconhecido mas está sendo rapidamente reconhecido
e quando for provado e compreendido será descoberto que naquele interior
está a base da fraternidade e da unidade. Como o fígado, o coração, os
pulmões, o estômago e outros órgãos no corpo são relacionados por
intermédio do sistema nervoso pelo corpo todo, assim também descobrir-se-á
que, no mundo, organismos tais como os reinos da natureza têm sua vida e
funções separadas e no entanto estão correlacionados e coordenados por um
vasto intrincado sistema sensorial que às vezes é chamado a alma de todas
as coisas, a “anima mundi”, a consciência subjacente.
Lidando com as triplicidades tão freqüentemente usadas quando se fala da
divindade, tais como espírito, alma e corpo – vida, consciência e forma
– é oportuno recordar que elas se referem a diferenciações da vida una,
e que quanto mais se pode familiarizar com estas triplicidades, tanto mais
será possível estar em relação com um círculo mais largo de homens. Mas
quando se lida com as coisas ocultas e subjetivas e quando o assunto sobre o
qual se escreve lida com o indefinível, então surgem dificuldades. Não é
coisa difícil descrever a aparência pessoal de um homem, suas vestes, sua
forma, e as coisas que o cercam. A linguagem satisfaz suficientemente quando
se trata do concreto e do mundo da forma. Mas quando se tenta transmitir uma
idéia de sua qualidade, caráter e natureza, imediatamente se depara com o
problema do desconhecido, com aquela parte indefinível não vista que nós
sentimos, mas que permanece em grande parte não revelada e não compreendida
mesmo pelo próprio homem. Como então iremos descrevê-lo por intermédio da
linguagem?
Se assim é do homem, quanto maior é a dificuldade quando procuramos
através de palavras expressar aquela inexprimível totalidade da qual os
termos espírito, alma e corpo são considerados como as principais
diferenciações? Como iremos definir aquela vida indefinível que os homens
têm (numa tentativa de compreender) limitada e separada numa trindade de
aspectos ou pessoas, chamando o conjunto pelo nome de Deus?
Entretanto, onde esta diferenciação de Deus numa trindade é universal e é
há muito tempo usada, onde todos os povos – antigos e modernos –
empregam a mesma triplicidade de ideação para exprimir uma compreensão
intuitiva, há segurança para o uso. Que algum dia nós poderemos pensar e
expressar a verdade diferentemente pode de fato ocorrer, mas para o pensador
comum de hoje os termos espírito, alma e corpo representam o agregado da
manifestação divina, tanto na deidade do universo como naquela divindade
menor, o próprio homem.
São sobejamente conhecidos os tabus, a tenacidade dos preconceitos, os
interesses e miragens que conspurcam a realidade e a impedem de se manifestar
e ser conhecida na sua inteireza. Por isso, algumas palavras e expressões
precisam ter o seu significado tão perfeitamente delineado quanto possível,
a fim de serem entendidas na sua real significação, para maior clareza
destas idéias:
Shamballa. Há uma Hierarquia espiritual planetária que
“dirige” os destinos do nosso planeta. A sede da cúpula desta Hierarquia
é Shamballa, um vasto ponto focal de energias aprovisionadas e reunidas pelo
Logos Planetário, com o fim de criar uma manifestação adequada de Sua
intenção no desenvolvimento e no serviço planetário. É denominada como
“o centro onde a vontade de Deus é conhecida”.
Espiritual. A palavra “espiritual” não se refere ao assim
chamado assunto religioso. Todas as atividades que impelem o ser humano em
direção a alguma forma de desenvolvimento – físico, emocional, mental,
intuicional, social – se for para o progresso de seu estado atual, será
essencialmente de natureza espiritual e será indicativo da existência da
entidade divina interna. O espírito do homem é imortal; persiste para
sempre, progredindo de um ponto a outro e de estágio a estágio no Caminho
da Evolução, desabrochando firmemente e em seqüência os atributos e
aspectos divinos.
Educação. Educação é o treinamento, dado inteligentemente, que
permitirá à juventude contatar seu ambiente com inteligência e critério e
se adaptar às condições existentes.
É um processo pelo qual a criança é equipada com a informação que a
capacitará a agir como bom cidadão e a desempenhar as funções de um pai
sábio, levando em consideração suas tendências inatas, seus atributos
raciais e nacionais e, então, esforçar-se para acrescentar a estes, aquele
conhecimento que a levará a trabalhar construtivamente no cenário do seu
mundo e demonstrar ser um cidadão útil.
É um processo de adquirir a sabedoria como uma decorrência do conhecimento
e da percepção consciente do significado que jaz além da exterioridade dos
fatos revelados. É o poder de aplicar o conhecimento de tal maneira que um
viver sadio, um ponto de vista compreensivo e uma técnica inteligente de
conduta sejam os resultados normais.
É um processo pelo qual a unidade, ou um sentido de síntese, é cultivada,
no qual os jovens são ensinados a pensar de si mesmos em relação ao grupo,
à unidade familiar e à nação na qual o destino os colocou e a pensar em
termos de relacionamento mundial e da sua nação em relação a outras
nações. Isso cobre a preparação para a cidadania, a paternidade e a
compreensão do mundo; é basicamente psicológico e deverá levar a uma
compreensão da humanidade.
A educação é o processo através do qual a juventude aprende a raciocinar
desde a causa até o efeito, a conhecer a razão por que certas ações
estão inevitavelmente destinadas a produzir certos resultados e por que as
tendências definidas da vida podem ser determinadas e certas profissões e
carreiras provêm o cenário correto para o desenvolvimento e um campo de
experiência útil e vantajoso.
Espírito, Vida, Energia. A palavra espírito se aplica àquele
impulso indefinível, fugaz, essencial, ou Vida que é a causa de toda
manifestação. É o sopro de Vida e é aquele rítmico influxo de energia
vital que se manifesta por sua vez como a força atrativa, como a
consciência, ou alma, e é a totalidade da substância atômica. É a
correspondência na grande Existência ou Macrocosmo, daquilo que na pequena
existência, ou microcosmo, é o fator vital de inspiração ao qual nós
chamamos a vida do homem; isto é indicado pela respiração no seu corpo, a
qual é abstraída ou retirada quando se esgota o curso da vida.
Dá-se ênfase ao fato de que espírito e energia são termos sinônimos e
intercambiáveis, e somente na compreensão disto nós podemos chegar a uma
verdadeira compreensão do mundo dos fenômenos ativos pelos quais nós
estamos cercados e nos quais movemos.
Deve-se notar que somente se um homem compreender a si mesmo poderá ele
chegar a uma compreensão daquela totalidade a que chamamos Deus. Isto é um
truísmo, mas quando trabalhado leva à revelação que torna o presente
“Deus Desconhecido” uma realidade conhecida. Como? O homem se conhece
como um ser vivo e chama de morte ao misterioso processo no qual alguma
coisa, a que comumente designa como o sopro da vida, é retirado. Por esta
retirada, a forma se desintegra. A força vitalizadora de coesão se foi e
isto produz uma volta aos seus elementos essenciais, daquilo que até então
tinha sido considerado como o corpo. Este princípio vital, esta essência
básica do Ser, e este misterioso fator fugaz são a correspondência, no
homem, daquilo a que nós chamamos espírito, ou vida, no macrocosmo. Assim
como a vida no homem mantém unida, anima, vitaliza e põe em atividade a
forma e assim faz dele um ser vivo, também a vida de Deus desempenha o mesmo
fim no universo e produz aquele conjunto interligado, vivo, vital, ao qual
chamamos de sistema solar. Este princípio vital no homem se manifesta de uma
forma tríplice:
1 – Como a vontade direcional, propósito, incentivo básico. Esta é
a energia dinâmica que faz seu ser funcionar, trá-lo à existência,
determina a duração de sua vida, transporta-o através dos anos, longos ou
curtos e se abstrai ao fim de seu ciclo vital. Este é o espírito no homem,
manifestando-se como a vontade de viver, de ser, de agir, de prosseguir, de
evoluir. No seu aspecto mais baixo opera através do corpo, ou natureza
mental e, em conexão com o físico denso, se faz sentir através do
cérebro.
2 – Como uma força de coesão. É aquela qualidade significativa
essencial que faz cada homem diferente, que produz aquela complexa
manifestação de humores, desejos, qualidades, complexos, inibições,
sentimentos e características que produzem uma especial psicologia humana.
Este é o resultado da inter-relação entre o espírito, ou aspecto energia,
e a matéria, ou natureza corporal. Este é o homem subjetivo distinto, sua
coloração, ou nota individual; é isto que estabelece o ritmo da atividade
vibratória de seu corpo, produz seu particular tipo de forma, é
responsável pela condição e natureza de seus órgãos, suas glândulas e
seus aspectos exteriores. Esta é a alma e – no seu aspecto mais baixo –
é vista operando através da natureza emocional e, em conexão com o corpo
físico, através do coração.
3 – Como a atividade dos átomos e células dos quais o corpo físico é
composto. É a totalidade daquelas pequenas vidas das quais os órgãos
humanos, compreendendo o homem inteiro, são compostos. Estes têm uma vida
própria e uma consciência que é estritamente individual e identificada.
Este aspecto do princípio vital trabalha através do corpo vital e, em
conexão com o mecanismo sólido da forma tangível, através do baço.
Entretanto, até que venha o tempo no qual a consciência da alma seja tocada
e conhecida e o Uno sem forma possa ser percebido através da clara luz da
intuição, muito do que foi dito continuará abstruso. Uma das primeiras
lições que necessitamos aprender é que nossas mentes, sendo até então
incapazes de responder às intuições ocultas, tornam impossível para nós,
dizer com segurança que tal condição seja esta, aquela ou uma outra; que,
até que possamos atuar em nossa consciência de alma, não temos condição
para afirmar o que é e o que não é; que, até nos termos submetido ao
necessário treino, não estaremos em posição de afirmar ou negar coisa
alguma. Nossa atitude deveria ser aquela de uma inquirição razoável e
nosso interesse, o do filósofo que investiga, desejoso de aceitar uma
hipótese na base de sua possibilidade, mas não desejoso de aceitar como
verdade provada coisa alguma, antes de conhecermos o fato por nós mesmos e
em nós mesmos.
Alma, o Princípio Mediador. Há dois ângulos ou pontos de vista
pelos quais deve-se atingir a natureza da alma: um é o aspecto da alma em
relação ao quarto reino da natureza, isto é, o humano, e o outro, aquele
dos reinos subumanos da natureza, os quais, deve ser lembrado, são reflexos
dos três superiores.
Deve-se ter em mente que a alma da matéria, a “anima mundi”, é o fator
sensível na própria substância. É a capacidade de resposta da matéria
através do universo e aquela faculdade inata em todas as formas, desde o
átomo do físico, até o sistema solar do astrônomo, que produz a inegável
inteligente atividade que todos demonstram. Pode ser chamada de energia
atrativa, coesão, sensibilidade, vitalidade, plenitude dos sentidos ou
consciência, mas talvez o termo mais esclarecedor seja aquele que a alma é
a qualidade que toda forma manifesta. É aquela coisa sutil que
distingue um elemento de outro, um mineral de outro. É a intangível
natureza essencial da forma que no reino vegetal determina se uma rosa ou uma
couve-flor, um olmo ou o agrião brotarão; é um tipo de energia que
distingue as várias espécies do reino animal e torna um homem diferente de
outro na sua aparência e caráter. O cientista tabulou, analisou e
investigou as formas; nomes foram selecionados e dados aos elementos e
minerais, às formas da vida vegetal e às espécies de animais; a estrutura
das formas e a história de seu progresso evolutivo foram estudadas e se
alcançaram deduções e conclusões, mas a solução do problema da vida em
si mesmo ainda confunde os mais sábios e até que a compreensão da “teia
da vida” ou do corpo vital que jaz sob cada forma e liga cada parte de uma
forma a cada outra parte, seja reconhecida e conhecida como um fato na
natureza, o problema permanecerá insolúvel.
A definição da alma pode ser considerada como algo mais factível do que a
do espírito devido ao fato de que há muitas pessoas que, numa ou noutra
oportunidade, experimentaram uma iluminação, uma revelação, uma
elevação e uma beatitude que as convenceram de que há um estado de
consciência tão afastado daquele normalmente experimentado, capaz de
trazê-las a um novo estado de ser e a um novo nível de conscientização.
É algo sentido e experimentado e envolve aquela expansão psíquica que o
místico registrou através dos tempos.
1 – A alma, macrocósmica e microcósmica, universal e humana, é aquela
entidade que é trazida à existência quando o aspecto espírito e o aspecto
matéria se relacionam reciprocamente.
a) A alma por isso não é nem espírito nem matéria, mas a relação
entre eles.
b) A alma é o mediador entre esta dualidade; é o princípio meio, e elo
entre Deus e Sua forma.
c) Por isso, a alma é um outro nome para o princípio Crístico, quer na
natureza, quer no homem.
2 – A alma é a força atrativa do universo criado e (quando atuando) mantém unidas as formas de modo que a vida de Deus se possa manifestar ou expressar através delas.
a) Por isso a alma é o construtor da forma e é aquele fator atrativo em
toda forma no universo, no planeta, nos reinos da natureza e no homem (que
globaliza em si mesmo todos os aspectos) que traz a forma à existência, que
capacita a desenvolver e crescer de modo a acomodar mais adequadamente a vida
que a habita e que conduz para diante todas as criaturas de Deus no caminho
da evolução, reino após reino, em direção a um objetivo final e uma
gloriosa consumação.
b) A alma é a própria força de evolução.
3 – Esta alma se manifesta diferentemente nos vários reinos da natureza, mas sua função é sempre a mesma, quer estejamos lidando com um átomo da substância e seu poder de preservar sua identidade e forma, e levar adiante sua atividade segundo suas próprias linhas, quer estejamos lidando com uma forma em um dos três reinos da natureza, mantida unida pela força da coesão, demonstrando características, perseguindo sua própria vida instintiva e trabalhando como um todo em direção a alguma coisa mais elevada e melhor.
a) Por isso a alma é aquilo que dá características distintas e
diferentes manifestações à forma.
b) A alma atua sobre a matéria, forçando-a a assumir certas formas, a
responder a certas vibrações e a erigir aquelas formas fenomênicas
específicas que nós reconhecemos no mundo do plano físico como mineral,
vegetal, animal e humana – e para o iniciado certas outras formas, além
disso.
4 – As qualidades, vibrações, cores e características, em todos os reinos da natureza, são qualidade da alma, como são os poderes latentes em qualquer forma procurando expressão e demonstrando potencialidade. Na sua totalidade, ao fim do período evolutivo, revelarão qual é a natureza da vida divina e da alma do mundo – aquela super alma que revela o caráter de Deus.
a) Por isso, a alma, através destas qualidades e características, se
manifesta como resposta consciente à matéria, pois as qualidades são
trazidas à existência através da interação dos pares de opostos,
espírito e matéria e seus efeitos recíprocos. Esta é a base da
consciência
b) A alma é o fator consciente em todas as formas, a fonte daquela
conscientização que todas as formas registram e daquela capacidade de
responder às condições grupais ambientes que as formas em todos os reinos
da natureza demonstram.
c) Por isso, a alma poderia ser definida como o aspecto significativo em toda
forma (feita através desta união do espírito e matéria) que sente,
registra a plenitude de consciência, atrai e repele, responde ou nega
resposta e mantém todas as formas numa condição constante de atividade
vibratória.
d) A alma é a entidade perceptiva produzida através da união do
Pai-Espírito e da Mãe-Matéria. É aquilo que no mundo vegetal, por
exemplo, produz resposta aos raios do sol e ao desabrochar de um botão; é
aquilo que no mundo animal capacita a amar seu dono, caçar sua presa e
obedecer à própria vida instintiva; é aquilo, no homem, que o torna
consciente de seu meio e de seu grupo, que o capacita a viver sua vida nos
três mundos de sua evolução normal como o observador, o percebedor e o
ator. É isto que o capacita, finalmente, a descobrir que esta alma é dual e
que parte dela corresponde à alma animal e parte dela desconhece sua alma
divina. A maioria, contudo, no tempo atual, não será encontrada funcionando
plenamente, nem puramente animal, nem puramente divina, mas sim, podendo ser
considerada como almas humanas.
5 – A alma do universo é – para melhor clareza – capaz de
diferenciação, ou antes (graças às limitações da forma através das
quais aquela alma tem de atuar), capaz de reconhecimento em diferentes graus
de vibração e estágios de desenvolvimento. A natureza da alma no universo,
por isso, manifesta-se em certos grandes estados de percepção com muitas
condições intermediárias, das quais as maiores podem ser assim
enumeradas:
b) Consciência sensível inteligente, ou seja, a que é evidenciada nos reinos mineral e vegetal. É esta que é responsável pela qualidade, forma e coloração das formas vegetais e minerais e por suas naturezas específicas.
c) Consciência animal, a conscientização da resposta da alma de todas as formas no reino animal, produzindo suas distinções, espécies e natureza.
d) Consciência humana, ou autoconsciência, em direção à qual tem tendido o desenvolvimento da vida, da forma e da consciência nos outros três reinos. Este termo relaciona-se com a consciência individual do homem e nos estágios primitivos é mais animal do que divina, devido à dominância do corpo animal com seus instintos e tendências. O homem é definido com precisão como “um animal mais um Deus”. Mais tarde ela é mais estritamente humana, nem puramente animal nem inteiramente divina, mas flutuando entre os dois estágios, assim tornando o reino humano o grande campo de batalha entre os pares de opostos, entre o estímulo ou impulso do espírito e o engodo da matéria ou mãe-natureza e entre o chamado eu-inferior e o homem espiritual.
e) Consciência do Grupo, que é a consciência das grandes totalidades, alcançada pelo homem através do desenvolvimento, antes de tudo, de sua consciência individual, a totalidade das vidas de suas naturezas animal, emocional e mental, mais a centelha da divindade habitando dentro da forma que elas criam. Então vem a tomada de consciência de seu grupo, como especificada para ele no grupo de discípulos trabalhando sob algum Mestre que representa para ele a Hierarquia.
f) A Hierarquia poderia ser definida como a totalidade daqueles filhos de homens que não estão mais centralizados na autoconsciência individualizada, mas que entraram numa compreensão mais ampla, da vida do grupo planetário, até a completa conscientização do grupo, da vida em Quem todas as formas têm sua existência, a consciência do Logos planetário, aquele “Espírito perante o trono” Que se manifesta através da forma de um planeta, como o homem se manifesta através de sua forma no reino humano.
A alma por isso pode ser considerada como a unificada sensibilidade e a relativa conscientização daquilo que jaz por trás da forma de um planeta e de um sistema solar. Estas últimas são a totalidade de todas as formas orgânicas ou inorgânicas, como o materialista as diferencia. A alma, embora constituindo um grande todo, é, todavia, limitada em sua expressão pela natureza e qualidade da forma na qual se acha e há conseqüentemente formas que são altamente reativas à alma, da qual também são expressão, e outras que – devido à sua densidade e à qualidade dos átomos dos quais são compostas – são incapazes de reconhecer os aspectos superiores da alma ou de expressar mais do que sua vibração, tom ou cor inferiores. O infinitamente pequeno é reconhecido, o infinitamente vasto é presumido; mas, contudo, ele permanece como um conceito até o momento em que a consciência do homem seja inclusiva, tão bem quanto exclusiva. Este conceito será compreendido quando se estabelecer contato com o segundo aspecto e os homens compreenderem a natureza da alma. Deve-se também lembrar que exatamente assim como a trindade básica de manifestação produziu simbolicamente no homem como a quota de energia dele (energia física), seu sistema nervoso e a massa corporal, também a alma pode ser conhecida como uma trindade, as correspondências superiores das inferiores.
Antes de tudo existe o que se poderia chamar a vontade espiritual – aquela quota da vontade universal que qualquer alma pode expressar e que é adequada ao propósito de capacitar o homem espiritual a cooperar no plano e propósito da grande vida na qual ele tem sua existência. Há também a Segunda qualidade da alma que é o amor espiritual, a qualidade da consciência do grupo, da inclusividade, da mediação, da atração e da unificação. Esta é a característica capital da alma, pois somente a alma a tem como o fator dinâmico. O espírito, ou mônada, é primariamente distinguido pela inteligência, mas a alma tem destacadamente a qualidade de amor que demonstra como sabedoria também, quando a inteligência da natureza do corpo se funde com o amor da alma.
Corpo – a Aparência Fenomênica. Pouca coisa precisa ser escrita sobre isto aqui, pois a natureza do corpo e o aspecto forma têm sido objeto de investigação e assunto para a reflexão e discussão dos pensadores do mundo há séculos. O investigador moderno admite a Lei da Analogia como base de suas premissas e reconhece, às vezes, que a teoria hermética “como acima, assim é embaixo” pode lançar muita luz sobre os problemas atuais. Os postulados que se seguem podem ajudar a esclarecer:
1 – O Homem, em sua natureza corpórea, é uma totalidade, uma unidade.
2 – Esta totalidade é subdividida em muitas partes e organismos.
3 – Contudo, estas muitas subdivisões funcionam de uma maneira unificada e o corpo é um todo correlacionado.
4 – Cada uma de suas partes difere na forma e na função, porém são todas interdependentes.
5 – Cada parte e cada organismo é, por sua vez composto de moléculas, células e átomos, e todos são mantidos unidos na forma de um organismo pela vida da totalidade.
6 – A totalidade chamada homem pode ser aproximadamente dividida em cinco partes, algumas de maior importância do que outras, porém todas completando esse organismo vivo que nós chamamos ser humano:
a) A cabeça.
b) O torso superior, ou a parte que fica acima do diafragma.
c) O torso inferior, ou a parte abaixo do diafragma.
d) Os braços.
e) As pernas.
7 – Esses organismos servem a propósitos diversos, e sobre o seu devido
funcionamento e ajustamento apropriado depende o conforto do todo.
8 – Cada um destes tem sua própria vida, que é a totalidade da vida de
sua estrutura atômica, e é também animado pela vida unificada do todo,
dirigida a partir da cabeça pela vontade inteligente ou energia do homem
espiritual.
9 – A parte importante do corpo é a tríplice divisão de cabeça, torso
superior e torso inferior. O homem pode funcionar e viver sem braços e
pernas.
10 – Cada uma destas três partes é, por sua vez, tríplice do ponto de
vista físico, constituindo a analogia das três partes da natureza do homem
e das nove da vida monádica perfeita. Há outros órgãos, porém os
enumerados são aqueles de maior significado esotérico do que os demais.
a) No interior da cabeça encontram-se:
1 – Os cinco ventrículos do cérebro, ou o que podemos chamar de
cérebro como um organismo unificado.
2 – O seio carotídeo e as glândulas pineal e hipófise.
3 – Os dois olhos.
b) No interior da parte superior do torso estão:
1 – A garganta.
2 – Os pulmões.
3 – O coração
c) Na parte inferior do torso estão:
1 – O baço.
2 – O estômago.
3 – Os órgãos sexuais.
11 – A totalidade do corpo é também tríplice:
a) A pele e a estrutura óssea.
b) O sistema vascular ou sangüíneo.
c) O tríplice sistema nervoso.
12 – Cada uma destas triplicidades correspondem às três partes da natureza do homem:
a) Natureza física: a pele e a estrutura óssea são a analogia dos
corpos denso e etérico do homem.
b) Natureza da alma: Os vasos sangüíneos e o sistema circulatório são a
analogia dessa alma todo-penetrante que permeia todas as partes do sistema
solar, assim como o sangue percorre todas as partes do corpo.
c) Natureza do espírito: O sistema nervoso, que energiza e atua no homem
físico, é a correspondência da energia do espírito.
13 – Na cabeça temos a analogia do aspecto espírito, a vontade dirigente, a mônada, o Uno.
a) O cérebro com seus cinco ventrículos é a analogia da forma física
que o espírito anima em relação ao homem, quíntupla totalidade que é o
meio pelo qual o espírito, no plano físico, tem para expressar-se.
b) As três glândulas na cabeça estão estritamente relacionadas com a alma
ou natureza psíquica – superior e inferior.
c) Os dois olhos são a correspondência, no plano físico, da mônada, que
é vontade e amor-sabedoria, ou atma-budi, segundo a terminologia ocultista.
14 – Na parte superior do corpo, temos a analogia da tríplice natureza da alma.
a) A garganta, correspondendo ao terceiro aspecto criativo ou natureza
corporal, a inteligência ativa da alma.
b) O coração, o amor-sabedoria da alma, o princípio búdico ou
crístico.
c) Os pulmões, a analogia do sopro da vida, são a correspondência do
espírito.
15 – Na parte inferior do torso, temos novamente este tríplice sistema:
a) Os órgãos sexuais, o aspecto criativo, o modelador do corpo.
b) O estômago, como manifestação física do plexo solar, é a analogia da
natureza da alma.
c) O baço, o receptor da energia e, portanto, a expressão no plano físico
do centro que recebe esta energia, é a analogia do espírito energizante.
O corpo vital é a expressão da energia da alma e tem a seguinte função:
1 – Ele unifica e liga num todo a soma de todas as formas.
2 – Ele dá a cada forma sua particular qualidade e isto se deve:
a) Ao tipo de matéria atraído para aquela particular parte da trama da
vida.
b) À posição no corpo do Logos planetário, por exemplo, de qualquer forma
específica.
c) Ao particular reino da natureza que está sendo vitalizado.
3 – É o princípio da integração e a força de coesão da
manifestação, no sentido estritamente físico.
4 – Esta trama é a analogia subjetiva com o sistema nervoso, e os
iniciantes na ciência esotérica podem, se se recordarem disso, representar
para si mesmos uma rede de nervos e plexos distribuídos pelo corpo todo, ou
a totalidade de todas as formas, coordenando e ligando e produzindo uma
unidade essencial.
5 – Dentro dessa unidade está a diversidade. Assim como os vários
órgãos do corpo humano estão inter-relacionados pela ramificação do
sistema nervoso, também dentro do corpo do Logos planetário estão os
vários reinos da natureza e a multiplicidade de formas. Por trás do
universo objetivo está o corpo sensível mais sutil – um organismo, não
muitos, uma forma sensível, conectada e capaz de reagir aos estímulos.
6 – Essa forma sensível não é somente a que responde ao meio ambiente,
mas, é o transmissor – de fontes internas – de certos tipos de energia e
o objetivo deste estudo pode ser aqui fixado como o de considerar os vários
tipos de energia transmitida à forma no reino humano, a capacidade da forma
em responder aos tipos de força, os efeitos dessa força sobre o homem e sua
gradual capacidade de resposta à força emanando:
a) Do seu meio ambiente, mais o seu próprio corpo físico externo.
b) Do plano emocional, ou força astral.
c) Do plano mental, ou correntes de pensamento.
d) Da força egóica, uma força somente registrada pelo homem e da qual o
quarto reino da natureza é o guardião e tem efeitos misteriosos e
peculiares.
e) Do tipo de energia que produz a concreção das idéias no plano
físico.
f) Da energia estritamente espiritual, ou força do plano da mônada.
Os diferentes tipos de força podem todos ser registrados no reino humano.
Alguns deles podem ser registrados nos reinos subumanos e o aparelho do corpo
vital no homem é de tal modo constituído que através de suas três
manifestações objetivas, o sistema nervoso tríplice, através dos sete
plexos maiores, dos gânglios nervosos menores e dos muitos milhares de
nervos, o homem objetivo inteiro pode responder a:
b) Energias geradas e emanando de qualquer parte da trama da vida etérica planetária.
c) A trama da vida solar.
d) As constelações do Zodíaco que parecem ter um real efeito sobre nosso planeta e das quais a astrologia é ainda um estudo imaturo.
e) Certas forças cósmicas que, será reconhecido mais tarde, atuam e produzem modificações em nosso sistema solar e conseqüentemente sobre nosso planeta e em todas as formas sobre e dentro dessa vida planetária.
A tudo isso a trama da vida planetária responde e, quando os astrólogos trabalharem de modo ocultista e considerarem o horóscopo planetário chegarão mais rapidamente à compreensão das influências cósmicas e zodiacais.
A “anima mundi” é aquilo que está por trás da trama da vida. Esta última é apenas o símbolo físico dessa alma universal; é o sinal visível e externo da realidade interior, a concreção da entidade sensível que reage e que liga o espírito à matéria. Esta entidade nós chamamos de alma universal, o princípio médio do ponto de vista da vida planetária. Quando nós estreitamos o conceito até a família humana e consideramos o homem individualmente, nós o chamamos de princípio mediador, pois a alma da humanidade não é somente uma entidade unindo o espírito e a matéria, e mediando entre a mônada e a personalidade, mas a alma da humanidade tem uma função ímpar de exercer a mediação entre os três reinos superiores da natureza e os três inferiores. Os três superiores são:
1 – A Hierarquia Espiritual de nosso planeta, espíritos da natureza ou anjos e espíritos humanos, que ficam num ponto especial na escada da evolução. Destes, Sanat Kumara, encarnando um princípio do Logos planetário, é o mais elevado, e um iniciado do primeiro grau é o mais baixo, com correspondentes entidades no que nós chamamos de reino dos anjos, ou devas.
2 – A Hierarquia dos Raios – certos grupamentos dos sete raios em relação com nosso planeta.
3 – Uma Hierarquia de Vidas, reunidas por um processo evolutivo fora de nossa evolução planetária e de quatro outros planetas, as quais incorporam em si mesmas o propósito e plano do Logos em relação com os cinco planetas envolvidos.
Ao estreitar o conceito, descendo até o microcosmo, o ego ou alma age verdadeiramente como o princípio médio conectando a Hierarquia das Mônadas com formas diversificadas que elas usam seqüencialmente no processo de :
a) Ganhar certas experiências, resultando em atributos adquiridos.
b) Produzir certos efeitos, iniciados num sistema anterior.
c) Cooperar no plano do Logos Solar em relação com o Seu (se se pode usar
um pronome falando de uma vida que é uma existência e, no entanto, é um
conceito estendido) Carma – um ponto muitas vezes desprezado. Esse Seu
Carma precisa ser esgotado através do método de encarnação e o
subseqüente resultado da energia encarnada sobre a substância da forma.
Isto é simbolizado para nós, se ao menos pudéssemos alcançá-lo, na
relação do sol com a lua. “O Senhor Solar com seu calor e luz galvaniza
os moribundos Senhores Lunares para uma vida espúria. Esta é a grande
ilusão; e a Maya de Sua Presença” – assim diz o Antigo Comentário
freqüentemente citado. Da mesma forma, o conceito acima tem nele verdades
para a alma individual.
Este princípio mediador está agora em processo de revelação. O aspecto
inferior está funcionando. O superior permanece desconhecido, mas aquilo que
os liga (e ao mesmo tempo revela a natureza do superior) está na iminência
de ser descoberto. A estrutura, o mecanismo, está agora pronta e
desenvolvida para ser utilizada; a vida vital que pode guiar e motivar a
máquina está igualmente presente e o homem agora pode inteligentemente usar
e controlar, não somente a máquina, mas o princípio ativo.
O grande símbolo da alma no homem é o seu corpo vital ou etérico e pelas
seguintes razões:
1 – Ele é a correspondência física com a luz interior do corpo a que
chamamos o corpo da alma, o corpo espiritual. É chamado a “taça de
ouro” na Bíblia e se distingue por:
a) Sua qualidade luminosa.
b) Seu ritmo de vibração, que sincroniza sempre com o desenvolvimento da
alma.
c) Sua força de coesão ligando e conectando cada parte da estrutura
corporal.
2 – É a “trama da vida” microscópica, pois ela se acha sob toda parte da estrutura física e tem três propósitos:
a) Transportar através do corpo o princípio vital, a energia que produz
a atividade. Isso ela faz através do sangue e o ponto focal para esta
distribuição é o coração. Ele é o condutor da vitalidade física.
b) Capacitar a alma, ser humano ou homem espiritual, a ficar em relação com
seu ambiente. Isto é desenvolvido através de todo o sistema nervoso e o
ponto focal dessa atividade é o cérebro. Este é a sede da receptividade
consciente.
c) Produzir, finalmente, através da vida e da consciência, uma atividade
radiante, ou manifestação de glória, que tornará cada ser humano um
centro de atividade para distribuição de luz e energia atrativa para outros
no reino humano e, através do reino humano, para os reinos subumanos. Esta
é uma parte do plano do Logos planetário para a vitalização e renovação
da vibração dessas formas que nós designamos subumanos.
3 – Este símbolo microcósmico da alma não somente serve de apoio para
a estrutura física inteira e assim é um símbolo da “anima mundi”, ou a
alma do mundo, mas é indivisível, coerente e uma entidade unificada, desta
maneira simbolizando a unidade e homogeneidade de Deus. Não há organismos
separados nele, mas é simplesmente um corpo de força fluindo livremente,
essa força sendo uma mistura ou unificação de dois tipos de energia em
quantidades variáveis, energia dinâmica e energia magnética ou atrativa.
Esses dois tipos caracterizam igualmente a alma universal – a força da
vontade e a do amor, ou de atma e budi, e é o jogo destas duas forças sobre
a matéria que atrai para o corpo etérico de todas as formas os átomos
físicos necessários e que – tendo-os assim atraído – pela força da
vontade os dirige para atividades definidas.
4 – Este corpo coerente e unificado de luz e energia é o símbolo da alma,
tendo dentro de si sete pontos focais, onde a condensação, se é preciso
chamá-la assim, das duas energias que se fundiram, se intensifica. Esses
correspondem aos sete pontos focais no sistema solar, por onde o Logos Solar,
através dos sete Logos Planetários, focaliza Suas energias. O ponto a ser
notado aqui é simplesmente a natureza simbólica do corpo etérico ou vital,
pois é compreendendo-se a natureza das energias manifestadas e a natureza
unificada da forma e do trabalho, que se pode alcançar alguma idéia
relativa ao trabalho da alma, o princípio mediador da natureza.
5 – O simbolismo também pode ser desenvolvido quando alguém se lembra que
o corpo etérico liga o corpo denso, puramente físico, com o corpo astral ou
emocional, puramente sutil. Nisto se vê o reflexo da alma no homem, a qual
liga os três mundos – correspondendo aos aspectos sólido, líquido e
gasoso do corpo humano estritamente físico – aos planos superiores no
sistema solar, ligando assim o mental ao búdico e a mente aos estados
intuicionais da consciência.
A Mente Universal pode ser melhor entendida na medida em que
ela se expressa através do que nós chamamos a mente concreta, a mente
abstrata e a intuição ou razão pura.
A mente concreta é a faculdade da construção da forma. Os
pensamentos são coisas.
A mente abstrata é a faculdade de modelar padrões, ou a
mente que trabalha com os anteprojetos sobre os quais as formas são
modeladas.
A intuição ou razão pura é a faculdade que capacita o
homem a entrar em contato com a Mente Universal e alcançar o plano
sinteticamente, lançar-se sobre as Idéias divinas ou isolar alguma verdade
fundamental e pura.
O objetivo de todo trabalho de um aspirante é compreender aqueles aspectos
da mente com os quais ele tem que aprender a trabalhar. Seu trabalho,
portanto, poderia assim ser resumido:
1 – Ele tem que aprender a pensar, a descobrir que ele tem um aparelho
chamado mente e a desvelar suas faculdades e poderes.
2 – Em seguida, ele tem de aprender a recuar em seus processos de
pensamento e das propensões a construir formas e descobrir as idéias que se
situam sob o pensamento-forma divino, o processo mundial, e assim aprender a
trabalhar em colaboração com o plano e subordinar a construção do seu
próprio pensamento-forma a essas idéias. Ele tem de aprender a penetrar no
mundo dessas idéias divinas e a estudar o “modelo das coisas nos céus”
tal como é chamado na Bíblia. Ele precisa começar a trabalhar com os
anteprojetos sobre os quais tudo o que existe é moldado e modelado. Ele se
torna então um estudante-simbolista, e de um idólatra ele passa a ser um
idealista divino.
3 – Daquele idealismo desenvolvido ele deve progredir ainda mais
profundamente, até entrar no reino da intuição pura. Ele poderá então
tocar a verdade em sua fonte. Ele entra na Mente do Próprio Deus. Ele intui
tão bem quanto idealiza e é sensível aos pensamentos divinos. Eles
fertilizam sua mente. Mais tarde, ao elaborar tais intuições, ele as
chamará de idéias ou ideais e baseará nelas todo seu trabalho e conduta
nas atividades.
4 – Depois segue-se o trabalho de construção consciente do
pensamento-forma, baseado nestas idéias divinas, emanando como intuições
da Mente Universal.
Personalidade – Todas as formas, em si mesmas, não são
expressões de uma personalidade. Para assegurar isto, três tipos de energia
precisam estar presentes – três tipos, fundidos, misturados e coordenados
num organismo funcionante. Uma personalidade é, portanto, uma fusão da
energia mental, da energia emocional e da força vital, e estas três estão
mascaradas, ocultas ou reveladas por uma concha externa ou forma de matéria
física densa. Esta crosta externa é em si mesma uma forma de energia
negativa. O resultado desta união de três energias em uma forma objetiva é
a consciência-própria. Sua função produz aquele sentido de
individualidade que justifica o uso da palavra “eu” e que relaciona todas
as ocorrências a um ego. Onde esta entidade central consciente existe,
utilizando a mente, reagindo sensorialmente através do corpo emocional e
energizando o físico denso (via o corpo vital) então existe uma
personalidade. É a existência autoconsiente na forma. É a consciência da
identidade em relação às outras identidades e isto é igualmente
verdadeiro de Deus ou do homem. É um senso de identidade, todavia, que
persiste somente durante o processo criador e por tanto tempo quanto o
aspecto matéria e o aspecto consciência apresentem a eterna dualidade da
natureza. Em nosso desenvolvimento evolutivo ela não é conscientizada nas
formas subumanas; ela é conscientizada no reino humano e é conscientizada
mas fundida e negada pelas formas e consciências maiores a que nós chamamos
de super-humanas.
Antakarana. Sutratma. O antakarana é a ponte que o homem constrói
– através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo
da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por esta
razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:
1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta
compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo
etérico e dos centros de força.
2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo
assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do
desenvolvimento da alma, moradora interna.
3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior,
para que a iluminação da personalidade se torne possível.
Devemos nos treinar para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o
fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro
é a base da continuidade. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as
formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o
propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um cristal. O
outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da
forma a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo
envolvente.
O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser
considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente
fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou
aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o
desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da
vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da
alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu
ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal
central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece
senão a vida.
O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da
substância ou das energias básicas que constituem a primeira
diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente
emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das
dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um
resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando
simbolicamente, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e
é a preciptação da vida na manifestação exterior. O antakarana é
tecido, evolui e é criado como resultado desta criação primária e
trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno
exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.
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5 – PROPOSIÇÕES
Abordaremos a seguir as idéias-semente sobre educação. Elas nos ajudarão
nas formulações de propostas e métodos.
Inicialmente, dois pontos nortearão a nossa atenção:
1 – A Técnica da Educação do Futuro.
2 – A Ciência do Antakarana. Esta se refere ao modo de vencer o vazio que
existe na consciência do homem entre o mundo da experiência humana comum, o
mundo tridimensional da atividade física-emocional-mental, e os níveis
superiores do chamado desenvolvimento espiritual, que é o mundo das idéias,
da percepção intuitiva, da visão e compreensão espiritual.
I – A educação, até o presente, tem-se ocupado com a arte de sintetizar
a história do passado, com a realização do passado em todos os
departamentos do pensamento humano, e no conseguir registrar o conhecimento
humano. Lida com aquelas formas de ciência das quais evoluiu o passado. E,
primordialmente, uma visão retrospectiva e não uma visão prospectiva.
Entretanto há muitas e notáveis exceções em tal atitude.
II – A educação deteve-se principalmente na organização da mente
inferior e a capacidade de uma criança tem sido grandemente avaliada por sua
reação à informação acumulada (no que concerne à educação) e aos
dados confrontados e coletados, entregues em seqüência, dirigidos e
organizados para equipar a criança para competir com a informação que
outros possuem.
III – A educação tem sido, até agora, grandemente um treino de memória,
apesar de estar atualmente surgindo o reconhecimento de que tal atitude
precisa acabar. A criança deve assimilar os fatos que a humanidade acredita
serem verdadeiros, tenha experimentado no passado, e achado adequados. Mas
cada era tem um critério diferente de adequação. A Era de Peixes lidou com
o detalhe do esforço para alcançar um ideal. Daí termos uma história que
cobre o método pelo qual as tribos adquiriram “status” nacional através
da agressão, da guerra e da conquista. Isso foi indicativo da realização
racial.
A geografia baseou-se numa reação semelhante à idéia de expansão e,
através dela, a criança aprendeu como os homens, levados por necessidades
econômicas e outras necessidades, conquistaram territórios e absorveram
terras. Também isto, e acertadamente, tem sido considerado como uma
realização racional. Os vários ramos da ciência também têm sido
considerados como constituindo a conquista de áreas territoriais e, uma vez
mais, isto tem sido aplaudido como realização racial. As conquistas da
ciência, as conquistas das nações e as conquistas de territórios são
todas indicativas do método de Peixes, com seu idealismo, sua combatividade
e sua separatividade em todos os campos – religioso, político e
econômico. Mas a era da síntese, da inclusividade e do conhecimento está
sobre nós, e a nova educação da Era de Aquário precisa começar muito
suavemente e penetrar na aura humana.
IV – A educação é mais do que treinamento de memória e mais do que
informar uma criança ou um estudante sobre o passado e suas façanhas. Esses
fatores têm seu valor e o passado deve ser compreendido e estudado, pois
dele deve crescer o que é novo, sua floração e seus frutos. A educação
envolve mais do que a investigação de um assunto e a formação de
conclusões subseqüentes, levando a hipóteses que, por sua vez, levam a
ainda mais investigação e conclusões. A educação é mais do que um
esforço sincero para preparar uma criança ou um adulto para ser um bom
cidadão, um pai inteligente e não constituir qualquer encargo ao Estado.
Tem uma aplicação mais ampla do que produzir um ser humano que venha a ser
um proprietário comercial e não uma responsabilidade comercial. A
educação tem outros objetivos além de tornar a vida agradável e assim
capacitar homens e mulheres a adquirir uma cultura que lhes permitirá
participar com interesse de tudo que transpira nos três mundos das questões
humanas. É tudo isso, mas deveria ser muito mais.
V – A educação tem três objetivos principais, do ponto de vista do
desenvolvimento humano:
Primeiro, como foi entendido por muitos, deve fazer de um homem um cidadão
inteligente, um pai sábio e uma personalidade controlada; deve adequá-lo
para desempenhar seu papel no trabalho do mundo e capacitá-lo para viver de
modo pacífico e útil, em harmonia com seus vizinhos.
Segundo, deve capacitá-lo para preencher a lacuna entre os vários aspectos
de sua própria natureza mental, e nisto jaz a maior ênfase das instruções
que me proponho a dar.
Na filosofia esotérica somos ensinados, como bem sabem, que no plano mental
há três aspectos da mente, ou daquela criatura mental que denominamos um
homem. Esses três aspectos constituem a parte mais importante de sua
natureza:
1 – Sua mente concreta inferior, o princípio do raciocínio. É a este
aspecto do homem que nossos processos educacionais se dedicam.
2 – O Filho da Mente a que chamamos Ego ou Alma. Este é o princípio da
inteligência e é denominado por muitos nomes na literatura esotérica, tais
como o Anjo Solar, os Agnishvattas, o princípio Crístico, etc. Com este, a
religião no passado afirmou ocupar-se.
3 – A mente abstrata superior, o guardião das idéias, mensageiro da
iluminação para a mente inferior, desde que essa mente inferior esteja em
comunicação com a alma. Deste mundo das idéias a filosofia tem declarado
ocupar-se.
Poderíamos denominar estes três aspectos:
A mente receptiva, a mente com a qual lidam os psicólogos.
A mente individualizada, o Filho da Mente.
A mente iluminada, a mente superior.
Terceiro, a lacuna entre a mente inferior e a alma tem de ser preenchida
e, por estranho que pareça, a humanidade sempre o percebeu e daí ter,
conseqüentemente, falado em termos de alcançar a unidade,
ou fazer a unificação, ou efetuar o
alinhamento. São tentativas para expressar esta verdade percebida
intuitivamente.
VI – A educação também deveria se preocupar, durante a nova era, com o
preenchimento dessa lacuna entre os três aspectos da natureza da mente:
entre a alma e a mente inferior, disso resultando a unificação entre a alma
e a personalidade; entre a mente inferior, a alma e a mente superior. Para
isso a humanidade está agora pronta e, pela primeira vez na carreira da
humanidade, o trabalho da construção da ponte pode prosseguir numa escala
relativamente ampla.
VII – A educação é, por isso, a Ciência do Antakarana. Esta ciência e
este termo são a maneira esotérica de expressar a verdade sobre a
necessidade desta construção da ponte. O antakarana é a ponte que o homem
constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho
criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por
essa razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:
1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta
compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo
etérico e dos centros de força.
2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo
assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do
desenvolvimento da alma, moradora interna.
3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior,
para que a iluminação da personalidade se torne possível.
VIII – A verdadeira educação é, conseqüentemente, a ciência de unir
as partes integrais do homem, e também de ligá-los, por sua vez, com seu
ambiente imediato, e daí com o todo maior no qual terá de desempenhar seu
papel. Cada aspecto, visto como um aspecto inferior, pode sempre ser
simplesmente a expressão do superior seguinte. Nesta frase está uma verdade
fundamental que engloba não somente o objetivo, mas mostra também o
problema ante todos os interessados na educação. Este problema é avaliar
com precisão o centro, ou foco, da atenção de um homem e indicar onde a
consciência está centrada primordialmente. Ele deve, então, ser treinado
de tal maneira que uma mudança daquele foco para um veículo superior seja
possível. Podemos também expressar esta idéia de uma maneira igualmente
verdadeira dizendo que o veículo que parece de suprema importância pode
tornar-se, e deveria tornar-se, de importância secundária à medida que se
transforma, simplesmente, no instrumento daquilo que é superior a si mesmo.
Se o corpo astral (emocional) é o centro da vida da personalidade, então o
objetivo do processo educacional imposto à matéria será fazer da natureza
mental o fator dominante, e o corpo astral, por isso, torna-se aquele que é
impressionado pelas condições ambientais e é sensível às mesmas, mas sob
o controle da mente. Se a mente é o centro da atenção da personalidade,
então a atividade da alma precisa ser trazida à expressão mais completa; e
o trabalho assim prossegue, continuamente, o progresso se processando passo a
passo até que o topo da escada seja alcançado.
Deveria ser notado aqui que esta exegese inteira da mente e da necessária
construção da ponte, não passa da demonstração prática da verdade do
aforismo ocultista de que “antes que um homem possa palmilhar o Caminho,
precisa tornar-se o próprio Caminho”. O antakarana é, simbolicamente, o
Caminho. Este é um dos paradoxos da ciência esotérica. Passo a passo, de
estágio a estágio, construímos esse Caminho, do mesmo modo que a aranha
tece seu fio. É aquele caminho de volta que desenvolvemos
de dentro de nós mesmos; é aquele Caminho que também encontramos e
trilhamos.
Algumas Perguntas Respondidas.
Em resposta à primeira indagação, a função principal de todos os
educadores é dupla:
1 – Treinar o cérebro para responder inteligentemente às impressões
chegadas a ele pela via do aparelho sensório, trazendo assim a informação
sobre o mundo exterior tangível.
2 – Treinar a mente de maneira a poder cumprir três deveres:
a) Lidar inteligentemente com a informação transmitida a ela pelo
cérebro.
b) Criar formas-pensamento em resposta aos impulsos emanando
do plano físico; às reações emocionais postas em ação
pela natureza da sensação-desejo; ao mundo do pensamento,
no qual o meio ambiente do homem é encontrado.
c) Orientar a si mesmo para o ser espiritual subjetivo, de modo a que, de uma
condição de potencialidade, possa o ser emergir a um domínio ativo.
Nesta formulação da função do instrumental com o qual todos os
educadores têm que lidar (a mente e o cérebro), mostrei a resposta à
Segunda pergunta feita, que foi:
“Haverá tipos definidos de atividades, mudando com o correr dos anos e
baseados nas fases do processo de crescimento do indivíduo, que contribuam
para seu desenvolvimento total?”
Divirjo algo no que diz respeito aos períodos indicados por instrutores
ocultistas, como Steiner, pois apesar dos ciclos de sete anos terem seu
lugar, a divisão é passível de ser usada em excesso. Sugeriria também os
ciclos de desenvolvimento de dez anos, divididos em duas partes: sete de
aprendizado e três de aplicação.
Nos dez primeiros anos da vida de uma criança é-lhe ensinado como lidar
inteligentemente com a informação que lhe chega ao cérebro através dos
cinco sentidos. Observação, resposta rápida e coordenação física como o
resultado da intenção, devem ser enfatizados. A criança precisa ser
ensinada a ouvir e a ver, a fazer contatos e usar discernimento; e seus dedos
devem responder a impulsos criativos para fazer e reproduzir o que ela vê e
ouve. Assim são dispostos os elementos das artes e do artesanato, do desenho
e da música.
Nos dez anos seguintes a mente estará definitivamente treinada para se
tornar dominante. A criança é ensinada a racionalizar suas emoções e seus
impulsos de desejo, e a discriminar o certo do errado, o desejável do
indesejável, e o essencial do não essencial. Isso lhe pode ser ensinado
através da história e do treinamento intelectual, que o ciclo de sua vida
torna compulsório sob as leis do país no qual viva. Um senso de valores e
de padrões de direito é assim estabelecido. Ela aprende a distinguir entre
o treinamento da memória e do pensamento; entre conjuntos e fatos,
averiguados por pensadores e tabulados nos livros, e sua aplicação aos
conhecimentos da existência objetiva, além de (e aqui jaz um pensamento de
real importância) sua causa subjetiva e a relação deles com o mundo da
realidade, do qual o mundo fenomênico não é senão um símbolo.
À idade de dezessete anos o estudo de psicologia será acrescentado ao resto
do currículo e a natureza da alma e sua relação com a Alma do Mundo será
investigada. A meditação, seguindo linhas adequadas, será parte do
currículo. Deverá ser observado aqui, entretanto, que as implicações
religiosas da meditação são desnecessárias. A meditação é o processo
pelo qual as tendências objetivas e os impulsos vindos da mente são
frustrados e ela começa a ser subjetiva, a focalizar e a intuir. Isto pode
ser ensinado por meio de um pensamento profundo sobre qualquer assunto –
matemática, biologia, e assim por diante.
A tendência da nova educação deverá se tornar o sujeito do experimento
educacional, possuidor consciente de seu equipamento; deverá pô-lo com
visão clara perante a vida, com portas franqueadas ao mundo dos fenômenos
objetivos e das correlações; deverá trazê-lo ao conhecimento de uma porta
que conduz ao mundo da Realidade e através da qual ele poderá passar à
vontade e ali assumir e elaborar sua relação com outras almas.
Esta Segunda questão – relacionada com o tipo de experiência que ajudaria
a criança a completar seu desenvolvimento e suplementaria o currículo legal
compulsório – é quase impossível de responder, devido às grandes
diferenças entre os seres humanos e à impossibilidade prática de encontrar
aqueles professores que trabalham com as almas tanto quanto com as mentes.
Toda criança deveria ser estudada em três direções. Primeiro, para
averiguar a tendência natural de seus impulsos: serão eles tendentes à
expressão física, ao labor manual, no qual se deveria incluir uma larga
margem de oportunidades, tais como as de um operário mecânico de fábrica e
a habilidade treinada de um eletricista? Haverá uma capacidade latente para
uma ou outra arte, uma reação à cor e à forma, ou uma resposta à música
e ao ritmo? Será a capacidade intelectual o que justificaria seguramente um
treinamento mental em análise, dedução, matemática ou lógica? Então,
talvez, conforme a vida prossiga, nossos jovens sejam classificados em dois
grupos: o místico, sob cujo título poder-se-iam agrupar aqueles com
tendências religiosas, artísticas e não práticas; e o ocultista, que
incluiria os tipos intelectuais, científicos e mentais. Ao chegar aos
dezessete anos, o treinamento dado deverá ter capacitado o adolescente para
vibrar claramente sua nota, e deverá ter mostrado o curso que os impulsos de
sua vida mais provavelmente tomarão. Nos primeiros quatorze anos,
dever-se-ia dar-lhe oportunidade para experimentar em muitos campos de
oportunidade. O treinamento puramente vocacional não deveria ser enfatizado
até os anos ulteriores do processo educacional.
Aproxima-se o tempo em que todas as crianças serão estudadas nos seguintes
aspectos:
1 – Astrologicamente, para determinar as tendências da vida e o
problema peculiar da alma.
2 – Psicologicamente, suplementando o melhor da psicologia moderna com um
conhecimento dos tipos dos Sete Raios, que colorem a psicologia oriental.
3 – Clinicamente, com atenção especial para o sistema endócrino. Além
dos métodos modernos usuais em relação aos olhos, dentes e outros defeitos
fisiológicos. A natureza do mecanismo de resposta será cuidadosamente
estudada e desenvolvida.
4 – Vocacionalmente, para situá-las, mais tarde, na vida onde seus dons e
capacidades possam encontrar a mais completa expressão e assim as habilite a
preencher suas obrigações grupais.
5 – Espiritualmente. Com isso quero dizer que a idade aparente da alma em
consideração será estudada e o lugar na escada da evolução será
percebido aproximadamente: tendências místicas e introspectivas serão
consideradas e sua falta aparente será registrada. A coordenação entre o
cérebro e:
a) o instrumento de resposta no mundo exterior dos fenômenos;
b) os impulsos de desejo, mais as reações emocionais;
c) a mente e o mundo do pensamento;
d) a mente e a alma,
será cuidadosamente investigada para trazer o equipamento da criança,
latente ou desenvolvido, à atividade, e para unificá-lo como um todo.
A terceira pergunta indaga:
“Qual é o processo do desenvolvimento do intelecto no homem?” “Como se
manifesta a mente superior, se o faz, nos anos do crescimento?”
Não é possível, no curto tempo que dispomos, tratar aqui da história do
progresso do desenvolvimento mental. Um estudo de seu crescimento racial
revelará muito, pois cada criança é um epítome do todo. Um estudo, por
exemplo, do crescimento da idéia-Deus na consciência humana daria um
esclarecimento proveitoso dos fenômenos do desenvolvimento do pensamento.
Uma seqüência do crescimento poderia, bem inadequada e brevemente, ser
tabulada como segue, baseada no processo de desenvolvimento de um ser humano:
1 – Resposta ao impacto, os sentidos do infante despertos. Ele começa a
ouvir e a ver
2 – Resposta à posse e à aquisição. A criança começa a apropriar-se,
tornar-se autoconsciente e apossa-se do seu eu pessoal.
3 – Resposta ao instinto que governa a natureza animal e do desejo, e às
tendências humanas.
4 – Resposta ao grupo. A criança torna-se consciente do seu ambiente e de
que é parte integrante de um todo.
5 – Resposta ao conhecimento. Isso começa com a revelação de fatos
informativos e, portanto, do registro, através da memória, desses fatos;
assim são desenvolvidos o interesse, a correlação, a síntese e a
dedicação às exigências da vida.
6 – Resposta à necessidade inata de procura. Isto leva à
experiência no plano físico, à
introspecção no plano emocional e ao estudo
intelectivo e ao amor à leitura ou ao ouvir, trazendo a mente,
dessa maneira, a alguma condição de atividade.
7 – Resposta à pressão econômica e do sexo, ou à lei da sobrevivência.
Isto força-o a usar seu equipamento e conhecimento e assim assumir seu lugar
como gente na vida grupal e promover o bem-estar grupal através de algum
aspecto de trabalho ativo e pela perpetuação da espécie.
8 – Resposta ao conhecimento puramente intelectual. Isto leva ao livre uso
consciente da mente, ao pensamento individual, à criação dos
pensamentos-forma e, finalmente, à orientação firme da mente para um campo
de realização e conscientização cada vez mais amplo. Essas expansões de
consciência trazem, por fim, um novo fator ao campo da experiência.
9 – Resposta ao Pensador ou à alma. Com o registro desta resposta, o homem
entra em seu reino. O que se encontra acima e o que se encontra abaixo se
tornam um. Os mundos objetivos e subjetivos são unificados. A alma e seu
mecanismo funcionam como uma unidade.
Toda educação deveria tender a essa realização. Em geral, exceto em
algumas raras e altamente evoluídas almas, a mente superior não se
manifesta nas crianças, não mais do que o fez na humanidade nascente. Sua
presença só se pode verdadeiramente fazer sentida quando a alma, a mente e
o cérebro estejam alinhados e coordenados. Lampejos de percepção e visão
quando vistos nos jovens são, freqüentemente, a reação de seu muito
sensível mecanismo de resposta a idéias grupais e aos pensamentos
dominantes de seu tempo e idade, ou alguém de seu ambiente.
Tratarei, agora, resumidamente, dos pontos levantados concernentes à atitude
do professor, particularmente em relação aos aspirantes adultos.
O verdadeiro instrutor precisa tratar todos os buscadores com sinceridade e
verdade. Seu tempo (tanto quanto é retido pela equação tempo no plano
físico) é valioso demais para ser desperdiçado com gentilezas sociais ou
abster-se de fazer comentários onde críticas serviriam a um bom propósito.
Ele terá que se apoiar inteiramente na sinceridade daqueles a quem orienta.
Entretanto, nem sempre a crítica e o apontar enganos e erros se mostram
úteis; poderá apenas aumentar a responsabilidade, despertar antagonismos ou
descrédito, ou levar à depressão – três dos mais indesejáveis
resultados do uso da capacidade de crítica.
Estimulando seu interesse, conseguindo uma síntese subjetiva no grupo que
está instruindo e avivando a flama de sua aspiração espiritual, o grupo
poderá chegar à discriminação correta quanto à sua qualidade e
necessidades comuns e assim tornará desnecessária a atitude usual do
instrutor em apontar erros.
Os que estão no raio da instrução aprenderão a ensinar, ensinando. Não
há método mais certo, desde que acompanhado por um profundo amor, pessoal
mas ao mesmo tempo impessoal, aos que serão ensinados. Acima de tudo,
prescrever-lhes-ia o inculcar do espírito grupal, pois essa é a primeira
expressão do verdadeiro amor. Destaco apenas dois pontos:
Em primeiro lugar, ao ensinar crianças até os quatorze anos é necessário
ter em mente que elas estão focalizadas nas emoções. Elas precisam
sentir, e sentir com exatidão, a beleza, a força e a
sabedoria. Não se deve exigir que racionalizem antes disso, mesmo que
mostrem evidência em poder fazê-lo. Depois dos quatorze anos, e durante a
adolescência, sua resposta mental à verdade deverá ser persuadida e
estimulada, para tratarem dos problemas que se apresentem. Mesmo que não
esteja presente, um esforço deveria ser feito para despertá-la.
Em segundo lugar, uma tentativa deve ser feita para avaliar-se o lugar da
criança na escada da evolução através de um estudo dos seus antecedentes,
de seu equipamento físico, da natureza de seu mecanismo de resposta com suas
variadas reações, e seus principais interesses. Essa averiguação
estabelece uma conexão subjetiva com a criança, muito mais potente no seu
resultado do que conseguiriam meses de palavras exaustivamente utilizadas no
esforço de se transmitir uma idéia.
Teorias, Métodos e Metas
É essencial que ao começarmos nosso trabalho, esteja ele baseado no que há
hoje em existência. A natureza trabalha sem vazios e assim
é, mesmo quando (do ponto de vista da ciência acadêmica) haja um hiato
aparente entre os fatos e as espécies conhecidas. Em períodos transitórios
algumas das formas intermediárias desapareceram e o espaço vazio parece
estar ali. Mas, na verdade, não é assim. Não descobrimos ainda tudo o que
há a ser encontrado no mundo da aparência fenomênica. Estamos atravessando
nesta época um dos grandes períodos naturais de transição. Estamos
estabelecendo o alicerce para o aparecimento de uma nova espécie de ser
humano – uma unidade mais altamente evoluída dentro da família humana –
daí muitos dos nossos problemas e muito do fracasso atual em satisfazer as
exigências da raça e avaliar a carência humana pelo desenvolvimento.
Temos, no mundo, uma teoria geral quanto à educação, e certos métodos
básicos são universalmente empregados. Os países variam grandemente na
aplicação de métodos, e os sistemas diferem consideravelmente. Todos,
entretanto, ensinam estas mesmas coisas fundamentais: ensinam os jovens do
país a ler e a escrever e a obter uma medida razoável de habilidade para
calcular através da aritmética elementar. Estes três são curiosamente
simbólicos do completo desenvolvimento evolutivo da humanidade.
A leitura tem a ver com o revestir idéias com a forma e está relacionada ao
primeiro passo no processo criativo, no qual a Deidade governada ou impelida
por uma idéia (corporificando o propósito ou plano de
Deus), converteu aquela idéia em substância desejada e revestiu-a com a
necessária aparência externa. A escrita simboliza o método através do
qual o processo é levado avante, mas, claro, é muito mais pessoal nas suas
implicações. A leitura está essencialmente relacionada à percepção de
alguma espécie de idéia revestida, enquanto que a escrita, por estranho que
pareça, está ligada à própria relação consciente de um indivíduo às
idéias, e o uso que faz das palavras, ao escrever, será a medida da
compreensão que ele possa ter dessas idéias universais. A aritmética (e o
poder de somar, subtrair e multiplicar) está também relacionada com o
processo criativo e diz respeito à elaboração dessas formas no plano
físico – que produzirão a idéia adequada e trá-la-ão à
manifestação.
A visão deve ser considerada como relacionada aos níveis superiores no
plano mental, onde a idéia pode ser sentida e vista. Escrever tem uma
relação mais definida com os níveis concretos do plano mental e com a
capacidade do homem em trazer à luz e expressar essas idéias visualizadas
em sua forma particular. A aritmética tem determinada relação com os
aspectos subseqüentes do processo e com o aparecimento da idéia em alguma
forma correlata no plano físico. A visualização do pensamento-forma é um
processo que deve ser obtido através da apropriação de tanta energia pela
idéia quanto necessário para torná-la efetiva ou “aparente” (falando
esotericamente). Disto o simbolismo da aritmética é a expressão.
De outro ângulo, o homem lê o seu destino nos céus e o escreve em sua vida
na terra; ele reduz, consciente ou inconscientemente, a idéia de sua alma à
forma devida e apropriada, de modo a que cada vida some, subtraia e
multiplique, até que a soma de cada experiência da alma esteja completa.
Assim, simbolicamente, as três idéias básicas são mantidas na educação
elementar, apesar de seu verdadeiro significado estar divorciado da realidade
e a real significação estar inteiramente perdida. Tudo o que, todavia,
temos emergindo, vagarosa e precisamente, por intermédio da educação
mundial, é construído sobre este despercebido sustentáculo. A necessidade
fundamental com que hoje se defronta o mundo educacional é a de se
relacionar o processo de desenvolvimento da mentalidade humana até o mundo
do significado e não ao mundo do fenômeno objetivo. Até
que o alvo da educação seja orientar um homem para o seu mundo interior de
realidades, teremos a mal colocada ênfase do tempo presente. Até que
possamos chegar, em nossos objetivos educacionais, ao preenchimento da lacuna
entre os três aspectos inferiores do homem e a alma (uma ponte que deve ter
lugar nos níveis mentais de consciência), não faremos senão pouco
progresso na direção certa, e todas as atividades do ínterim serão
inadequadas à necessidade moderna. Até que a mente superior seja
reconhecida e o lugar que a mente concreta inferior deve preencher como
servidora da superior seja igualmente reconhecido, teremos o
superdesenvolvimento da faculdade materializante concreta – com sua
aptidão para memorizar, correlacionar fatos e produzir aquilo que irá de
encontro ao desejo inferior do homem – mas ainda não teremos uma
humanidade, capaz de pensar verdadeiramente. Por enquanto, a mente reflete a
natureza inferior do desejo e não se esforça para perceber o superior.
Quando o método correto de treinamento for estabelecido, a mente se
desenvolverá num refletor ou agente da alma e, tão sensibilizada ao mundo
dos valores verdadeiros que a natureza inferior – emocional, mental e
física ou vital – tornar-se-á simplesmente o servidor automático da
alma. A alma, então, funcionará na terra por intermédio da mente,
controlando dessa maneira seu instrumento, a mente inferior. Ao mesmo tempo,
a mente permanecerá o registrador e o refletor de toda informação vinda do
mundo dos sentidos, do corpo emocional, e registrará, também, os
pensamentos e as idéias correntes em seu ambiente. No presente, infeliz
verdade, a mente treinada é considerada como a expressão mais alta da qual
a humanidade é capaz; é vista inteiramente como uma personalidade, e a
possibilidade de haver algo que possa usar a mente do mesmo modo que esta,
por sua vez, usa o cérebro físico, é desdenhada.
Uma das coisas que procuraremos fazer será o aprender a relação do mundo
do significado com o mundo da expressão; estudar a técnica pela qual este
mundo da qualidade (que se expressa através do mundo do significado) pode
ser penetrado e compreendido pela consciência integrada do ser humano
inteligente.
Poderá ser útil aqui esclarecer o uso, que faço, das palavras eu
superior. Como sabem, a alma é um aspecto da energia divina no
tempo e no espaço. É-nos dito que o Logos Solar circunscreveu para Seu uso
e em cumprimento ao Seu desejo, uma certa medida da substância do espaço e
deu-lhe forma com Sua vida e consciência. Ele o fez para Seus bons
propósitos e em conformidade com Seu plano e intento autopercebidos. Assim,
Ele se limitou. A mônada humana seguiu o mesmo processo e – em tempo e
espaço – limitou-se de maneira semelhante. No plano físico e no corpo
físico, esta entidade fenomênica e transitória controla seu aparecimento
fenomênico através dos dois aspectos da vida e da
consciência. O princípio vida – o fluxo da energia
divina através de todas as formas – é centrado temporariamente no
coração, enquanto o princípio consciente, a alma de todas as coisas, está
localizado (temporariamente, enquanto diga respeito à natureza forma de uma
unidade particular humana) no cérebro. Uma vez mais, como sabem, o
princípio vida controla o mecanismo por meio da corrente sangüínea, pois o
sangue é vida, e usa o coração como seu órgão central;
enquanto o princípio consciência usa o sistema nervoso como seu
instrumento, com as intrincadas extensões do órgão da sensibilidade, a
medula.
O objetivo da educação deveria ser, pois, o treinamento do mecanismo de
resposta à vida da alma. O Eu superior, ou Alma, é a soma total da
consciência da Mônada, novamente no tempo e espaço. O eu inferior ou alma
é, para nossos fins, o tanto daquela soma total que qualquer pessoa, em
qualquer vida, possa usar e expressar. Essa atividade está sujeita ao tipo e
qualidade da natureza do corpo, ao mecanismo produzido pela atividade da alma
em outras vidas, e ao efeito da reação às condições do ambiente. O
aumento do despertar da consciência, o aprofundamento do fluxo da
consciência, e o desenvolvimento de uma continuidade interior da
consciência, além da evocação dos atributos e aspectos da alma no plano
físico por meio de seu tríplice mecanismo, constituem o objetivo de toda
educação. Esses aspectos são, como bem sabem:
1 – Vontade ou propósito. Isso, através da
educação, deveria ser desenvolvido ao ponto de a vida manifestada ser
governada pelo propósito consciente espiritual, e a tendência da vida ser
corretamente orientada na direção da realidade.
A direção certa da vontade deveria ser uma das maiores preocupações de
todos os verdadeiros educadores. A vontade para o bem, a vontade para a
beleza e a vontade para servir deveriam ser cultivadas.
2 – Amor-sabedoria. Este é essencialmente o desabrochar da
consciência do todo. Chamamo-la consciência grupal. Seu primeiro
desenvolvimento é a autoconscientização, que é a percepção, pela alma,
de que (nos três mundos da evolução humana) o homem é Três em Um e Um em
Três. Ele pode, então, reagir aos grupos associados de vidas que constituem
sua própria pequena aparência fenomênica; a autoconscientização é,
portanto, um estágio em direção à consciência grupal e é a consciência
do Imediato.
Por meio da educação esta autoconscientização deve ser desenvolvida até que o homem reconheça que sua consciência é parte integrante de um todo maior. Ele, então, se mescla com os interesses, as atividades e os objetivos grupais. Tornam-se finalmente seus e ele se torna consciente do grupo. Isto é amor. Leva à sabedoria, que é amor em atividade manifestada. O interesse pessoal torna-se interesse grupal. Tal deveria ser o principal objetivo de todo verdadeiro esforço educacional. O amor ao ego (autoconsciência), o amor aos que estão à nossa volta (consciência grupal), torna-se, finalmente, amor ao todo (consciência de Deus). Tais são os passos.
3 – Inteligência Ativa. Isto diz respeito ao
desenvolvimento da natureza criativa do homem consciente, espiritual. Ela
ocorre pelo correto uso da mente, com seu poder para intuir idéias, para
responder a impactos, para interpretar, analisar e construir formas para
revelação. Assim a alma do homem cria. Este processo criativo pode ser
descrito, no que concerne a seus passos, como segue:
a) A alma cria seu corpo físico, sua aparência fenomênica, sua forma
exterior.
b) A alma cria, no tempo e no espaço, de acordo com seus desejos. Dessa
maneira, o segundo mundo de coisas fenomênicas vem à existência e nossa
moderna civilização é o resultado desta atividade criativa da natureza
desejo da alma, limitada pela forma. Ponderem sobre isso.
c) A alma cria pela ação direta da mente inferior, daí o aparecimento do
mundo de símbolos que preenchem nossas vidas unidas com interesses,
conceitos, idéias e beleza, pela palavra escrita, pela palavra falada e as
artes criativas. Estes são os produtos do pensamento dos pensadores da
raça.
A correta direção desta tendência já desenvolvida é a meta de toda educação verdadeira. A natureza das idéias, a maneira de as intuir, e as leis que deveriam governar todo trabalho criativo são seu intento e objetivos. Assim chegamos ao mundo dos atributos que suplementam a atividade dos três aspectos, do mesmo modo que os três raios maiores são realçados pelo trabalho dos quatro raios menores. Esses quatro desenvolvimentos atributivos no homem, por meio da atividade da alma em manifestação, são:
4 – O atributo da harmonia, produzida através do conflito. Isto conduz à libertação e ao poder final de criar. Este é um dos atributos com os quais a educação deveria lidar do ângulo da intuição e que deveria sustentar ante seus expoentes, como objetivo tanto da personalidade quanto do grupo. É o atributo latente em todas as formas e é aquela solicitação inata ou descontentamento que leva o homem a lutar, a progredir e evoluir, a fim de, finalmente, estabelecer sintonia e união com sua alma. É o aspecto mais inferior daquela tríade superior espiritual e monádica, que se reflete na alma. É a consciência da harmonia e a beleza que impulsiona a unidade humana ao longo do caminho da evolução, até o conseqüente retorno à sua Fonte emanante.
A educação deveria trabalhar, portanto, com essa insatisfação e interpretá-la para os que são ensinados, para que se possam entender uns aos outros e trabalhar inteligentemente.
5 – O atributo do conhecimento concreto, pelo qual o homem é capaz de concretizar seus conceitos e assim construir pensamentos-forma por onde materializar suas visões e seus sonhos e trazer suas idéias à existência. Isso ele faz através da atividade da mente concreta inferior.
O verdadeiro trabalho da educação é treinar o homem inferior na discriminação correta e na verdadeira sensibilidade para a visão, de maneira que ele possa construir fielmente segundo o propósito de sua alma e produzir na terra o que será sua contribuição para o todo. É precisamente aqui que o trabalho da educação moderna deve começar. O homem ainda não pode trabalhar com inteligência no mundo das idéias e dos modelos; ele ainda não é sensível aos verdadeiros valores espirituais. Essa é a meta do discípulo, mesmo que as massas não possam, todavia, funcionar nesses níveis. A primeira coisa que precisa ser feita é treinar a criança no uso correto da faculdade discriminatória e no poder da escolha e do objetivo dirigido. Ela deve ser levada a uma compreensão mais exata do propósito fundamental da existência e conduzida ao trabalho com sabedoria no campo da atividade criativa, o que significa, em última análise, no adequado uso da substância mental (a chitta de Patânjali). Assim, e somente assim, pode ser libertada do controle de sua natureza inferior.
6 – O atributo da devoção é o seguinte a ser considerado. A devoção cresce a partir (e é o fruto) da insatisfação, mais o uso da faculdade de escolha. De acordo com a profundeza do descontentamento de um homem e do seu poder de ver claramente, ele passa de um ponto de satisfação temporária a outro, demonstrando cada vez sua devoção a um desejo, a uma personalidade, a um ideal e a uma visão, até que, finalmente, ele se unifique com o ideal que representa a mais alta possibilidade para o homem. Este é, primeiramente, a alma; e depois a Superalma ou Deus.
Os educadores se deparam, pois, com a oportunidade de lidar, inteligentemente, com o idealismo inato, a ser encontrado em qualquer criança, e com a interessante tarefa de guiar o jovem do mundo a prosseguir de uma meta realizada à outra. Mas isto deverão eles fazer no futuro, do ângulo do objetivo final da alma e não, como no passado, do ângulo de um critério particular da educação nacional. Esse é um ponto importante, pois marcará a mudança da atenção do não essencial para o essencial.
7 – Finalmente, o atributo da ordem e a imposição de um ritmo estabelecidos através do desenvolvimento da faculdade inata de funcionamento sob objetivos e rituais dirigidos. Este particular atributo de divindade está agora superiormente desenvolvido em um aspecto, de maneira que temos hoje muita padronização da humanidade e a imposição autocrática de um ritmo ritualístico sobre a vida pública num grande número de países. Pode ser visto à perfeição na vida de nossas escolas públicas – mas é uma perfeição indesejável. Isso se deve, em parte, ao reconhecimento de que a unidade, ou o indivíduo, é apenas uma parte de um todo maior (reconhecimento muito necessário) e uma parte do desenvolvimento evolutivo da raça. Devido, entretanto, à nossa aplicação defeituosa de qualquer verdade nova, significa por enquanto a imersão daquela unidade no grupo, deixando-lhe pouca oportunidade para o livre desempenho da vontade, da inteligência, do propósito e da técnica da alma individual. Os educadores terão que trabalhar com este princípio do atributo inato e este instinto para o ritmo ordenado, tornando-o mais criativamente construtivo, assim provendo, por seu intermédio, um campo para o desenvolvimento dos poderes da mente.
Divaguei até aqui com o escopo de infundir algumas das idéias básicas
que deverão fundamentar as tendências educacionais. Estes pensamentos,
reunidos àqueles já dados, constituem uma afirmação dos objetivos ante os
educadores do mundo que julgarem merecedores de consideração. Anteriormente
sugeri a meta. Agora uno aquela meta às possibilidades, uma vez que me
referi aqui ao equipamento (aspectos e atributos) encontrado, em algum
estágio do desenvolvimento, em todo ser humano. É com essas
características e instintos que os futuros sistemas educacionais precisarão
trabalhar. Não deverão trabalhar, como hoje o fazem, com o equipamento do
cérebro e com os aspectos inferiores da mente; nem deverão pôr ênfase no
esforço para imprimir, naquele cérebro e naquela mente, os assim chamados
fatos do processo evolutivo e da investigação do plano físico.
Os comentários acima servirão para mostrar-lhes que o verdadeiro educador
deveria estar trabalhando com energias num mundo de energia; que estas
energias são magnetizadas e qualificadas por atributos divinos
característicos, e que cada ser humano pode, portanto, ser considerado um
agregado de energias, dominadas por algum tipo particular de energia que
serve para torná-lo distinto entre seus companheiros, e que produz as
diferenças entre os seres humanos. Se é verdade que há sete tipos
principais de energia qualificando todas as formas, e essas, por sua vez,
são subdivididas em quarenta e nove tipos de energia qualificada, a
complexidade do problema emerge nitidamente. Se é verdade que todas essas
energias distintas agem constantemente sobre a energia-substância
(espírito-matéria), produzindo “as miríades de formas que caracterizam a
forma de Deus” (Bhagavad Gita, XI), e que cada criança é a
representação microcósmica (em algum estágio do desenvolvimento) do
Macrocosmo, a magnitude do problema se torna evidente, e a dimensão da
exigência do nosso serviço revelará, no mais alto grau, os poderes que
qualquer ser humano pode expressar a um dado momento no tempo e no
espaço.
Devem ter notado que estas palavras no tempo e no
espaço têm aparecido repetidamente nestes ensinamentos. Por que
isso? Porque é preciso ser constantemente lembrado que estamos vivendo no
mundo da ilusão – uma ilusão temporária e transitória, que
desaparecerá algum dia, levando consigo a ilusão da aparência, a ilusão
do desenvolvimento evolutivo, a ilusão da separatividade e a ilusão da
identidade distintiva – aquela ilusão que nos faz dizer eu
sou. O educador do futuro iniciará seu serviço à criança pelo
reconhecimento desta efêmera e transitória noção errônea da alma e
lidará primordialmente com o aspecto mente, e não tanto com a imposição
do conhecimento organizado revelado, relativo à existência fenomenológica,
tal como a memória da criança é capaz de aprender. Como lhes poderia
ilustrar, de maneira mais simples, esta mudança? Talvez destacando que,
enquanto pais e tutores da criança desperdiçam muito tempo respondendo ou
evitando indagações propostas pela consciência desperta da criança, tempo
virá em que a situação se inverterá. Os pais irão ao encontro das
exigências da inteligência incipiente da criança, através da constante
indagação à criança: Por quê? Por que você pergunta isso? Por que á
assim? – e desse modo sempre jogando sobre a criança a responsabilidade
das respostas às perguntas, enquanto ao mesmo tempo, sutilmente, deixem a
solução cair na mente da criança.
Este processo começará no quinto ano da vida da criança; a inteligência
indagadora (que é a própria criança) será sempre forçada pelo professor
à posição de busca interior, não à exigência exterior
para uma resposta que pode ser memorizada e que se baseia na autoridade da
pessoa mais velha. Se isto ainda lhes parece impossível, lembrem-se de que
as crianças que virão, ou tiverem vindo à encarnação, normal e
naturalmente responderão a esta evocação do elemento mental.
Uma das principais funções daqueles que treinam as mentes infantis da
humanidade será determinar, o mais cedo possível na vida, qual das sete
energias determinantes estará controlando em cada caso. A técnica a ser
aplicada mais tarde será então construída sobre esta importante decisão
inicial – daí, novamente, a crescente responsabilidade do educador. A nota
e a qualidade de uma criança serão determinadas precocemente, e todo o seu
treinamento planificado se desenvolverá a partir deste reconhecimento
básico. Isto não é ainda possível, mas brevemente o será, quando a
qualidade e a natureza do corpo etérico de qualquer indivíduo puder ser
cientificamente descoberta. Esse desenvolvimento não está tão distante
como se poderia supor ou antecipar.
O objetivo agora é lidar com a necessidade mais universal e mais imediata de
preencher a lacuna entre os diferentes aspectos do eu inferior, a fim de que
uma personalidade integrada emerja; e, então, de preencher a lacuna entre a
alma e a tríade espiritual, para que assim possa haver o livre desempenho da
consciência e a completa identificação com a Vida Una,
levando assim à perda do sentido de separatividade e à fusão da parte no
Todo, sem perda de identidade, mas sem reconhecimento de
auto-identificação.
Aqui, um ponto interessante deveria ser cuidadosamente observado. Ele guarda
a chave do futuro desenvolvimento racial. Para ele, a ciência da psicologia
nos está preparando. Os estudantes deveriam treinar-se para distinguir entre
o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é
a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Aqui jaz uma
excelente distinção para o pesquisador. Um fio (o sutratma) conecta e
vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a
vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um
Cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência,
dentro da forma, a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do
todo envolvente.
O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser
considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente
fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou
a aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo
individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o
caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma.Este
é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e
encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum
ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada
permanece senão a vida.
O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da
substância ou das energias básicas que constituem a primeira
diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente
emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das
dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um
resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando
simbolicamente outra vez, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima
para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O
antakarana é tecido, evolui e é criado como o resultado desta criação
primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do
fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades
subjetivas.
Este Caminho de Retorno, por meio do qual a humanidade se
retira da ênfase exterior e começa a reconhecer e registrar aqueles
conhecimentos de consciência interior daquilo que não é fenomênico, já
atingiu (através do processo evolutivo) um ponto de desenvolvimento no qual
alguns seres humanos podem seguir ao longo deste caminho, da consciência
física à emocional e da emocional à mental. Essa parte do trabalho já
está completada em muitos milhares de casos e o que é aqui requerido é o
uso hábil e correto deste poder. Este fio de energia, colorido pela
sensível resposta consciente, é mais tarde colorido pela consciência
discriminatória da mente, e isso produz aquela integração interior que,
finalmente, torna o homem um eficiente ser pensante. A princípio, esse fio
é usado meramente para interesses egoístas inferiores; torna-se firmemente
mais forte e mais potente à medida que o tempo passa, até que seja um fio
definido, claro, resistente, vindo da vida física exterior, de um ponto
dentro do cérebro, direto ao mecanismo interior. Este fio, entretanto, não
é identificado com o mecanismo, mas com a consciência no homem. Por meio
deste fio um homem se torna consciente de sua vida emocional em suas muitas
formas (observem esta fraseologia), e através disso ele se torna consciente
do mundo do pensamento; aprende a pensar e começa a funcionar
conscientemente no plano mental no qual os pensadores da raça – em número
firmemente crescente – vivem, se movem e têm o seu ser. Cada vez mais ele
aprende a palmilhar este caminho da consciência e, em conseqüência, cessa
sua identificação com a forma exterior animal e aprende a identificar-se
com as qualidades e atributos interiores. Ele vive primeiro a vida de sonhos
e depois a vida de pensamento. Então, chega o tempo quando este aspecto
inferior do antakarana está completo e a primeira grande unidade consciente
é consumada. O homem é uma personalidade viva, integrada, consciente. O fio
da continuidade entre os três aspectos inferiores do homem é fixado e pode
ser usado. Ele se estende, se tal termo pode ser usado (minha intenção é
inteiramente pictórica), do centro da cabeça à mente, que é, por seu
turno, um centro de energia no mundo do pensamento. Ao mesmo tempo, este
antakarana é entretecido com o fio da vida ou o sutratma que emerge do
centro do coração. O objetivo da evolução na forma está, agora,
relativamente completo.
Quando este objetivo tenha sido alcançado, a sondagem sensitiva do universo
ambiental prossegue ainda. O homem tece um fio que é como o fio que a aranha
tece tão admiravelmente. Ele alcança mais longe ainda no seu possível
ambiente e, então, descobre um aspecto de si mesmo do qual pouco havia
sonhado nos estágios anteriores de seu desenvolvimento. Ele descobre a alma
e então atravessa a ilusão da dualidade. Este é um estágio necessário,
mas, não permanente.Caracteriza o aspirante deste ciclo mundial. Ele procura
unir-se à alma, identificar a si mesmo, a personalidade consciente, com
aquela sobrepujante alma. É neste ponto, tecnicamente falando, que a
verdadeira construção do antakarana deve começar. É a ponte entre a
personalidade e a alma.
O reconhecimento disto constitui o problema com que o moderno educador é
levado a se deparar. É um problema que sempre existiu, mas que disse
respeito ao indivíduo mais do que ao grupo. Agora concerne ao grupo, pois
tantos dos filhos dos homens estão prontos para esta construção. Através
das idades os indivíduos têm construído suas pontes individuais entre o
superior e o inferior, mas tão vitorioso tem sido o processo evolutivo que
hoje chegou a ocasião para uma compreensão grupal desta técnica emergente,
para uma ponte grupal, levando a uma conseqüente revelação grupal. Isto
proporciona a moderna oportunidade no campo da educação. Indica a
responsabilidade do educador e destaca a necessidade de uma nova revelação
nos métodos educacionais. O aspirante grupal precisa ser
encontrado e o antakarana grupal deve ser construído. Isto, entretanto,
quando corretamente compreendido, não negará o esforço individual. Este,
sempre deve ser encontrado; mas a compreensão grupal ajudará o indivíduo
cada vez mais.
Coordenação e Integração
Até aqui nos ocupamos com generalizações relativas a como o processo
educacional seria aplicado mais tarde; com o mecanismo mental que fica sob
treinamento definido e planejado; e que é subjetiva e superconscientemente
influenciado durante o processo. Presumo que já perceberam a necessidade da
construção do antakarana e deste trabalho de construção da ponte. É
também sábio aceitar o fato de que estamos na posição de começar o
processo definido de construir o elo, ou ponte, entre os vários aspectos da
natureza do homem, a fim de que, em lugar de diferenciação haja unidade, e
em lugar de uma atenção fluída, instável, dirigida aqui e ali para o
campo da matéria vivente e das relações emocionais, aprendamos a controlar
a mente e a diminuir as divisões, e assim possamos dirigir, à vontade, a
atenção inferior em qualquer forma desejada. Dessa maneira todos os
aspectos do homem, espirituais e naturais, poderão ser focalizados quando
necessários.
Este trabalho já está parcialmente feito. A humanidade, como um todo, já
preencheu a lacuna entre a natureza astral, emocional, e o homem físico.
Deve ser observado aqui que a ponte precisa ser feita no aspecto
consciência e diz respeito à continuidade da percepção da vida
pelo homem, em todos os vários aspectos dele. A energia usada ao conectar,
na consciência, o homem físico e o corpo astral, está focalizada no plexo
solar. Falando em termos simbólicos, muitos hoje estão levando avante essa
ponte e unindo a mente com os dois aspectos já ligados. Esse fio de energia,
ou emana da, ou é ancorado na cabeça. Uns poucos estão unindo firmemente a
alma e a mente que, por sua vez, está unida a outros dois aspectos. A
energia da alma, quando unida com os outros fios, tem sua âncora no
coração. Muitos poucos (os iniciados do mundo), tendo efetuado todas as
sínteses inferiores, estão agora ocupados em produzir uma união ainda mais
alta com aquela tríplice Realidade que usa a alma como um meio de
expressão, da mesma forma que a alma, por sua vez, está se esforçando para
usar sua sombra, o tríplice homem inferior.
Estas distinções e unificações são questões de forma, símbolos na
linguagem falada, e são usadas para expressar eventos e acontecimentos no
mundo das energias e forças em conexão com as quais o homem está
definitivamente envolvido. É a essas unificações que nos referimos quando
o assunto da iniciação é considerado.
O fio da vida, o cordão de prata ou sutratma, é, na medida em que se refere
ao homem, de natureza dual. O fio da vida, propriamente, que é um dos dois
fios que constituem o antakarana, é ancorado no coração, enquanto que o
outro fio, que personifica o princípio da consciência, é ancorado na
cabeça. No trabalho do ciclo evolutivo, entretanto, o homem tem de repetir o
que Deus já fez. Ele mesmo deve criar em ambos os mundos, o da consciência
e o da vida. Como uma aranha, o homem tece fios de conexão e assim
estabelece a ponte e faz contato com seu ambiente, daí ganhando experiência
e sustentação. O símbolo da aranha é, freqüentemente, usado nos antigos
livros de ocultismo e nas escrituras da Índia em relação a essa atividade
do ser humano. Os fios que o homem cria são tríplices e com os dois fios
básicos que foram criados pela alma, constituem os cinco tipos de energia
que fazem do homem um ser humano consciente. Os fios tríplices criados pelo
homem são ancorados no plexo solar, na cabeça e no coração. Quando o
corpo astral e a natureza da mente começam a funcionar como uma unidade e a
alma também se conjuga conscientemente (não esqueçam que ela é sempre
inconscientemente ligada), uma extensão deste fio quíntuplo – os dois
básicos e os três humanos – é levado ao centro da garganta; quando isso
ocorre, o homem pode se tornar um criador consciente no plano físico. Destas
linhas maiores de energia, linhas menores podem irradiar à vontade. É sobre
este conhecimento que todo o futuro desenvolvimento psíquico inteligente
deve ser baseado.
No parágrafo acima em suas implicações vocês têm uma breve e inadequada
afirmação relativa à Ciência do Antakarana. Tentei expressá-la em termos
simbólicos, que transmitirão às suas mentes, alguma idéia geral do
processo. Podemos aprender muito através do uso da imaginação pictória e
visual. Muitos aspirantes já estabeleceram os seguintes liames ao construir
o antakarana:
1 – Do físico ao corpo vital ou etérico. Esse é na realidade uma
extensão do fio da vida entre o coração e o baço.
2 – Do físico e do vital, considerando-os como uma unidade, ao veículo
astral ou emocional. Este fio emana do plexo solar ou nele é ancorado, e é
levado para cima por meio da aspiração, até ele próprio ancorar-se nas
pétalas do amor do lótus egóico.
3 – Dos veículos físico e astral ao corpo mental. Um terminal é ancorado
na cabeça e o outro nas pétalas do conhecimento do lótus egóico, sendo
levado avante por um ato da vontade.
É necessário, portanto, que compreendamos o fato de que:
1 – A nova educação estará primordialmente relacionada com o
estabelecimento científico e consciente da ponte entre os vários aspectos
do ser humano, produzindo assim a coordenação e a síntese e uma
intensificada expressão da consciência por meio do estabelecimento das
corretas linhas de energia.
2 – A tarefa da nova educação é, por conseguinte, a coordenação da
personalidade, trazendo-a, finalmente, á união com a alma.
3 – A nova educação lidará com as leis do pensamento e as analisará e
interpretará, porque a mente será considerada como o elo de ligação entre
a alma e o cérebro. Essas leis são os meios pelos quais:
a) Idéias são intuídas.
b) Ideais são promulgados.
c) Os conceitos mentais ou pensamentos-forma são construídos e, no devido
tempo, farão telepaticamente seu impacto sobre as mentes dos homens.
4 – A nova educação organizará e desenvolverá a mente concreta
inferior.
5 – Ela ensinará o ser humano a pensar a partir dos universais para os
particulares, bem como a empreender a análise dos particulares. Haverá,
conseqüentemente, nas escolas futuras, menor ênfase no treinamento da
memória. O interesse ajudará grandemente o desejo de relembrar.
6 – A nova educação fará de um homem um bom cidadão, desenvolvendo os
aspectos racionais de sua consciência e de sua vida, ensinando-o a usar seu
equipamento herdado, adquirido e enriquecido para a demonstração da
consciência e atitudes sociais.
7 – Acima de tudo o mais, os educadores da nova era esforçar-se-ão para
ensinar ao homem a ciência da unificação dos três aspectos de si mesmo
que são cobertos pelo título geral de aspectos mentais:
a) A mente concreta inferior
b) O Filho da Mente, A Alma ou Ego
c) A mente superior, abstrata ou intuitiva
Ou
a) A mente receptiva ou o senso comum
b) A mente individualizada
c) A mente Iluminadora
8 – Os educadores na nova era lidarão com os processos ou métodos a serem
empregados no preenchimento das lacunas de consciência entre os diferentes
aspectos. Dessa maneira a Ciência do Antakarana será definitivamente
trazida à atenção do público.
9 – A extensão deste conceito do estabelecimento da ponte será
desenvolvido para incluir não apenas a história interior do homem, mas
também para ligá-lo aos seus semelhantes em todos os níveis.
10 – Incluirá também o treinamento do mecanismo humano para responder aos
impactos da vida e à alma. Esta alma é essencialmente inteligência,
vitalmente usada em cada plano. Age como a mente discriminadora no plano
mental, como consciência sensível no plano emocional, e como o participador
ativo na vida física. Essa atividade inteligente é sempre usada do ângulo
da sabedoria.
11 – A nova educação levará em consideração:
a) A mente e sua relação com o corpo de energia, o corpo etérico, que
suporta o sistema nervoso e que galvaniza o corpo físico à atividade.
b) A mente e sua relação com o cérebro.
c) A mente e sua relação com os sete centros de força no corpo etérico e
sua exteriorização e utilização por meio dos principais plexos nervosos a
serem encontrados no corpo humano; e sua relação (que se tornará
crescentemente óbvia) com as glândulas endócrinas.
d) O cérebro como um fator coordenador no corpo denso, e sua capacidade para
dirigir as atividades do homem através do sistema nervoso.
A educação está começando a dar alguma atenção à natureza da mente
e às leis do pensamento. Com relação a isso, muito devemos à psicologia e
à filosofia. Há também um crescente interesse na Ciência da
Endocrinologia como um meio material de produzir mudanças, geralmente em
crianças deficientes ou imbecis. Entretanto, até que os modernos educadores
comecem a admitir a possibilidade de que existam unidades centrais no homem
que jazem sob o mecanismo tangível, e admitam, também, a possibilidade de
uma casa de força central de energia por trás da mente, o progresso na
educação estará relativamente estacionário; a criança não receberá o
treinamento inicial, nem as idéias fundamentais que a capacitarão a ser um
ser humano inteligente, autodirigido. A psicologia, com sua ênfase nos três
aspectos do homem – pensamento, sensação emocional e o organismo físico
– já deu uma contribuição vital e está fazendo muito para efetuar
mudanças radicais em nossos sistemas educacionais. Muito resta a ser feito.
A interpretação dos homens em termos de energia e a absorção dos sete
tipos de energia que determinam um homem e suas atividades, produzirão
mudanças imediatas.
Todo trabalho feito agora é, definitivamente, trabalho de transição e,
portanto, bastante difícil. Indica um processo de ligação entre o velho e
o novo e apresentaria dificuldades quase insuperáveis, não fosse o fato de
as duas gerações vindouras produzirem os tipos de egos competentes para
lidar com o problema. Um processo de equilíbrio está em formação neste
período intermediário, e a isso o educador moderno deveria prestar a devida
atenção.
Posso, talvez, indicar a natureza deste processo. Afirmei que a alma se
ancora no corpo em dois pontos:
1 – Há um fio de energia, que chamamos aspecto vida, ou espírito,
ancorado no coração. Ele usa a corrente sangüínea, como é bem conhecido,
como seu agente distribuidor e, através do sangue, a energia da vida leva
poder regenerador e energia coordenadora para todo o organismo físico e
mantém o corpo como um todo.
2 – Há um fio de energia, que chamamos aspecto consciência ou faculdade
de conhecimento da alma, ancorado no centro da cabeça. Ele controla o
mecanismo de resposta que chamamos cérebro e, por meio dele, dirige a
atividade e induz a percepção por todo o corpo, por meio do sistema
nervoso.
Estes dois fatores energéticos, que são reconhecidos pelo ser humano como vida e conhecimento, ou como energia vivificante e inteligência, são dois pólos da existência de uma criança. A tarefa à sua frente é desenvolver, conscientemente, o meio ou o aspecto equilibrador, que é amor ou relacionamento grupal, para que o conhecimento seja subordinado à necessidade e aos interesses do grupo, e que a energia vivificante possa tornar-se consciente e intencionalmente dotodo grupal. Ao fazer isso, um equilíbrio verdadeiro será alcançado e realizado pelo reconhecimento de que o Caminho do Serviço é uma técnica científica para alcançar-se equilíbrio. Os educadores devem, portanto, manter em mente três coisas neste atual período de transição:
1 – Reorientar o conhecimento, o aspecto consciência ou o senso de
percepção na criança, de maneira que ela compreenda que tudo que lhe tenha
sido, ou esteja sendo, ensinado, desde a infância, visa ao bem dos outros,
mais do que ao seu próprio. Será treinada, por isso, a definitivamente
olhar à frente. O conhecimento do passado histórico da raça ser-lhe-á
dado do ângulo do crescimento racial em consciência, e não tanto do
ângulo dos fatos de alcance material ou agressivo, como é agora o caso. Uma
vez que o passado, na mente infantil, é correlacionado com o presente, sua
capacidade para relacionar, unificar e ligar, nos diferentes aspectos de sua
vida e nos vários planos, será desenvolvida.
2 – Ensinar-lhe que a vida, que ela sente pulsando em suas veias, é apenas
parte da vida total, pulsando em todas as formas, em todos os reinos da
natureza, em todos os planetas e no sistema solar. Aprenderá que compartilha
com tudo o que existe e, por isso, uma verdadeira Fraternidade de
sangue pode ser encontrada em toda parte. Conseqüentemente, desde
bem cedo em sua vida poderá ser-lhe ensinado o relacionamento, e isto a
criancinha será capaz de reconhecer mais rapidamente do que o adulto comum,
treinado nas maneiras e atitudes dos velhos tempos. Quando estas duas
realidades – responsabilidade e parentesco – forem inculcadas na criança
desde a infância, então o terceiro objetivo da nova educação surgirá com
maior facilidade.
3 – A unificação do impulso da vida e da ânsia pelo conhecimento, na
consciência, levará finalmente, a uma atividade planejada. Esta atividade
planejada constituir-se-á em serviço, e por sua vez, fará três coisas
pela criança que for ensinada a praticá-la:
a) Servirá como um fator direcional dos primeiros anos indicando,
finalmente, vocação e ocupação, auxiliando, assim, na escolha de uma
carreira.
b) Induzirá ao que houver de melhor na criança e fará dela um centro
magnético radiante, onde estiver. Torná-la-á capaz de atrair aos que
possam ajudá-la, ou serem ajudados por ela, àqueles que poderão servi-la
ou a quem poderá servir melhor.
c) Torná-la-á, por isso, decididamente criativa e assim
capacitá-la-á para fiar aquele fio de energia que, quando reunido ao fio da
vida e ao da consciência, unirá cabeça, coração e garganta em um só
meio unificado e funcionante.
O atendimento aos três requisitos mencionados será o primeiro passo
(feito em escala racial) para a construção do antakarana ou ponte entre:
1 – Os vários aspectos da natureza forma.
2 – A personalidade e a alma.
3 – O homem e os outros seres humanos.
4 – O homem como um membro da família humana e seu mundo circundante.
Percebemos, assim, que essa educação deverá dizer respeito basicamente às
relações e inter-relações, à ligação com o estabelecimento da ponte ou
cura das rupturas e, assim, à restauração da unidade, ou síntese. O
estabelecimento da Ciência das Corretas Relações é o próximo passo
imediato no desabrochar mental da raça. É a principal atividade da nova
educação. Fritjof Capra diz em “Teia da Vida” que “...na verdade,
somos um só... Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir
e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas
aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações
futuras”.
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“A busca de novos caminhos é o problema mais imperativo. Devido às
condições extraordinárias do futuro, será impossível prosseguir pelos
velhos caminhos. Todos os novos devem ter isto presente. É terrível quando
as pessoas não sabem sair do caminho velho. E o mais terrível é quando as
pessoas se aproximam de novas condições com seus velhos hábitos. Da mesma
maneira como é impossível abrir uma fechadura moderna com uma chave
medieval, também é impossível aos homens com velhos hábitos, abrir a
porta para o futuro.” ( Agni Ioga, Infinito)
“Entre os assuntos escolares, que sejam ensinados os fundamentos da
astronomia, mas que ela seja apresentada como o limiar dos mundos distantes.
Assim, as escolas semearão os primeiros pensamentos sobre a vida nos mundos
distantes. O espaço se tornará vivo, a astroquímica e os raios
completarão a noção da magnitude do Universo. Os corações jovens se
sentirão não como formigas sobre a crosta terrestre, mas como portadores do
espírito responsável pelo planeta.” (Idem, Comunidade)
A “Declaração de Chicago sobre a Educação”, de 1991, assinada por oitenta educadores do mundo inteiro, entre eles os representantes dos métodos Montessori e Waldorf, declara que:
“Ao aproximarmos do Século XXI, muitas de nossas instituições e
profissões estão entrando num período de profundas mudanças. Nós, os
educadores, estamos começando a reconhecer que a estrutura, propósito e
métodos de nossa profissão foram desenhadas para um período histórico que
agora se aproxima do seu fim. Chegou o momento de transformar a educação
para tratar os desafios humanos e do meio ambiente aos quais nos
defrontamos.
Cremos que a educação para esta nova era será e deverá ser holística. A
perspectiva holística é o reconhecimento de que toda a vida sobre este
planeta se encontra interconectada de inumeráveis formas profundas e sutis.
A visão da Terra solta na solidão do vazio negro do espaço realça a
importância de uma perspectiva global para nos ocuparmos das realidades
sociais e educativas. A educação deve alimentar o respeito para com a
comunidade global da humanidade.
O holismo acentua o desafio de criar uma sociedade sustentável, justa e
pacífica em harmonia com a terra e sua vida. Implica uma sensibilidade
ecológica, um profundo respeito pelas culturas tanto indígenas como
modernas, assim como pela diversidade de formas de vida no planeta. O holismo
busca expandir a forma que temos de olhar nós mesmos e nossa relação com o
mundo, celebrando nossos potenciais humanos inatos – o intuitivo,
emocional, físico, imaginativo e criativo, assim como o racional, o lógico
e o verbal.
A educação holística reconhece que o ser humano busca significado, não
somente dados ou conhecimentos, como um aspecto intrínseco de seu pleno e
são desenvolvimento. Cremos que somente os seres humanos sãos e plenos
podem criar uma sociedade sã. A educação holística nutre as aspirações
mais elevadas do espírito humano.
A educação holística não consiste num programa e metodologia
específicos; é um conjunto de hipóteses de trabalho que inclui o
seguinte:
1. A educação é uma relação humana dinâmica e aberta.
2. A educação cultiva uma consciência crítica dos numerosos contextos das
vidas dos alunos – morais, culturais, ecológicos, econômicos,
tecnológicos, políticos.
3. Todas as pessoas têm um enorme potencial multifacetado que somente
estamos começando a compreender. A inteligência humana se expressa através
de diversos estilos e capacidades, os quais é necessário respeitar.
4. O pensamento holístico implica formas de conhecimentos contextuais,
intuitivas, criativas e físicas.
5. O aprendizado é um processo que dura a vida toda. Todas as situações
vitais podem facilitar este aprendizado.
6. O aprendizado é por sua vez um processo de autodescobrimento e uma
atividade cooperativa.
7. O aprendizado é ativo, automotivado, sustentador e alentador para o
espírito humano.
8. Um programa holístico é interdisciplinar, integrando por sua vez
perspectivas comunitárias e globais. (Global Alliance for Transforming
Education)
Dos métodos educacionais mundialmente utilizados, o Montessori, o Waldorf
e o Robert Muller são os que mais se aproximam do nosso escopo. Com base
neles, daremos os primeiros passos para o estabelecimento da Visão
Cósmica da Educação – A Educação na Nova Era, um conjunto de
ferramentas aptas a permitir que o estudante abra o portal de acesso ao reino
subjetivo da vida e entre nele, tornando-se um cidadão consciente deste
reino, podendo viver e trabalhar nele com total desenvoltura, ancorando
firmemente no seu meio ambiente novas e corretas relações humanas.
Docemente, a Dra. Maria Montessori observa na sua “Carta aos Governos”:
“Minha vida foi dedicada à busca da verdade. Através do estudo das
crianças escrutei a natureza humana na sua origem, tanto no Oriente como no
Ocidente, e embora já se passaram quarenta anos desde que comecei meu
trabalho, a infância continua me parecendo uma fonte inesgotável de
revelações e, permitam-me dizer, de esperança.
A infância mostrou-me que toda a humanidade é uma. Todas as crianças falam
mais ou menos na mesma idade, sem contar sua raça, ou suas circunstâncias,
ou sua família; caminham, trocam os dentes, etc, em certos períodos fixos
de suas vidas. Também noutros aspectos, especialmente no campo físico, são
semelhantes e susceptíveis.
As crianças são os construtores de homens, e os constroem tomando a
linguagem, a religião, os costumes e peculiaridades de seu ambiente, não
somente da raça, não somente da nação, mas também do distrito
específico no qual se desenvolveram.
A infância constrói com aquilo que encontra. Se o material é pobre, a
construção também é pobre. No que concerne à civilização, a criança
está no nível dos que recolhem alimento.
Para construir-se a si mesma tem de colher, ao acaso, qualquer coisa que
encontre no seu ambiente.
A criança é o cidadão esquecido e, entretanto, se os homens de Estado e os
educadores chegassem a compreender a terrível força que reside na
infância, para o bem ou para o mal, creio que dariam a ela prioridade acima
de qualquer coisa.
Todos os problemas da humanidade dependem do próprio homem; se o homem não
é considerado na sua construção, na sua formação, os problemas nunca
serão resolvidos.
Nenhuma criança é um “bolchevique” ou um fascista ou um democrata;
todas se convertem no que as circunstâncias ou o entorno as transformam.
Nos nossos dias quando, apesar das terríveis lições de duas guerras
mundiais, os tempos futuros se avizinham tão obscuros como sempre, tenho a
firme crença de que deve ser explorado outro campo, além dos da economia e
da ideologia. Trata-se do estudo do homem – não de um homem adulto sobre o
qual qualquer chamamento esteja desaproveitado. Este, economicamente
inseguro, mantêm-se confuso na voragem de idéias conflitantes e se lança
agora de um lado a outro. O homem deve ser cultivado desde o começo da vida,
quando os grandes poderes da natureza estão ativos. É então quando alguém
pode ter esperança de planejar para um melhor entendimento internacional”
(Hollistic Education Review, Vol. 4)
7 – AÇÃO NO FUTURO
A Ação no Futuro emerge da Ação no Presente. É tão somente a formação
do educador, do professor, do executor que vai emergindo da estrutura de
ensino dentre os estudantes. São os grupos-semente que darão forma e
qualidade atual no tempo futuro à ação da Visão Cósmica da
Educação, A Educação na Nova Era.
_______________________________
Bibliografia:
Alice A. Bailey, Problemas da Humanidade
Idem, Um Tratado Sobre Magia Branca
Idem, Educação na Nova Era
Idem, Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico
Idem, Discipulado na Nova Era, Vol. I e II
Idem, Os Raios e as Iniciações
Escola Arcana, Luz no Caminho, 1
HP Blavatsky, A Doutrina Secreta, Vol. III
Fulcanelli, As Mansões Filosofais
Boa Vontade Mundial, As Corretas Relações Humanas, Vol. III
Agni Ioga, Comunidade
Idem, Infinito
Fritjof Capra, A Teia da Vida
Maria Montessori, “The Absorbent Mind”
Rabindranath Tagore, “Fireflies”
“Holistic Education Review”
“Global Alliance for Transforming Education”
Bhagavad Gita
UNESCO
UNICEF