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entrevista com humberto gessinger
>>>>Quinze músicas ao
vivo, além de quatro novas gravações de estúdio - entre elas "Rádio Pirata",
do RPM, e "Quando o Carnaval chegar", de Chico Buarque - formam um trabalho
"relaxado", um "reflexo do momento" do grupo.
Em entrevista exclusiva ao Último
Segundo, o líder dos Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessinger, fala sobre o
novo CD do grupo, "10.000 destinos".
É o 12º álbum e o terceiro ao vivo, com 15 faixas,
além de quatro novas gravações de estúdio - duas de Gessinger e duas versões
("Rádio Pirata", do RPM, e "Quando o Carnaval chegar", de Chico Buarque).
Último Segundo -
O que significa o nome "10.000 destinos", quais são esses destinos?
Humberto Gessinger - É o nome de uma música
do disco "!Tchau Radar!", que fala sobre a necessidade de se ficar aberto
a tudo que tiver que acontecer. É meio que uma metáfora com o CD ao vivo,
em que tudo é meio incerto, onde não se tem o controle absoluto sobre o que
está acontecendo.
Último
Segundo - Por que lançar um disco
ao vivo agora?
Humberto Gessinger - Agora nós queremos
manter uma média de um disco ao vivo a cada três de estúdio, como fazem algumas
bandas, tipo o Rush. É para manter um clima relaxado, sem aquela obrigação
de ter que gravar "o" disco dos Engenheiros. Assim cada ao vivo retrata uma
época, exatamente como ela foi.
Último Segundo -
Como foi a escolha dos covers ("Rádio Pirata", do RPM, e "Quando o Carnaval
chegar", de Chico Buarque), gravados em estúdio, que estão no CD?
Humberto Gessinger - Quanto à música do
Chico, foi uma espécie de homenagem aos músicos que formaram a nossa geração.
Ela segue a linha das versões de músicas de outros autores, gravadas pelos
Engenheiros nos últimos tempos. Inicialmente, a música que nós gravamos foi
"Deus lhe pague". Já tínhamos feito as gravações demo e tudo mais. Aí, um
dia, no fim das gravações, decidimos tocar "Quando o Carnaval chegar". Por
isso que ela saiu assim, sem formatação, como uma vinheta de um minuto e 40
segundos. A do RPM eu decidi gravar depois de participar, no ano passado,
de tributos ao Renato Russo e Cazuza. Tinha que ser alguém da nossa geração,
aí escolhemos "Rádio Pirata" porque é uma música super-atual, que fala sobre
sermos os nossos próprios agentes da produção cultural.
Último Segundo -
Já que você falou sobre isso, o que acha dos MP3 - arquivos de distribuição
de música pela Internet - que possibilitam essa autonomia?
Humberto Gessinger - Acho que isso veio
para o bem. Estamos vivendo um momento de transição, as pessoas ainda estão
se adaptando a tudo isso. Não sou a favor da pirataria, as pessoas têm que
receber pelo seu trabalho.
Mas é fascinante ter um canal alternativo de distribuição que não passe pela
grande mídia. Todo mundo fala dos anos 80, mas foi um período sacal. É bem
melhor estar "na sombra". Agora, a indústria fonográfica vai ter que se virar
para se adaptar. Também acho que o MP3 vai valorizar mais a performance, como
um disco ao vivo, porque as pessoas já estão de saco cheio de perfeição. O
destaque agora tem que ser para o lado humano da coisa.
Último Segundo -
Os Engenheiros do Hawaii estão com quase 15 anos. Durante esse tempo, vocês
foram muito criticados pelos jornalistas especializados em música, isso ainda
incomoda?
Humberto Gessinger - Sem querer parecer
arrogante, meu maior crítico, meu maior fã, sou eu. Críticas não mudam em
nada a minha vida. Talvez seja um pouco mais difícil atingir as pessoas, afinal
a música passa por esse "filtro negativo" da crítica, mas acaba atingindo,
então não tenho problemas com isso.