Artigos sobre energia
A ditadura do apagão

A imprevidência do governo na área energética vai custar caro à sociedade. Nem mesmo os pequenos consumidores de energia, aqueles que gastam até 100 kw, ficarão de fora das medidas de racionamento adotadas pelo governo, como inicialmente se pensou. Eles também estão na mira da Câmara de Gestão da Crise de Energia e poderão ter a luz de suas casas ou empresas cortada se ultrapassarem o consumo normal, mesmo não tendo a obrigação de reduzir em 20% o uso de eletricidade. Resta saber qual é o consumo normal de cada família.

O governo, que sequer poupou os templos – igrejas baianas, como a do Bonfim, também serão obrigadas a gastar menos e já anunciaram o cancelamento de cultos e missas, o que é um duro golpe no sentimento místico do povo baiano não pretende abrir mão do poder autoconcedido de punir quem quer que seja, mesmo passando por cima da Constituição e de códigos vigentes. A Medida Provisória que anula os efeitos do Código de Defesa do Consumidor e retira deste o principal instrumento de proteção foi comparada por juristas ao AI-5, por seu caráter discricionário. Foi preciso o apagão para revelar a verdadeira face deste governo.

 
 
É comum no Brasil o povo ser obrigado a pagar pelos erros dos governantes. Uma das coisas que causam perplexidade, nesta questão do racionamento, é que medidas duras estão sendo prometidas ao arrepio da lei por um governo que se diz democrático, cujo presidente ocupa os meios de comunicação para enxovalhar juristas e empresários que se opõem ao caráter ditatorial de decisões precipitadamente adotadas, esquecendo-se que o direito de discordar é inerente à democracia.

Outro ponto que surpreende – e aparentemente não somente aos mortais comuns, mas também ao próprio presidente Fernando Henrique – é a extensão da crise energética. Da noite para o dia, o brasileiro é assaltado por um verdadeiro clima de terrorismo, com ameaças que incluem de multas assombrosas à possibilidade de ficar dias sem energia, sem que houvesse qualquer preparação para isso. Falou-se, inicialmente, na necessidade de cortar 5% do consumo nacional de eletricidade, agora chegou-se a 20% e já se diz que mesmo esse percentual elevado pode ser insuficiente para que o País atravesse incólume os próximos meses. Se todas as medidas adotadas, incluindo corte, apagão e multas, veto à instalação de novas ligações e feriados nas segundas-feiras, forem inócuas, certamente partiremos para cortes localizados. Bairros, cidades ou regiões ficarão parte do dia sem fornecimento de energia, afetando indistintamente residências, empresas, órgãos públicos, hospitais, escolas, etc.

 
 
O governo vangloria-se de que o Brasil é hoje um país com economia consolidada e contas equilibradas, capaz de resistir a terremotos conjunturais como as crises americana e argentina, à alta do petróleo e às medidas protecionistas adotadas contra nossos produtos pelo Canadá e Europa. Agora, percebe-se que essa aparente solidez assenta-se em bases frágeis, que podem comprometer todo o esforço de anos para o retorno do crescimento.

Assim como não existe construção segura sem alicerces firmes, o Brasil jamais deixará de ser um país instável se não resolver questões básicas, como energia, estradas, portos, educação, saúde e melhor distribuição de renda
(fonte: A tarde)


Hábitos simples para economizar


O apagão é inevitável, mas resta um consolo. Se a meta de economia de energia for alcançada, os cortes podem ser menos freqüentes e prolongados. Medidas simples, como apagar a luz ao sair de um cômodo e encurtar o banho quente, podem resultar numa grande economia.

Lâmpadas: Respondem por um terço de toda a energia consumida numa residência. Trocar as incandecentes por fluorescentes baixa o consumo em até 75%. Uma lâmpada fluorescente gasta cinco vezes menos energia do que uma incandescente de mesmo brilho. Mas cuidado com o liga-e-desliga. É recomendável ligar a lâmpada incadescente somente se for deixá-la desligada por meia hora ou mais. Prefira as lâmpadas fluorescentes com selo Procel-Inmetro de desempenho.

Aparelhos em stand-by: Devem ser retirados da tomada quando não forem usados. Além de consumir energia, são os aparelhos mais suscetíveis a danos quando há volta repentina do fornecimento de luz.



Geladeira: Regule o termostato para o mínimo no inverno e cheque se as borrachas de vedação estão bem conservadas. Remova o gelo acumulado nas paredes internas do freezer. Regule o termostato para a faixa mínima no inverno. Nâo use a parte de trás do aparelho para secar roupas ou panos.

Microondas e forno elétrico: para descongelar e aquecer os alimentos, prefira o fogão a gás.

Televisão: Não durma com a TV ligada e evite usar simultaneamente TV e aparelhos de som.

Computador: Evite deixá-lo ligado ociosamente. Ative o protetor de tela: o monitor é o componente que mais consome energia.

Chuveiro elétrico: Toda a família deve ajudar evitando os banhos demorados. Se houver aquecedor em casa, evite o chuveiro elétrico.

Máquina de lavar e ferro elétrico: Lavar e passar roupa aos poucos desperdiça energia. Acumule uma boa quantidade de roupa antes de ligar esses aparelhos. Dispense a secadora.

Ar-condicionado: Regule o termostato e evite ligá-lo no máximo.

Aspiradores e enceradeiras: racionalize o uso desses aparelhos.
(fonte:globo.com/apagao)